terça-feira, 14 de junho de 2022

A real inovação do KF51 Panther 2



Muito do KF51 Panther é projetado de forma bastante conservadora e segue uma evolução ao invés de uma revolução. Já existem algumas vozes que querem ver o veículo referido como "Leopard 2A9". O que é esquecido é uma mudança muito crucial que não tem nada a ver com calibre, espessura de blindagem ou potência: o assento adicional no veículo. Segundo a Rheinmetall:

"O KF51 Panther apresenta um conceito operacional inovador. Ele é projetado para uma tripulação de três pessoas: o comandante e o artilheiro na torre e o motorista no chassi, mas além disso tem também uma estação de operador adicional disponível para um especialista em armas e subsistemas ou para o pessoal de comando, como o comandante da companhia ou o comandante do batalhão."

A Rheinmetall está dando um passo surpreendente com isso. Normalmente, ao desenvolver tanques, muito cuidado é tomado para tornar os veículos o menor possível. Por isso que o uso de autoloaders (carregadores automáticos) é considerado importante. Como não há necessidade pessoas em pé, há menos espaço para ser blindado, o que permite uma silhueta menor e consequentemente um peso também menor.

Adicionar um espaço que não é necessário para a operação do tanque parece contraproducente à primeira vista. Com uma perspectiva histórica sobre o ano de 1932, no entanto, o oposto é verdadeiro.

Uma das principais vantagens dos tanques alemães na Segunda Guerra Mundial, especialmente nos primeiros anos, foi a torre de três homens em tanques do modelo Panzer III em diante. Em muitos modelos de tanques de outros países, os comandantes dos tanques tinham que realizar as tarefas de artilheiro, às vezes até assumindo a função de municiador.

Como resultado, muitas vezes os comandantes estavam severamente sobrecarregados e não podiam mais realizar sua tarefa real, o controle tático do veículo, com eficiência. Reduzir a tripulação diminuiu o tamanho e o peso mas também reduziu o poder efetivo de combate do tanque. 

Rheinmetall e Krupp, por outro lado, desenvolveram uma torre de três homens já em 1932, que foi secretamente apresentada e testada em Kama.

Nesta torre, um carregador, um artilheiro e o comandante realizavam suas tarefas - podendo assim concentrar-se totalmente na respectiva atividade. A liberação do comandante levou a que ele pudesse dirigir o veículo de forma mais concentrada e, portanto, mais eficiente. Embora a silhueta tenha ficado maior e o veículo mais pesado, sua eficácia de combate foi maior.

Reconheceu-se que esse passo na divisão do trabalho era necessário por causa do caótico ritmo frenético e da complexidade do combate moderno com tanques e se essa estrutura acabaria por trazer uma vantagem.

A Rheinmetall está agora relançando essa ideia. Em um campo de batalha saturado com meios interativos de ação e defesa, em todas as três dimensões, ele pode aumentar a eficácia de combate de um tanque, permitindo espaço para alguém que cuida de vários desses sistemas em tempo integral e libera o comandante dessa tarefa - divisão de trabalho no veículo de combate, o que leva a uma conclusão mais eficiente das subtarefas.

Se essa maior eficiência justifica ou não uma silhueta maior, deve ser decidido durante o desenvolvimento - em 1932, a Rheinmetall tomou essa decisão em favor de um homem adicional no tanque e aumentou a eficiência do veículo no campo de batalha.

90 anos depois, a Rheinmetall se depara com a mesma tarefa: desenvolver um tanque para um campo de batalha que se tornou mais dinâmico e mortal do que nas décadas anteriores. E eles escolhem a mesma solução para o problema.

Se isso faz ou não sentido continua a ser visto. É importante que uma inovação decisiva na construção de tanques esteja acontecendo aqui, o que dificilmente é notado, embora tenha revolucionado o campo de batalha há 90 anos.

Original: https://threadreaderapp.com/thread/1536665105601073157?refresh=1655241649

Tradução e adaptação: Renato Henrique Marçal de Oliveira


*Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel)

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