sábado, 24 de outubro de 2020

Marinha do Brasil avança na construção do SBR-3, o S42 Tonelero

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A Marinha do Brasil (MB), por meio do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), dará mais um significativo avanço no processo de construção para a entrega do Submarino “Tonelero” (SBR-3), o terceiro dos quatro submarinos convencionais da Classe Riachuelo desenvolvidos pelo programa.

Na última sexta-feira (16), a empresa Itaguaí Construções Navais (ICN) iniciou a operação de transferências da seção S2A, do Submarino ”Tonelero”. A primeira unidade transportada pesa 327 toneladas e possui 18,29 metros  de comprimento. Na quinta-feira (22), foi realizada a transferência das seções de vante (S2B, S3 e S4) já integradas, pesando 619 toneladas, com 39,86 metros de comprimento e 12,30 metros de altura, que serão transportadas por um veículo especial de 320 rodas. O trajeto terá início na Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) e terminará no Estaleiro de Construção (ESC) do Complexo Naval de Itaguaí.

A duração do translado foi de aproximadamente nove horas. A atividade exige um complexo planejamento, entre outras ações, a adequação de trechos da rede elétrica, em relação à seção de maior altura, e interrupções pontuais do tráfego na BR-493, com o apoio e coordenação da Polícia Rodoviária Federal e da Prefeitura Municipal de Itaguaí.

A operação de transferência das seções será realizada em três etapas. Ainda no mês de outubro ocorrerá o transporte da última seção de Ré (S1), que pesa 160 toneladas, com 13,47 metros de comprimento. A chegada das unidades no Estaleiro de Construção marca o início do processo de montagem final do Submarino “Tonelero”, previsto para ser integrado em dezembro de 2020 e lançado ao mar no segundo semestre de 2021. 

 Seguem algumas imagens deste importante marco para nossa Marinha.














GBN Defense - A informação começa aqui
com informações da Marinha do Brasil

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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Passado e presente da Guerra por Nagorno Karabakh

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Embora muitos estejam surpresos com o uso maciço de drones pelo Azerbaijão no atual conflito com a Armênia pela região de NK (Nagorno Karabakh), não há nada de realmente novo no conflito.

Um T-72 armênio destruído por um 'drone kamikaze' Harop. O Azerbaijão está 'usando e abusando' dos drones, muitos deles de origem israelense ou turca, nesta rodada dos conflitos, e a Armênia, pelo visto, ainda não adaptou suas táticas - esse T-72 estava numa posição fixa, o que o deixou vulnerável a ataques aéreos.

 

Vamos falar, brevemente, sobre o histórico do conflito, como ele está se desenrolando, e o que deve acontecer nos próximos dias.

Sugerimos, primeiramente, a leitura do nosso artigo A Segunda Guerra por Nagorno-Karabakh, duas semanas adentro. [1]

 

O PASSADO

As fontes [1] e [2] tem um ótimo apanhado histórico do conflito.

Armênia e Azerbaijão eram dois dos muitos países que compunham a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Tais "repúblicas", na prática, eram pouco mais que províncias russas, com autonomia bastante limitada em vários aspectos. Esse é o principal motivo pelo qual ambos os países usem, até hoje, muitos sistemas 'sovéticos' em suas FFAA (Forças Armadas).

O fato de os armênios serem, em sua maioria, da Igreja Apostólica Armênia (a Armênia foi o primeiro país a adotar o cristianismo como religião oficial) e os azeris serem, majoritariamente, muçulmanos xiitas, fez com que as relações entre os grupos fossem relativamente tensas. O fato de as origens étnicas também serem diferentes complicou ainda mais essas tensões.

A região de NK é pequena (menor que o Distrito Federal) e pouco populosa (cerca de 140 mil habitantes), de maioria étnica de armênios, há milhares de anos. Durante a permanência junto à URSS, foi colocada como parte do Azerbaijão, o que agravou ainda mais os conflitos étnicos e religiosos.

Com o colapso da URSS no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, houve uma série de revoluções e guerras separatistas. Uma delas foi justamente por Nagorno Karabakh, quando da independência da Armênia e do Azerbaijão. Como era de se esperar, a Armênia apoiou o movimento separatista em NK.

No final do sangrento conflito, que durou entre 1988 e 1994 e causou dezenas de milhares de mortos além de mais de um milhão de refugiados, a "vitoriosa" Armênia garantiu não apenas a 'independência' de NK (que passou a se auto denominar República de Artsakh, embora não haja reconhecimento internacional), mas também o domínio de muitas áreas do Azerbaijão, criando uma 'ponte terrestre', já que a região de NK não é contígua à Armênia.

Legenda:

 
Como se pode ver no mapa, as áreas reclamadas pelo Azerbaijão são consideráveis, mesmo sem incluir NK. Os dois países se envolveram em vários conflitos menores desde então.

 

O PRESENTE

Uma coisa ficou evidente para o Azerbaijão no conflito - a região de NK, por ser bastante montanhosa, é muito mais fácil de ser defendida do que atacada, especialmente por tropas terrestres.

Pouco depois do conflito, e graças às vastas reservas petrolíferas, o Azerbaijão reconstruiu suas FFAA, dando bastante enfoque em drones (VANT, UAV), especialmente os 'drones armados' (UCAV) e 'drones suicidas' (munições  de voo persistente), principalmente de Turquia e Israel, além de outras armas de precisão israelenses, como os TBM (mísseis balísticos táticos) LORA e MLRS (lançadores múltiplos de foguetes) EXTRA, Lynx e ACCULAR.

Além da economia mais robusta, que lhe permite investir em Defesa cerca de cinco vezes mais que a Armênia, o Azerbaijão tem também uma população cerca de três vezes maior que a Armênia, o que lhe permite uma quantidade maior de pessoal.

Outro aspecto importante é que, graças à economia e população maiores que as da Armênia, o Azerbaijão está muito melhor preparado para uma guerra de atrito, ou seja, desgastar aos poucos as FFAA armênias até que essas não tenham mais capacidade de resistir às incursões azeris. Entretanto, o Azerbaijão também tem um território bem maior que da Armênia, além de ter um litoral junto ao Mar Cáspio, o que significa que boa parte dos seus recursos estão mais espalhados pelo país, além de atender às necessidades de sua Marinha. A Armênia, por não ter um litoral, também não tem Marinha.

Ambos os lados tem alianças e rivalidades com países da região - a proximidade cultural e religiosa faz com que a Rússia penda para a Armênia (mas sem se envolver diretamente), e a Turquia atue diretamente em favor do Azerbaijão. 

Ademais, a Turquia é grande consumidora do petróleo e gás do Azerbaijão, e tem rixas históricas com a Armênia, o que reforça ainda mais seu apoio, que inclui mercenários sírios.

O Irã, embora também seja um país majoritariamente muçulmano xiita, tem disputas fronteiriças com o Azerbaijão, o que o leva a pender para o lado da Armênia, embora não esteja diretamente envolvido no conflito atual.

Israel, embora seja um importante fornecedor de armas, principalmente drones (dos mais variados tipos), TBM e MLRS, também não se envolve diretamente no conflito.

Com todos os fatores acima em consideração, e sem se esquecer que, no presente, a Armênia (juntamente com NK) luta uma guerra defensiva e o Azerbaijão lute uma guerra ofensiva, vamos analisar o embate entre as duas forças.


O CAMPO DE BATALHA

Em julho de 2020, os dois países se envolveram numa das escaramuças mais graves dos últimos anos [3], então não houve surpresas quando o Azerbaijão mobilizou seus reservistas em 21/09/2020 [4], alegadamente para apenas mais um treinamento.

Entretanto, em 27/09/2020, o Azerbaijão lançou múltiplos ataques contra posições de NK [5], com uso maciço de drones, e espalhou amplamente as gravações de tais drones, alimentando a guerra de narrativas, que tem sido tão ou mais aguerrida que as batalhas reais.

Entretanto, e como explorado com mais detalhes no nosso artigo A Segunda Guerra por Nagorno-Karabakh, duas semanas adentro [1], a situação no terreno mudou muito pouco. Como nenhum dos lados conseguiu mudar a realidade no terreno, os ataques aumentaram de intensidade, com ambos os lados usando TBM e MLRS, além de artilharia convencional, contra alvos civis.

