sábado, 30 de outubro de 2021

Polônia, futuro maior exército da União Europeia?

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Não é de hoje que os EUA e a OTAN classificam a Rússia como o seu maior inimigo global, principalmente após a tomada pela Rússia da região ucraniana da Crimeia, uma importante região que abriga até hoje a Frota do Mar Negro pertencente à Rússia em Sevastopol.


Primeira crise: Crimeia


Antes de 2014, a Crimeia era uma região ucraniana com uma significativa quantidade de descendentes de russos, que há décadas tinha movimentos separatistas pró-russos.


Após o golpe de estado ocorrido em 2014 na Ucrânia, que levou à queda do então presidente Viktor Yanukovich, um importante aliado do presidente Vladimir Putin, a Rússia, apoiada por separatistas pró-russos invadiram com força total a Crimeia, levando a derrubada do governo ucrâniano que ali estava. Até hoje, a situação da Crimeia não está bem definida, e a Rússia permanece com suas tropas na região.


Soldados russos na Crimeia ocupada


Após este ocorrido, a OTAN voltou seus olhos para aquelas tensões, elevando assim a Rússia ao status de seu maior inimigo em potencial.


A Polônia é um importantíssimo aliado da OTAN, sua localização é altamente estratégica em caso de conflito, pois seria a primeira linha de defesa das forças militares da OTAN caso a Rússia atacasse através da Bielorrússia. A Polônia tem extensas fronteiras tanto com a Ucrânia como com a Bielorrúsia, sendo o único país OTAN que está, indiretamente, fazendo fronteira com a Rússia (muitos veem a Bielorrússia como um Estado marionete da Rússia).


Vale lembrar que a Polônia foi invadida pela União Soviética na Segunda Guerra Mundial, e depois da guerra tornou-se um Estado satélite dos soviéticos, a 'República Popular da Polônia' conseguindo uma independência de fato somente em 1989, após sofrer vários massacres.


Portanto, não é de se surpreender que os poloneses tenham muito receio dessa política expansionista russa, a tal ponto que praticamente dobrou suas FFAA (Forças Armadas) pouco depois da anexação da Crimeia pela Rússia, de aproximadamente 80 mil para mais de 150 mil soldados.



Nova crise: Bielorrúsia

 

A Bielorrúsia funciona como a única divisa entre Rússia e OTAN, atuando como um paredão entre as potências europeias.


Não é de hoje que as tensões naquela região estão elevadas, mas após os graves escândalos de fraudes nas eleições bielorrussas, o Presidente Putin decidiu mover seu apoio para o ditador Aleksandr Lukashenko, como forma de manter um importante aliado na região, tentando evitar ao máximo se repetir o que houve na Ucrânia em 2014.


Putin e Lukashenko


O apoio de Putin é visto claramente após declarações recentes, onde ele diz que, se for preciso, atuará militarmente para manter Lukashenko no poder.


Com isso a Polônia se vê, novamente, com tropas russas às portas do país.


Outro grave problema que vem aumentando entre a Polônia e a Bielorrúsia é a questão de imigração ilegal, um problema que nos últimos dias vem aumentando cada vez mais as tensões, com mídias alemãs afirmando que o governo bielorruso está buscando imigrantes africanos para atuarem como uma arma para desestabilizar a fronteira entre esses 2 países.



Reação polonesa


Em resposta a essas questões, o Parlamento polonês aprovou ontem, dia 29 de outubro de 2021, a construção de um muro na fronteira com a Bielorrúsia, no intuito de impedir a imigração ilegal ao território polonês, o que gerou críticas por parte do Presidente Lukashenko, que disse que isso é apenas uma desculpa para a Polônia enviar seus soldados para a fronteira.


Anteriormente, a Polônia já tinha enviado mais de 10 mil soldados para a fronteira, inclusive com apoio de MBT (carros de combate, 'tanques') Leopard, segundo algumas fontes.


