sexta-feira, 15 de julho de 2022

A Marinha Chinesa a caminho da automação

Ao decorrer de toda história, vimos que países que possuem ambições necessitam de meios para realizar explorações e descobrir novos mundos, com uma área ganhando um amplo destaque nesses planos de explorações, sendo ela a área de construção e de uso de meios navais.

A Marinha Chinesa de hoje dispõe de navios tão poderosos como os destroyer Type 055, maiores que os rivais americanos

Com o início da era das navegações (séculos XV e XVI), muitos países colonizadores como Portugal, Espanha, Inglaterra e França iniciaram amplos programas de construções navais, visando a construção de embarcações que fossem capazes de cruzar grandes distâncias e de carregar suas tripulações em segurança. No início destes programas, surgiram navios como as Caravelas, as naus capitânias e as Barinel por exemplo, utilizadas pelos portugueses durante os séculos XV e XVI.


As caravelas eram um tipo  de embarcação "leve" que geralmente não ultrapassava as 50 ou 60 toneladas de deslocamento, podendo transportar entre 20 e 30 pessoas. Era movida através de grandes mastros com velas que aproveitavam o vento, impulsionando a embarcação.




Nau capitânia era o nome dado a embarcações de grande porte, onde eram transportadas mais de 200 pessoas. como as Caravelas, eram impulsionadas através de suas grandes velas, posicionadas no alto dos mastros. Também foram utilizadas como navios de ataque pela Marinha Portuguesa, atuando diretamente contra a pirataria presente na costa de Portugal.



Por último, os barinels eram barcos menores que as caravelas, sendo muito importantes durante as explorações portuguesas. Eram barcos pequenos, movidos também com a ajuda das velas nos mastros, mas também poderiam utilizar remos para se deslocar. Foram substituídas pelas caravelas por volta dos anos de 1450, mas serviram ainda como defesa costeira em Portugal.





A China é um país que chegou a ter a maior marinha do mundo muito antes dos países Europeus, mais precisamente durante a Dinastia Song (960-1279 DC).


Mas, diferentemente dos Europeus, os Chineses não possuíam planos de espalhar suas ideias por outras regiões distantes do seu território continental, limitando muito sua presença marítima às águas asiáticas. Foi apenas durante a Dinastia Ming, entre os anos de 1405-1433 que a China realmente buscou se aventurar mais profundamente nos oceanos.


Sob o comando do Almirante Zheng He, a China se aventurou por regiões que antes não havia explorado por vias marítimas, como a Índia, o Chifre da África e o Estreito de Hormuz, por exemplo. A frota naval chinesa era de longe a maior, mais equipada e mais tecnológica de todo o mundo, sendo uma Marinha digna de causar inveja nas marinhas espanholas e portuguesas, que só viriam a aparecer mais de 100 anos depois. 


Após estes acontecimentos, a China continuou crescendo e se tornou um dos países mais ricos do mundo durante diversas dinastias, principalmente durante as Dinastias Ming e Qing (1644-1911). A Marinha chinesa continuou evoluindo, mas não no mesmo ritmo de outros impérios gigantescos, como o Império Britânico e Espanhol.


Com a chegada da Segunda Guerra Mundial (WWII), a China se viu despreparada para enfrentar inimigos poderosos e mais fortes, como o Japão Imperial e a União Soviética (URSS). Com resultado dessa fraqueza, a China perdeu territórios consideráveis para o Japão e para a URSS, oque agravou ainda mais as tensões no território chinês, que passava por uma guerra civil desde 1927 e que só terminou em 1949 com a vitória dos Comunistas liderados por Mao Tsé-Tung sobre o líder nacionalista Chiang  Kai-Shek, que se exilou na ilha de Formosa, conhecida hoje como Taiwan (Republica da China).