Ao que parece, o Azerbaijão estava preparado para a possibilidade, nada remota, de não conseguir avançar muito pelo terreno, e prossegue na guerra de atrito que, apesar de não mudar a situação no terreno, certamente enfraquece as forças armênias.

A seguir, as perdas da Armênia (incluem NK) e Azerbaijão, até o dia 22/10/2020.

Legenda:

  • MBT - tanque (carro de combate)
  • APC - transporte blindado de tropas
  • IFV - veículo de combate de infantaria
  • ATGM - míssil guiado antitanque
  • SP - autopropulsado
  • MP - portátil
  • MLRS - lançador múltiplo de foguetes
  • TBM - míssil balístico tático
  • SPAAG - artilharia antiaérea SP (autopropulsada)
  • SAM - míssil superfície-ar
  • ECM - sistemas de contramedidas eletrônicas
  • Alvos estratégicos - locais como depósitos de munições e bases militares

Algumas observações sobre os números acima:

  • Foram compilados a partir da referência [5], que está atualizando as informações diariamente
  • Tratam-se apenas de perdas com confirmação visual, ou seja, com fotos / vídeos que confirmem, com alto grau de certeza, que o sistema foi realmente destruído / capturado
  • Os números reais provavelmente são maiores, especialmente as perdas do Azerbaijão
  • Não é possível confiar nos dados de nenhum dos lados, pois ambos já foram pegos mentindo descaradamente em relação às perdas, tanto próprias quanto dos inimigos
As perdas mais altas da Armênia na tabela acima não significam, necessariamente, que o Azerbaijão está 'dando uma surra' - significa apenas que, principalmente graças aos drones, o Azerbaijão está documentando e divulgando melhor seus sucessos. Os números reais quase que certamente são maiores, especialmente em relação a perdas do Azerbaijão, mas não há evidência de foto / vídeo que lhes comprove.


A GUERRA AÉREA

Não é surpresa o pequeno número de aeronaves tripuladas perdidas (1 de cada lado), nem a quantidade de drones abatidos.

A Armênia praticamente não tem meios aéreos. Sua Força Aérea recebeu 4 unidades do Sukhoi Su-30SM em dezembro de 2019, mas estes provavelmente ainda não estão operacionais. Eles dispõem de 13 Sukhoi Su-25, uma excelente aeronave de ataque ao solo, mas são modelos relativamente antigos. Há uma previsão de modernização dos Su-25, mas ainda não foi realizada. Em relação a drones, a Armênia opera apenas um punhado de drones nacionais, que nem de longe se comparam aos avançados drones israelenses ou turcos do Azerbaijão. Dispõe também de aproximadamente 15 helicópteros de ataque Mil Mi-24 (parecidos com os nossos AH-2 Sabre), mas aparentemente foram pouco usados nos combates, bem como os Su-25.

Já o Azerbaijão, embora tenha uma força aérea numericamente superior, em termos qualitativos ela não está muito à frente da Armênia. Os números de Su-25 e Mi-24 são praticamente os mesmos, e os caças azeris - 5 Mig-21 e 12 Mig-29 - são bastante ultrapassados, e aparentemente não foram usados em combate, até pelo fato de a Armênia também quase não usar aeronaves em combates. Há suspeitas de que a Turquia enviou alguns de seus F-16 no conflito, mas ainda não está claro se eles realmente estiveram lá, e quais funções cumpriram, caso positivo.

Há dois motivos principais pelos quais as aeronaves tripuladas serem pouco usadas no conflito. O primeiro, já destacado acima, é o fato de as aeronaves serem antigas, com muitas limitações em termos de capacidades.

Mas o motivo principal é que ambos os lados, na melhor tradição soviética, disporem de vários meios A2AD (anti acesso / negação de área), principalmente SAM de médio e longo alcance, tanto oa mais modernos como os S-300 e Buk, como os mais antigos como o Pechora, além de SPAAG como o ZSU-23-4 Shilka.

Embora os meios A2AD de ambos os lados sejam relativamente antigos, estão presentes em grandes quantidades, o que faz com que seja perigoso tentar atacar com aeronaves tripuladas.


O ATAQUE DOS DRONES

Algo que chamou bastante a atenção, principalmente da mídia não especializada, foi o uso maciço de drones pelo Azerbaijão. Mas para quem acompanha o assunto mais de perto, esse uso foi, na verdade, o esperado - como dito antes, o Azerbaijão é um grande cliente dos avançados drones israelenses e turcos, e a alta densidade de meios A2AD armênias dificulta bastante a operação de aeronaves tripuladas.

Os armênios certamente não esperavam a onda de ataques aéreos azeris, o que pode ser claramente percebido pelo fato de muitos dos seus meios estarem entrincheirados em posições fixas. Tais posições são bastante eficientes contra inimigos em terra, especialmente em uma região montanhosa como NK, mas são extremamente vulneráveis a ataques aéreos.

Outra coisa que ficou bem evidente é que os meios A2AD armênios são muito pouco eficientes contra os drones azeris. O alto número de drones azeris abatidos se explica, em boa parte, pela característica dos drones abatidos.

8 dos drones eram 'drones suicidas' (7 Harop e 1 Orbiter), e outros 8 eram velhas aeronaves Antonov An-2 convertidas em 'drones suicidas'; apenas 1 drone armado (UCAV) Bayraktar foi abatido. [5] As forças armênias, num primeiro momento, abatiam praticamente qualquer drone ou aeronave que fosse detectada, aparentemente sem saber que se tratavam de 'drones suicidas', projetados exatamente para detectar lançamentos e transmitir as coordenadas dos SAM ou, alternativamente, mergulhar sobre os SAM e destruí-los caso eles não conseguissem destruir os drones. Isso explica também o porque de a Armênia ter perdido tantos SAM, inclusive algumas de S-300.

Cabe aqui um lembrete - o fato de os SAM armênios não conseguirem destruir os UCAV azeris não é, propriamente, um demérito aos operadores armênios ou aos seus SAM, mas uma constatação de que tais alvos são difíceis até mesmo para SAM modernos, quanto mais para os antigos que estão sendo usados nos combates.

De modo geral, os drones são pequenos, tanto fisicamente quanto em termos de 'assinatura' radar e 'de calor' (infravermelha), o faz com que seja bastante desafiador detectá-los, sejam quais forem os sensores usados.

Ademais, pelo menos um sistema ECM Repellent armênio foi destruído, o que indica que os modernos drones israelenses e turcos são bastante resistentes à interferência eletrônica, mais uma prova de que são realmente avançados.

Finalmente, pelo menos duas 'iscas' de SAM foram destruídas, indicando tanto que a Armênia sabe utilizar bem esses meios quanto a dificuldade em distinguir uma 'isca' bem feita de um sistema real, mesmo nos dias de hoje.

A Armênia dispõe de poucos drones de fabricação própria, que são consideravelmente menos avançados que os azeris, e não conseguiu muita coisa com eles.

Ou seja, o Azerbaijão 'deitou e rolou' no ar.


A GUERRA TERRESTRE

Ao contrário da guerra aérea, a Armênia sabe explorar muito bem seus meios terrestres na guerra contra os meios terrestres do Azerbaijão. O fato de a região de NK ser bastante montanhosa aumenta ainda mais a vantagem armênia.

Como é típico de regiões montanhosas, é muito difícil deslocar as forças terrestres, as poucas estradas e passagens existentes são altamente vulneráveis a ataques, e aquele que domina o terreno elevado tem grande vantagem.

Os armênios dominaram e reforçaram os pontos estratégicos da região a muito tempo, e os azeris não conseguiram desalojá-los, apesar dos sucessivos ataques de drones. Isso é um lembrete de que aeronaves são máquinas essenciais numa guerra e podem fazer muitas coisas, mas dominar o terreno não é uma delas. Somente tropas em terra podem dominar o terreno.

