quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

"Ivan Rogov" - Projeto 23900 é aposta russa para dotar sua marinha de um moderno LHD

Desde 2000, a Rússia vem tentando implementar um amplo programa de modernização de sua esquadra, a qual se via naquele momento diante de um avançado estado de obsolescência, com seu inventário basicamente composto por meios navais herdados da extinta União Soviética.

Naquele período, Moscou apresentava uma série de programas para renovação de seus meios de superfície, dos quais ainda muitos não deixaram o papel, como tem sido o caso do navio-aeródromo que hipoteticamente deverá substituir o vetusto "Admiral Kuznetsov", único navio do tipo que permanece no inventário daquela marinha, mas que se encontra muito distante ainda de regressar ao setor operativo, estando passando por um grande programa de modernização, tendo sido neste período vítima de vários reveses, como o naufrágio do dique-flutuante onde estava docado e o incêndio a bordo, dois episódios que chegaram a levantar especulações sobre seu descomissionamento.

Um dos programas que parece estar tomando finalmente forma, é a concepção e construção de um Navio de Assalto Anfíbio, objetivo perseguido pelos russos que resultou na parceria inusitada com franceses, com assinatura de acordo para construção de dois navios da Classe Mistral na França e outros dois que deveriam ser construídos na Rússia. Apesar dos dois primeiros navios terem sido construídos, os russos viram seu acordo naufragar em 2015, quando os franceses em resposta à anexação da Criméia pela Rússia, cancelaram a entrega dos dois navios (Vladvostok e Sebastopol), os quais foram vendidos ao Egito.

Mas os russos se valendo dos conhecimentos adquiridos durante o processo de construção dos dois navios junto aos franceses, apresentaram uma solução local, o Project 23900. No final de 2019, a Marinha russa anunciou a intenção de construir dois navios de assalto anfíbio,com ambos devendo ser construídos na Crimeia. O contrato foi firmado entre o Ministério da Defesa da Rússia e a United Shipbuilding Corporation (UAC) em maio de 2020 a um custo de 1,36 bilhões de dólares. O valor é muito baixo se considerando a complexidade envolvida na construção de navios deste tipo, o que nos leva a crer que o contrato envolve apenas a construção do casco, com alguns dos equipamentos e sistemas que devem equipar os dois navios sendo contemplados sob um outro contrato. O Projeto 23900 representa o mais ambicioso programa de construção naval empreendido pela Rússia nas últimas três décadas. 

Os dois novos navios da Marinha Russa, batizados "Ivan Rogov" e "Mitrofan Moskalenko", apresentam características que despertam nossa atenção, como seu deslocamento na ordem das 44.000 toneladas, podendo chegar a 46.000t quando plenamente carregado, mais que o dobro do deslocamento da classe Mistral, e superando o deslocamento da Classe Wasp norte-americana, considerado o mais pesado navio do tipo em operação. 

Ainda pouco se sabe sobre os sistemas e meios que deverão operar nestes "colossos" da Rússia, porém, já se apresentam como meios estratégicos de considerável valor, sendo teoricamente capazes de projetar uma respeitável força anfíbia pelo mar e pelo ar.

A Rússia tem mantido seus esforços para reduzir o GAP existente em suas capacidades de defesa, investindo consideravelmente nos últimos 20 anos na renovação de seu poderio militar, apesar de todo esforça e investimentos, a Rússia ainda sente o peso do atraso tecnológico devido a década perdida após o colapso da União Soviética, e dificilmente conseguira obter a expressividade alcançada na segunda metade do século passado, estando hoje em franca disputa para manter seu status como potencia frente ao crescimento vertiginoso do poderio chinês.


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