Caminhão militar polonês em patrulha na fronteira com a Bielorrússia


Além disso, a Polônia está muito empenhada em  fortalecer suas FFAA, com amplos programas de compras de equipamentos sendo realizados nos últimos anos, e agora a Polônia pretende expandir seu exército ainda mais, com planos para aumentar seu contingente em quase o dobro do que é hoje, ou seja, cerca de quatro vezes o que era há menos de 10 anos atrás.


Atualmente o Exército Polonês possui aproximadamente 110 mil militares na ativa, com essa proposta do Ministro da Defesa colocando um número de 250 mil militares na ativa, complementados por mais 50 mil na reserva como o número adequado para a defesa de seu território, com outros planos sendo propostos, como a criação de mais três brigadas de defesa territorial voltadas para a fronteira Oriental. 


Se essa proposta for aprovada pelo parlamento e pelo presidente, a Polônia terá o maior exército da União Europeia (UE), passando de qualquer outro país da Europa que pertence à OTAN.


Estas mudanças de comportamento na Polônia já estavam sendo vistas há tempos, principalmente após a aquisição dos caças F-35, um contrato avaliado em US$ 4,6 bilhões por 32 unidades do caça F-35A dos EUA, previstos para serem entregues a partir de 2024, que atuarão em conjunto com mais 48 caças F-16C/D Block 52+, visando substituir os já envelhecidos Su-22 e Mig-29.


No Exército, as modernizações também virão, com o Ministro da Defesa anunciando que o país irá adquirir até 250 tanques M1A2 Abrams SEPv3 dos EUA, sendo essa a última e mais avançada versão do icônico carro norte-americano. O contrato de compra desses veículos está em torno de US$ 6,0 bilhões, estando incluídos no contrato as munições, manutenções, peças de reposição, treinamento e simuladores. Com essa compra, a Polônia estará equipada com poderosos MBT como Leopards 2A4, Leopards 2A5 e agora com os M1, que substituirão algumas unidades dos já antigos T-72 e o PT-91.


M1A2 SEPv3, futuro MBT da Polônia


Por fim, a Polônia também vem pedindo aos EUA que estabeleçam bases em seu território, se propondo inclusive a bancar os custos de tal empreitada.


Tudo isso mostra a grande preocupação da OTAN em geral, e da Polônia em particular, com as elevadas tensões naquela região europeia, mas também mostra que estão cada vez mais empenhados em se defender da poderosa Rússia de Vladimir Putin.


Texto de Kauê Saviano Fiuza*, 'estagiário' do GBN Defense e do Canal Militarizando

*Kauê Saviano Fiuza é estudante, passou a estudar assuntos militares com seus 12 anos, tendo foco em politica, geopolitica e militarismo mundial. Escreve com maior ênfase sobre as forças armadas brasileiras e sobre veiculos, tendo grande paixão por história e geografia.


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REGIMENTO REALIZA TRANSPOSIÇÃO DE CURSO D’ÁGUA COM VIATURAS BLINDADAS

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O 6º Regimento de Cavalaria Blindado (6º RCB) realizou uma demonstração de transposição de curso d'água com blindados na área de instrução do regimento. A transposição de curso d’água foi realizada com a viatura blindada de transporte de pessoal VBTP-MR Guarani, do 8º Regimento de Cavalaria Mecanizado, representando as tropas mecanizadas; com a VBTP M113 B, representando o 22º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado; e com a VBTP M113 BR, do 6º RCB.

A atividade teve por objetivo visualizar a transposição na prática e demonstrar o poder de combate das viaturas através de um obstáculo aquático, assegurando a integridade e a impulsão da tropa blindada e mecanizada. 


Marcaram presença na atividade o Comandante da 3ª Divisão de Exército (3ª DE), General de Divisão Hertz Pires do Nascimento, acompanhado pelo Comandante da 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, General de Brigada Willian Koji Kamei e pelo Comandante da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, General de Brigada Marcelo Rocha Lima e os comandantes das organizações militares de Alegrete, Quaraí (RS), São Borja (RS) e Uruguaiana (RS).