Desta forma, não foi muito surpreendente o fato que a Armênia conseguiu segurar praticamente todos os pontos estratégicos, perdendo apenas alguns no Sul, que é uma região menos montanhosa, portanto mais difícil de se defender. [1]

Alguns analistas, inclusive especializados, voltaram a questionar a validade dos tanques no campo de batalha. Conforme explicado no nosso artigo Pequenas e letais - a revolução das 'mini PGM' [6], as PGM ('armas inteligentes') usadas por UCAV são, de modo geral, menores e menos potentes do que as usadas por aeronaves tripuladas como o próprio Su-25 disponível a ambos os países. Isso significa que, em vários casos, as mini-PGM não foram suficientes para destruir totalmente os tanques, mas apenas danificá-los, sem matar os tripulantes.

Ou seja, como esperado, os tanques seguem sendo essenciais no campo de batalha, e sua combinação de mobilidade, proteção blindada e poder de fogo ainda não tem um substituto à altura [1].

Mas outra coisa que ficou bem clara é que a Armênia não treinou suas tropas adequadamente para enfrentar ataques aéreos. Em vários dos vídeos de ataques dos drones é possível perceber que os armênios se reuniam em grupos, a céu aberto, e com pouca ou nenhuma camuflagem contra ataques aéreos. Isso levou a que, em muitos casos, o cálculo de custo-benefício - lançar ou não uma mini-PGM que pode custar dezenas ou até centenas de milhares de dólares - era justificado pelo número de baixas que seriam causadas entre os armênios.

Cabe aqui ressaltar outro ponto - desde a Primeira Guerra Mundial, pelo menos, a maioria das baixas entre os inimigos é causada pela artilharia, de tubo ou de foguete, inclusive os morteiros. É de se esperar que neste conflito a situação seja a mesma neste sentido, mas ao contrário dos ataques de drones, muitas vezes é difícil documentar os resultados de ataques de artilharia.

Ambos os lados dispõem de grande número de sistemas de artilharia, e há vários vídeos e relatos que documentam que essas armas poderosas estão sendo essenciais no conflito.


TBM, ARMAS CLUSTER E ATAQUES CONTRA CIVIS

A guerra é sempre terrível, e a população civil raramente escapa de seus efeitos. Não é diferente neste conflito.

As armas cluster, também conhecidas como munições de dispersão, consistem em armas que atacam os alvos através da liberação de uma grande quantidade de submunições. Embora o poder destrutivo contra alvos fortificados seja menor do que uma carga unitária de peso equivalente, as armas cluster cobrem uma área muito maior, e seus efeitos antipessoais são consideravelmente maiores.

O grande número de vítimas civis em guerras, mais o desenvolvimento das PGM, levou a que fosse assinada, em 2008, a Convenção sobre Munições de Dispersão [7], que visa à erradicação de tais armas. Entretanto, o número de países que aderiram à convenção é relativamente baixo, com apenas 109 países já tendo implementado suas regras. Os países mais diretamente envolvidos no conflito - Armênia, Azerbaijão, Irã, Israel, Rússia e Turquia - não estão entre os signatários, o que significa que, apesar de seus efeitos terríveis, o uso de tais armas no conflito não é ilegal.

O que é ilegal, e que foi feito pelos dois lados, é atacar, deliberadamente, alvos civis. Além dos ataques usando MLRS (muitos dos quais empregando munições cluster), alvos civis também foram atacados por TBM.

Os TBM estão entre as armas mais poderosas no campo de batalha, unindo grande alcance, pesadas cargas e dificuldade em seu abate. Armênia e Azerbaijão são países relativamente pequenos, com a Armênia sendo menor que o Alagoas e o Azerbaijão menor que Santa Catarina, e os TBM de um têm alcance mais que suficiente para cobrir todo o território do outro.

Alguns TBM foram também usados nos ataques contra civis. Estima-se que metade dos habitantes de NK já são refugiados desta guerra. [8]


O FUTURO E CONCLUSÃO

Infelizmente, é pouco provável que haja uma solução diplomática para este conflito.

Embora tenham ocorrido tentativas de solucionar a guerra por meios diplomáticos, e também de cessar-fogo, não há sinais de que a guerra vá acabar tão cedo. A guerra de informações prossegue a todo vapor, embora a situação no terreno tenha mudado muito pouco.

Fica aqui nossa torcida para que o conflito seja encerrado o mais breve possível, pois a população civil, como sempre, está sofrendo terrivelmente com a guerra.


REFERÊNCIAS

[1] http://www.gbnnews.com.br/2020/10/a-segunda-guerra-por-nagorno-karabakh.html

[2] https://thepoliticalroom.com/equilibrio-de-poder-e-historia-entre-armenia-y-azebaiyan/

[3] https://carnegieendowment.org/2020/07/22/behind-flare-up-along-armenia-azerbaijan-border-pub-82345

[4] https://menafn.com/1100829783/Reservists-in-Azerbaijan-are-called-for-military-training

[5] https://www.oryxspioenkop.com/2020/09/the-fight-for-nagorno-karabakh.html

[6] http://www.gbnnews.com.br/2020/07/pequenas-e-letais-revolucao-das-mini-pgm.html

[7] https://www.icrc.org/en/document/2008-convention-cluster-munitions

[8] https://www.bbc.com/news/world-europe-54488386


 Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).

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sábado, 17 de outubro de 2020

A Segunda Guerra por Nagorno-Karabakh, duas semanas adentro

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Algumas considerações sobre a guerra no Cáucaso entre Armênia e Azerbaijão.

Azerbaijão e Armênia já estão em guerra faz mais de duas semanas, com fatalidades se acumulando de ambos os lados. Na manhã de 27/09/2020, o Azerbaijão lançou uma ofensiva através da linha de contato dominada pelos militares armênios e forças locais pertencentes à região autônoma de Nagorno-Karabakh (também referida como a auto-declarada "República de Artsakh). A luta é a mais acirrada desde a Guerra de Karabakh de 1992 a 1994, englobando toda a linha de contato, usando artilharia, mísseis e drones bem além da fronteira com a Armênia. Esta guerra se dá com armas modernas, representando um conflito convencional de larga escala entre dois Estados, e que certamente mudará o status quo estabelecido a um bom tempo. A Turquia apoia o Azerbaijão, buscando ganhos políticos através do conflito. A Rússia tenta equilibrar as relações com todas as partes enquanto apoia mais abertamente a Armênia, e por um tempo conseguiu paralisar o conflito, mas isso já é inviável.

Essa disputa que já se prolonga por 3 décadas ocorre devido a uma região, de população majoritariamente armênia, que tinha uma certa autonomia dentro da República do Azerbaijão, que era parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). No final dos anos 1980, esta região votou pela união com a Armênia ao invés de permanecer com o Azerbaijão. Com o colapso da URSS, a recém-independente República do Azerbaijão acabou por incorporar esta região. Uma sangrenta guerra entre Azerbaijão e Armênia acabou resultando no controle armênio sobre Karabakh e também sobre áreas circunvizinhas que ainda hoje são reconhecidas internacionalmente como sendo partes do Azerbaijão. Desde então, escaramuças e embates têm acontecido, mas numa guerra basicamente "fria", até 2016.

Em 2016, o Azerbaijão lançou uma ofensiva limitada, conquistando montes estratégicos e testando a habilidade de suas forças de enfrentar frontalmente as forças da Armênia. Em tempos mais recentes, em julho deste ano, os embates foram bastante sérios, resultando em um cessar-fogo mediado pela Rússia, que deveria ser seguido por negociações bilaterais. Embora a Armênia não reconhece oficialmente Artsakh como um país independente, tem se mostrado desinteressada em negociar com o Azerbaijão, e sua liderança politicamente inexperiente, principalmente seu  Primeiro-Ministro, fizeram declarações que aumentaram as tensões. Uma semana antes do começo da guerra, o Azerbaijão mobilizou suas reservas, sinalizando que se preparavam para uma operação.

