A China pode estar à poucos passos de um verdadeiro salto tecnológico no campo de motores aeronáuticos. Com a possibilidade em breve de concluir um negócio da "China" entre a chinesa Beijing Skyrizon e a ucraniana Motor Sich, o que daria aos chineses acesso a um vasto know-how e condições técnicas para desenvolver e produzir motores aeronáuticos modernos e capazes de sanar a lacuna em sua capacidade tecnológica de prover um motor local para suas aeronaves de combate, colocando fim a dependência dos motores de origem russa e produzidos sob licença.
Apesar de pouco conhecida fora da Ucrânia, a Motor Sich é uma das maiores empresas de motores aéreos remanescentes da ex-URSS e hoje é provavelmente uma das poucas que poderiam projetar e construir um novo motor por conta própria. Tal capacidade técnico-industrial reverteria o atual cenário chinês, eliminando o calcanhar de Aquiles do seu poderio aéreo, a dependência de motores importados da Rússia.
A atual incapacidade de Pequim em projetar e construir motores a jato confiáveis para suas aeronaves, vem sendo nas últimas décadas o foco de muitos esforços e investimentos na capacitação de sua industria aeronáutica neste quesito que é fundamental para que as modernas aeronaves projetadas e construídas pela China, possam de fato alcançar um alto nível de confiabilidade e capacidade.
Mas, Washington e Kiev estão fazendo esforços para que o intento chinês de adquirir a Motor Sich não saia do papel. Ambos governos tem tentado bloquear a aquisição chinesa da fabricante de motores a jato ucraniana, o que se for aprovada, permitirá que a China obtenha uma tecnologia de defesa fundamental que a limitou por décadas, em uma dos poucos campos restantes em que os EUA e seus aliados mantêm uma vantagem competitiva e os chineses não possuem nem de perto domínio da tecnologia.
Os esforços chineses nesse sentido tem sido bloqueados pelos governos dos EUA e da Ucrânia, com os EUA atuando de forma a impedir que Pequim sanasse sua deficiência tecnológica em motores aeronáuticos, a Ucrânia por sua vez, busca não perder um empreendimento importante do ponto de vista estratégico.
O governo dos Estados Unidos indica que a Beijing Skyrizon, entidade chinesa que tenta adquirir a Motor Sich, não é uma empresa privada, mas uma extensão do império militar-industrial do governo chinês. As autoridades americanas e ucranianas afirmam que a PLA (Exército de Libertação Popular) querem a empresa ucraniana, pois seus fornecedores russos tradicionais não têm interesse comercial ou nacional em fornecer aos chineses o know-how técnico que lhes daria a autonomia que procuram.
Pesquisa e desenvolvimento
Conseguir desenvolver e produzir motores a jato avançados tecnologicamente tem sido um enorme desafio para Pequim, principalmente na última década, com importantes desenvolvimentos no campo da aviação de combate, como seu caça de 5ª geração Chengdu J-20, o qual ao passo que se apresenta como uma grande revolução na capacidades da PLAAF, ainda não conta com um motor confiável e que entregue as capacidades requisitadas pelo programa.
Atualmente a aeronave de 5ª geração chinesa voa com dois motores Salyut/Lyulka AL-31F de fabricação russa, os mesmos motores que equipam os caças de origem russa Su-27 e Su-30, assim como a variante chinesa do caça russo, o Chengdu J-10. Uma lacuna tecnológica que remete aos 80, empregando tecnologia considerada de 3ª geração no campo de motores, enquanto as aeronaves ocidentais já dispõe de motores de 4ª e 5ª geração para propulsão de suas aeronaves.
Apesar de muito promissor, o desenvolvimento do motor WS-15 para equipar o J-20, o mesmo se mostra ainda distante de atender aos requisitos e envelope de capacidades para dotar o novo caça chinês de um autêntico motor avançado de tecnologia local. Uma análise das falhas dos chineses em desenvolver o motor WS-15 Emei, que deveria ter sido exibido no China Air Show 2018 em Zhuhai, porém, foi excluído da exposição devido a sucessivos problemas de confiabilidade incluindo um protótipo que supostamente explodiu no banco de testes.
Segundo várias fontes que apresentam informações a respeito do desenvolvimento do WS-15, citam que o novo motor experimenta uma queda acentuada no empuxo quando a temperatura da seção da turbina se aproxima dos parâmetros operacionais máximos. O motor experimenta essa queda quando a temperatura ultrapassa 1350 graus Celsius, com essa queda nas versões iniciais do motor chegando a 25%, o que se mostra como uma falha de desempenho catastrófica para um piloto durante uma missão real de combate.
Mesmo com os esforços das equipes de engenharia que buscaram empregar diferentes ligas metálicas para as lâminas usadas nas seções quentes do motor, o resultado ficou muito longe do esperado, com a queda no empuxo para apenas 18%l. Outra deficiência relatada diz respeito ao pós-combustor, que quando é acionado, acumula combustível no motor e não queima adequadamente.
A PLAAF não conta com soluções locais afim de obter motor nacional, agora uma das linhas de estudo tem apontado para as possibilidades de comprar alguns dos motores Izdeliye-30 de fabricação russa, os mesmos que vem sendo testados no caça de 5ª geração russa, o Sukhoi Su-57.
A tecnologia de motores chinesas estão distantes de atingir seu objetivo, mas se conseguirem concretizar a aquisição da Motor Sich, os chineses podem conseguir um verdadeiro salto rumo a tecnologia que se persegue por pelo menos uma década. Agora nos resta observar o desenrolar das negociações, bem como as influências externas que serão aplicadas sobre o negócio na tentativa de frustar os intentos chineses.
por: Angelo Nicolaci
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