Em todas as atividades, foram aplicadas as medidas de prevenção e combate à covid-19.


Fonte: Exército Brasileiro


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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

AEL Sistemas segue investindo em P&D e quer contratar mais 50 profissionais

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A AEL Sistemas vai continuar investindo em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e quer contratar mais 50 profissionais do setor de tecnologia A AEL Sistemas, uma empresa líder no mercado brasileiro no desenvolvimento, produção e gestão logística de sistemas eletrônicos para aplicações militares e aeroespaciais está lançando o RAMP-UP AEL, um programa destinado à formação de jovens profissionais em diversas áreas de tecnologia e engenharia. A expectativa da empresa é contratar cerca de 20 profissionais ainda em 2021 e outros 30 no primeiro semestre de 2022. Os novos colaboradores serão selecionados para integrar as diversas equipes de P&D da AEL, atuando no projeto, integração e testes de diversos produtos que compõe o portfólio da empresa.

A empresa busca por novos profissionais que poderão atuar em Porto Alegre (RS) ou em formato hibrido. Os candidatos deverão estar cursando o último semestre ou serem recém-formados nos cursos de Ciências da Computação, Engenharia da Computação, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Mecatrônica ou cursos relacionados. Possuir inglês avançado também é um requisito para os candidatos.

De acordo com Gal Lazar, presidente da AEL Sistemas, esta iniciativa tem como foco o investimento na formação de jovens profissionais, “que fortalecerão os nossos times de Pesquisa e Desenvolvimento, além de proporcionar a expansão dos negócios da empresa em projetos locais, bem como no desenvolvimento de soluções para o mercado internacional do segmento de defesa”.

Desde a década de 1990, quando começaram os primeiros treinamentos fora do Brasil (OJT) a AEL investe em seus colaboradores. Em 2007, a empresa lançou o Avionics Software House (ASH), programa também focado no desenvolvimento dos jovens profissionais que posteriormente tornaram-se especialistas no desenvolvimento de software embarcado (Aviônica).

Gal Lazar ainda destaca que a AEL Sistemas também está em busca por profissionais com mais experiência que servirão para repor aquelas posições do P&D que já estão sendo realocadas em novos projetos de cooperação internacional. Gal Lazar faz questão de lembrar que de acordo com o ranking do Great Place to Work, a AEL Sistemas figura entre as 37 melhores empresas para se trabalhar no Rio Grande do Sul e no âmbito nacional está entre as 40 melhores na categoria indústria. O programa RAMP-UP AEL, vai oferecer para esta nova geração de profissionais, oportunidades de crescimento dentro das suas especialidades, através da integração com equipes multidisciplinares de alcance internacional, além disso, quer aumentar a capacitação do seu corpo técnico que já é altamente especializado em projetos e sistemas de última geração, todos voltados ao setor de defesa e aeroespacial.

Prestes a completar 40 anos a AEL Sistemas, uma subsidiária do grupo Israelense Elbit Systems, líder mundial no segmento de defesa, é considerada um Centro de Excelência em Tecnologia de Defesa e responsável por mais de 50% dos sistemas aviônicos fornecidos para a aviação militar do mercado brasileiro.

Nos últimos anos, a AEL tem participado dos principais projetos estratégicos das Forças Armadas Brasileiras e do Ministério da Defesa. Diversos sistemas aviônicos para o novo Caça F-39 Gripen e do cargueiro KC-390, ambos da FAB, são alguns exemplos dos produtos desenvolvidos pela a AEL Sistemas. Outro projeto estratégico e não menos importante é o Link-BR2, um sistema de Data Link tático para tráfego de informações em tempo real entre aeronaves e estações de solo.

Na área de Comunicações Táticas a empresa está desenvolvendo sob a liderança do Centro de Tecnologia do Exército, o RDS-Defesa que é um Rádio Definido por Software e tem como objetivo promover a interoperabilidade entre as três Forças Armadas do Brasil.

