domingo, 30 de agosto de 2020

Saab revela novo míssil despistador para o Gripen

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A oferta da Saab à Finlândia para a aquisição do caça HX, inclui o caça Gripen E/F e o GlobalEye, uma aeronave de Alerta e Controle Aéreo Antecipado e Controle (Airborne Early Warning and Control - AEW&C).

Como parte das capacidades de Guerra Eletrônica do Gripen E/F, a Saab revela um novo sistema: o Míssil Despistador Leve (Lightweight Air-launched Decoy Missile). O míssil despistador e o novo Pod de Interferência para Ataque Eletrônicoque iniciaram os ensaios em voo na Saab em 2019, garantirão que os pilotos finlandeses estejam protegidos de radares e mísseis inimigos.

O novo míssil despistador será um jammer substituto altamente capacitado a realizar as missões mais exigentes. Ele atuará como um multiplicador de força, pois reduz o número de mísseis e aeronaves necessários para completar uma missão. O novo míssil pode obstruir ou criar alvos falsos para radares de aquisição, rastreamento, controle de disparo e aerotransportados.

“Nossa oferta para a Finlândia, combinando o Gripen E/F e o GlobayEye, como multiplicadores de força, protegerá a nação e as fronteiras da Finlândia, proporcionando uma consciência situacional abrangente e um verdadeiro efeito de dissuasão”

“O míssil despistador, que apresentamos hoje, constituirá um grande acréscimo às capacidades de ataque eletrônico integradas ao Gripen E/F. A carga útil do novo míssil é, em grande parte, desenvolvida na Finlândia, e isso fortalecerá ainda mais a nossa oferta ao país”, disse Jonas Hjelm, vice-presidente sênior e Head da área de negócios Aeronautics da Saab.




O desenvolvimento do novo míssil despistador significa que a Saab expandirá seu Centro de Tecnologia em Tampere, Finlândia, com mais funcionários qualificados. A Saab já estabeleceu uma parceria técnica com a Aalto University, da qual mais de dez projetos de pesquisa estão em andamento nas áreas de sensores avançados e inteligência artificial.

 

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Com release SAAB

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sábado, 15 de agosto de 2020

Conheça o único homem que acompanhou todas as 3 explosões atômicas na Segunda Guerra Mundial

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Lawrence Johnston segurando o complexo conjunto detonador da Fat Man, em Tinian


Mais de 600 mil pessoas trabalharam no Projeto Manhattan, mas apenas um deles testemunhou as 3 grandes explosões atômicas que levaram ao fim da Segunda Guerra Mundial.


Lawrence Johnston estava a bordo de um B-29, cuidando dos instrumentos que mediriam a potência da primeira explosão atômica da história, o Teste Trinity, no Novo México, e cumpriu a mesma função quando as bombas atômicas foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, forçando o Japão a se render e terminando a Segunda Guerra Mundial.


Quando nos aproximamos do 75º aniversário da rendição japonesa, em 15 de agosto de 1945, em que o Imperador Hirohito anunciou no rádio que chegou o tempo de “suportar o insuportável” e aceitar os termos Aliados para a rendição incondicional, a história peculiar de Johnston chama a atenção.


Um jovem físico, filho de pais missionários na China, Johnston fez um trabalho revolucionário no complexo mecanismo de detonação das bombas atômicas.


Quando a bomba Little Boy detonou sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945, sua primeira reação ao ver o poderoso flash e o cogumelo atômico foi: “Deus seja louvado, meus detonadores funcionaram”


Ele estava bem ciente do imenso poder destrutivo e da carnificina que a bomba infringiria na cidade após testemunhar o Teste Trinity mas — como a maioria dos cientistas em Los Alamos que criaram a arma — via seu uso horrendo como a única forma de acabar uma guerra que estava causando muito mais destruição e carnificina.


Embora o total de mortes da Little Boy talvez nunca seja conhecido, as estimativas são de que pelo menos 80 mil pessoas morreram em função da onda de choque e tempestade de fogo em Hiroshima; muitos foram vaporizados instantaneamente, deixando apenas suas silhuetas nas paredes. O total de mortes provavelmente chegou a 135 mil.


Johnston disse que sabia que “Todas aquelas pessoas seriam mortas — eu orei por elas… Eu orei a Deus que nos ajudasse a trazer um fim à guerra”


“Tantas pessoas sendo mortas a cada dia, tantos japoneses sendo mortos a cada dia pelos bombardeios” com armas convencionais, ele disse


Johnston refletiu sobre seu papel no surgimento da “Era Atômica” em relatos orais para o Museu Nacional da Segunda Guerra Mundial de Nova Orleans antes de falecer aos 93 anos, em 2011, na sua casa em Moscow, Idaho.


