A aviação foi responsável por conter a invasão nazista à URSS em 1941 e alcançar a vitória final sobre o Terceiro Reich. E, aliás, foi com um soviético pilotando que um avião norte-americano bateu o recorde histórico de abatimentos de aeronaves inimigas.
Yak-3
O avião Yak-3 é uma modernização do primeiro avião de combate da Yakovlev, Yak-1. Ele foi armado com duas metralhadoras Berezin UBS de calibre de 12,7 mm e um canhão ShVAK de 20 mm. O objetivo da Yakovlev com ele era criar o caça mais leve possível para voar a altas velocidades.
O Yak-3 realizava as mais importantes missões aéreas em áreas de combate extremamente perigosas. Os principais concorrentes dos aviões na época eram os alemães Bf-109 e FW-190.
O Yak-3 se equiparava aos caças alemães em termos de velocidade e podia atingir uma velocidade de 655 quilômetros por hora. No total, foram produzidos 4.858 exemplares desse caça. Desde sua chegada à frente de combate, em 1944, o Yak-3 alcançou os melhores índices de abate de caças da Luftwaffe.
De acordo com o livro "Caças Famosos da Segunda Guerra Mundial", de William Green, a Força Aérea Alemã chegou até a emitir um comunicado a suas unidades na frente oriental que recomendava “evitar combate com os caças Yakovlev.
O famoso esquadrão da França Livre Normandie Niemen que operava na URSS, utilizou este caça a partir de 1944, obtendo com ele 99 de suas 273 vitórias contra o inimigo. O ás dessa unidade, Marcel Albert, disse que os Yak-3 eram melhores do que os famosos caças P-51 Mustang e Supermarine Spitfire.
Ilyushin Il-4
A União Soviética produziu mais de 5.000 aviões Il-4, considerados robustos e eficientes. Esses aviões foram usados principalmente em ataques táticos na retaguarda das linhas de frente. Essa aeronave podia levar uma das maiores cargas da época: até 1.000 kg de bombas e mais 1.500 kg de armamentos sob as asas.Ela também foi usada para lançar torpedos e minas durante as operçãoes no Mar Negro e no Mar Báltico.
Como parte da Frota do Norte, os Il-4, junto com os aviões Ilyushin DB-3, tiveram a honra de ser os primeiros bombardeiros soviéticos a atacar Berlim em 7 de agosto de 1941, após voarem 1.765 km sobre o território inimigo.
Tupolev Tu-2
Um dos melhores aviões bombardeiros da Segunda Guerra Mundial foi projetado em um campo de trabalho forçado soviético da Gulag. O criador da aeronave, Andrêi Túpolev, e seus colegas de trabalho foram condenados em 1937 por “atividade contrarrevolucionária”. Mesmo na prisão, ele foi autorizado a montar algo parecido com um escritório de engenharia, e ali foram criados os primeiros desenhos do Tu-2.
O Tu-2 ganhou fama graças a sua velocidade, resistência e seus canhões ShVAK de calibre de 20 mm, que permitiram abater muitos caças alemães, com o lançamento de até 4.000 kg de bombas no alvo inimigo.
Depois de bombardear as tropas alemãs e romenas na Batalha de Stalingrado, ele foi usado contra tanques alemães em Kursk. A verdadeira glória desses aviões veio no final da guerra, quando eles destruíram o Centro do Grupo Alemão durante a Operação Bagration, bombardearam Königsberg e Berlim e ajudaram o Exército Vermelho a destruir o Exército do Japão na Manchúria.
No total, foram produzidos mais de 2.500 aviões Tu-2, que foram utilizados pelos exércitos de mais de 20 países até o final da década de 1950.
Petlyakov Pe-2
Rápido, manobrável, eficiente e resistente, o avião bombardeiro Pe-2 foi apelidado de "pechka" (peão, em português) pelos pilotos soviéticos. Seu engenheiro, Vladímir Petlyakov, que havia sido preso em 1937, foi libertado por Stálin, impressionado com o desempenho do avião desenvolvido na prisão.
A aeronave podia atingir a velocidade de 580 km/h e era tripulada por um piloto, um navegador e um atirador. O Pe-2 era armado com duas metralhadoras ShKAS de calibre de 7,62 mm localizadas no nariz do avião, mais duas metralhadoras na traseira e, a partir de 1942, com uma metralhadora Verezin UB na torre superior.