A AEL ainda presta suporte técnico para o Sistema de Comando e Controle (C2) do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil e também possui capacidade e experiência no fornecimento de Sistemas Espaciais, aeronaves remotamente pilotadas (ARPs), sistemas eletro-ópticos, soluções de Comando e Controle para viaturas blindadas sobre rodas e sobre lagartas e comunicações táticas e estratégicas.

Mais informações sobre o Programa estão disponíveis no linkedin da AEL Sistemas.


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terça-feira, 19 de outubro de 2021

Atech entrega o Sistema de Planejamento e Treinamento de Missões da aeronave E-99M

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A Atech empresa do grupo Embraer, concluiu a entrega do MPTS do projeto de modernização das aeronaves de Alerta Aéreo Antecipado da Força Aérea Brasileira, na ALA 2, na cidade de Anápolis – GO. O Teste de aceitação em campo,  instalado nas dependências do 2º/6º GAV – Esquadrão Guardião, ocorreu com pleno sucesso no início deste mês.

O projeto E-99M conduzido pela FAB – Força Aérea Brasileira, através da COPAC – Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate, traz consigo a flexibilização das operações da aeronave e a ampliação das capacidades de vigilância nas áreas de interesse do Comando da Aeronáutica.

Com a integração do MPTS aos sistemas de solo da FAB, o Esquadrão Guardião recebe novas capacidades, agilidade e precisão para atuar em diversos cenários de vigilância, com protagonismo durante as operações. O sistema  também permitirá treinamento em solo, dos integrantes do Esquadrão Guardião, principalmente nas novas capacidades da aeronave, reduzindo o tempo de treinamento em voo que será convertido em missões operacionais.

Além disso, o sistema possui mobilidade, podendo ser transportado com extrema facilidade em caso de necessidade ou operações desdobradas, para o aproveitamento da capacidade plena das aeronaves. A Atech foi responsável por todo o desenvolvimento do MTPS, desde as fases de concepção, especificação de equipamentos e integração de sistemas, até a instalação na ALA 2, em Anápolis, e seguirá sua missão com o treinamento para capacitação operacional e de manutenção em campo e o suporte técnico necessário.

“Uma entrega desta relevância e importância na modernização das capacidades das nossas Forças Armadas, é motivo de orgulho para a Atech, que sempre norteia suas atividades buscando oferecer cada vez mais eficiência e tecnologia na integração de sistemas complexos para as missões críticas, contribuindo com a soberania, segurança e defesa do nosso país”, destaca Giacomo Feres Staniscia, Diretor de Negócios da Atech.  

No projeto de modernização do E-99M, a Atech também atuou no desenvolvimento de vários módulos do sistema de Comando e Controle embarcado, que permite o domínio completo do ambiente de operação, aumentando a consciência situacional e apoiando na tomada de decisão. 


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Incidente com NVe Cisne Branco no Equador

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A Marinha do Brasil (MB) informa que na última segunda feira (18), às 15h (horário de Brasília), durante m
anobra no Rio Guayas, em Guayaquil-Equador, o Navio-Veleiro Cisne Branco colidiu com uma ponte, possivelmente devido ao efeito da correnteza. Um rebocador local, que apoiava o navio, emborcou durante esse movimento. Não houve acidente de pessoal.

No momento, o NVe Cisne Branco encontra-se fundeado em segurança, aguardando disponibilidade de cais para atracação em Guayaquil, onde serão avaliadas as condições de material, mais detalhadamente.

A Marinha do Equador, bem como autoridades locais, vêm prestando total apoio ao nosso Cisne Branco. A MB apura as causas e circunstâncias do acidente.

