Criada em 1961, a Avibras é classificada como parte das Empresas Estratégicas de Defesa Brasileiras, sendo uma empresa de Tecnologia e Inovação 100% nacional, dona de uma capacidade industrial única e reconhecida internacionalmente pelo alto nível de qualidade de seus produtos. A empresa possui um importante know-how no campo de mísseis, foguetes, viaturas blindadas e no setor espacial. Seu portfólio apresenta produtos como Sistema Astros de lançamento múltiplo de foguetes, Referência mundial em sua classe.
O recente anúncio da recuperação judicial, despertou o interesse internacional pela brasileira, conforme chegou a ser veiculado pela VEJA, o hipotético interesse de um grupo dos Emirados Árabes Unidos, o qual não se concretizou, tendo sido apenas uma sondagem de oportunidades. Há também informações não confirmadas, que os alemães da Rheinmetall, estariam interessados na aquisição da Avibras. Independente de quem venha a adquirir o controle da empresa, será um duro golpe, pois mais uma vez perderemos uma empresa nacional, a qual se tornará mais uma subsidiária de algum grupo estrangeiro, que invariavelmente, será focado nos interesses de sua matriz.
A situação em que se encontra a Avibras, nos remete ao início dos anos 90, quando outra importante gigante da indústria de defesa nacional fechou as portas, a extinta ENGESA, que ao longo de sua existência, foi responsável por criar as principais viaturas blindadas operadas pelo Brasil entre a década de 70 e a recente introdução do VBTP Guarani. Sua perda representou um duro golpe a capacidade industrial no setor de defesa. É preocupante a possibilidade que o episódio se repita com a Avibras.
O momento exige uma ação imediata do governo federal, para que não se perca todo conhecimento e capacidade desenvolvidos ao longo de décadas, e que diretamente afetaria importantes programas estratégicos de defesa e a própria capacidade de nossas Forças Armadas. Já não é de agora a necessidade de um maior envolvimento do governo brasileiro, o qual até o momento carece de uma efetiva política de defesa, a qual enxergue o real potencial não só estratégico, mas econômico que representa o setor de defesa.
Assim como a Avibras, outras empresas também enfrentam enormes desafios frente aos poucos recursos investidos no setor. A baixa demanda interna, por exemplo, impede que grande parte do que é desenvolvido no Brasil, ganhe espaço no bilionário mercado internacional de defesa. Vemos inúmeros projetos com grande potencial, muitas vezes não passando da fase de desenvolvimento, muitos sendo cancelados antes mesmo de ter seus protótipos construídos e testados.
O Brasil possui potencial para desenvolver sistemas de defesa capazes de disputar o mercado internacional, o que representa a criação de milhares de empregos, arrecadação de impostos e a projeção do Brasil no cenário internacional, isso sem contar com os benefícios indiretos, com o desenvolvimento tecnológico que será aplicado a outros ramos da indústria nacional.
Mas, o Brasil infelizmente é gerido por políticos amadores, sem qualquer visão de estado ou preocupação com a criação de um país forte e independente, onde não há uma eficiente política industrial, educacional e muito menos uma consciência geopolítica. O orçamento destinado as Forças Armadas no Brasil, esta muito distante do ideal, não sendo suficiente nem mesmo para manter as suas capacidades, quem dirá desenvolver uma real capacidade de defesa e fomentar uma indústria de defesa competitiva e estável.
Aqui deixo as seguintes perguntas:"O que será do nosso futuro? Vamos continuar vendo oportunidades sendo desperdiçadas? Vamos perder mais um nicho de tecnologia e conhecimento?"
"Investimento em defesa não é gasto, só mentes limitadas e sem o mínimo de visão vão contestar os investimentos que são uma das principais engrenagens do desenvolvimento tecnológico, econômico e social ".
Por Angelo Nicolaci
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