Rob Wallace, da equipe educacional do Museu, disse que Johnston “foi a única pessoa a testemunhar as 3 explosões atômicas em 1945. Ele estava presente no Teste Trinity, e foi parte da equipe científica que acompanhou os lançamentos sobre Hiroshima e Nagasaki”.


Ele estudou Física no Colégio Comunitário de Los Angeles e se formou em 1940 na Universidade da Califórnia em Berkeley, na época um centro para o estudo da estrutura atômica e o processo de transformação da matéria em energia.


Foi em Berkeley que conheceu o brilhante cientista, e futuro ganhador do Nobel, Luis Alvarez, que se tornaria seu mentor, Wallace disse.


Reconciliação com a filha pacifista


Nos anos após a guerra, a maior crítica de sua participação nas armas nucleares foi sua própria filha, Mary Virginia, Johnston disse.


“Minha filha era pacifista, e me criticou muito”, ele disse. “Ela foi muito dura comigo, mas hoje em dia nos damos muito bem”.


Mary Virginia “Ginger” Johnston se tornaria pastora no Oregon, Johnston disse.


Depois de se graduar em Berkeley em 940, Johnston disse que esperava continuar seus estudos ali para um doutorado sob orientação de Alvarez, mas ele foi chamado no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), no Laboratório de Radiação, para trabalhar num radar de aproximação baseado em terra.



Ele levou Johnston, pela sua experiência em eletrônicos, que ele observou em uma das suas conversas.


Em determinado momento, Alvarez lhe perguntou: “O que você gosta de fazer?”


Johnston lhe respondeu: “Eu gosto de brincar com rádios”, e isso foi o bastante para Alvarez.


Alvarez foi convocado logo a seguir para trabalhar com a equipe de grandes mentes e egos ainda maiores reunidos pelo físico teórico Julius Robert Oppenheimer, cientista chefe do Projeto Manhattan, em Los Alamos.


O projeto ganhou o nome do edifício que ainda existe na Broadway 270, em Manhattan, em frente ao Paço Municipal, onde o planejamento original começou.


Alvarez convocou Johnston a trabalhar com ele outra vez. Chegando ao deserto do Novo México, “Eu não tinha ideia do que estavam fazendo, apenas que era muito importante para o esforço de guerra”, ele disse.


Alvarez “me colocou para trabalhar nos detonadores”, Johnston disse, sendo necessário criar uma detonação de explosivos convencionais muito bem cronometrada, que seria o gatilho da reação em cadeia do núcleo da bomba atômica.


Ele inventou o “detonador de fios em ponte”, uma série de 32 detonadores ao redor do núcleo que explodiriam com uma diferença de milissegundos entre si. Os princípios do detonador de fios em ponte são usados nos air bags automotivos, Johnston disse.


Três voos históricos dos B-29


Nas primeiras horas da manhã de 16 de julho de 1945, a primeira bomba atômica da história tinha sido colocada no topo de uma torre no então Campo de Bombardeio e Artilharia da Força Aérea do Exército de Alamogordo, atual Campo de Mísseis de White Sands, no teste que Oppenheimer batizou de “Trinity”.


Oppenheimer estava com um grupo seleto num bunker a cerca de 8 km de distância, e ordenou que os demais ficassem a no mínimo 40 km de distância, inclusive Johnston e Alvarez. Ninguém sabia com certeza qual seria a força da explosão.


Alvarez ficou “fulo da vida com aquilo”, Johnston disse. Ele convenceu Oppenheimer a deixá-lo voar com Johnston num B-29 para trabalhar nos instrumentos que mediriam a força da explosão.


“Nós vimos aquele enorme flash, e depois vimos aquela imensa coluna subir ao céu, o primeiro cogumelo atômico”, ele disse. “Eu desenvolvi todos os equipamentos que registraram a onda de pressão”.


Pouco tempo depois os dois partiram para a Ilha Tinian, nas Marianas do Norte, para preparar os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.


Eles estavam a bordo do B-29 “Grand Artiste”, que voou com a formação liderada pelo “Enola Gay”, o B-29 que lançou a bomba atômica Little Boy sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945.


Johnston estava novamente a bordo do Grand Artiste quando a bomba “Fat Man” foi lançada sobre Nagasaki em 9 de agosto, mas Alvarez não estava naquele voo.


“Alvarez me disse ‘Você será o único a ver as 3 bombas atômicas explodindo’. Fiquei muito feliz”, Johnston disse.


Ele voltou aos EUA e completou seu doutorado em Física em 1950. Ele se tornou Professor Associado na Universidade de Minnesota, Minneapolis, e depois trabalhou no Centro do Acelerador Linear em Stanford como chefe do departamento de Eletrônica.


