quarta-feira, 8 de junho de 2022

Adeus Moskva! A importância do Missil Antinavio no moderno cenário de conflitos


O recente afundamento do capitânia russo no Mar Negro, o cruzador de mísseis "Moskva", trouxe a tona como hipotético protagonista o míssil antinavio ucraniano "Neptune", tendo sido reivindicado o afundamento pelo governo ucraniano, apesar da narrativa russa afirmar que houve um incidente que resultou na explosão do paiol de munições, negando que o navio tenha sido atacado.

Mas diante de todo cenário, resolvemos trazer a você leitor um artigo oportuno sobre esta importante arma no cenário de guerra naval, o míssil antinavio.

Míssil Neptune sendo disparado por plataforma terrestre

O míssil antinavio percorreu um longo caminho em seu desenvolvimento, considerado uma arma letal no combate de superfície, se tornou a principal e mais temível ameaça no confronto entre navios de guerra no moderno campo de batalha, levando a necessidade da criação de uma série de defesas e contra medidas, além de diversas doutrinas, as quais apesar de todo avanço ao longo dos anos, não conseguem garantir a integridade de um Grupo Tarefa (GT) frente a essa ameaça.

As primeiras armas guiadas surgiram durante a Segunda Guerra Mundial, embora de forma rudimentar os primeiros sistemas tiveram sucesso, embora empregados em pequenas quantidades. Os alemães foram os primeiros a empregar mísseis antinavio durante a Segunda Guerra Mundial, com a Luftwaffe adotando o  Henschel Hs 293, sendo o primeiro míssil antinavio operacional, usado pela primeira vez sem sucesso em 25 de agosto de 1943, ao longo de pouco mais de um ano, o Hs 293 contabilizou nada menos que 25 navios afundados ou severamente danificados. Outro avanço tecnológico nos primórdios dos mísseis antinavio, também alemão era o Fritz X (também conhecido como Ruhrstahl SD 1400 X , Kramer X-1 , PC 1400X ou FX 1400), responsável por avariar ou afundar pelo menos 14 navios, dentre eles os encouraçados italianos "Roma" e "Itália". Todos os modelos eram guiados por rádio, e forçaram as marinhas aliadas a desenvolver bloqueadores de sinal e demais contra-medidas contra estas novas ameaças.

Henschel Hs 293

Porém, ao fim da 2ª Guerra Mundial, muito da doutrina de combate naval se alterou e novas ameaças emergiam, trazendo novas soluções e tecnologias. No início da "Guerra Fria", com mundo dividido em duas partes, vimos duas estratégias distintas, de um lado os EUA e seus aliados investiam em poder aéreo, onde o principal meio de projeção de poder eram os Navios-Aeródromos, os quais com seus destacamentos aéreos embarcados (DAE) conseguiam dar uma amplo poder de ataque e defesa ao Grupo Tarefa (GT), o que fez com que os misseis antinavio fossem deixados de lado em um primeiro momento, principalmente levando-se em conta que a URSS, então ameaça ao ocidente, tinha como espinha dorsal de seu poder naval a força de submarinos nucleares, estes seus principais dissuasores nos oceanos naquele período, e mesmo a URSS, não havia no primeiro momento investido em mísseis dedicados antinavio, o que viria a ganhar atenção na década de 60 e 70, sendo responsável por introduzir avanços importantes no desenvolvimento desta arma, em especial os mísseis antinavio lançados a partir de plataformas terrestres e mesmo aéreas, sendo a maioria mísseis de grandes dimensões e poder destrutivo, com a estratégia de em um hipotético embate com um GT norte americano ou da OTAN, lançar um ataque de saturação com dezenas de mísseis sendo disparados contra os principais meios de superfície inimigos. Foi nesta fase que então o desenvolvimento dos mísseis antinavio experimentou um rápido avanço em diversas aplicações, o que resultou numa miríade de sistemas com capacidades distintas de infligir danos severos ao inimigo, seja para ataque ao solo ou contra alvos no mar, daí surgiram os mísseis antinavio.

