O ambicioso programa europeu que reúne a França, Alemanha e a Espanha no desenvolvimento do futuro caça que deverá equipar estas três nações, enfrenta incertezas sobre seu futuro. Preocupações com o compartilhamento de trabalho e a gestão do projeto estão ameaçando inviabilizar o lançamento da próxima fase do Future Combat Air System (FCAS).
Eric Trappier, executivo-chefe da consagrada industria de aviação francesa Dassault Aviation, disse que há “muitos obstáculos” que impedem um acordo entre as nações para lançar a Fase 1B do programa FCAS.
Como parte do projeto FCAS, a Dassault está liderando o desenvolvimento de um caça de última geração (NGF), enquanto a Airbus Defense & Space é o parceiro nos esforços de desenvolver o futuro vetor.
Embora tenha surgido como uma iniciativa binacional entre a França e a Alemanha, a Espanha ingressou no programa de desenvolvimento no meado de 2020, o que complicou a divisão de trabalho, disse Trappier durante uma coletiva de imprensa realizada em 5 de março.
A França participa no FCAS através da Dassault, enquanto a Airbus representa a Alemanha e a Espanha. Isso levou a uma diluição da participação da Dassault de 50% para apenas pouco mais 33%, enquanto o grupo Airbus passou a representar mais de 66%. Trappier diz que “aceitou” essa redução, mas que é essencial que as “funções sejam bem distribuídas” para que o projeto funcione adequadamente. Se a fórmula de um terço for aplicada a todos os pacotes de trabalho, “mesmo os pacotes de trabalho estratégicos”, o acordo será mais difícil de alcançar, diz ele, “Se me dizem que não há líder em controles de vôo, isso não funcionará”, diz Trappier. Se as responsabilidades forem entregues à Airbus apenas para satisfazer as preocupações nacionais de compartilhamento de trabalho, “então se torna difícil para a Dassault desempenhar o papel de contratante principal”.
A Airbus aceita o papel de liderança da Dassault, diz ele, mas esse não é necessariamente o caso entre as três nações parceiras. Isso também se aplica às demandas por propriedade intelectual compartilhada, acrescenta. “Não é entre a Airbus e a Dassault, é entre os estados.”
No momento, um único demonstrador NGF está planejado, baseado em um caça Rafale, mas para preservar as capacidades de design, os sindicatos alemães pediram a construção de uma segunda aeronave, usando o Eurofighter como plataforma.
Embora Trappier diga que não tem problema com a ideia de uma segunda aeronave de demonstração, ele aponta que ela seria construída na mesma linha de produção e com as mesmas especificações do demonstrador original.
A nível técnico, os parceiros industriais franceses no esforço FCAS - Dassault, Safran, Thales e o fabricante de mísseis MBDA - poderiam em teoria construir o seu próprio futuro caça, mas “a verdadeira questão, o verdadeiro desafio é a eficiência”, afirma, “Estamos trabalhando juntos para ser mais eficazes, não por diversão”.
Apesar dos desafios, a Dassault continua confiante no programa FCAS: “Não acho que vá morrer, mas não posso dizer que o programa não esteja em um estágio difícil, mas ainda acredito nisso. ”
Enquanto isso, a Dassault continua a trabalhando na evolução do Rafale em antecipação a um pedido da França para um quinto lote previsto para 2023.
A Dassault não recebeu novos pedidos do Rafale em 2020, embora já tenha garantido contratos para 18 aeronaves neste ano. A Grécia vai receber seis aeronaves recém-construídas e 12 exemplares usados da Força Aérea Francesa, que encomendou o mesmo número como substitutos.
Em 2020, a Dassault entregou apenas 13 Rafales, todos para clientes de exportação como Índia e o Qatar. Esse número subirá para 25 aeronaves este ano, novamente atendendo clientes de exportação. A expectativa de um novo lote de 40 aeronaves para França que deverão ser confirmados para 2022.
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com Flight Global
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