Depois disso ele foi professor na Universidade de Idaho em Moscow, Idaho, até se aposentar. Ele faleceu em Idaho em 2011.



Reflexões sobre Hiroshima


Johnston e Alvarez voaram por mais de 2 mil km entre Tinian e a área do alvo em Hiroshima.


Foi neste longo voo que ele parou para pensar: “Rapaz, eu não sei quão grande esta explosão vai ser”, Johnston disse. Alvarez estava cochilando no túnel entre o cockpit e a posição do artilheiro de cauda.


“Eu decidi então que era melhor eu falar com ele sobre o equipamento de registro. Ele me disse ‘Eu não ligo, ajuste como quiser’”, Johnston disse.


No caminho de volta a Tinian, Alvarez tentou conciliar seus pensamentos com a imensidade do que ele tinha acabado de testemunhar. Ele escreveu tudo numa carta ao seu filho menor, com o cabeçalho “6 de agosto — a 15 km da costa japonesa, 28 mil pés”


“A história de nossa missão provavelmente será conhecida por todos… mas no momento, apenas as tripulações de nossos três B-29 e os desafortunados moradores do distrito japonês de Hiroshima sabem da revolução na guerra aérea”, Alvarez diz na carta, que agora está nos Arquivos Nacionais.


“Quaisquer arrependimentos que eu tenha por fazer parte da mutilação e morte de milhares de pessoas são compensados com a esperança de que a terrível arma que criamos possa trazer os países mais próximos uns dos outros e evitar guerras futuras”, ele escreveu.


Originalmente publicado em Meet the Only Man to Witness All 3 WWII Atomic Bomb Blasts.


Tradução e adaptação: Renato Henrique Marçal de Oliveira. Químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).

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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

20 anos depois: A verdadeira história do desastre do submarino russo Kursk

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20 anos atrás, em 12 de agosto de 2000, um exercício da frota naval se tornou uma corrida desesperada para recuperar sobreviventes dezenas de metros debaixo do mar.

Submarino nucear K-141 Kursk, da classe Antey (Oscar II para a OTAN)

Em 2000, um dos piores desastres acidentais com submarinos em tempos de paz de todos os tempos aconteceu na costa da Rússia. Uma enorme explosão afundou o gigantesco submarino Kursk de propulsão nuclear, matando quase toda sua tripulação e deixando quase duas dúzias de sobreviventes a dezenas de metros de profundidade. Uma operação internacional de resgate foi montada, mas não chegou a tempo de salvar os marinheiros.

O filme Kursk - a última missão, lançado em 2018, estrelando Colin Firth, conta a história do submarino. Neste artigo, contaremos o que realmente aconteceu.

 

Caçadores de Navios-Aeródromo


Uma das maiores preocupações da URSS durante a Guerra Fria era a frota americana de navios-aeródromo (NAe, "porta aviões"). Os soviéticos viam os NAe americanos tanto como plataformas capazes de lançar bombas termonucleares contra a "Mãe Rússia" e como caçador da frota soviética de mísseis balísticos. A URSS gastou vastas somas de dinheiro em sistemas de armas para caçar os NAe americanos em tempos de guerra.


Fotografia de 19/10/1999:  o oficial comandante do Kursk, Capitão de Primeira Classe Gennady Petrovich Lyachin, prestando continência depois de uma patrulha no Mediterrâneo

Uma destas soluções eram os submarinos da classe Antey. Conhecidos na OTAN pela designação “Oscar II”, eram uma casse de enormes submarinos de propulsão nuclear, desenhados para abater navios grandes – especialmente os NAe americanos. Os Oscar II tinham 154 m de comprimento, boca de 18,2 m e calado de 9 m, e deslocava 19.400 toneladas, o dobro de um destroier. Para conseguir acompanhar os NAe nucleares americanos, os submarinos soviéticos eram propulsados por dois reatores nucleares OK-650, com uma potência combinada de 98 mil cavalos-vapor. Tamanho poder lhes permitia alcançar 33 nós quando submersos.

Os Oscar II eram grandes porque precisavam carregar mísseis grandes. Cada submarino carregava 24 mísseis 3M45 P-700 Granit (OTAN: SS-N-19 Shipwreck); cada míssil tem o tamanho de um avião pequeno – 10 m de comprimento e peso de 7 toneladas. Têm uma velocidade máxima de Mach 1,6, alcance de 625 km e usavam o (agora aposentado) Legenda, um sistema de pontaria por satélite, cuja função principal era o ataque aos NAe. A ogiva do Granit podia ser de 750 kg de explosivos (o bastante para causar danos graves ao NAe) ou nuclear de 500 kiloton (o bastante para vaporizar um NAe).

