Apesar dos desafios envolvidos e estudos que tem por objetivo encontrar uma solução para substituir grande parte das aeronaves do seu inventário, a USAF está considerando a substituição do F-16 por uma nova variante da aeronave ao invés do F-35 como era pretendido.
Com um custo de vida útil estimado em 1,6 trilhões de dólares, o F-35 Lightning II, concebido como um avião de combate de última geração com capacidade de cumprir um vasto mix de missões, o caça stealth (furtivo), é o sistema de armas mais caro já desenvolvido. Quando o programa teve inicio em 1992, o F-35 era para ser uma solução acessível e atendesse tanto a USAF (Força Aérea), como o USMC (Corpo de Fuzileiros Navais) e a US Navy (Marinha). Demorou até fevereiro deste ano para a USAF admitir publicamente que a substituição do F-16 falhou no quesito de acessibilidade.
No dia 5 de março, o deputado Adam Smith, principal democrata no Comitê de Serviços Armados da Câmara, verbalizou a frustração de longa data com os enormes custos do programa e os persistentes problemas técnicos quando disse que queria “parar de jogar dinheiro naquele buraco de rato em particular. … Existe uma maneira de não gastar tanto dinheiro com uma capacidade tão baixa?”
Mas a solução que a USAF está considerando pode piorar o problema: gastar mais dinheiro em conceber uma nova aeronave para substituir o F-16. Desenvolver e adquirir um caça não stealth totalmente novo para economizar nos custos operacionais só faz sentido se não custar tanto quanto o F-35. E isso significaria desafiar a história.
Os programas de defesa são suscetíveis a imprevistos o tempo todo, e não há maneira segura de evitar isso. Tanto operadores, como fabricantes, freqüentemente promovem programas ambiciosos com avaliações de custos excessivamente otimistas, apenas para evitar que as dificuldades de desenvolvimento, atrasos crescentes e excessos de custos não comprometam o programa. Às vezes programas como o programa que resultou no LCS (Navio de combate Litorâneo), demoram tanto que a lógica estratégica por trás deles não é mais relevante no momento em que estão prontos.
Mas o Pentágono e os membros do Congresso que supervisionam o orçamento de defesa têm pelo menos uma vantagem ao projetar outra aeronave: eles podem aprender com os erros no desenvolvimento do F-35.
É importante reconhecer que parte da promessa do F-35 foi cumprida, o preço da variante do F-35 operado pela USAF caiu para menos de 80 milhões de dólares, mais barato do que algumas aeronaves de 4ª geração que não contam com a tecnologia stealth.
Enquanto muitos críticos adoram dizer que o F-35 esta acima do orçamento e menos ágil do que seus predecessores, na verdade nem tudo sobre o F-35 é um fracasso. Suas características stealth o tornam muito melhor do que um F-16 para penetrar no espaço aéreo protegido por modernos mísseis de defesa aérea, vide a experiência de Israel. O "Lightning" também possui sensores avançados e sistemas de comunicação que podem interagir com forças amigas para aumentar sua eficácia.
Mas também há muitas missões, como patrulha do espaço aéreo dos EUA e bombardeios contra insurgentes que não representam nenhuma ameaça para um caça convencional dos EUA, os tipos de missões de combate voadas pelo F-35 que não exigem as capacidades oferecidas pela aeronave. O F-35 não é uma aeronave otimizada para cumprir missões de longa distância, importante ao enfrentar as atividades militares da China no Oceano Pacífico, e pode ser vulnerável se for pego em um combate ar-ar de curta distância.
E mesmo o preço relativamente baixo de 80 milhões por F-35 é enganoso, porque o F-35 provou ser tão caro e difícil de manter, com cada hora que um F-35 voa custando em média 36 mil dólares, cerca de 22 mil dólares a mais que um F-16. Por uma métrica alternativa, o F-35 é três vezes mais caro por hora de voo que o F-16.
A Lockheed Martin, afirma que pode reduzir os custos operacionais para 25 mil por hora/voo até 2025, mas apenas se for concedido um contrato de manutenção exclusivo. O Pentágono parece estar muito cético.
Os altos custos operacionais estão ligados a uma falta persistente de peças sobressalentes e a mais de 800 defeitos contínuos que ainda estão sendo corrigidos. Neste exato momento, as frotas de F-35 estão recebendo uma atualização de 16 bilhões para software e outros componentes que já está dois anos atrasada e que já esta custando 1,5 bilhão acima do orçamento.