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“GUARANI NA ARGENTINA” - Conheça melhor o processo de avaliação Argentino

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O GBN Defense vem acompanhando o desenrolar dos processos de avaliações aos quais foram submetidas as viaturas VBTP-MSR 6x6 Guarani, desenvolvido em parceria pelo Exército Brasileiro e a Iveco, os quais são objeto de interesse do Exército Argentino que pretende equipar suas Brigadas Blindadas e Mecanizadas, no âmbito do Projeto Estratégico Vehículo Blindado de Combate a Ruedas (VBCR). Fomos a primeira mídia a revelar a opção Argentina pela viatura brasileira e os últimos testes que o mesmo foi submetido neste ano de 2021.
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eguindo nossa missão de trazer ao nosso público informações e notícias atualizadas e de credibilidade, replicamos aqui um interessante artigo de avaliação técnico-operacional do "Guarani", fruto do trabalho do Capitão Marcelo Eduardo Deotti Júnior e Capitão Alexandre Serio Buscher, originalmente publicado pela revista revista do Centro de Instrução de Blindados “Ação de Choque”.

"VBTP-MSR 6×6 Guarani na Argentina"

Desde meados dos anos 2010, o Exército Argentino (EA) busca o desenvolvimento de projetos para equipar suas Brigadas Blindadas e Mecanizadas. Essa ação tem como principal objetivo garantir melhores condições para o cumprimento de suas missões institucionais. Recentemente, foi aprovada naquele país a lei FONDEF (Fundos de Defesa Nacional) que visa garantir investimento para o desenvolvimento da Indústria de Defesa Argentina.

Nesse contexto, está em andamento o Projeto Estratégico Vehículo Blindado de Combate a Ruedas (VBCR), que visa a modernização, em um primeiro momento, da Brigada de Infantaria Mecanizada X (BrMec X), sediada em Santa Rosa, província de La Pampa. Em seu escopo, consta como principal objetivo a aquisição de uma plataforma para equipar suas unidades em um curto espaço de tempo. Após extensa análise, o Estado-Maior do EA delimitou o universo de seleção, sendo a Viatura Blindada de Transporte de Pessoal Média Sobre Rodas (VBTP-MSR) 6×6 Guarani eleita como finalista. A fim de subsidiar o processo decisório, em abril de 2021, foi solicitada ao Exército Brasileiro (EB) a exportação temporária de uma unidade do blindado para a execução de uma avaliação técnico-operacional em solo argentino. 

solicitação foi atendida e o EME determinou que a 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (2ª Bda C Mec), Brigada Charrua, selecionasse uma guarnição e uma viatura para a missão. Para isso, foi realizado processo seletivo que levou em consideração a experiência na viatura, testes de conhecimentos e domínio do idioma espanhol. Então, foram selecionados 5 militares e uma viatura do 5º Regimento de Cavalaria Mecanizado (5º RC Mec), sediado em Quaraí-RS.

Face à importância da missão, torna-se relevante entender como foi a sua execução, com a intenção de identificar o seu alcance e consequências. A seguir, serão apresentadas as atividades realizadas e as conclusões obtidas após os inúmeros testes realizados com o blindado brasileiro no período de 25 de maio a 24 de junho de 2021, em Organizações Militares das Forças Armadas da República Argentina.

Seleção de Pessoal e Atividades de Preparação

Para a seleção de pessoal, designado para a missão o Comando da 2ª Bda C Mec elencou como critérios de seleção o currículo do militar, o histórico de emprego com o blindado, o conhecimento das características de operação da VBTP, além do domínio do idioma espanhol. Em consequência, as Organizações Militares da Brigada Charrua detentoras do Produto de Defesa selecionaram militares para os testes da 2ª Bda C Mec. Ao final das avaliações, o 5º RC Mec foi selecionado para enviar pessoal para todas as funções da guarnição: comandante, motorista, atirador e mecânico de chassi.

Além da guarnição do 5º RC Mec, foi designado um oficial do Quadro de Engenheiros Militares que atualmente serve na Comissão de Absorção de Conhecimentos e de Transferência de Tecnologia junto à empresa IVECO Veículos de Defesa (CACT‐TIV), em Sete Lagoas-MG.