 

Uma mulher ajusta uma coroa de flores num memorial do Kursk.

 

Treze submarinos Oscar I e II foram construídos, incluindo o K-141 – também conhecido como Kursk.

 

O torpedo que falhou


O Kursk foi completado em 1994 e designado para a Frota Russa do Norte. Em 12 de agosto de 2000, o Kursk fazia parte de um grande exercício da frota, juntamente com o NAe Almirante Kuznetsov e o cruzador de batalha Pyotr Velikiy. O Kursk estava com o armamento total, incluindo mísseis Granit e torpedos, e faria um ataque simulado ao Kuznetsov.

 

https://www.youtube.com/watch?v=2-qnUjrilng

 

Às 11:20 da manhã, hora local, uma explosão subaquática sacudiu a área do exercício, e dois minutos depois foi seguida por uma explosão ainda maior. Uma estação norueguesa de monitoramento sismológico registrou ambas as explosões. Um relato russo diz que o Pyotr Velikiy, de 28 mil toneladas, sacudiu com a explosão.

Dilacerado pelas explosões, o Kursk afundou, a 108 m de profundidade e num ângulo vertical de 20 graus. As explosões causaram um imenso buraco na proa, junto ao compartimento de torpedos. Um comitê de investigação da Marinha Russa concluiu que a explosão foi causada por um torpedo super pesado Tipo 65-76A. A explosão foi provavelmente causada por uma solda defeituosa, que falhou em conter o peróxido de hidrogênio da câmara de combustível.

 

A torre de comando do Kursk pode ser vista enquanto o submarino é rebocado de volta ao estaleiro de Roslyakovo, Rússia.

 

Como muitos torpedos antigos, os Tipo 65-76A usavam peróxido de hidrogênio como propelente. O perigo está no fato que este composto químico pode se tornar explosivo ao entrar em contato com substâncias orgânicas ou fogo.

De acordo com a NLM (Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA), “Peróxido de hidrogênio, por si, não é inflamável, mas pode causar combustão espontânea de materiais inflamáveis e alimentar combustões pois ao se decompor libera oxigênio”. Um registro do NLM diz que “Um vazamento em tambores de peróxido de hidrogênio a 35% sobre um pallet de madeira causou ignição do mesmo. A combustão, embora numa área limitada, foi intensa e levou um bom tempo para extinguir. Um vazamento de tambores de peróxido de hidrogênio a 50% sobre pallets envoltos em polietileno entrou em ignição espontânea e gerou fogo intenso”.

 

Momentos decisivos

Então o que aconteceu a bordo do Kursk? A provável cadeia de eventos foi mais ou menos assim: Um vazamento de peróxido de hidrogênio causou um fogo, que por sua vez causou a explosão da ogiva de 557 kg do torpedo Tipo 65-76A. Esta foi a causa provável do rombo acima do compartimento de torpedos. A segunda explosão provavelmente foi causada pela detonação dos torpedos remanescentes no submarino.

 

O Tenente-Capitão Koselnikov, que escreveu uma carta duas horas depois do afundamento do Kursk, descrevendo que 23 marinheiros ainda estavam vivos. Nenhum deles viveu o bastante para ser resgatado.

 

O Kursk não matou todos os seus 118 tripulantes – não imediatamente, pelo menos. Um dos oficiais a bordo, Tenente-Capitão Dmitri Koselnikov, deixou uma carta, com horário de 2 horas após a segunda explosão, em que registra 23 sobreviventes. Apesar de um esforço de resgate montado às pressas, incluindo equipes da Inglaterra e da Noruega, o governo russo não conseguiu chegar aos sobreviventes a tempo. A carcaça do submarino foi recuperada em 2001 e retornado ao estaleiro de submarinos da Marinha Russa em Roslyakovo.


Originalmente publicado em: The True Story of the Russian Kursk Submarine Disaster, de Kyle Mizokami. Tradução e adaptação: Renato Marçal*


*Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).



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domingo, 9 de agosto de 2020

Catástrofe no Líbano: O que originou a tragédia?

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Momento da gigantesca explosão que devastou Beirute

  

Em torno das 18h em Beirute (12h em Brasília), o que parecia ser um pequeno incêndio acabou por causar uma explosão grande que foi seguida por uma explosão colossal no Porto de Beirute, o principal do País. Embora as informações ainda sejam incompletas, o que é normal após tragédias de tal magnitude, cerca de 200 pessoas morreram, milhares ficaram feridas, e danos extensos se espalharam pela cidade, a tal ponto que cerca de 300 mil dos 400 mil habitantes da capital estão desabrigados. Grandes depósitos de grãos, presentes no Porto e aguardando a distribuição, também foram destruídos, aumentando os problemas que já assolavam o país antes da catástrofe. [1]

Embora as cenas de destruição sejam bastante intensas e chocantes, a catástrofe poderia tem sido muito pior.