Mirage F.1 dispara um míssil Matra Martel

Há uma vasta gama de sistemas de armas guiadas, sendo no auge da "Guerra Fria", o período que a industria de defesa mais apresentou inovações e cada vez mais novidades neste campo. Surgiram uma infinidade de mísseis otimizados contra alvos de superfície, como o Anglo-francês Matra Martel guiados por TV (Havia uma variante anti-radar), o britânico Sea Eagle, norte-americano Harpoon, o russo P-15 Termit, mais conhecido no ocidente como "Styx", este responsável pelo afundamento da fragata israelense "Eilat" durante a "Guerra dos 6 dias" em 1967, e o temível Exocet francês, este último causou pesadelos nos britânicos durante a "Guerra das Malvinas", que nas mãos argentinas em pequena quantidade causou muitos danos ao GT britânico naquele conflito, isso citando apenas alguns dos dezenas de exemplos de misseis antinavio desenvolvidos naquele período.

Imagens de um Exocet atingindo um alvo durante exercícios

Com advento do avanço nas defesa antiaéreas dos modernos navio de guerra, o que já em 1982 custou muito caro aos argentinos que na falta de mísseis Exocet em seus estoques, os obrigou a lançar audaciosos ataques contra os navios britânicos armados com bombas "burras" (não guiadas), para sorte dos britânicos boa parte destas bombas atingiram seus navios e não detonaram por falha na espoleta, o que salvou a Royal Navy de um verdadeiro desastre naquele teatro de operações, com poucos meios sendo de efetivamente colocados fora de operação por ação de ataques argentinos.

Hoje com a sofisticação e a letalidade das defesas antiaéreas, ataques como os realizados pelos A-4 da Força Aérea Argentina, dificilmente teriam algum sucesso, principalmente diante das poderosas defesas antiaéreas de ponto. Tal cenário leva a necessidade de mísseis antinavio com longa alcance, do tipo "dispare e esqueça", sendo o perfil de voo rente ao mar para dificultar a detecção do ataque, onde só na fase final do voo é possível identificar o ataque, o que dá a "presa" poucos segundos para responder a ameaça.

Eles variam de pequenas armas destinadas ao uso contra pequenos barcos rápidos e ágeis a mísseis balísticos projetados para derrubar um navio da capital. Existem sistemas que podem ser disparados de outros navios, ou de plataformas terrestres, ou de helicópteros ou aeronaves de asa fixa, enquanto alguns mísseis possuem variantes para cada uma dessas classes de plataforma de tiro. Essas várias armas antinavio empregam diferentes tipos de orientação, usam diferentes tipos e tamanhos de ogivas e seguem uma ampla variedade de perfis de voo.

Durante a Guerra Fria, as Marinhas Ocidentais estavam mais preocupadas em enfrentar ameaças aerotransportadas e subaquáticas do que em engajar navios de guerra inimigos, uma vez que as capacidades de "águas azuis" da Marinha Russa eram relativamente limitadas, enquanto a missão antinavio tendia a recair sobre os submarinos que empregavam os mortíferos torpedos, o meios aéreos encontravam como solução o emprego de mísseis destinados ao engajamento de alvos terrestres, como foi o caso do AGM-65 Maverick e Matra AS.37 Martel dentre tantos exemplos.


No inicio dos anos 70 começaram a surgir mísseis dedicados ao emprego contra alvos de superfície, graças ao inúmeros avanços que a tecnologia de guiagem e controle de mísseis experimentou, resultando em várias apostas da indústria de defesa mundial. Dentre estes avanços, dois mísseis em especial tiveram uma grande projeção e destaque, o AGM-84 Harpoon de origem norte americana e o francês MM.38 Exocet, este último sagrou-se em combate real, sendo um verdadeiro divisor de águas no emprego deste tipo de armamento em sua variante AM.39 Exocet sendo empregado por vetores aéreos e mesmo do solo com MM.38 Exocet, este último curiosamente chegou a ser lançado com êxito de uma plataforma improvisada pelos argentinos,  disparado a partir de terra por um lançador retirado de um navio durante o conflito das Malvinas, atingindo com êxito e causando danos ao HMS Glamorgan.