Diversos aviões Pe-2, que podiam levar até 1.600 de explosivos, eram também armados com lançadores de granadas de paraquedas DAG-10.
O piloto alemão A. Mudin, após ser abatido por um Pe-2 sobre a cidade de Bobruisk (atualmente, Bielorrússia), escreveu que ele era um dos melhores aviões soviéticos: “é um avião rápido, com boas armas e perigoso para os caças inimigos".
Ilyushin Il-2
Este avião de ataque ao solo podia destruir colunas de infantaria, tanques, baterias de artilharia, sistemas antiaéreos e trens.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os alemães apelidaram o Il-2 de "morte negra", enquanto os soviéticos o chamavam de "tanque voador".
O Il-2, foi projetado para que o motor, o sistema de refrigeração, os tanques de combustível e a tripulação ficassem todos alojados dentro da fuselagem. O peso de decolagem da aeronave quando carregada era de cerca de cinco toneladas.
Entre 1941 e 1945 perderam-se 26.600 dessas aeronaves - metade delas, em combate. Essas perdas se deram, em parte, porque não havia uma proteção adequada na metralhadora traseira, devido ao peso extra que isso poderia gerar.
Modificações posteriores acrescentaram um segundo tripulante e outra arma. Depois disso, os pilotos inimigos passaram a ter mais cuidado em confrontos com o Il-2. Mas as perdas de artilheiros traseiros também foram pesadas, já que não ficavam tão bem protegidos quanto o piloto.
No total, a fábrica da Ilyushin construiu 36.183 aviões Il-2, que ainda é a aeronave de combate mais produzida da história mundial.
Lavochkin-5
O La-5, inicialmente inferior aos melhores caças da Luftwaffe, mostrou-se muito útil em combates de baixa altitude, ou seja, em combates mais comuns da frente.
Esse avião foi elogiado por sua alta manobrabilidade, mas também tinha grandes desvantagens. Com uma velocidade inferior a 210 km/h, a aeronave frequentemente entrava em queda em caracol. Segundo o piloto e escritor Anatóli Markucha, “os pilotos sofriam com um calor ‘dos desertos' dentro do avião”.
Foi em um La-5 que o melhor piloto da Segunda Guerra Mundial, Ivan Kojedub, iniciou sua lista de 62 aviões inimigos abatidos. Em 6 de julho de 1943, durante a Batalha de Kursk, ele derrubou um bombardeiro alemão Ju-87.
No total, foram construídos 9.920 aviões La-5. Muitos deles eram armados com três canhões B-20.
Petlyakov PE-8
PE-8 é o único bombardeiro pesado quadrimotor construído na URSS durante a Segunda Guerra Mundial. O avião podia transportar até 5.000 kg de explosivos e participou dos bombardeamentos de Berlim em agosto de 1941.
Os 93 aviões produzidos desse modelo foram amplamente utilizados em missões de todos os tipos, desde os bombardeamentos das pontes sobre o Volga, no inverno de 1941, até a Batalha de Kursk, em 1943.
Em 1942, um Pe-8 levou o ministro das Relações Exteriores soviético, Viacheslav Molotov, aos Estados Unidos, cruzando o espaço aéreo controlado pela Luftwaffe. Nos EUA Molotov se encontrou com o então presidente Franklin D. Roosevelt para negociar a abertura de uma nova frente contra a Alemanha nazista.
Yakovlev-9
A criação do Yak-9, em 1942, significou o fim do domínio da Luftwaffe nos céus. A URSS construiu 16.769 aviões desse tipo, tornando o Yak-9 o caça soviético mais produzido da Segunda Guerra Mundial.
Essa aeronave monomotor de asa baixa foi o maior caça soviético da Segunda Guerra Mundial.
O Yak-9 era uma plataforma ideal e foi usado como base para criar uma diversidade de outras aeronaves modificadas: caças-bombardeiros, aviões de reconhecimento, de passageiros e de treinamento.
O Yak-9T, equipado com canhão antitanque Nudelman-Suranov NS P-37, foi amplamente utilizado contra navios mercantes inimigos no Mar Negro, como caça-tanques e contra outras aeronaves.
Por algum tempo, um Yak-9 foi o caça pessoal de James Eric Storrar, comandante do 234º esquadrão da Força Aérea Real Britânica.