Figura 1: Mapa do Cáucaso (Wikimedia) 

É improvável que esta guerra se torne com conflito regional mais abrangente, mas não é apenas uma guerra entre duas republiquetas. Pelo contrário  são forças consideráveis, empregando tanques (carros de combate), artilharia, TBM (mísseis balísticos táticos), MLRS (lançadores múltiplos de foguetes), IFV (veículos de combate de infantaria), APC (veículos blindados de transporte de tropas), etc. Ademais, a Turquia forneceu mercenários sírios, veteranos de guerra, para auxiliar o Azerbaijão. Também há F-16 turcos no Azerbaijão, o que sugere que Ancara está fornecendo ajuda direta para o Azerbaijão. Moscou até conseguiu um cessar-fogo humanitário, mas as hostilidades só pararam por tempo suficiente para ambos os lados se recuperarem e ressuprirem para retomar a luta.

Embora seja tão recente, a guerra já aumentou de intensidade a ponto de incluir ataques a cidades, ataques com MLRS de alto calibre, e o uso de TBM. Boa parte do terreno é montanhoso, altamente favorável a um defensor entrincheirado e apoiado por artilharia e mísseis, mas tais posições também são muito vulneráveis a ataques aéreos. Embora a pressão por um cessar-fogo mais duradouro tenha aumentado, inclusive pelo Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação Europeia, até o momento da escrita deste artigo não havia um fim à vista. A batalha provavelmente se tornará mais existencial para ambos os lados, devido ao aumento dos custos militares, econômicos e políticos.

Esta breve análise operacional da atual rodada de combates e o equilíbrio militar dos dois lados. A ofensiva de armas combinadas inicial do Azerbaijão contra as forças da Armênia não se traduziu em ganhos territoriais, mas conseguiu empurrar as forças armênias no sul, próximo à fronteira com o Irã. Forças do Azerbaijão conquistaram ganhos menores ao orte, e em um terceiro setor da linha de fronteira, mas as alegações são difíceis de confirmar devido às várias alegações falsas de ambos os lados. Além do avanço ao sul, o Azerbaijão conseguiu avançar suas forças por alguns quilômetros entre Madaghiz e Merdinli.

A força de drones (VANT, RPV, UAV) do Azerbaijão vem atacando pesadamente as forças da Armênia, que só estavam protegidas por defesas aéreas antiquadas. Ambos os lados empregaram MLRS de grande calibre, munições cluster e TBM um contra infraestruturas críticas do outro. Embora a força de blindados e as defesas aéreas da Armênia estejam sendo corroídas, o Azerbaijão não conseguiu tornar estas vantagens táticas em ganhos estratégicos. Assaltos terrestres têm custado caro, e ao invés de uma blitzkrieg se tornou uma guerra de atrito. Este conflito nos permite chegar a algumas conclusões importantes sobre a guerra moderna, principalmente a nível tático, que devem ser analisadas criteriosamente.

 

O EQUILÍBRIO MILITAR

De modo geral, o Azerbaijão tem superioridade qualitativa e quantitativa sobre a Armênia, em termos de equipamentos. Embora a diferença relativa entre as forças armadas não seja enorme, com Azerbaijão tendo 80 mil tropas e a Armênia 65 mil, o Azerbaijão também conseguiu vários mercenários sírios, enviados através da Turquia, enquanto que a Armênia rapidamente conseguiu tropas de Nagorno-Karabakh. Ainda mais importante é o fato que o Azerbaijão teve um salto qualitativo desde 2010, principalmente devido a compras de equipamentos da Rússia, Turquia e Israel. Assim, os tanques, APC, IFV e outros veículos do Azerbaijão são superiores aos da Armênia.

O Azerbaijão também conseguiu superioridade quantitativa sobre a Armênia em termos de artilharia autopropulsada e MLRS. A Armênia também tem tais sistemas, mas em números muito inferiores. Sistemas de calibres maiores, como o BM-30 Smerch comprados da Rússia, conseguem atingir alvos bem além da linha de frente.

A Armênia pode ter uma ligeira vantagem em termos de TBM. O país tem uma brigada de Iskander-E (ao menos 8 lançadores, cada um com 2 mísseis), com alcance o bastante para atingir alvos em quaisquer partes do Azerbaijão (o alcance máximo do míssil é acima de 300 km). As Forças Armadas da Armênia também dispõem de 8 dos obsoletos SS-1C Scud-B, e pelo menos 4 Tochka-U, com alcance de 120 km. O Azerbaijão tem 3 Tochka, além de TBM israelenses LORA. Tais armas permitem que um lado ameace as infraestruturas críticas e centros populacionais do outro, e já usaram tais armas um contra o outro.

O Azerbaijão tem uma vantagem inquestionável em termos de quantidades de aeronaves e helicópteros de ataque, mas ambos os lados dispões de sistemas de defesas aéreas que desencorajam o uso em larga escala de aviação tripulada.

Consequentemente, drones têm cumprido um papel de destaque nesta guerra. O Azerbaijão adquiriu os mais diversos drones israelenses. Baku dispõe de drones MALE (média altitude, longa autonomia) como o Hermes-900 e o Heron; munições persistentes ('drones kamikaze') como o Orbiter 1K, SkyStriker e Harop; e UCAV (drones armados) como o Bayraktar TB2 turcos. Além disso, o Azerbaijão também converteu seus obsoletos Antonov An-2, um avião a hélice biplano, em drones descartáveis. A Armênia dispõe de alguns drones de produção local, mas de modo geral são de performances muito inferiores aos israelenses. 

Figure 2: forças militares (elaborada pelo autor)

 

AS LUTAS ATÉ O MOMENTO

A ofensiva do Azerbaijão pode ser dividida em várias etapas. Nos primeiros três dias, suas tropas tentaram um assalto terrestre com formações blindadas, com fogo de apoio de artilharia, drones armados e drones kamikaze. As tropas armênias recuaram das linhas de defesa no sudeste e norte das áreas sob seu controle, mas seus mísseis antitanque causaram baixas entre as formações azeris. O Azerbaijão passou a atacar as defesas aéreas armênias, destruindo 13 sistemas de curto alcance (Osa-AKM e Strela-10), mas ainda evitaram usar sua aviação de combate. De modo geral, a ofensiva inicial custou muitos blindados, mas os ganhos foram limitados.

Entre o final do terceiro dia e o começo do sexto dia, as partes se envolveram numa guerra posicional, com o lado armênio conseguindo algum progresso no norte, marcando a segunda etapa das hostilidades. A maior contra-ofensiva armênia aconteceu no quarto dia. Assim que os blindados e peças de artilharia armênios começaram a manobrar em regiões abertas, ficaram vulneráveis aos drones armados, drones kamikaze e os drones que designavam alvos para a artilharia. Os antiquados sistemas de defesa aérea armênios não conseguiram proteger suas formações, o que resultou em perdas consideráveis. Até o momento, a Armênia perdeu 84 tanques, além de vários MLRS e peças de artilharia, em contraste com 13 a 15 sistemas de defesa aérea, o que sugere que havia poucos de tais sistemas em relação ao tamanho da força blindada. 

Figura 3: Mapa do conflito (Wikimedia)

O sexto dia começou mostrando uma certa exaustão de ambas as partes, mas neste ponto o Azerbaijão começou a bombardear Stepanakert, capital de Artsakh, com MLRS de 300 mm. Ademais, o Azerbaijão usou o TBM israelense LORA para destruir uma ponte entre a Armênia e Artsakh. Forças azeris começaram a atacar as linhas de comunicação armênias n intuito de evitar o trânsito das reservas e parar as contra-ofensivas. Forças armênias começaram a atacar infraestruturas azeris, usando os MLRS BM-30 Smerch de 300 mm para atacar o aeroporto de Ganja, a uns 60 km de distância da fronteira armênia, e também usou seus TBM. Desde então os dois lados tem trocado tiros de foguete e artilharia, atacando infraestruturas críticas, e atacando alvos civis, com armas que podem alcançar quaisquer partes um do outro.

Na manhã do sétimo dia, o Primeiro, Segundo e Terceiro Corpos do Exército do Azerbaijão (a maioria de suas unidades se encontram ao longo da fronteira com a Armênia) foram reforçados com as reservas do Quarto Corpo, que protege a Península de Absheron e a capital Baku. O ataque azeri desestabilizou as forças armênias nas suas posições avançadas ao norte e podem ter conquistado temporariamente o assentamento de Mataghis. Não há certeza sobre quem controla Mataghis no momento em que este artigo foi escrito, já que a liderança do Azerbaijão alegou várias vezes, falsamente, ter conquistado certas áreas. No oitavo dia, Stepanakert foi novamente bombardeada, e a Armênia também atacou áreas civis do Azerbaijão.