Com a seleção de pessoal realizada, foi feita uma extensiva revisão na VBTP. Fruto da diagonal de manutenção rigorosamente em dia, foi identificado que o Guarani selecionado estava totalmente apto para enfrentar os desafios dos testes. Na sequência, foram realizadas atividades de confirmação, como giro técnico, colimação, correção em zero e navegação. Ao término das atividades de preparação, a viatura foi transportada para a guarnição militar de Uruguaiana-RS, local onde ocorreria a passagem na fronteira. A entrada na Argentina ocorreu no dia 24 de maio de 2021.

Além dos militares brasileiros e argentinos, integrantes das empresas IVECO Veículos de Defesa do Brasil e ARES Aeroespacial e Defesa participaram das avaliações. Destaca-se que a missão se desenvolveu em ação conjunta e harmônica entre todos esses elementos, permitindo, assim, extrair o máximo das capacidades do Produto de Defesa apresentado.

Avaliação Técnico-Operacional

A missão dividiu-se em capacitações e avaliações técnico-operacionais. A intenção dos militares argentinos era que seus motoristas e atiradores recebessem treinamentos da viatura para poder executar os testes que não demandassem muita experiência. Com isso, antes de cada fase de avaliação, alguns militares argentinos recebiam instruções dos brasileiros. Após as capacitações, de acordo com o grau de dificuldade de cada teste, a condução do blindado foi alternando-se entre os militares brasileiros, argentinos e o técnico da empresa IVECO, mantendo-se como Comandante do Carro o militar brasileiro.

A avaliação técnico-operacional (Evaluación Tecnica Operacional – ETO) foi dividida em três fases. Cada uma possuía um objetivo específico e foi realizada em cidades e Organizações Militares distintas. Destaca-se que em cada local havia uma estrutura adequada ao tipo de teste. Dessa forma, foi possível verificar os diversos recursos da viatura em terrenos apropriados disponíveis em cada área.

Avaliação Técnico-Operacional 1 (ETO 1)

A primeira fase (ETO 1) tinha como objetivo realizar os testes de dimensão, pesagens, verificações de pressão sobre o solo, tempo de utilização do enchimento automático dos pneus, bem como submeter a viatura a obstáculos em uma pista de cimento preparada com rampas laterais, longitudinais, degraus, fosso, curvas de pequeno raio, entre outros.

A ETO 1 ocorreu no Batallón de Arsenales 602 em Boulogne Sur Mer, província de Buenos Aires. Um ponto interessante é que esse Batalhão possui estrutura que no Brasil se assemelharia a uma mistura de Parque Regional de Manutenção com Arsenal de Guerra. Esses batalhões realizam trabalhos de manutenção de 3º escalão e também aplicam processos modificadores, como por exemplo a revitalização das VBTP M113, dos SK105 e dos VCTP e VBC da família TAM, bem como possuem uma linha de modernização para a VCA Palmaria e, no futuro, para o TAM 2C.

Ao término da ETO 1, ficou constatado que a viatura está de acordo com as especificações técnicas informadas pelo fabricante e seu desempenho na pista surpreendeu positivamente a equipe de avaliadores. O Guarani enfrentou, sem nenhuma dificuldade, todos os obstáculos, inclusive os mais complexos como a rampa de 60%, na qual foram realizadas passagens de frente e de ré sem parar e depois com parada de cinco minutos.

Finalizando as atividades da primeira passagem em Boulogne Sur Mer, foi realizada uma formatura de apresentação de material de emprego militar adquiridos e repotencializados pelo Exército Argentino. Nessa oportunidade, o Guarani e o TAM 2C foram colocados em posição de destaque ao centro do dispositivo. A solenidade contou com a presença, dentre outras autoridades, do Embaixador do Brasil, do Ministro da Defesa da Argentina e do Comandante do Exército Argentino.

