Um F-35A Lightning II, destacado no 4th Fighter Squadron, Hill Air Force Base, Utah, sobrevoa os arredores da base em 14/02/2018. (Foto: USAF, domínio público)
WASHINGTON — Até o final de 2020, os F-35 que saírem da linha de produção da LM (Lockheed Martin) virão equipados com um sistema de proteção contra raios modificado, que deve resolver os problemas detectados no início do ano, segundo o diretor de produção da empresa.
Em junho, o JPO (Escritório do Programa Conjunto, que é a agência governamental que supervisiona o Programa F-35) impôs restrições de voo ao F-35A — a variante de pouso e decolagem convencional usada pela USAF e pela maioria dos usuários internacionais — logo depois de a USAF ter descoberto problemas com o OBIGGS (sistema embarcado de geração de gás inerte).
O OBIGGS permite que o caça voe com segurança em meio aos raios, ao bomberar um ar rico em nitrogênio, que é um gás relativamente inerte, nos tanques de combustível da aeronave, evitando assim que um raio cause uma ignição. Entretanto, o pessoal de manutenção do Complexo Logístico Ogden, da Base Aérea Hill, Utah, encontraram danos em um dos tubos que transportam o nitrogênio aos tanques de combustível, aumentando o risco de o sistema não funcionar como deveria.
Já com as restrições de voo em efeito, o DoD (Departamento de Defesa) e a LM chegaram a um acordo sobre o conserto do OBIGGS, Darren Sekiguchi, vice-presidente da produção do F-35 na LM, disse à Defense News numa entrevista no dia 05/10/2020.
O conserto envolve "reforços em diversos fixadores associados à tubulação do OBIGGS", segundo Sekiguchi; tais reforços vão evitar que os tubos escapem e causem problemas.
"Tais mudanças já foram incorporadas à linha de produção", ele disse, acrescentando que a primeira aeronave com as modificações será entregue no final de 2020.
Embora tal solução resolva o problema para os novos F-35, o DoD e a LM ainda estão negociando como implementar uma solução para as aeronaves já entregues à USAF. O cronograma final para a solução será definido conforme a disponibilidade da Força, mas "levar a solução a cabo na linha de frente provavelmente levará muitos anos", disse Sekiguchi.
As negociações em curso também vão definir se a LM será responsável financeiramente pelo problema.
O JPO não respondeu a um pedido de comentário até o momento da publicação.
Sob as restrições atuais, os F-35A operacionais estão proibidos de voar a menos de 40 km de raios ou nuvens de chuva — prática que já é comum para a maioria dos voos de treinamento.
Um memorando do JPO de 05/06/2020 declarou que tubulações danificadas foram encontradas em 14 dos 24 F-35A inspecionados até então. A LM pausou as entregas de F-35 por três semanas no início de junho para verificar se a instalação das tubulações do OBIGGS, feitos pela BAE Systems, estavam corretas. As entregas dos F-35 foram retomadas mais tarde no mesmo mês.
A resolução dos problemas com o OBIGGS deixará a LM um passo mais perto de normalizar a produção do F-35 em um ano complicado. A empresa voltou a aumentar o ritmo de produção após um período de três meses de ritmo reduzido em função da pandemia de COVID-19.
Entre 23 de maio e 4 de setembro, a LM fez ajustes no cronograma de trabalho, colocando os 2.500 empregados de Fort Worth, Texas, em escala de revezamento (duas semanas de trabalho, uma de folga). Essa redução foi necessária devido aos atrasos na cadeia global de mais de 1.900 fornecedores do programa F-35.
A LM estima que entregará 121 unidades do F-35 até o final de 2020 — 20 unidades a menos que os 141 previstos originalmente.
Durante a redução no verão americano, a produção caiu para 8 a 10 jatos por mês, segundo Sekiguchi. Embora o objetivo seja aumentar a produção gradualmente até os 14 F-35 por mês, ele diz que alguns dos fornecedores da LM ainda sofrem os efeitos do novo coronavírus ao redor do globo.
“Quando se chega ao ponto em que uma grande interrupção [COVID-19] atinge mão de obra altamente qualificada, ou que requer que grande quantidade do pessoal regular fique sob quarentena, causa atrasos que são muito desafiadores” ele disse. “Isso está acontecendo de forma generalizada, envolvendo desde componentes muito específicos até a montagem geral.”
No início da pandemia, os fornecedores internacionais do F-35 — especialmente na Europa — sofreram os maiores reveses na produção, enquanto os países sofriam lockdowns para tentar conter a transmissão do vírus. Pouco tempo depois foram os fornecedores americanos que começaram a sofrer atrasos conforme a pandemia se espalhava pelas cidades americanas.
“No momento, embora a situação tenha se acalmado, ainda pipocam situações na cadeia de suprimentos que nos afetam globalmente”, Sekiguchi disse, observando que a LM está atenta a uma possível onda de aumento de casos de coronavírus.
“Nós já percebemos aumentos localizados de casos, especialmente depois do feriado do Dia do Trabalho, em todo o país. Estamos monitorando com muito cuidado no momento. Nosso plano é, eu diria, agora que passamos pela primeira onda, conseguiremos implantar tais soluções, caso necessário”.
Adaptação e tradução: Renato Henrique Marçal de Oliveira
Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).
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