As vezes me espanto com os conteúdos que encontramos nas redes sociais e na internet como um todo. Nos últimos dias após o anúncio norte americano de envio de carros de combate M1 Abrams á Ucrânia, em anúncio feito na quarta-feira (25) pelo presidente Joe Biden, a crítica russa já era esperada, porém, os russos começaram a publicar uma espécie de guia: "Como destruir um Abrams".
Apesar de ainda não há confirmação sobre a variante do Abrams que será enviado em ajuda aos ucranianos, e nem mesmo a previsão de quando isso de fato irá ocorrer, a reação da Rússia foi imediata e crítica, mas para alguns calma.
Na interpretação de alguns, essa "calma" demostra algum tipo confiança russa de que o Abrams não representará uma ameaça estratégica significativa no teatro ucraniano de operações.
Inclusive, pouco antes do anúncio de envio dos Abrams, o embaixador russo nos EUA, Anatoly Antonov disse:"Se for tomada a decisão de transferir o M1 Abrams para Kiev, os tanques americanos sem dúvida serão destruídos, assim como todos os demais equipamentos da OTAN”. Mas deixamos a pergunta: " Será mesmo? Ou seria mais um dos delírios napoleônicos de Moscou?"
Parece que a única certeza que temos no momento, é que Moscou já esperava que a Ucrânia receberia blindados pesados, como o Abrams, Challenger II e o Leopard, o que mudará a dinâmica dos combates na Ucrânia, uma vez que haveria pela primeira vez em quase um ano de conflito, equilíbrio nas capacidades da arma blindada em uso por ambos países.
Obviamente, veremos uma "batalha dos tanques", como não é visto desde o conflito da Coreia e mesmo a Segunda Guerra Mundial, ou, "Guerra Patriotica", como russos se referem a 2ª Guerra Mundial.
Diante deste hipotético cenário, Putin se antecipou e recentemente nomeou o chefe do Estado-Maior russo, o General Valery Gerasimov, um especialista em blindados, como comandante da guerra na Ucrânia, se antecipando a uma eminente "guerra de tanques".
Porém, apesar de toda essa movimentação e especulação no âmbito geopolítico, nos deparamos com uma "guerra virtual", onde russos tem publicado a imagem de um Abrams, e nesta imagem estão inseridas marcações e indicações do que supostamente seriam os pontos sensíveis do "tanque" norte americano, e um conjunto de instruções sobre como atingi-los de forma a tirar o blindado de combate. No diagrama, é possível notar uma série de instruções, com recomendações de onde atingir o Abrams.
Dentre as instruções, esta a orientação de atingir os sistemas de orientação ou o canhão principal do MBT, outra orientação é atingir com RPG o vão entre o casco e a torre, ou ainda, acertar a baía nas laterais do casco, onde segundo o guia "Como destruir um Abrams", pode ser perfurada a blindagem usando um RPG-7 e causar danos ao sistema motriz.
Mas temos que nos centrar em alguns pontos importantes, o suposto "guia", apesar de apresentar suposições irreais, também apresenta alguns pontos factíveis que possibilitaria tirar o Abrams de combate.
Apesar do Abrams contar com um alto nível de proteção nas zonas "sensíveis", com medidas ativas e reativas, que reduzem e muito a chance de sucesso em diversos perfis de ataque, ele não é invencível, pois nenhum sistema é perfeito, inclusive já houve situações em que o Abrams foi posto fora de combate. Com vários exemplos no Iraque, onde eram operados pelos norte americanos com alto nível de treinamento e experiência. Com relação a destruição de Abrams, não podemos esquecer das dezenas de M1 sauditas que foram destruídos no Yemen, o que abre a possibilidade de vermos o mesmo se repetir na Ucrânia, uma vez que o nível de adestramento das tripulações é o que realmente importa no campo de batalha.
A técnica apresentada no suposto"guia", que hipoteticamente teria maior probabilidade de sucesso, seria a técnica de emboscada, porém, se a Ucrânia não repetir o mesmo erro russo de operar carros de combate sem o devido apoio da infantaria, dificilmente vai haver uma janela de oportunidade ideal para o abate, seja do Abrams, Leopard ou Challenger, mas lembrem, basta um disparo bem colocado para retirar qualquer blindado de operação.
Então não podemos ser ingênuos ou sensacionalistas, como alguns "Fanboys", e a realidade é que os novos MBTs serão um importante ativo nas mãos ucranianas e mais uma grande pedra nos calçados já cheios de pedras dos russos, mas a probabilidade é alta de que hajam perdas de viaturas ocidentais nos confrontos, principalmente pela pouca experiência ucraniana em operar esses novos MBTs, pesando contra eles o pouco tempo de familiarização e concepção das doutrinas de emprego, o que será feito em combate, sob fogo inimigo. Sem contar que a Rússia vai enviar reforços com uma missão clara, lograr êxito em destruir exemplares destes blindados ocidentais com fins de propaganda.
Mas a guerra continua, e não apenas nos lamacentos territórios da Ucrânia, como também na propaganda veiculada direta e indiretamente nas mídias e redes sociais por ambos os lados.
Por Angelo Nicolaci
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