O Ministro da Defesa e o Chefe do Estado-Maior Geral do Exército (Comandante do Exército) enfatizaram as capacidades que ali estavam sendo adquiridas e da parceria executiva e política para viabilização do portfólio de programas estratégicos do Exército Argentino.

Foi citada a importância da Lei FONDEF que trata de recuperar capacidades do Exército para que possa cumprir sua missão institucional de garantia da soberania. Além disso, visa impulsionar o desenvolvimento da Indústria de Defesa que, segundo palavras do Ministro, trata-se de uma indústria estratégica, fortemente multiplicadora da atividade econômica e geradora de empregos.

Cabe ressaltar que ambos citaram a vantagem estratégica de adquirir uma viatura da República Federativa do Brasil, explicando que facilitaria o emprego combinado das duas nações, estreitaria laços de cooperação e incentivaria a indústria na América Latina.

Avaliação Técnico-Operacional 2 (ETO 2)

Na sequência, as comitivas brasileira e argentina se deslocaram para a cidade de Pigué, na Província de Buenos Aires, para a realização da segunda fase da avaliação Técnico-Operacional do Guarani.

No Regimiento de Infantería Mecanizado 3 (RI Mec 3) foram realizadas as capacitações de militares argentinos para que pudessem realizar diversas instruções práticas diurnas e noturnas ao longo da semana e executar a maioria dos testes, ficando apenas as rampas de 60% e frenagem para o motorista da IVECO, por solicitação da empresa.

Na ETO 2, foram aplicados testes de todo terreno com obstáculos verticais, rampa vertical, rampa lateral, teste de frenagem a 60 Km/h, transposição de trincheira, entre outros. Todos esses obstáculos eram naturais ou com pequenos aperfeiçoamentos da equipe do Regimento e foram executados com um Grupo de Combate (Grupo de Tiradores) argentino, armado, equipado e aprestado na VBTP.

Além dos obstáculos citados, foram realizados os testes de condução noturna com o Periscópio de Visão Noturna do motorista em um percurso de 20 Km. Teste de autonomia em estrada, autonomia em estrada de terra e autonomia em marcha através campo. Cabe ressaltar que a VBTP apresentou consumo de acordo com o previsto no manual de operações e durante todos os testes, não apresentou qualquer tipo de falha, mesmo enfrentando terrenos com variados graus de dificuldade.

Após esses testes, foi realizado um deslocamento para a Laguna de Las Encadenadas, local onde foi realizada a navegação e condução em terra com motorista escotilhado.

Uma vez mais, o Guarani provou ser uma viatura confiável que supera os obstáculos previstos nos Requisitos Operacionais. Apesar do uso em situações extremas, não foi necessária nenhuma intervenção de manutenção corretiva, sendo a ETO 2 um sucesso.

Avaliação Técnico-Operacional 3 (ETO 3)

As equipes foram deslocadas para a Base Naval de Infantería de Marina (BNIM), em Punta Alta, próximo à cidade de Bahía Blanca (província de Buenos Aires). O Batallón de Vehículos Anfíbios (B VehAnf) ficou responsável pelas atividades nessa região, onde ocorreu a ETO 3.

A finalidade da ETO 3 era realizar testes em terreno arenoso e a avaliação do Sistema de Armas Remotamente Controlado (SARC). Para isso, foi executada a colimação e a correção em zero do REMAX. O teste de tiro consistiu em provas diurnas e noturnas com viatura parada, viatura em rota de aproximação, viatura em rota de afastamento e viatura em deslocamento perpendicular ao alvo, todas com alvos parados. Nessa oportunidade, o Guarani equipado com SARC REMAX alcançou desempenho altamente positivo.

Após a realização dos tiros, foi executada a pista de deslocamento em areia. Foi utilizada uma pista de obstáculos naturais de treinamento de motoristas dos blindados anfíbios dos fuzileiros navais. A VBTP se comportou muito bem e superou o percurso sem nenhuma dificuldade.