Apesar de não atingir em cheio, um Exocet causou extensos danos ao HMS Glamorgan

Algo que ficou explicito durante o conflito no Atlântico Sul, é que o míssil antinavio é capaz de retirar de combate e mesmo afundar uma alvo de superfície mesmo que ele apenas penetre o casco do navio sem que o mesmo detone sua cabeça de guerra, algo que ficou claro com o ataque argentino ao HMS Sheffield, que foi posto fora de combate e posteriormente naufragou em decorrência do impacto de um Exocet, o qual embora algumas fontes erroneamente aleguem falha em sua detonação, segundo relatórios que vieram a tona na última década, afirmam que o Exocet realmente adentrou o casco do HMS Sheffield e detonou em seu interior, causando um incêndio de grandes proporções a bordo e rompendo linhas de comunicação e rede de água para combate a incêndio.

HMS Sheffield arde em chamas após ser atingido em cheio por um míssil Exocet

Essa nova era marca a entrada em serviço de novas e letais soluções para engajamento de alvos de superfície, sejam estes lançados por plataformas navais (Várias classes e tipos de navios), seja por plataformas aéreas e mesmo por plataformas terrestres posicionadas na costa.

Afundamento do "Eilat"

Um episódio que mudou a visão do mundo com relação ao emprego de mísseis antinavio e sua efetividade, ocorreu durante a Guerra dos Seis Dias, considerado por alguns especialistas no assunto como batismo de fogo dos mísseis antinavio modernos. Falamos do episódio ocorrido em 21 de outubro de 1967, quando o destroyer israelense "Eilat" navegando em baixa velocidade ao largo de Port Said, a cerca de 17 milhas náuticas (31 km) da costa, quando foi atacado por duas lanchas de fabricação soviética da classe Komar operadas pelos egípcios, estas armadas com o sistema de mísseis antinavio MKB Raduga P-15 "Termit", designado pelo código OTAN como "SS-N-2 Styx" 

Uma lancha da classe "Komar" dispara um míssil SS-N-2 Styx

As duas lanchas estavam operando bem próximo a costa e suas pequenas dimensões, aliadas a velocidade de deslocamento da mesma e contando com misseis "Styx", atuavam como uma bateria de mísseis costeiros, disparando ambos os mísseis de dentro da zona portuária, possuíam naquele momento uma importante vantagem tática, e se valeram dessa oportunidade para atacar o destroyer israelense. 

Após os disparos dos dois primeiros mísseis, a tripulação do "Eilat" não tinha noção do que s passava, confundindo os mísseis com aeronaves hostis, e apesar de guarnecidos os postos de combate e a tentativa de abater os mísseis, o navio foi atingido com sucesso, mesmo sob fogo antiaéreo. O primeiro míssil penetrou o casco do "Eilat", porém, sua cabeça de guerra não detonou, entretanto, o combustível remanescente do míssil alimentou um grande incêndio a bordo, com segundo míssil atingindo o navio e detonando sua cabeça de guerra no interior do casco ocasionando severos danos estruturais e propagando mais um ponto de incêndio.

"Eilat" se tornou exemplo do potencial dos mísseis antinavio após ser atacado por lanchas

Poucos segundos após o segundo "Styx" quase partir o "Eilat" ao meio, onde o mesmo já estava condenado, sem comunicações e com grande parte dos tripulantes já abandonando o navio, um terceiro míssil atingiu a popa em cheio, penetrando o paiol de munições e selando o fim do "Eilat", os tripulantes remanescentes saltavam ao mar, uma vez que boa parte dos botes salva-vidas foram destruídos no ataque, foi quando um quarto míssil atingiu o navio que afundou em poucas horas deixando mais de 47 mortos e muitos feridos.

O ataque ao "Eilat" demonstrou o despreparo para lidar com um ataque com mísseis antinavio, levando a uma série de estudos e importantes mudanças não apenas doutrinárias, mas técnicas e de adestramento tanto no que diz respeito aos processos decisórios, como no preparo das equipes de Controle de Avarias (CAv).