Mas uma pergunta não quer calar - por quê a tragédia aconteceu? Neste artigo, usando nossos conhecimentos em química e informações de várias fontes, vamos analisar as informações disponíveis até o momento (09/08), evitando ao máximo possível divagar sobre teorias da conspiração e suposições que não possam ser baseadas em fatos - e não, não foi uma explosão nuclear ou ataque com mísseis, bombas... [1-5]

Entretanto, cumpre informar que, sem informações detalhadas sobre os materiais presentes no Porto no momento das explosões, todas as informações são baseadas em análise de vídeos divulgados nas redes sociais. É possível que as análises estejam erradas, mas dada a experiência dos analistas referenciados ao longo do texto, é pouco provável.

 

 
Embora a nuvem de Wilson (também chamada nuvem de condensação) seja normalmente associada a explosões nucleares, ela pode acontecer em explosões convencionais, dadas as condições adequadas (temperatura, umidade, carga explosiva)

 

CRONOLOGIA DAS EXPLOSÕES

Foram 3 as explosões que destruíram o porto de Beirute, e vamos explicar um pouco sobre cada uma, com base nos vídeos disponíveis. Boa parte da análise a seguir é baseada na referência [2], que tem sólido fundamento científico.

Primeiramente, várias pequenas explosões mostram o que à primeira vista parecem ser fogos de artifício explodindo. Entretanto, fogos de artifício emitem fumaça preta e depois várias centelhas coloridas, mas a fumaça de tais pequenas explosões tem uma única cor - branca. [2]

 

 
Sequência de eventos da explosão. Observe-se a nuvem marrom-avermelhada e a nuvem de Wilson.


Uma classe de compostos químicos deixa fumaça branca - HE (explosivos de alta potência) e/ou combustível de foguetes. As características da primeira leva de pequenas explosões indicam que se tratava, muito provavelmente, de um depósito de munições militares leves - para fuzis, metralhadoras, morteiros, etc. [2]

As pequenas explosões acabaram por causar uma segunda explosão, relativamente grande, e com a característica fumaça branca, que indicam a provável presença de um depósito de munições mais pesadas - mísseis, bombas, etc. - ou combustível para foguetes / mísseis. A física de tais explosões também explica por que algumas testemunhas relataram sons como de motores de jatos - a queima e explosão de tais substâncias pode gerar tais sons. [2 - 4]

Por fim, a segunda explosão acabou por causar a detonação do que seria um lote de aproximadamente 2750 toneladas de AN (nitrato de amônio) de alto grau de pureza, tipicamente usado como matéria prima de explosivos para mineração ou fins paramilitares. AN também pode ser usado como fertilizante, mas o grau de pureza é bem menor. [2]

Cálculos de especialistas apontam que essa enorme quantidade de AN seria suficiente para liberar energia equivalente a 1 kiloton, ou seja, cerca de 1000 toneladas de TNT. Para efeitos de comparação, a bomba atômica que arrasou Hiroshima ao final da Segunda Guerra mundial tinha potência equivalente a aproximadamente 15 kilotons. [4]

Entretanto, e felizmente, ao explodir o AN gera uma onda de pressão ao invés da onda de choque típica dos HE - a onda de pressão se propaga a velocidade subsônica, enquanto a onda de choque se desloca a velocidade supersônica. A diferença não é apenas acadêmica - se a explosão tivesse sido causada por HE ao invés de AN, as ondas de choque teriam causado muito mais mortes, já que as ondas de choque podem causar danos graves aos órgãos internos. [4]

Outra consequência da queima / explosão de AN é a geração de fumaça marrom-avermelhada de óxidos de nitrogênio, compostos bastante tóxicos, o que é bem visível tanto na foto de abertura do artigo como em fotos de Beirute horas depois da explosão. [2 - 4]

 

 
Fumaça marrom-avermelhada nos céus de Beirute após a explosão, característica de óxidos de nitrogênio


Um expert italiano, Danilo Coppe, diz que as cores da fumaça também indicam a presença de lítio, o que reforça as suspeitas de armamentos no local. Ele também declarou que não faz sentido armazenar munições, ou tamanha quantidade de AN, perto dos silos de grãos, pois os grãos também podem originar fogos e explosões, e armazenar substâncias potencialmente inflamáveis junto aos grãos é muito perigoso. Além disso, armazenar tanto material explosivo no centro de uma grande cidade é perigoso, como ficou demonstrado na tragédia. [5]

Uma TV israelense, sem citar fontes, diz que o nitrato de amônio seria utilizado para atacar Israel numa eventual "Terceira Guerra do Líbano" [6], citando exemplos de depósitos do mesmo material encontrados, após indicação do Mossad, na Grã-Bretanha [7] e Alemanha. [8]

 

DE QUEM ERA O AN?

