domingo, 20 de dezembro de 2020

O Brasil e o Gripen E/F - Um pouco sobre o novo caça brasileiro


O SAAB Gripen E (no Brasil denominado F-39E Gripen) venceu no final de 2013 a concorrência para fornecer à Força Aérea Brasileira inicialmente 36 modernas aeronaves de combate, tendo sido ao longo de todo desenrolar do programa FX-2 apontado como o "azarão", por se tratar naquela época de uma aeronave em pleno desenvolvimento, mas surpreendeu quando foi anunciada sua vitória na disputa que tinha concorrentes de peso, como o francês Dassault Rafale e o norte americano Boeing F-18 E/F Super Hornet. 

Porém, após sete anos desde o anúncio de sua escolha, o desenvolvimento atingiu todas as fases programadas em acordo com o previsto, tem rebatido os críticos de plantão, devendo ser entregue o primeiro lote de quatro aeronaves "IOC" no próximo ano (2021). Considerando que a definição pela aeronave se deu em dezembro de 2013 e a assinatura do contrato só em 24 de outubro de 2014, temos menos de cinco anos desde a concretização do acordo e o primeiro voo do primeiro exemplar do Gripen E pertencente ao Brasil, feito realizado em 26 de agosto de 2019, com este exemplar iniciando os testes visando as certificações em setembro deste ano, o que demonstra o sucesso do empreendimento.

Além disso, o contrato avaliado em 4,1 bilhões de dólares, prevê não apenas a aquisição inicial de 36 aeronaves, mas uma extensa capacidade logística e industrial transferida ao Brasil, capacitando nossa industria e corpo de engenheiros e técnicos, estabelecendo não apenas uma venda SAAB (Suécia) x Brasil, mas uma importante parceria, tornando o parque industrial aeroespacial brasileiro (Embraer, Akaer, AEL Sistemas, Atech, Inbra, Atmos...) um importante parceiro e fornecedor da SAAB, atuando no desenvolvimento da aeronave, sendo responsável pelo desenvolvimento da variante biposto, o Gripen F, inicialmente desenvolvida exclusivamente para atender as necessidades brasileiras, mas que poderá ser ofertada à outras nações. 

Recentemente, vem sendo cogitada a produção do Gripen no Brasil afim de atender a demanda de clientes na região, com a grande possibilidade da Colômbia vir a se tornar o segundo operador do Gripen E na América Latina.


Muitos leigos tem realizado comentários desconexos à realidade, comparando o Gripen E brasileiro ao "venezuelano" Sukhoi Su-30MK2V, em termos de capacidades e potenciais, apontando uma enganosa vantagem ao caça de fabricação russa, cabendo a nós do GBN Defense pontuar alguns pontos relevantes sobre a tecnologia embarcada que o novo caça brasileiro traz consigo, algo que por si só nos confere uma enorme vantagem frente ao caça de nossos vizinhos, não apenas venezuelanos, mas de toda América Latina, apresentando uma consciência situacional sem paridade na região, com uma poderosa capacidade de transmissão/recepção de dados, sensores de última geração, ótima interface homem/maquina, sistemas de guerra eletrônica avançados, somados a capacidade de operar em áreas remotas com pouco suporte em solo, um variado leque de armamentos e as doutrinas de combate aéreo brasileiras, as quais contam com importantes meios no "estado da arte", como nossas plataformas E-99 e demais sistemas de defesa e monitoramento, podemos afirmar com toda certeza, nenhum de nossos vizinhos teria a ousadia de enfrentar o Brasil na arena aérea.

Há quem critique a escolha do Gripen sob uma óptica míope, alegando se tratar de uma aeronave "leve", justificando isso pelo simples fato de ser monomotor, o que é um erro, uma vez que suas capacidades são comparáveis aos seus principais concorrentes, porém, apresentando um menor custo da hora de voo. O conceito por trás do Gripen, apresenta uma capacidade avançada, aliada ao baixo custo em todo seu ciclo de vida, isso quando somado a tecnologia embarcada no mesmo, sua diminuta assinatura radar (RCS), simplicidade e robustez, entrega ao seu operador uma solução ímpar, constituindo o mesmo num sistema de defesa, o qual faz frente a toda ameaça no atual cenário aéreo e o futuro próximo.

A escolha do Gripen E/F se mostra a cada dia ser a mais acertada para o cenário brasileiro, representando ganho não apenas operativo, mas capacidade intelectual, técnica e industrial, porém, é preciso que o programa não pare em apenas 36 aeronaves, ou no hipotético segundo lote, é preciso que toda essa capacidade e expertise adquiridos sejam empregados em outros programas estratégicos, os quais não devem se limitar no projeto do Gripen E/F, mas resultar em novas conquistas, como a concepção de novos meios aéreos, sendo eles tripulados e remotamente tripulados, pois a tecnologia que temos recebido, será um ponta pé inicial na abertura de novos campos de domínio tecnológico e independência, abrindo novos mercados e perspectivas.

Recentemente foram divulgadas belas imagens do primeiro Gripen E brasileiro nos céus do Rio de Janeiro e na ALA 12, Base Aérea de Santa Cruz (BASC), as quais ilustram nosso artigo.

Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN Defense, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança.

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