O grosso da luta se deslocou para o sul, já que a guerra na região norte se mostrou custosa mas com poucas vitórias claras para ambos os lados. As ofensivas azeris avançaram na direção de Jabrayil e Fuzuli, junto à fronteira com o Irã. As lutas subsequentes se concentraram nesta região, e forças azeris capturaram Jabrayil, mas foram parcialmente cercadas. Parece que o Azerbaijão controla a cidade no momento da escrita deste texto, mas as forçar armênias controlam as montanhas além deste ponto. A região é relativamente plana e pouco povoada, torando-se o local onde o avanço azeri é mais provável. O Exército do Azerbaijão recapturou um pedaço de terreno ao sul, que a Armênia controlou por basante tempo como uma zona tampão. Mas este avanço também foi interrompido, e há sinais de que vários milhares de tropas azeris estão parcialmente cercadas em Jabrayil, devido ao terreno circundante.

A guerra não resultou em trocas dramáticas de território, e se mostrou custosa para os dois lados, em termos de pessoal, munições e materiais. Ainda não está claro se as conquistas do Azerbaijão até o momento — uma porção de terreno ao sul, ao longo da fronteira com o Irã — vão ser o bastante para uma vitória para seu lider, Ilham Aliyev. De modo geral, o Azerbaijão pode ter capturado cerca de 2,8% do território de Artsakh. Neste ponto, o conflito pode resultar numa guerra de atrito, mas um cessar-fogo genuíno ainda não está no horizonte. Embora o Azerbaijão aparente ser capaz de destruir as forças da Armênia a partir do ar, somente as forças em terra conseguem capturar e manter o terreno. Baku ainda não conseguiu traduzir sucessos táticos em uma vitória estratégica ou ao menos operacional, e também ainda não está claro como se tornarão em ganhos políticos.

Embora a luta já tenha atingido cidades armênias como Hadut, as observações das performances não fornecem evidências de que as forças azeris conseguirão progressos drásticos nas próximas semanas. As forças armênias sofreram perdas consideráveis, tanto nas posições fixas (mal preparadas contra ataques aéreos), quanto nas manobras das contra ofensivas. Mas a campanha de drones azeris parece mais uma adaptação à falta de progresso no início do conflito do que uma supressão sistemática das defesas aéreas armênias.

No final das contas, é a realidade do campo de batalha que vai conduzir as negociações de cessar-fogo. Elas também vão depender das expectativas de apoio diplomático, militar ou político de outros players como Turquia e Rússia, além de pressão política externa. De modo geral, o Azerbaijão está bem melhor posicionado para uma prolongada guerra de atrito, e mesmo no evento de um cessar-fogo, Baku pode se rearmar e lançar outra ofensiva em breve, na expectativa de exaurir as forças armênias. Moscou já deixou claro que sua aliança com a Armênia exclui territórios disputados, ou seja, Artsakh e outras regiões conquistadas. Consequentemente, não é de se esperar uma intervenção russa, a menos que a guerra se torne existencial para a Armênia.

 

IMPLICAÇÕES PARA A GUERRA MODERNA

A guerra de informação tem sido tão intensa como a guerra no terreno, com ambos os lados postando gravações dos combates para proclamar suas vitórias. Desinformação e propaganda, disseminadas através de contas oficiais e não-oficiais, fez com que seja difícil de se avaliar objetivamente as realidades no combate. Ademais, a facilidade com que se obtém tais gravações — seja a partir de drones, celulares ou câmeras — pintam uma figura estilizada para qualquer analista. São propaganda oficial, e deve-se notar que nem todos os sistemas no campo de batalha moderno têm câmeras e transmissão de vídeo ao vivo, o que pode distorcer as percepções quanto à eficiência de combate. Embora as mídias sociais recebam muito feed de vídeos de drones, dando a falsa impressão de que a maioria das vitórias foram obtidas por tais sistemas, na verdade o domínio dos blindados, artilharia e MLRS permanece inalterado. Essas gravações levaram aos tradicionais debates sobre a (in)utilidade dos tanques, as proezas dos drones, e sobre a proliferação dos sensores.

Embora haja uma sede para se apreender lições sobre as armas modernas, o resultado acaba sendo uma série de generalizações e lições que não são verdadeiras a partir de um punhado de exemplos. Na verdade, o que se pode discernir destes conflitos é "mais do mesmo". Drones oferecem muitas capacidades da aviação tática, apoio aéreo e ataques de precisão para países menores, e até para alguns relativamente pobres, a um custo reduzido. Eles acabam por saturar o campo de batalha com sensores, atacantes e conjuntos sensor-ataque descartáveis na forma de drones kamikazes. Ainda mais importante, os drones permitem apontar com precisão ataques de artilharia e ataques com as mini-PGM [N.T.: mini "bombas inteligentes, exatamente como apontado no nosso artigo], conforme visto anteriormente em conflitos da Ucrânia à Síria. Outra conclusão, que também não é nova, é a de que tanques são vulneráveis a ataques aéreos, mas ainda não está claro quais outros veículos podem oferecer uma combinação melhor de poder de fogo, blindagem e manobrabilidade no campo de batalha.

Esta guerra mostra claramente que em uma ofensiva, ou contra-ofensiva, a única coisa pior do que estar num veículo blindado é estar em outro lugar. No mínimo, o tanque se mostrou o veículo com melhor capacidade de sobrevivência frente às mini-PGM lançadas por drones. Embora tais munições consigam parar os tanques, os tripulantes conseguem sobreviver a praticamente todos os acertos. Muito das críticas entre os intelectuais ocidentais em relação a tais vídeos vêm da epifania de que não há como evitar as mortes no campo de batalha, especialmente entre as forças caras e com equipamentos difíceis de repor. Outro ponto importante é a razão entre as forças de manobra e as forças de apoio. Ao contrário de países como a Rússia, os países ocidentais dispõe de fraco apoio de defesas aéreas e de guerra eletrônica, e a expectativa de que seus sistemas atuais podem ser facilmente adaptados para conter drones provavelmente é infundada. A performance da Armênia ilustra claramente este problema - os drones são relativamente baratos, e estão se difundindo muito mais rapidamente do que sistemas custo-efetivos capazes de os combater.

Dito isso, a força de drones do Azerbaijão operou contra um oponente com sistemas de defesa aérea bastante antigos, que não são nem adequados nem foram usados efetivamente contra eles. A Armênia não tem um sistema defensivo em camadas, nem um sistema efetivo de guerra eletrônica, ou uma aviação tática numerosa. Ela posicionou suas defesas em posições fixas relativamente expostas, em uma região bastante montanhosa, em que a defesa aérea se complica ainda mais em função do terreno. Na verdade, ambos os lados mostraram deficiências nas suas táticas ofensivas e defensivas. Embora tenha modernizado alguns dos seus sistemas de defesa aérea (basicamente sistemas soviéticos do início dos anos 1970 ou mais antigos), eles não foram concebidos para engajar drones, drones kamikaze ou artilharia. Sistemas mais capazes como o Tor-M2 são poucos, e intencionalmente deixados como reservas, embora o Azerbaijão seja reticente em relação ao uso de sua aviação tripulada de asas fixas ou rotativas. Os velhos S-300PS armênios não fizeram praticamente nada, e alguns foram destruídos sem sequer terem sido usados.

As lições deste conflitos são as mesmas dos conflitos do final do século 20: uma força terrestre pequena mas bem protegida de ataques aéreos é muito melhor que uma força grande mas exposta a sensores e ataques aéreos. Defesas bem preparadas, se mal protegidas ou camufladas em relação a ataques pelo ar — o que é cada vez mais comum — são muito vulneráveis. A difusão dos drones é mais rápida do que a de sistemas destinados a combatê-los, e rapidamente faz com que sistemas antigos de defesa aérea se tornem obsoletos. Por algum tempo ainda, drones e drones kamikazes serão mais baratos de adquirir e operar do que os sistemas necessários para se defender deles. E embora seja possível dispersar as forças, elas devem ser concentradas para os grandes assaltos. Ainda não há como contornar terreno difícil, pelo menos até que se invente tanques flutuantes. Também não é surpresa que tanques são vulneráveis a armas antitanque, mas também não há outros veículos melhores para sobreviver a tais armas. Vulneráveis ou não, os tanques ainda são insubstituíveis no campo de batalha.