Mais importante do que saber o que aconteceu é saber quem foi responsável para que a hecatombe acontecesse em primeiro lugar. E o Hizballah é um forte candidato a ser dono do material.

O Hizballah (também grafado Hezbollah, 'Partido de Alá') é uma organização reconhecida como terrorista por diversos países, e cujas conexões com o Irã são muito bem conhecidas. Um dos objetivos do Irã (e por consequência do Hizballah) é a destruição de Israel. O Hizballah também é acusado de atacar judeus, mesmo os que não são cidadãos israelenses, ao redor do mundo. [9; 10]

Depois da Primeira (1982-2000) e da Segunda Guerra do Líbano (2006), o Hizballah cresceu em poder e influência no Líbano, de tal maneira que formou um verdadeiro Estado paralelo no país. As tradicionalmente fracas LAF (Forças Armadas do Líbano) não tem o poder de fogo necessário para impedir o Hizballah de fazer o que bem pretende no país. [9; 10]

Com tamanho poder no País, foi natural a associação entre um possível depósito de armas no Porto de Beirute e o Hizballah. A descoberta de túneis quando dos trabalhos de busca por sobreviventes e controle de incêndios e limpeza dos estragos reforça tais suspeitas. [11] Aumentando ainda mais as suspeitas, o governo libanês - do qual o Hizballah é parte importante - recusou pedidos para uma investigação multinacional. [12]

Ademais, as apreensões de AN em vários países, entre eles Reino Unido e Alemanha, podem ter vindo deste depósito, hipótese que foi levantada pela TV israelense mencionada anteriormente [6], mas também por outros analistas, inclusive árabes. [13 - 18].

Finalmente, mas não menos importante, a população libanesa, que já estava à beira de uma guerra civil antes da catástrofe, irrompeu em protestos, muitos deles violentos, inclusive "enforcando" imagens de Nassan Nasrallah, o líder do Hizballah. Isso indica que muitos libaneses também suspeitam fortemente do grupo. [19]

 

CONCLUSÃO

Com as informações disponíveis até o momento, fica difícil acreditar no discurso de Nasrallah em que ele nega qualquer possibilidade de o grupo terrorista ser o dono do AN e/ou das prováveis armas que estavam no Porto na hora da explosão. [20]

A preocupação é que, sem a presença de investigadores internacionais, quaisquer esforços de investigação sejam cooptados pelo Hizbollah [12] para aumentar ainda mais seu poder. Mas não está claro se a população libanesa vai acreditar em tal investigação [19], o que aumenta o risco de uma nova guerra civil no país, ou que o Hizbollah use os resultados como desculpa para perseguir inimigos, ou justificar uma nova guerra contra Israel.

Uma coisa é certa - a situação no Líbano deve se complicar, e logo.

 


Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).


REFERÊNCIAS

[1]https://www.bellingcat.com/news/mena/2020/08/04/what-just-blew-up-in-beirut/

[2]https://www.centerforsecuritypolicy.org/2020/08/07/lebanon-what-happened/

[3]https://www.bellingcat.com/news/mena/2020/08/07/the-beirut-explosion-is-it-a-bird-is-it-a-plane-is-it-a-faked-video-of-a-missile/

[4]https://www.wired.com/story/tragic-physics-deadly-explosion-beirut/

[5]https://www.corriere.it/esteri/20_agosto_05/beirut-esperto-esplosivi-la-nuvola-arancione-scoppi-ecco-perche-credo-ci-fossero-anche-armi-6da4a01e-d71b-11ea-93a6-dcb5dd8eef08.shtml

[6]https://www.timesofisrael.com/israel-tv-hezbollah-apparently-wanted-beiruts-ammonium-nitrate-for-israel-war/

[7]https://www.timesofisrael.com/uk-said-to-have-covered-up-fact-it-foiled-2015-hezbollah-bomb-plot-near-london/

[8]https://www.timesofisrael.com/mossad-gave-berlin-intel-on-hezbollah-ops-on-german-soil-ahead-of-ban-report/

[9]https://www.cfr.org/backgrounder/what-hezbollah

[10]https://www.washingtonexaminer.com/weekly-standard/the-secret-history-of-hezbollah

[11]https://threadreaderapp.com/thread/1292475515308310530.html

[12]https://www.france24.com/en/20200808-lebanon-s-aoun-international-probe-into-beirut-blast-would-dilute-the-truth