Afundamento do HMS Sheffield

Nos anos 80 o Atlântico Sul foi palco do maior confronto naval desde a Segunda  Guerra Mundial, onde Reino Unido e Argentina disputaram ferozmente o controle das Ilhas Malvinas/Falklands. E foi neste cenário que os britânicos perderam seu primeiro navio após o fim do último conflito mundial, o HMS "Sheffield".

O afundamento do HMS Sheffield dias após ser atingido em cheio por uma AM-39 Exocet lançado por um Super Étendard argentino influenciou diretamente em diversos aspectos as doutrinas de guerra naval moderna da Royal Navy (RN).


O míssil antinavio se mostrou mais uma vez uma arma efetiva e letal, aumentando a fama obtida por este armamento no cenário de guerra naval moderna, A arma foi vista como uma ameaça fatal à defesa do Reino Unido das Ilhas Malvinas, apesar dos relatórios posteriores ao ocorrido demonstrarem que uma série de falhas criaram um cenário muito favorável ao sucesso do ataque com Exocet argentino, e a Argentina possuísse apenas cinco mísseis, o gabinete de guerra de Margaret Thatcher também ficou fascinado por eles, porque sabiam que um ataque bem-sucedido a um porta-aviões da Marinha Real poderia comprometer fatalmente a campanha das Malvinas. 

Tentativas foram feitas para dissuadir os franceses de vender exemplares do Exocet ao Peru, por medo que estes fossem repassados ​​para a ArgentinaPlanos também foram implementados para interceptar qualquer navio que se acreditasse transportar mísseis para a Argentina, embora esses planos nunca tenham saído do papel.

O sucesso do ataque ao HMS Sheffield foi tão impactante na Royal Navy, que a mesma chegou a iniciar uma ação com a elite de suas forças especiais, o SAS. O alvo? A frota de aeronaves Super Étendard argentina, afim de eliminar a capacidade de emprego dos mísseis Exocet. O plano era um ousado desembarque de operadores do SAS na base aérea argentina, onde os caças Super Étendard estavam baseados. Porém, a mesma foi cancelada já na fase de execução, onde o mau tempo forçou o helicóptero que levava a equipe do SAS que faria o reconhecimento e coleta de inteligência a alternar a rota para o Chile, onde tiveram de pousar. 


O míssil antinavio francês nas mãos argentinas ainda fizeram outras vítimas, atingindo e afundando o cargueiro Atlantic Conveyor, que impactou a logística britânica no conflito, pois o seu afundamento representou uma grande perda material, pois transportava os helicópteros que atuariam no movimento helitransportado de tropas naquele teatro de operações, levando as tropas britânicas a ter que marchar longas distâncias pelas ilhas.


Outra vítima dos Exocet argentinos, seria o destróier HMS Glamorgan, atingido por um míssil lançado por uma plataforma improvisada em terra, conforme citamos anteriormente nesta matéria. O Exocet não penetrou o casco do navio graças a perícia da tripulação, que executou uma manobra brusca, safando o costado de bombordo, mas mesmo assim, o míssil conseguiu atingir seu objetivo, derrapando pelo convés do navio e detonando sua cabeça de guerra, atingindo o hangar onde o helicóptero orgânico do navio estava abastecido, explodindo o mesmo. Esse foi o último ataque do Exocet naquele conflito, tirando o HMS Glamorgan de operações naquele conflito, o qual precisou ser submetido a amplos reparos e só retornando ao setor operativo ao final daquele ano, muito após o fim do conflito.

O que é "Horizonte-Radar"?

Há pouco tempo, um leitor havia me questionado sobre o alcance de alguns mísseis antinavio, o que levou a uma importante consideração no que se refere a guerra naval, a qual possui limitações quando não se pode contar com apoio de vetores aéreos, satélites ou dados precisos de posição do inimigo por outros meios, sendo a capacidade de engajamento limitada na faixa dos 38 km para detecção de ameaças de superfície. 


