Hoje, dia 03 de julho de 2022 (domingo), completa 34 anos de um acontecimento que pouco se repercutiu e pouco se fala até os dias atuais. O abate do voo IRA 655.
No dia 03 de julho de 1988, um avião comercial Airbus A300 da companhia aérea Iran Air levantou voo da cidade de Bandar Abbas com destino a Dubai. Mas durante o percurso o avião iraniano foi abatido por um míssil terra-ar SM-2MR que foi disparado pelo cruzador pesado de mísseis guiados "USS Vincennes" da US Navy.
Nos anos 80 o Irã travava uma guerra longa e desgastante contra o Iraque na região do Oriente Médio, com as tensões na região não estando nada boas. O Irã poucos anos antes, havia sofrido uma revolução que mudaria por completo toda aquela região extremamente complexa que é o Oriente Médio. No dia 4 de novembro de 1979, um grupo de cidadãos islâmicos invadiram a Embaixada americana no Irã, tornando 52 pessoas reféns, com o grupo exigindo que os Estado Unidos entregassem o Xá Reza Pahlavi para que fosse julgado por um tribunal islâmico. Com isso o poder passou para a mão de um lider religioso, com esse líder sendo o Aiatolá Khomeini, tornando um país oficialmente como uma República Islâmica.
Antes da Revolução de 1979, o Irã era um importante aliado do governo dos Estados Unidos, com os EUA aceitando vender o caça mais avançado do americanos, o F-14 Tomcat, um caça muito avançado para a época e que Washington exportou apenas para o Irã, indicando assim a importância do Irã na época. Contudo, a Revolução não foi nada aceita pelos EUA e foi bloqueada qualquer venda de equipamentos militares para os iranianos.
O abate…
No dia do abate do voo IRA 655, o cruzador USS Vincennes estava passando pelo Estreito de Hormuz, onde havia realizado serviço de escolta. O cruzador estava equipado com um helicóptero que supostamente havia sido atingido por disparos de canhonheiras iranianas, com o navio americano realizando manobras para contra-atacar os barcos "inimigos". Com estes combates ocorrendo, o navio americano havia entrado em águar territoriais iranianas, violando leis de soberania marítimas.
O voo 655 foi detectado logo após a sua decolagem, levando a tripulação do USS Vincennes a acredita que se tratava de um F-14 armado com bombas "burras". Segundo relatos de tripulantes, o navio americano realizou 10 tentativas de contato com o avião, com 7 na frequência "MAD" (Military Air Distress) e três na frequência "IAD" (International Air Distress), mas com todas as tentativas falhadas de contato. Logo após as falhas de contato, o sistema AEGIS Combat System entrou em ação, lançando 2 mísseis SM-2MR em direção a aeronave, com um deles atingindo em cheio o avião carregado de civis. A aeronave se desintegrou ainda no ar e caiu logo após na água, com todos os seus 290 tripulantes morrendo, incluindo 66 crianças.
Foi averiguado e constatado que o navio americano estava localizado a 26° 30'47"N 56° 00'57" E, dentro do limite de 12 milhas de mares territoriais iranianos.
Desfecho…
Em 1989, o Irã levou o caso para ser julgado pela Corte Internacional de Justiça, com os EUA concordando sete anos depois em pagar uma quantia de US$ 131,8 milhões, para pagar a aeronave destruída e para as famílias.
Mesmo com todo o ocorrido, toda a tripulação do USS Vincennes recebeu fitas de ação de combate pela conclusão de suas viagens em zona de combate. O Coordenador de Guerra Aérea em serviço na época recebeu Medalha de Comenda da Marinha pelas suas ações entre 1984 e 1988.
Texto de Kauê Saviano Fiuza*, 'estagiário' do GBN Defense e articulista do site Hoje no Mundo Militar.
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*Kauê Saviano Fiuza é estudante, passou a estudar assuntos militares com seus 12 anos, tendo foco em politica, geopolitica e militarismo mundial. Escreve com maior ênfase sobre as forças armadas brasileiras e sobre veículos, tendo grande paixão por história e geografia.
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