A OTAN deve tomar "medidas concretas" para resolver a crise de imigrantes na fronteira com a Bielo-Rússia, disse o primeiro-ministro polonês neste domingo (14), acrescentando que Polônia, Lituânia e Letônia podem solicitar consultas sob o tratado da aliança.
A UE acusa Minsk de orquestrar a crise para pressionar o bloco sobre as sanções, mas a Bielo-Rússia negou repetidamente. Alguns países da região alertaram que o impasse pode se transformar em conflito militar.
"Não é suficiente apenas expressarmos publicamente nossa preocupação, agora precisamos de medidas concretas e do compromisso de toda a aliança", disse Mateusz Morawiecki à agência de notícias estatal polonesa PAP.
De acordo com o Artigo 4 do tratado da OTAN, qualquer aliado pode solicitar consultas sempre que, na opinião de qualquer um deles, sua integridade territorial, independência política ou segurança estiver ameaçada.
O presidente russo, Vladimir Putin, um dos principais apoiadores do líder bielorrusso Alexander Lukashenko, disse que a Rússia está pronta para ajudar a resolver a crise, informou a agência de notícias RIA neste domingo (14), citando uma entrevista em um canal de TV estatal.
Morawiecki disse ao PAP que os líderes da UE discutiriam mais sanções contra a Bielo-Rússia, incluindo o fechamento completo da fronteira.
O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, disse que o bloco vai ampliar as sanções contra a Bielo-Rússia na segunda-feira para incluir companhias aéreas e agências de viagens que se acredita estarem envolvidas no transporte de migrantes.
Morawiecki disse que a UE deveria financiar conjuntamente um muro de fronteira.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falou com o ministro das Relações Exteriores polonês Zbigniew Rau no sábado e disse que as ações da Bielo-Rússia ameaçam a segurança regional e desviam a atenção das atividades militares russas na fronteira com a Ucrânia, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
"O secretário Blinken reafirmou o apoio dos EUA à Polônia em face da cínica exploração de migrantes vulneráveis pelo regime de Lukashenka", disse Price em um comunicado no domingo.
TENSÃO DA FRONTEIRA
Enquanto isso, as forças polonesas descreveram uma situação cada vez mais tensa na fronteira, com a Guarda de Fronteira dizendo que os migrantes estavam recebendo instruções e equipamentos dos guardas bielorrussos e que esperavam outra "grande tentativa" de passagem.
"Enormes toras de madeira estão sendo trazidas, provavelmente para abaixar a cerca", disse a porta-voz da Guarda de Fronteira Katarzyna Zdanowicz à emissora privada TVN24.
O serviço de blogging bielorrusso NEXTA compartilhou um vídeo do que dizia ser uma grande coluna de migrantes caminhando em direção à fronteira.
Imagens postadas no Twitter pelo Ministério do Interior polonês mostraram o que parecia ser um canhão de água implantado na fronteira, enquanto uma mensagem gravada alertava os migrantes que a força poderia ser usada contra eles se não seguissem as ordens.
A ONG Grupa Granica disse em um comunicado que recebeu informações sobre as tentativas da Bielo-Rússia de forçar os migrantes a usarem violência contra oficiais poloneses.
"Devido ao risco de escalada da violência, queremos lembrar a todas as partes que os migrantes não são agressores, mas reféns do regime de Lukashenko", escreveu o documento.
O porta-voz do Comitê Estadual da Guarda de Fronteira da Bielo-Rússia, Anton Bychkovsky, disse que as acusações eram desinformação. “Não corresponde à realidade”, afirmou.
No sábado, um grupo de cerca de 50 migrantes rompeu as defesas na fronteira e entrou na Polônia perto da vila de Starzyna, disse a polícia no domingo. A Guarda de Fronteira disse ao PAP que todos foram pegos.
Fonte: Reuters
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