Esta distância independe da potência do sistema radar que esteja equipando o mastro do navio, pois como já estudamos desde bem jovens, a terra é redonda, e por conta desta circunferência, temos um limite a capacidade dos radares de superfície, assim, a partir dos 38 km o navio simplesmente não “enxerga” nenhum contato em seu horizonte. Isto se chama "Horizonte-Radar".

Mesmo que um míssil tenha alcance de 75 km ou mais, este não pode efetivamente ser disparado sem os dados referentes ao seu objetivo, logo não é possível se estabelecer os parâmetros de voo e busca do alvo. Não há como travar um alvo uma vez que os sensores do navio não sabem que ele está lá, razão pela qual, os primeiros Exocet (MM38) apresentavam um alcance máximo de 40km.

Porém, foram desenvolvidas inúmeras soluções para sanar essa lacuna nas capacidades dos meios de superfície e dispor de um alcance maior para emprego de mísseis antinavio. Uma delas é o emprego de meios aéreos para ampliar o "horizonte-radar" dos meios de superfície, algo que é realizado desde o final da década de 70 pela Marinha do Brasil, com a incorporação das fragatas da Classe Niterói e os helicópteros Lynx, estes atuando como olhos e ouvidos de sua nave mãe. Outra solução é o vetoramento através do data-link entre o navio lançador e outros meios que estejam com alvo em seu horizonte-radar, assim possibilitando a inserção dos dados para obter a solução de tiro, esta última também pode ser feita através de dados enviados por satélites, outras aeronaves ou mesmo drones e estações de monitoramento em terra.


Atualmente o Brasil desenvolve seu próprio míssil antinavio, o MANSUP, este com alcance de 75km, empregando as asas rotativas como solução para disparar além do "horizonte-radar" do navio. 
Essa capacidade de expandir o "horizonte-radar" justifica o desenvolvimento de mísseis superfície-superfície com alcance superior ao "horizonte-radar" teórico. 

Como funciona? Não é tão simples, porém, também não é algo impossível ou fora do comum. Nesta prática a aeronave empregada no reconhecimento adota um perfil de voo em média a grande altitude, o que amplifica o seu "horizonte-radar" além dos 200km, assim, seu sistema radar é capaz de detectar e identificar a ameaça,  então é possível transmitir os dados sobre a posição do alvo ao navio lançador, os dados recebidos são inseridos nos sistema de tiro e carregados na memória do sistema de navegação inercia (INS) antes do lançamento, o que irá garantir que a trajetória seja realizada pelo míssil, isso é feito em frações de segundos, e após ser disparado o míssil segue em perfil pré-estabelecido de voo até a marcação inicial da posição do alvo, então acionando seus sistemas de busca ativos para confirmar a posição e travar o alvo, só então ele realiza o que chamamos de corrida final até o alvo.

Uma curiosidade, os primeiros Exocet possuíam alcance de 40km justamente para garantir autonomia suficiente para atingir o alvo, uma vez que a guerra naval é uma guerra de movimento contínuo, ninguém fica parado, assim o alcance superior ao "horizonte-radar" servia justamente para realizar o ajuste fino de sua pontaria compensando a mudança de posição do alvo. As variantes de lançamento a partir de aeronaves não possuíam estas limitações, sendo limitadas pelas capacidades técnicas do míssil e de travamento do alvo pelo seu vetor de lançamento.


Uma solução que tem sido empregada por diversas marinhas, dentre elas a Marinha do Brasil, é contar com mísseis antinavio lançados de plataformas aéreas, o que amplifica o alcance destes e a possibilidade de engajar alvos muito além do horizonte radar dos meios de superfície, garantindo uma maior cobertura ao Grupo Tarefa (GT), e esta função aqui no Brasil irá recair sobre o Esquadrão HU-2 "Pégasus", que começou a receber as modernas aeronaves AH-15B "Super Cougar", estas desenvolvidas afim de entregar a Marinha do Brasil a capacidade de ataque com mísseis AM-39 Exocet disparados por um vetor aéreo, não estando assim submetidos as limitações do horizonte-radar. O emprego de aeronaves de asas rotativas como vetores de ataque ar-superfície é uma equilibrada solução para nações que não dispõem de navios-aeródromos, assim, navios de menor complexidade e sem a cobertura aérea de aeronaves de asa fixa (mais capazes no que se refere ao alcance de cobertura em missão de Patrulha Aérea de Combate (CAP na sigla em inglês), podem armar helicópteros como o AH-15 "Super Cougar" com mísseis antinavio da categoria do Exocet ou Harpoon (futuramente se espera uma variante do MANSUP), podendo garantir maior raio de ação de suas armas antinavio.