Por fim, o fetiche ocidental pelos vídeos de combates não muda o fato de que o Azerbaijão não conseguiu conquistar nenhum sucesso significativo no campo de batalha. E essa é talvez a lição mais importante deste conflito: sucessos táticos, embora aparentemente impressionantes, podem não ser o suficiente para uma vantagem operacional. Nestes casos, a estratégia militar se volta para uma velha conhecida, a guerra de atrito.


Fonte: https://warontherocks.com/2020/10/the-second-nagorno-karabakh-war-two-weeks-in/

Adaptação e tradução: Renato Henrique Marçal de Oliveira


 Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).

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sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Hungria pode se tornar segundo cliente de exportação para o KC-390

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Nesta sexta-feira (16), durante encontro promovido pelo Ministério da Defesa, entre o Ministro Fernando Azevedo e representantes da mídia especializada, onde o editor do GBN Defense foi um dos convidados, o Ministro anunciou que esta em fase avançada as negociações entre a Hungria e o Brasil, para exportação de aeronaves Embraer KC-390 á força aérea daquele país.

Segundo o Ministro, devido a pandemia do Covid-19, foi adiada uma viagem em que o mesmo conduziria uma comitiva para tratar da formalização do negócio, o qual esta muito próximo de ser consolidado.

Esse anuncio é um importante sinal do mercado, que tem demonstrado interesse na nova aeronave brasileira, sendo um passo fundamental para o programa brasileiro.


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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

O problemático sistema de proteção contra raios do jato F-35 deve ser consertado

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Um F-35A Lightning II, destacado no 4th Fighter Squadron, Hill Air Force Base, Utah, sobrevoa os arredores da base em 14/02/2018. (Foto: USAF, domínio público)


WASHINGTON — Até o final de 2020, os F-35 que saírem da linha de produção da LM (Lockheed Martin) virão equipados com um sistema de proteção contra raios modificado, que deve resolver os problemas detectados no início do ano, segundo o diretor de produção da empresa.

Em junho, o JPO (Escritório do Programa Conjunto, que é a agência governamental que supervisiona o Programa F-35) impôs restrições de voo ao F-35A — a variante de pouso e decolagem convencional usada pela USAF e pela maioria dos usuários internacionais — logo depois de a USAF ter descoberto problemas com o OBIGGS (sistema embarcado de geração de gás inerte).

O OBIGGS permite que o caça voe com segurança em meio aos raios, ao bomberar um ar rico em nitrogênio, que é um gás relativamente inerte, nos tanques de combustível da aeronave, evitando assim que um raio cause uma ignição. Entretanto, o pessoal de manutenção do Complexo Logístico Ogden, da Base Aérea Hill, Utah, encontraram danos em um dos tubos que transportam o nitrogênio aos tanques de combustível, aumentando o risco de o sistema não funcionar como deveria.

Já com as restrições de voo em efeito, o DoD (Departamento de Defesa) e a LM chegaram a um acordo sobre o conserto do OBIGGS, Darren Sekiguchi, vice-presidente da produção do F-35 na LM, disse à Defense News numa entrevista no dia 05/10/2020.

O conserto envolve "reforços em diversos fixadores associados à tubulação do OBIGGS", segundo Sekiguchi; tais reforços vão evitar que os tubos escapem e causem problemas.

"Tais mudanças já foram incorporadas à linha de produção", ele disse, acrescentando que a primeira aeronave com as modificações será entregue no final de 2020.

Embora tal solução resolva o problema para os novos F-35, o DoD e a LM ainda estão negociando como implementar uma solução para as aeronaves já entregues à USAF. O cronograma final para a solução será definido conforme a disponibilidade da Força, mas "levar a solução a cabo na linha de frente provavelmente levará muitos anos", disse Sekiguchi.

As negociações em curso também vão definir se a LM será responsável financeiramente pelo problema.

O JPO não respondeu a um pedido de comentário até o momento da publicação.

Sob as restrições atuais, os F-35A operacionais estão proibidos de voar a menos de 40 km de raios ou nuvens de chuva — prática que já é comum para a maioria dos voos de treinamento.

Um memorando do JPO de 05/06/2020 declarou que tubulações danificadas foram encontradas em 14 dos 24 F-35A inspecionados até então. A LM pausou as entregas de F-35 por três semanas no início de junho para verificar se a instalação das tubulações do OBIGGS, feitos pela BAE Systems, estavam corretas. As entregas dos F-35 foram retomadas mais tarde no mesmo mês.

A resolução dos problemas com o OBIGGS deixará a LM um passo mais perto de normalizar a produção do F-35 em um ano complicado. A empresa voltou a aumentar o ritmo de produção após um período de três meses de ritmo reduzido em função da pandemia de COVID-19.

Entre 23 de maio e 4 de setembro, a LM fez ajustes no cronograma de trabalho, colocando os 2.500 empregados de Fort Worth, Texas, em escala de revezamento (duas semanas de trabalho, uma de folga). Essa redução foi necessária devido aos atrasos na cadeia global de mais de 1.900 fornecedores do programa F-35.

A LM estima que entregará 121 unidades do F-35 até o final de 2020 — 20 unidades a menos que os 141 previstos originalmente.

Durante a redução no verão americano, a produção caiu para 8 a 10 jatos por mês, segundo Sekiguchi. Embora o objetivo seja aumentar a produção gradualmente até os 14 F-35 por mês, ele diz que alguns dos fornecedores da LM ainda sofrem os efeitos do novo coronavírus ao redor do globo.

“Quando se chega ao ponto em que uma grande interrupção [COVID-19] atinge mão de obra altamente qualificada, ou que requer que grande quantidade do pessoal regular fique sob quarentena, causa atrasos que são muito desafiadores” ele disse. “Isso está acontecendo de forma generalizada, envolvendo desde componentes muito específicos até a montagem geral.”

No início da pandemia, os fornecedores internacionais do F-35 — especialmente na Europa — sofreram os maiores reveses na produção, enquanto os países sofriam lockdowns para tentar conter a transmissão do vírus. Pouco tempo depois foram os fornecedores americanos que começaram a sofrer atrasos conforme a pandemia se espalhava pelas cidades americanas.

“No momento, embora a situação tenha se acalmado, ainda pipocam situações na cadeia de suprimentos que nos afetam globalmente”, Sekiguchi disse, observando que a LM está atenta a uma possível onda de aumento de casos de coronavírus.

“Nós já percebemos aumentos localizados de casos, especialmente depois do feriado do Dia do Trabalho, em todo o país. Estamos monitorando com muito cuidado no momento. Nosso plano é, eu diria, agora que passamos pela primeira onda, conseguiremos implantar tais soluções, caso necessário”.


Fonte: https://www.defensenews.com/air/2020/10/13/f-35-jets-problematic-lightning-protection-system-set-to-receive-fix/

Adaptação e tradução: Renato Henrique Marçal de Oliveira


 Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).

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Eis as armas e equipamentos sem as quais os melhores operadores de Forças Especiais dos EUA não saem de casa

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Os Delta Force (US Army), os SEAL (US Navy), e outros membros do SOCOM (Comando de Operações Especiais dos EUA, também chamado de USSOCOM) devem cumprir uma gama bastante variada de missões. As armas e equipamentos que seus operadores levam consigo são muito variadas, mas que sempre 'descem a porrada'.

 

Dois operadores dos SEAL (Foto: US Navy, domínio público)

 

"As pessoas são mais importantes que o equipamento"

Esta é uma das cinco verdades das operações especiais. Não é o equipamento que faz com que um operador do SOCOM seja especial — é a mentalidade, treinamento e personalidade que os fazem especiais.

Tendo dito isto, operadores especiais empregam sistemas no estado da arte, o que lhes permite dominar quaisquer cenários em que se encontrem.