Tupolev TB-3
Projetado em 1930, o bombardeiro TB-3 (Bombardeiro Pesado-3) era um enorme avião que tinha quatro motores. Durante a Segunda Guerra Mundial, embora velhos e obsoletos, esses aviões foram usados como bombardeiros ou como aviões de carga.
Paradoxalmente, diversos aviões TB-3 conseguiram sobreviver ao massacre da Força Aérea Soviética causado pela Lufwaffe nos primeiros dias da guerra e foram rapidamente empregados em bombardeios noturnos. Esses gigantes da aviação participaram das principais batalhas em Smolensk, próximo de Moscou, em Leningrado, Stalingrado e Kursk.
O TB-3 também participou de um projeto especial chamado Zveno (“elo de cadeia”), no qual foi transformado em uma nave-mãe portando caças que, na maioria das vezes, foram convertidos em bombardeiros naquela época. Havia de dois a cinco desses aviões. O conceito foi bem-sucedido no primeiro período da guerra, quando Zveno foi usado para bombardear objetos estratégicos na Romênia, que então estava entre os Países do Eixo de Hitler.
Polikarpov Po-2
O pequeno avião de baixa velocidade PO-2 é o biplano mais produzido da história da aviação. No total, a URSS construiu cerca de 33.000 aeronaves desse tipo. Ele foi concebido como um avião de treinamento e pulverização agrícola em 1927, mas, quando as tropas de Hitler cruzaram a fronteira russa, a União Soviética tinha cerca de 13.000 dessas frágeis aeronaves, que foram rapidamente adaptadas para realizar missões militares noturnas.
A cabine de pilotagem aberta com viseira acrílica não protegia a tripulação dos disparos ou sequer de ventos fortes.
O veículo não tinha rádio, atingia apenas 120 km/h de velocidade e 3 km de altitude máxima de voo. As únicas armas a bordo eram pistolas TT. Eles só ganharam metralhadoras em 1944.
O avião também não tinha nenhum compartimento para bombas e, por isso, elas eram fixadas diretamente na parte de baixo da aeronave. Embora o PO-2 não fosse capaz de carregar muitas bombas ao mesmo tempo, ele conseguia alcançar o alvo com uma precisão excepcional.
Nadejda Popova, heroína da União Soviética e membra do 588º Regimento de Bombardeio Noturno, uma unidade lendária conhecida pelos alemães como “Bruxas da Noite”, foi atingida com 42 tiros na fuselagem de seu PO-2, mas conseguiu retornar à base e pousar o avião.
Bell P-39 Airacobra
O caça Bell- P39, produzido nos Estados Unidos, tornou-se um dos aviões mais amados pelos pilotos soviéticos.
Os pilotos norte-americanos não gostavam do Bell P-39 Airacobra. O caça deixava a desejar em alta altitude, onde deveria escoltar as pesadas fortalezas voadoras B-17 em missões de bombardeio e onde aconteceram as principais batalhas aéreas com a Luftwaffe na Frente Ocidental. Sem qualquer apego pelo avião, os Aliados ocidentais passaram a fornecê-los em grandes quantidades à União Soviética pelo programa Lend-Lease. Dos 9.500 aviões fabricados pela Bell Aircraft, 4.773 foram enviados à URSS.
Mas a recepção soviética dos P-39 era diametralmente oposta. Em combates aéreos na Frente Oriental, normalmente em baixa e média altitude, ele era imbatível. Seu desenho pouco convencional, com o motor situado atrás da cabine, conferia à aeronave excelente velocidade, manobrabilidade, aerodinâmica e visibilidade.
É verdade que isso também o tornava instável e difícil de controlar, de modo que qualquer erro poderia levar à perda de sustentação. Mas o Airacobra não era um avião para novatos, apenas para pilotos experientes — o que, talvez, aumentasse seu apelo.
O P-39 era armado com um canhão M4 de calibre de 37 mm e quatro metralhadoras de de calibre de 12,7 mm
O ás russo Aleskandr Pokríchkin classificou o P-39 como o melhor dos caças estrangeiros usados pelos soviéticos, muito manobrável e com alto poder de fogo. Foi pilotando essa aeronave que ele alcançou 47 de suas 65 vitórias, tornando-se três vezes Herói da União Soviética. Foi assim também que um avião norte-americano atingiu seu recorde de abatimentos de aviões inimigos: com Pokríchkin pilotando.
Fonte : Russia Beyond
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