As aeronaves P-3AM "Orion" do Esquadrão Ourugan (1°/7° GAv), após todo processo de aquisição, modernização e incorporação ao setor operativo, se viram a beira de encerrar prematuramente suas carreiras na aviação de patrulha marítima da Força Aérea Brasileira, pois uma inspeção detalhada identificou um avançado processo de fadiga nas estruturas de suas asas, com registro de fissuras que comprometem sua integridade estrutural e a segurança de sua operação.
Tal problema levou a FAB a busca por uma solução para que fosse possível garantir a extensão da vida operacional e dentro de um custo acessível ao curto orçamento que é destinado a Defesa. A Lockheed Martin no inicio do programa P-3BR ofertou novos conjuntos de asas, algo que não prosperou devido ao orçamento limitado para o programa.
Com a proposta norte americana de substituir os conjuntos de asas descartada, no primeiro momento foi realizado um processo de modernização, com a proposta do grupo EADS-CASA, hoje Airbus, sendo a vencedora, porém, o limitado orçamento destinado ao programa de modernização, resultou apenas em um paliativo aos problemas estruturais, o que resultou na necessidade de realizar um programa mais complexo de extensão do ciclo operacional de tais aeronaves.
Diante deste desafio, a brasileira AKAER apostou na concepção de uma solução para revitalização das asas do P-3 "Orion", empresa com expertise no campo de engenharia de estruturas aeronáuticas que vem ao longo de sua existência acumulando diversos cases de sucesso neste campo, sendo uma das parceiras da SAAB no programa Gripen NG, inclusive sendo responsável pelo projeto de seções de grande complexidade desta moderna aeronave, qualificada como Empresa Estratégica de Defesa pelo governo brasileiro, além de atuar em programas de outros países, como a participação no programa HÜRJET, da Turkish Aerospace Industry (TAI).
Diante da gradativa desativação deste tipo de aeronave na US Navy, com a entrada em serviço de uma plataforma mais moderna, o Boeing P-8 "Poseidon", levou uma das experts neste serviço, a L3 Communications Integrated Systems, a descontinuar sua linha de suporte as aeronaves P-3, o que resultou na oportunidade de obtenção de todo ferramental e documentação técnica referente ao suporte dos P-3 Orion, incluindo todo documental e ferramental para construção de novas asas.
A Akaer adquiriu três kits prontos de asas para o P-3, os quais estavam estocados nos EUA com a descontinuidade do suporte aos P-3 por lá, além dessa aquisição, a Akaer recebeu todo ferramental e documentação gerada ao longo de décadas de serviços realizados pela L3 nos P-3 da US Navy. O maior desafio foi consolidar toda essa documentação em um único conjunto de documentos, pois a L3 realizava estes serviços estruturais através de ordens de serviço específicos, tratados como manutenção. Porém, com a junção e consolidação de todo esse acervo documental resultaram na obtenção de toda documentação necessária para produção integral de novas asas para os P-3.
Conforme apuramos lá em 2019, quando entrevistamos durante LAAD 2019, Fernando C. Ferraz, então Vice-Presidente de Operações da industria brasileira que nos falou naquela ocasião sobre a aposta da Akaer e a parceria firmada com a FAB neste intuito ( Novas asas para os P-3AM da FAB? O GBN Defense foi conferir na fonte).
Após muito trabalho e superando diversos desafios, a Akaer irá devolver ao setor operativo três aeronaves P-3AM "Orion" ao setor operativo, essas três aeronaves que estavam impedidas de cumprir com seu dever de patrulhar e defender nossa "Amazônia Azul" devido aos problemas estruturais em suas asas, agora voltarão a defender nossa soberania, graças aos novos kits de asas produzidos pela AKAER no Brasil.
Não é uma simples conquista, mais sim um importante marco para nossa indústria aeronáutica e de defesa, pois não se trata apenas de três aeronaves que voltam a linha de voo, mas investimento em defesa que movimenta nossa economia, gera empregos aqui, aumentando a demanda por profissionais qualificados em nossa indústria, um incentivo a formação de técnicos e engenheiros neste setor estratégico, retendo aqui talentos neste campo, absorvendo novas tecnologias e impulsionando o Brasil no mercado internacional, oferecendo soluções para outros operadores deste tipo de aeronave, e incentivando o crescimento de nosso mercado de exportação de bens e serviços.
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