Todos esses desenvolvimentos aparentemente fizeram com que a Força Aérea chegasse à conclusão de que a conta para operar o F-35 em missões de rotina é muito alta. A USN já reduziu sua compra de F-35 e o USMC também deve (embora a USAF reduza seu pedido, como parece provável, centenas de outros ainda devem entrar no serviço nos EUA, e também continuará sendo produzido em escala para exportação).
Como disse o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Charles Q. Brown Jr., ao anunciar um novo estudo que examinava as opções de substituição do F-16: “Você não dirige sua Ferrari para o trabalho todos os dias, só dirige aos domingos. Este é o nosso 'topo de linha' (F-35). Queremos ter certeza de que não usaremos para a missões de baixo custo.”
Este é um problema legítimo. Mas a Força Aérea precisa considerar seriamente se precisa desenvolver uma aeronave do zero mais uma vez. Em vez disso, ela poderia solicitar o modelo F-16 Block-70/72 atualizado e já desenvolvido, o qual apresenta novos computadores e um novo radar. A Força Aérea também está adquirindo atualmente aeronaves Boeing F-15EX mais pesados e de longo alcance, que devem estar entre o F-16 e o F-35 em custos operacionais, representando um custo de 27 mil por hora de voo .
Mas Brown indicou que ele quer uma nova aeronave com sistema de computador mais facilmente atualizável, maior velocidade e algumas características stealth de nível inferior ao F-35. Essas melhorias só valem a pena se puderem ser alcançadas dentro de um custo e prazo razoáveis, incorporando tecnologias comprovadas.
Uma das principais falhas do programa F-35 era que ele tentava desenvolver muitas tecnologias novas ao mesmo tempo. Como os sistemas do Lightning estavam em constante evolução, eles nunca tiveram uma linha de base consistente a partir da qual integrá-los a todos. Isso resultou em grandes atrasos quando uma evolução interrompeu o planejamento de outras.
No futuro, a Força Aérea poderia economizar tempo e dinheiro concentrando-se em apenas uma ou duas inovações importantes, enquanto em outros lugares aplicar tecnologias que já foram desenvolvidas.
O avião substituto também não deve ter um compromisso de atender aos requisitos da Marinha e dos Fuzileiros Navais, bem como da Força Aérea. A suposta economia de custos de fazer isso com o F-35 provou ser ilusória, já que os três modelos acabaram compartilhando apenas 20% de seus componentes. O resultado foi um avião que representou problemas para todas as partes envolvidas.
O Pentágono também precisa reter os direitos do usuário não apenas sobre as fuselagens, mas também sobre os sistemas de suporte da aeronave que está encomendando. No momento, a Lockheed continua reivindicando a propriedade dos sistemas de computador e documentação do F-35. Portanto, quando uma equipe de programação da Força Aérea desenvolveu um substituto para o sistema de computador notoriamente disfuncional do Lightning, a Lockheed enfrentou disputas de propriedade intelectual .
Finalmente, a Força Aérea não pode empreender um processo de desenvolvimento de várias décadas como fez para o F-35. O chefe de aquisições da Força Aérea que está saindo, Will Roper, sugeriu que novas tecnologias de modelagem por computador poderiam ser usadas para reduzir drasticamente o tempo e os custos de desenvolvimento. Existem riscos com essa abordagem, como testes menos extensos que podem resultar em aeronaves mais sujeitas a acidentes e vidas úteis mais curtas. Mas valeria a pena tentar, desde que o novo programa não se torne “grande demais para falhar” como o F-35.
Se este novo programa para substituir o F-16 se mostrar incapaz de produzir uma aeronave viável dentro do orçamento e no prazo, deve ser possível eliminá-la antes que ganhe muito ímpeto político e custos irrecuperáveis, liberando a Força Aérea para perseguir um solução mais viável, e libertando os contribuintes de arcar com outro programa de defesa descontrolado.
Afinal, a Força Aérea tem outros ferros no fogo, variando de versões melhoradas de caças mais antigos a um caça stealth avançado de próxima geração, além dos novos drones operados por Inteligência Artificial. Para que uma substituição de baixo custo seja realmente bem-sucedida, deve-se permitir a possibilidade de tentativa e erro.
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com informações do Think
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