Após a vitória dos comunistas, a China virou um grande aliado dos soviéticos, que venderam enormes quantidades de armas e equipamentos para a China. Com o fim dos acordos sino-soviéticos em 1966, a China passou a copiar e fabricar grande parte dos sistemas soviéticos navais, aéreos e terrestres. Entre os sistemas navais estavam os submarinos Tipo-091, um submarino nuclear de médias dimensões e NAe (navio-aeródromo, “porta-aviões”) Liaoning, cópia do Varyag Russo. 


A China aprendeu muito com as cópias dos equipamentos soviéticos, e hoje possui uma das maiores forças armadas do mundo (FFAA), com grande destaque sendo a Marinha do Exército de Libertação do Povo (PLAN), que poucas décadas atrás operava apenas navios de origem soviéticas, mas que hoje constroem navios com designs chineses cada vez mais poderosos e tecnológicos. Como exemplo dessa evolução nós temos os Destroyers Type-55, os navios de desembarque Type-75 e diversos outros meios.


Mas uma área vem surgindo e se revelando cada vez mais promissora, a área de navios autônomos, verdadeiros drones aquáticos, com a China estando muito interessada nessa área. 


Recentemente foram divulgadas imagens via satélites de bases navais com navios de superfície não tripulados (USV) da PLAN, se tratando de navios que estão em testes para equipar a Marinha da China, com outros países como Estados Unidos e Turquia estando interessados nestes projetos.




Os navios chineses em testes são embarcações pequenas com aproximadamente 50 pés (15 m) de comprimento, mas que podem ser armadas com mísseis terra-ar de lançamento vertical (VLS) e 2 tubos de lançamento de torpedos anti submarinos, conta também com uma estação remota de armas (RWS). Já seus sensores incluem radares de varredura eletrônica, dispositivos eletro-ópticos e um sonar para ASW (Guerra anti submarina). Por se tratarem de embarcações compactas, são muito ágeis e rápidas, com algumas podendo chegar as 40 nós (72 km/h).


Estas novas embarcações são inspiradas no modelo JARI, um modelo bem menor, mas que também é um USV. 


Perto do cais onde se estão atracados os USV, pode-se observar submarinos chineses, mais especificamente os submarinos Tipo-035, um submarino já muito antigo e obsoleto, derivado da Classe Romeu dos anos 60.





Quais outros países estão interessados em navios autônomos?


Muitos países estão começando a embarcar nesse tipo de projeto, mas vale destacar os EUA e Turquia que já contam com protótipos sendo testados no mar. 


Os EUA possuem os programas LUSV e o programa MUSV, ambos para navios de superfície, com o LUSV sendo navios de aproximadamente 200 a 300 pés (65 a 100 m) de comprimento, sendo desenvolvido para missões de ataque, equipados com mísseis anti-navio e para ataques terrestres. Já o MUSV são embarcações menores, com cerca de 45 a 190 pés (15 a 60 m) de comprimento, mais dedicadas para missões de EW (guerra eletrônica) e missões de inteligência.


A Turquia por sua vez está muito focada em navios rápidos e muito bem equipados em termos de sistemas eletrônicos e armas, firmando parcerias com empresas como a Meteksan Defense. A Meteksan desenvolveu em conjunto com o Estaleiro Ares em Antalya, o projeto Ulaq, um USV com velocidades superiores a 65 km/h e com um alcance de 400 km. As informações são de que a embarcação pode operar tanto em período diurno, quanto noturno. Também será equipado com mísseis fornecidos pela empresa Roketsan, que atuará em conjunto com os avançados sistemas eletrônicos.




Tudo indica que o futuro será de cada vez mais automatizado em diversas áreas, incluindo aérea, naval e terrestre, com países cada vez mais focados e empenhados em desenvolver tecnologias melhores e mais eficientes.


Texto de Kauê Saviano Fiuza*, 'estagiário' do GBN Defense e do Canal Militarizando

*Kauê Saviano Fiuza é estudante, passou a estudar assuntos militares com seus 12 anos, tendo foco em politica, geopolitica e militarismo mundial. Escreve com maior ênfase sobre as forças armadas brasileiras e sobre veiculos, tendo grande paixão por história e geografia.


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