 

FUZIS DE ASSALTO

 

Elemenstos do 3rd Special Forces Group (Airborne) treinando com fuzis M4A1 treinando no Marine Corps Air Ground Combat Center em Twentynine Palms, California, 14/10/2019 (Foto: USMC, domínio público)

 

O fuzil de assalto padrão do USSOCOM é o M4A1 com o upgrade SOPMOD II, que acrescenta uma variedade de acessórios ao fuzil, como 'trilhos Picattiny', lasers, lunetas, amplificadores e empunhaduras. Muitos operadores, entretanto, tem a liberdade de equipar seu fuzil como acharem melhor.

A variante MK18 é uma visão comum no SOCOM. Esta versão mais curta do M4 foi desenhada para CQB (combate em espaços confinados) e é muito confiável.

Ademais, o HK416 é um favorito da Delta Force e do DEVGRU, também conhecido como Equipe 6 dos SEAL. O HK416 foi baseado na plataforma AR-15 mas com mudanças significativas, fruto de uma colaboração especial entre a Delta Force e a Heckler & Koch. Esta foi a arma que matou Osama bin Laden.

Alguns operadores dos SEAL e Rangers, operaram o FN SCAR por um curto período de tempo, em função dos engajamentos a longas distâncias no Afeganistão.

O SCAR, desenhado especialmente para unidades de operações especiais, prometia ser uma plataforma mestra para todas as funções, pois podia ser facilmente adaptada através da troca dos canos. Mas nunca se tornou muito popular, pois o design acabou se revelando ineficiente e propenso a falhas.

 

METRALHADORAS

 

Um elemento do SEAL carregando uma metralhadora MK48 com conduíte flexível para a cinta de munições ligado a uma mochila (Foto: Naval Special Warfare Command, domínio público)

 

As metralhadoras de escolha do SOCOM são as Mk46 e Mk48.


A Mk46 emprega munições 5,56x45, oferecendo uma opção mais leve e portátil, enquanto que a Mk48 emprega munições 7,62x51, mais pesada mas também mais potente. São armas confiáveis e eficientes, usadas até por unidades convencionais.

Unidades especiais dependem muito de um elevado poder de fogo para lidar com inimigos numericamente superiores, situação frequente devido aos grupos pequenos geralmente empregados. Poder de fogo desproporcional aos números fazem com que os operadores especiais sejam excepcionalmente letais e eficientes no campo de batalha. Esse mesmo poder de fogo lhes dá uma pequena vantagem local, que geralmente ajuda na vitória.

Por exemplo, um pelotão SEAL com 16 homens pode levar 6 ou mais metralhadoras; compare isso com um pelotão de 48 Marines e no máximo 6 metralhadoras, e a diferença no poder de fogo é bem evidente. No Vietnã, os pelotões de SEAL chegavam a combater o Vietcong com 10 metralhadoras.

 

COMBATE EM ESPAÇOS CONFINADOS (CQB)

Um aluno do US Army John F. Kennedy Special Warfare Center treina com uma submetralhadora MP5 SD, 12/05/2020. (Foto: US Army, domínio público)

 

Os operadores especiais acabam frequentemente envolvidos em situações de CQB. Combate de cômodo a cômodo é tanto uma arte como uma ciência, e exige anos de treino para se dominar. E é justamente o domínio em CQB que diferencia a Delta Force e o DEVGRU das demais unidades do SOCOM.

"Quando se trata de CQB, deve-se lembrar que nem todo combate ocorre a curtas distâncias", o ex-operador de forças especiais israelense Eli Fieldboy disse ao Insider. "Num segundo você está num escritório de 4 x 4 metros, e no outro está num corredor de 50 metros, ou numa avenida, ou tendo que atirar da janela para fora do edifício".

Nos primeiros anos de CQB e da GWOT (Guerra Mundial contra o terrorismo, que é como os EUA chamam seus esforços contra grupos como al Qaeda e ISIS), era normal ter uma arma diferente para cada missão. As equipes dos SEAL, por exemplo, usavam as submetralhadoras MP5 nos espaços claustrofóbicos dos navios, mas os fuzis CAR-15 e M4 para as ações diretas nos demais ambientes.

Embora tal prática encorajasse a adaptabilidade, custou a consistência. É melhor treinar com a mesma arma para todos os cenários.

Fieldboy, que é o CEO da Project Gecko, uma empresa especializada em treinamento tático e de CQB, prefere a plataforma SIG Sauer MCX Low Visibility Assault Weapon (LVAW), que está ganhando adeptos na Delta Force e em vparias outras agências de operações especiais, inclusive de polícia, ao redor do mundo.

"Eu acho que a SIG Sauer MCX LVAW oferece uma funcionalidade muito sólida e versátil", Fieldboy explicou. "Emprega munições 5,56x45, é bem compacta com seu cano de 6,5 polegadas (16,5 cm), é uma arma que não apenas é muito fácil de carregar e se mover com ela, mas que também permanece eficiente até 200 m de distância".

 

PRONTOS PARA TUDO

 

Soldados da 10th Special Forces Group (Airborne) arrombam uma porta durante treinamento de demolição em Fort Carson, Colorado, 29/09/2016. (Foto: US Army, domínio público)

 

Além dos fuzis e metralhadoras, os operadores especiais levam diversos outros equipamentos, como material para arrombamento, equipamentos de visão noturna, mísseis anticarro, lança-granadas, coletes, kits de primeiros socorros, facas, relógios, GPS, capacetes, cinturões, e por aí vai.

Arrombadores, em particular, levam diversos equipamentos, que dependendo do alvo e suas defesas, podem variar de simples cargas para derrubar portas a espingardas, pés de cabra, serras elétricas e maçaricos.

Nos anos 1990, quando a Delta Force estava encarregada de conter a proliferação nuclear, instituiu uma unidade especializada em arrombar casamatas fortificadas e cofres que poderiam conter armas nucleares.

 

Embora as cargas variem bastante conforme a unidade, equipe e indivíduo, eis o que uma equipe de 5 homens da Delta Force carregam em uma missão: fuzis HK416 com 1.500 munições, pistolas Glock 17 ou 21, ou M1911, com 425-500 munições, uma Mk46 ou Mk48 e 800-1.000 munições, granadas de concussão e fragmentação, e até mesmo um lança-granadas.

O bastante pra 'descer a porrada' com gosto.


Fonte: https://www.businessinsider.com/weapons-gear-used-by-us-military-special-operations-delta-seals-2020-10

Adaptação e tradução: Renato Henrique Marçal de Oliveira


Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).

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sábado, 10 de outubro de 2020

Voam os primeiros Lockheed Martin F-35 com o software ODIN

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Alguns Lockheed Martin F-35 foram carregados, pela primeira vez, com o software ODIN (Rede Integrada de Dados Operacionais), num passo inicial para substituir o problemático sistema de apoio atual.

Um esquadrão de F-35B do USMC (Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA), sediados na MCAS (Estação Aérea do USMC) de Yuma, no Arizona, recebeu o novo sistema em 29 de setembro, conforme anundiado pelo JPO (Escritório Conjunto do Programa F-35) em 9 de outubro. Naquele dia, o USMC voou um F-35B com o novo software ODIN. No dia seguinte, mais quatro voos foram feitos com o novo hardware a bordo.

 

Um F-35B Lightning II do Marine Fighter Attack Squadron 121 baseado na MCAS Yuma, Arizona, fazendo uma decolagem curta (foto: USMC)

 

O ODIN deve substituir o atual ALIS (Sistema Autônomo de Informações Logísticas), que gerencia prognósticos, manutenção, cadeia de suprimentos, operações de voo e treinamento do F-35. O ODIN não deve atingir capacidade operacional plena antes de dezembro de 2022.

O ALIS se tornou infame pelos seus problemas. Em janeiro deste ano, o GAO (equivalente americano do TCU) emitiu um relatório apontando que o sistema ainda apresenta 4.700 deficiências em aberto. Segundo o relatório, as deficiências incluem: dados imprecisos ou faltantes, desafios no uso do sistema, uma necessidade maior de pessoal do que o esperado, um sistema ineficiente para solução de problemas, fraca esperiência do usuário, aplicativos imaturos e treinamento deficiente.