[13]https://www.centerforsecuritypolicy.org/2020/08/05/depose-hezbollah/

[14]https://english.alarabiya.net/en/News/middle-east/2020/08/06/Hezbollah-affiliates-stored-ammonium-nitrate-in-northwest-London-Cyprus-Report

[15]https://english.aawsat.com/home/article/2435211/jebril-elabidi/beirut-hezbollah-and-ammonium-nitrate

[16]https://asiatimes.com/2020/08/more-questions-than-answers-in-ashes-of-beirut/

[17]https://asiatimes.com/2020/08/lebanon-blast-so-many-questions-so-few-answers/

[18]https://www.arabnews.com/node/1716981

[19]https://www.washingtonpost.com/world/beirut-braces-for-protests-as-grief-over-blast-turns-to-fury-resign-or-hang/2020/08/08/5c050e3e-d8e2-11ea-a788-2ce86ce81129_story.html

[20]https://www.reuters.com/article/us-lebanon-security-blast-hezbollah/hezbollah-denies-storing-weapons-at-beirut-port-depot-idUSKCN2532GP



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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Ministério da Defesa emite nota sobre Explosões em Beirute

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Em face do grave acidente ocorrido no porto de Beirute no Líbano, onde o Brasil mantém presença integrando a Força Tarefa Marítima (FTM) da UNIFIL, missão no âmbito da ONU para estabilização da região, o Ministério da Defesa emitiu nota oficial informando sobre o status do contingente brasileiro e a fragata "Independência", a qual opera a partir do porto onde houve a explosão que causou grandes danos, e deixou dezenas de mortos e milhares de feridos. 

O GBN Defense reproduz abaixo a íntegra da nota que recebemos do Ministério da Defesa, a qual complementa algumas informações por nós divulgadas com base em dados emitidos em nota oficial da Marinha do Brasil, afim de tranquilizar os familiares, amigos e irmãos de farda dos homens e mulheres que nos representam em terras longínquas, integrando aforça brasileira na referida missão da ONU.

Brasília, DF
Em 04 de agosto de 2020

Em relação à explosão ocorrida em Beirute, Líbano, nessa terça-feira (04/08), o Ministério da Defesa (MD) informa:

- A Fragata Independência, da Marinha do Brasil (MB), que integra a Força Tarefa Marítima (FTM) da Missão Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), havia deixado o Porto de Beirute pela manhã e, no momento da explosão, se encontrava operando no mar, não tendo sido atingida ou sofrido qualquer avaria. Todos os militares da FTM estão bem e não há feridos;

- Os demais militares brasileiros integrantes da UNIFIL e que trabalham na sede da missão, na região de Naqoura, também não foram atingidos e estão bem;

- A esposa de um oficial da Aeronáutica, que exerce a função de Adido de Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico do Brasil no Líbano, teve ferimentos leves por estar próxima a uma janela impactada durante a explosão. Ela recebeu atendimento médico e passa bem; 

- Após a explosão, a Fragata Independência se aproximou do porto para oferecer auxílio à Corveta Bijoy, da Marinha de Bangladesh, que foi atingida pela explosão. O auxílio não foi necessário naquela ocasião; e

- Neste momento, a Fragata Independência encontra-se operando normalmente. O navio está patrulhando a região conhecida como “Área de Operações Marítima” da UNIFIL, a uma distância de aproximadamente 15 km do Porto de Beirute.

O Ministério da Defesa acompanha atentamente os desdobramentos da explosão e a evolução da situação.

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Nós do GBN Defense nos solidarizamos com as vítimas desta grande tragédia que se abateu sobre o povo libanês, e estendemos aos brasileiros e brasileiras que lá estão no cumprimento do dever, e no compromisso de garantir a paz e a segurança naquela região, a estes manifestamos nosso apoio e agradecimento por seu empenho.


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Com informações do Ministério da Defesa


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Contingente brasileiro na UNIFIL não foi atingido por Explosões em Beirute

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A Marinha do Brasil (MB), informou que no momento da explosão ocorrida na cidade de Beirute, no Líbano, a Fragata "Independência" encontrava-se patrulhando a região conhecida como “Área de Operações Marítima” da Força Interina das Nações. Unidas no Líbano (UNIFIL), a uma distância de aproximadamente 15 km do Porto de Beirute.

Os militares a bordo do navio brasileiro não sofreram quaisquer danos físicos, bem como a fração do contingente brasileiro baseada na cidade de Naqoura, ao sul do país.

A MB acompanha os desdobramentos da explosão e continua prestando todo o apoio aos militares brasileiros pertencentes à Força-Tarefa Marítima da UNIFIL.

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Com Marinha do Brasil
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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

F-39 Gripen-E: Iris-T ou A-Darter?