Tamanho é documento?


Existe uma variada gama de soluções no que se refere a capacidade antinavio, desde mísseis de cruzeiro capazes de atacar alvos de superfície a distâncias superiores aos 1000km, como engenhos menores com alcance mais limitado como o norueguês Penguin, este em serviço com a Marinha do Brasil, constituindo-se uma das armas disponíveis para emprego pelos nossos SH-16 "Seahawk" do Esquadrão HS-1 "Guerreiro", porém, apesar de características distintas, um míssil antinavio é sempre uma ameaça relevante no teatro de operações navais, independente da capacidade de sua "cabeça de guerra", o simples fato de varar o costado do alvo já causa um grande problema a qualquer meio de superfície, pois mesmo que não haja a detonação, o simples contato do combustível remanescente em chamas com o material a bordo do navio, já é capaz de gerar um considerável estrago, podendo em muitos casos tirar um navio de operação por um período longo, isso se o mesmo não atingir áreas sensíveis, como paiol de munições, tanque de combustível, COC, CCM dentre outros pontos.


Logo não se pode garantir que um sistemas é ou não capaz de lograr sucesso contra determinado alvo, pois trata-se de uma complexa equação, tão difícil quanto se determinar quais números serão sorteados numa loteria. O que de fato pode ser o fiel entre o sucesso ou fracasso, é a doutrina de emprego adotada pelo atacante e o perfil definido para o ataque, e mesmo assim não garantirá 100% de eficácia,pois em muito dependerá da reação defensiva do alvo e o adestramento de sua tripulação para lidar com eta ameaça e no caso de bem sucedido o ataque, a reação das turmas de Controle de Avarias (CAv).

Defesa de Costa com mísseis antinavio

O "case" do capitânia russo afundado pelos ucranianos é um exemplo claro da efetividade e valor estratégico das defesas de costa e a sua capacidade de responder a ameaças dentro do seu arco de defesa, o que ficou bem claro com afundamento do "Moskva". Logo, é importante a pergunta: "Qual a importância de se operar mísseis antinavio a partir de plataformas em terra?" 


Baseados no recente episódio do conflito ucraniano, fica óbvia a vantagem obtida contra uma força atacante com poder naval que supere a capacidade naval da nação agredida, quer seja pela grande mobilidade, quer seja pelo alcance dos sistemas de defesa e principalmente, pelo fator psicológico e de dissuasão proporcionado, este último elencado é um fator que leva as forças atacantes a pensar duas vezes antes de se aproximar da costa e torna-se um impeditivo inicial as operações de desembarque anfíbio.


Este tema de grande valor e importância estratégica será alvo de um novo artigo do GBN Defense, e você irá conhecer detalhadamente sobre esta importante capacidade e o porque já deveríamos ter investido no desenvolvimentos desta capacidade  aqui no Brasil.

Conclusões


A capacidade de combate de superfície utilizando-se de mísseis antinavio se mostra um importante investimento para salvaguarda da soberania e seus interesses no mar, quer seja através de sistemas aerolançados, ou sistemas embarcados, e ainda por sistemas posicionados na costa, o que diante dos episódios no conflito ucraniano, deixa bem clara a sua importância e a validade dos conceitos de emprego da arma antinavio, quer sejam disparados por meios de superfície, aéreos, SARP ou baterias na costa, e fica uma importante reflexão as autoridades brasileiras sobre a importância de investimentos nesta capacidade de defesa de nossa soberania e a garantia de integridade territorial frente a qualquer ameaça que venha pelo mar.


Por Angelo Nicolaci


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