domingo, 27 de dezembro de 2020

Fragata Independência finda sua jornada após mais de 9 meses na última comissão brasileira na FTM-UNIFIL




No último sábado (26), a Fragata "Independência" (F44) regressou à sua base de origem após nada mais, nada menos que 293 dias desde sua partida rumo ao Líbano em 8 de março deste ano, cumprindo a última comissão de nossa Marinha no âmbito da Força Tarefa Marítima prevista pela atuação brasileira na UNIFIL. 

A Comissão Líbano XVII, marcou o encerramento dos nove anos de atuação brasileira naquela missão da ONU, onde pela primeira vez uma missão marítima foi comandada por uma nação extra-OTAN, onde foram realizadas nesta última comissão, 23 patrulhas, com a marca de 160 dias de mar, dos quais 110 operando na zona de patrulha libanesa, com 33 mil milhas náuticas navegadas, em pouco mais de nove meses de missão.


A Marinha do Brasil cumpriu seu papel, coordenando a Força Tarefa Marítima Internacional, onde nesta última fase contou com seis belonaves sob seu comando, com meios da Alemanha, Turquia, Bangladesh, Grécia e Indonésia. Ao longo da missão foram cumpridas as tarefas de impedir a entrada de armas e materiais ilícitos no território libanês, apoiamos o desenvolvimento da Marinha do Líbano, onde foram empregados mais de 3.600 militares brasileiros nestes nove anos, tendo sido responsável por fiscalizar mais de 71.200 navios e identificando cerca de 14.100 desses às autoridades libanesas para inspeção, atuando numa vasta área marítima de operações, com cerca de 17 mil km2.

Nosso editor, Angelo Nicolaci, esteve presente a cerimônia de recepção da "FINDEP" (como a "Independência" é chamada pelos seus tripulantes) e sua tripulação, composta por mais de 200 militares, entre homens e mulheres, os quais honraram o nome e as tradições de nossa nação.


Durante a cerimônia que ocorreu na Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ), o navio chegou próximo as 9 horas da manhã, sendo recepcionado pelo Comandante de Operações Navais (CON), Almirante de Esquadra Alipio Jorge Rodrigues da Silva, o qual em seu discurso ressaltou as dificuldades superadas pelos tripulantes como a distância de seus lares, o desafio imposto pelo Covid-19, a complexidade da operação e a trágica explosão ocorrida no Porto de Beirute, em agosto. O Alte. Esq. Alípio Jorge, ainda ressaltou o papel desempenhado pela nossa Marinha ao longo dos nove anos de atuação, assim como destacou os novos desafios que virão. 

Após o cerimonial, o "CON" deu uma breve coletiva aos jornalistas presentes, onde destacou o sucesso da atuação brasileira à frente da FTM, a qual o comando agora será transferido à Marinha Alemã, que assumirá o comando da UNIFIL. Porém, deixou claro que, embora não venhamos a destacar navios para aquela missão, a mesma ainda conta com a participação de militares brasileiros, ressaltando que dentre os pontos que levaram a retirada de nossos meios navais daquela missão, se deve as questões logísticas, e a revisão estratégica realizada recentemente, a qual visa focar no entorno estratégico brasileiro, com nossa Marinha se preparando para atuar no Golfo da Guiné e no Chifre da África, combatendo a ameaça representada pelo contrabando de ilícitos e a pirataria. Lembrando que o Brasil esta presente em oito das doze missões de paz em andamento no âmbito da ONU ao redor do mundo.

A Marinha do Brasil demonstrou mais uma vez os rigorosos procedimentos de combate ao COVID-19, onde durante a chegada, os familiares não puderam realizar a tradicional recepção no cais, mas aguardaram em seus carros no estacionamento, assim evitando aglomeração, sendo restrito a presença de apenas duas pessoas por veículo, além de ter disponibilizado transporte para pontos estratégicos aos tripulantes que assim optassem.

Os tripulantes, bem como seu comandante, o Capitão-de-Fragata André Felipe R.F. de Carvalho, terão alguns dias de descanso até o regresso as suas atividades e preparativos para nova comissão, devendo regressar à bordo no dia 6 de janeiro.

Em breve traremos uma matéria especial sobre a UNIFIL, com um rico conteúdo e entrevistas com vários personagens destes 9 anos de atuação brasileira naquela missão.


Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN Defense, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança.

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