Os F-35B com o hardware ODIN estão rodando a última versão do software ALIS, mas já estão preparados para os futuros aplicativos do ODIN. O ODIN é um sistema baseado na nuvem, e desenhado para ser mais amigável ao usuário.

"Nos testes de performance, o ODIN apresentou uma grande redução na carga de trabalho administrativo quando comparado os servidores do ALIS em campo – 50% a menos – reduzindo assim a carga de trabalho do pessoal de manutenção, pois as interações com o sistema são muito mais rápidas,” segundo o JPO.

O JPO acredita que o ODIN será mais fácil em termos de melhorar as capacidades e que deve aumentar o nível de prontidão da frota de F-35.

"Ao contrário do ALIS, o ODIN é um esforço liderado pelo JPO, unindo parceiros governamentais e privados, como a Kessel Run, o 309º Grupo de Engenharia de Software, Centro Naval de Guerra de Informação, Locheed Martin e Pratt & Whitney", disse o Tenente-General Eric Fick, da USAF, Diretor Executivo do JPO. "O ODIN vai unir as capacidades e agilidade da Kessel Run e investimentos da Lockheed Martin, de forma a melhorar e manter um maior nível de prontidão para a nossa frota de F-35, de forma a cumprir seus requisitos operacionais".

O JPO diz que o conjunto do ODIN que fica, que pesa cerca de 32 kg e cabe em um conjunto de caixas do tamanho aproximado de duas malas comuns, é muito mais fácil de movimentar que os 363 kg dos vários racks de eletrônicos e módulos de força do ALIS.


Fonte: https://www.flightglobal.com/military-uavs/first-lockheed-martin-f-35s-loaded-with-odin-hardware/140551.article

Adaptação e tradução: Renato Henrique Marçal de Oliveira


Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).


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O HMS Queen Elizabeth lançou seus F-35B para interceptar 'aeronaves suspeitas'

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Aeronaves suspeitas atacaram o Grupo Tarefa (GT) nucleado no NAe (Navio-Aeródromo, vulgo 'porta aviões') HMS Queen Elizabeth, que lançou jatos F-35B para interceptá-los  mas felizmente a situação era apenas um exercício.

Treinadores Hawk e outras aeronaves, algumas operadas pela Cobham, realizaram ataques simulados ao GT. 

Em tais treinamentos, os Hawk geralmente são acompanhados por aeronaves Dassault Falcon 20DC emulando bombardeiros antinavio de longo alcance. Os Falcon são da Cobham Aviation Services.

O que está acontecendo?

O HMS Queen Elizabeh e seu GT estão atualmente em exercícios com navios de países aliados no Mar do Norte, como parte do maior exercício anual da OTAN, o Joint Warrior.

O HMS Queen Elizabeth está navegando com o HMS Defender, HMS Diamond, HMS Northumberland, HMS Kent, RFA Fort Victoria e RFA Tideforce (todos do Reino Unido), além do USS The Sullivans (EUA) e o HNLMS Evertsen (Holanda)

O Ministério da Defesa britânico (MoD) disse que o objetivo é prover um ambiente complexo em que os participantes ossam treinar juntos, refinando táticas e habilidades necessárias para combaterem como um GT conjunto.

NAe HMS Queen Elizabeth

"O cenário de cada Joint Warrior é elaborado para refletir tensões geopolíticas atuais – como a Guerra ao Terror e as ameaças do Estado Islâmico – e simular as hostilidades que podem vir de tais tensões. O objetivo final? Garantir o máximo nível de preparo ante a quaisquer ameaças.

Aeronaves F-35B a bordo do HMS Queen Elizabeth

Este enorme exercío de guerra multinacional envolve navios, aeronaves, fuzileiros e tropas do Reino Unido, OTAN e países aliados.

O MoD também disse que o exercício não é apenas para que as unidades participantes aprimorem suas funções especializadas num cenário de guerra total –  "mas também para aprimorar os laços entre os militares do Reino Unido, OTAN e outros países aliados".


Fonte: https://ukdefencejournal.org.uk/hms-queen-elizabeth-launches-f-35bs-to-intercept-suspicious-aircraft/

Adaptação e tradução: Renato Henrique Marçal de Oliveira


Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).


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Operação Poseidon - Ministro da Defesa acompanha adestramento conjunto á bordo do PHM Atlântico

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Nesta sexta-feira (9), o Ministro da Defesa, Fernando Azevedo, acompanhou as atividades da Marinha, do Exército e da Aeronáutica no adestramento conjunto para o emprego de helicópteros em embarcações da Força Marítima, no contexto da Operação Poseidon. A missão ocorreu no Porta-Helicópteros Multipropósito “Atlântico”, fundeado no litoral sul do Rio de Janeiro, e envolveu mais de 1.000 militares.

Entre os dias 5 e 9 de outubro, as Forças Singulares realizaram a “Qualificação de Pouso a Bordo”, que capacitou os pilotos para aterrissarem as aeronaves no convés de voo, e o “Adestramento Conjunto de Emprego de Helicópteros na Infiltração de Forças de Operações Especiais”, que treinou o processo de infiltração e retirada de homens por terra. O objetivo da missão foi aprimorar o emprego conjunto e a interoperabilidade das Forças Armadas.

Na visita, o Ministro embarcou no helicóptero UH-15 Super Cougar e acompanhou a utilização de aeronaves de asas rotativas durante o adestramento conjunto de Forças Especiais. De acordo com Azevedo, a realização dessa operação em 2020 marca constante atuação das Forças Singulares: “A nossa atividade fim baseia-se em exercícios conjuntos envolvendo a Marinha, o Exército e a Aeronáutica. Em um ano difícil, o Ministério da Defesa planejou e as Forças Armadas já executaram 17 operações conjuntas”, disse.


Projetos Estratégicos

Segundo o Ministro da Defesa, o adestramento conjunto marca a concretização do projeto estratégico do helicóptero H-XBR: “Esse projeto começou em 2008 e, atualmente, já estamos com 36 aeronaves. Aqui, testamos o mesmo helicóptero nas três Forças e estamos operando em conjunto”, concluiu. Ao final da visita, Fernando Azevedo destacou o sucesso da missão e relembrou as tradições paraquedistas ao realizar, junto aos militares presentes, flexões de braço.


Operações Conjuntas

Cerca de 60 homens especializados em Operações Especiais participaram do treinamento. Durante a atividade, pela primeira vez, as aeronaves HM-4 JAGUAR, do Exército, e a H-36 CARACAL, da Força Aérea, pousaram no PHM “Atlântico”.

O Operador de Forças Especiais do Exército Brasileiro F.N. explicou que o adestramento teve um balanço positivo para a equipe destacada. “No batalhão, nós fazemos esse tipo de exercício, mas, aqui, tivemos um grande impacto por conta dos meios utilizados, principalmente o PHM “Atlântico”. Participar de uma operação envolvendo Marinha, Exército e Aeronáutica, com certeza, é uma oportunidade única. Nós saímos daqui conhecendo mais técnicas, táticas e procedimentos das outras tropas, para realizarmos estudos e análises e, futuramente, tentar implementar a nossa doutrina”, disse.

O Operador da Força Aérea C.E. ressaltou a importância da atividade para o adestramento da tropa: “Aqui, podemos executar, em conjunto, operações importantes para o preparo dos militares das Forças Especiais. Seguimos sempre em condições de atuar a qualquer momento”, finalizou.

De acordo com o Contra-Almirante Eduardo Augusto Weland, Comandante da 2ª Divisão da Esquadra, o adestramento aumenta a possibilidade de emprego das Forças Armadas em conjunto. “Para o ano que vem, vislumbramos que o exercício aconteça com o navio em movimento, ou seja, haverá um incremento de dificuldade, até que as Forças estejam totalmente interoperáveis”, concluiu.


Covid-19

Durante todo o período do exercício, foram observados os protocolos regulamentares de medidas profiláticas no combate à Covid-19, tais como: realização de teste em todos que estavam a bordo, medição de temperatura, utilização de máscara de proteção, disponibilização de álcool gel 70% e higienização constante das áreas.

Fonte : Ministério da Defesa

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