Finalizando a ETO 3, ocorreu uma videoconferência (VC) com a presença de várias autoridades argentinas e brasileiras com o intuito de apresentar os resultados. Nessa oportunidade, os oficiais superiores argentinos que acompanharam todas as provas, explicaram como foi o desenvolvimento da ETO e suas conclusões acerca do desempenho do blindado. Como consequência das explanações, ficou explícito que a VBTP atingiu todas as metas e teve uma performance acima da esperada.

Os oficiais argentinos concluíram que a VBTP Guarani é uma opção viável e que se trata de uma excelente escolha para o Programa Estratégico do Exército Argentino.

Após a VC, foi realizada uma demonstração de tiro da VBTP em movimento, dentro de um contexto tático, com escotilhas fechadas e, em seguida, alguns dos tiros da avaliação também foram apresentados.

Para essa atividade, foi constituída uma guarnição com o motorista da IVECO, o atirador da ARES e o Cmt de VBTP do EB.

Ao final, todas as autoridades realizaram uma visitação na viatura e tiveram a oportunidade de realizar o tiro com o REMAX. Além do disparo remotamente controlado, solicitaram para que fosse realizado o tiro em modo degradado, com a torre em modo manual.

A impressão dessa atividade foi altamente positiva e todas as autoridades foram enfáticas na satisfação com tudo que foi demonstrado. Em diversos momentos citaram a importância de haver laços entre os exércitos do Brasil e da Argentina e a possibilidade de exercícios combinados com maior interoperabilidade por meio da aquisição do Guarani.

Encerradas as atividades em Punta Alta, a equipe deslocou-se novamente para Boulogne Sur Mer para realização de algumas avaliações finais. Mais uma vez, transcorreu tudo conforme o previsto e o destaque dessa passagem foi o embarque da VBTP no C130 argentino na Base Aérea de Palomar.

Conclusão

Durante a missão, a comitiva brasileira se deparou com o desafio de apresentar um Produto de Defesa brasileiro, desenvolvido em uma parceria entre o Departamento de Ciência e Tecnologia do EB e a empresa IVECO Veículos de Defesa, além de promover a imagem do Brasil e do EB por meio da conduta de seus integrantes e do desempenho do material nas diversas tarefas.

Todos os testes foram concluídos com louvor, culminando em uma apresentação ao alto escalão do Exército Argentino em videoconferência, concluindo que o blindado possui todos os predicados exigidos e superou as adversidades de maneira que surpreendeu

os avaliadores.

Ao longo de trinta dias de inúmeras atividades de avaliação, apresentações diversas, eventos com autoridades argentinas e algumas solenidades, pode-se concluir que a missão foi coberta de sucesso, alcançando todos os objetivos propostos pelo Exército Brasileiro e pelo Exército Argentino. Essa missão mostra o sucesso do programa Guarani que, com poucos anos de existência, já vem se tornando referência na América do Sul. Foram inúmeras as demonstrações de gratidão e camaradagem ao longo do período, deixando claro que a imagem do Brasil e de sua Força Terrestre foram engrandecidas junto à nação amiga da República Argentina.


Autores:

Cap Marcelo Eduardo Deotti Júnior é atualmente o Oficial de Operações do 5º Regimento de Cavalaria Mecanizado. Possui o Curso de Formação de Oficias de Cavalaria – AMAN (2009); o Curso de Operação da VBE Soc Leopard – CI Bld (2014); o Curso de Operação da VBTP-MSR 6X6 Guarani – CI Bld (2016); e o Curso de Aperfeiçoamento de Oficias de Cavalaria – EsAO (2019).

Cap Alexandre Serio Buscher é atualmente integrante da Comissão de Absorção de Conhecimentos e de Transferência de Tecnologia junto à empresa IVECO. Possui o Curso de Formação de Oficias de Artilharia – AMAN (2009); e o Curso de Aperfeiçoamento do Quadro de Engenheiros Militares (Eletrônica) – IME (2017).

 

Fonte: Centro de Instrução de Blindados - Exército Brasileiro

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