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A publicação de uma matéria por um site estrangeiro falando da aquisição de misseis Íris-T pela FAB deu um verdadeiro nó na cabeça de muitos que acompanham o programa de modernização da Força Aérea Brasileira, o qual congrega importantes projetos como o Gripen-E e o desenvolvimento do míssil A-Darter.

Diante do avanço no programa de certificação e ensaios de voo do moderno Gripen-E, a Força Aérea Brasileira se viu diante da necessidade de realizar a aquisição de um lote de mísseis Íris-T afim de cumprir o processo de certificações das capacidades da nova aeronave, a qual já conta em seu leque de armamentos integrados o míssil europeu, porém, tal notícia levou a uma equivocada informação sobre um hipotético cancelamento do programa A-Darter, onde segundo alguns teria sua aquisição suspensa pela FAB, o que de fato não é verdade, uma vez que o míssil continua nos planos brasileiros e deverá em breve ser integrado ao novo vetor brasileiro.

O desenvolvimento do A-Darter esbarrou em alguns obstáculos, desde os sucessivos cortes no orçamento de defesa brasileiro, a extinção da Mectron, e que apesar da conclusão da fase de desenvolvimento do novo missil, levou a um significativo atraso na montagem e abertura da linha de produção do míssil no Brasil, a qual ainda demandará um tempo considerável até ser estabelecida e finalmente esteja operacional e apta a entregar o novo armamento de nossos caças.

A opção mais lógica é a aquisição de lotes do Íris-T, tendo em vista a necessidade de realizar todo processo de certificação do novo caça brasileiro, além de garantir que o mesmo disponha de armamento necessário para o cumprimento de sua missão, o que não exclui de forma alguma a futura integração do A-Darter ao leque de opções do Gripen brasileiro, segundo fontes ouvidas pelo GBN Defense.

solicitamos mais informações a FAB, e tão logo nossa solicitação seja atendida, traremos uma nota oficial sobre o assunto e pondo termo a discussão que tem tomado os fóruns e grupos de defesa.

por: Angelo Nicolaci

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Gripen-E chega ao Brasil em setembro

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Após muita especulação sobre quando e como o primeiro exemplar do novo caça da Força Aérea Brasileira chegaria ao país, foi revelado através de um Boletim do Comando da Aeronáutica (BCA) que foi emitida nesta segunda-feira (3) autorização para sobrevoo da aeronave 39.6001 do Gripen E, sendo o primeiro Gripen-E brasileiro de série, o qual irá iniciar a fase de certificações e homologação da aeronave e sistemas no Brasil, dando prosseguimento ao programa iniciado na Suécia. A primeira aeronave F-39 Gripen-E irá chegar de navio ao Brasil, onde será desembarcada em Navegantes, devendo ser realizado o processo de montagem e testes para no dia 25 de setembro realizar seu primeiro voo no Brasil, onde será transladado em voo entre Navegantes e Gavião Peixoto.

O exemplar em questão é de propriedade da SAAB, e será empregado em uma série de avaliações e certificações de sistemas e envelopes de voo, dando inicio a fase de testes no cenário de emprego brasileiro, onde será submetido as condições climáticas e de operação as quais deverá encontrar em serviço, processo no qual terá a célula levada aos limites previstos no projeto da aeronave para que a mesma receba as devidas certificações.

O prazo da autorização compreende o período entre 25 de setembro de 2020 e 31 de dezembro de 2025, onde serão realizados os  voos previstos na campanha de testes na área de ensaios destinadas à Embraer. O Boletim também autoriza um voo específico em Brasília, o qual apresentará a nova aeronave brasileira em ocasião do Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira, no dia 23 de outubro de 2020.
O exemplar em questão realizou seu primeiro voo em 26 de agosto de 2019, sob comando de Richard Ljungberg, piloto de testes da SAAB. Esta é a primeira aeronave a receber a configuração brasileira, contando com Wide Area Display (WAD), e demais aviônicos requisitados pela FAB, se apresentando como a mais moderna variante da família Gripen, recebendo em sua fuselagem o indicativo de matrícula FAB-4100, sendo o primeiro Gripen-E de série na configuração final brasileira.
por: Angelo Nicolaci
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domingo, 2 de agosto de 2020

Militares das Forças Armadas resgatam ribeirinho na região do Pantanal

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Militares das Forças Armadas realizaram o resgate de um senhor na região da Comunidade Corixão, a cerca de 45 km de Corumbá (MS). 

A ação foi realizada na sexta-feira (31), em meio à Operação Pantanal, com auxílio de aeronave do 3º Batalhão de Aviação do Exército, Organização Militar subordinada ao Comando Militar do Oeste. O pouso foi realizado no 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Oeste (EsqdHU-61), do Comando do 6º Distrito Naval (Com6ºDN). 

O senhor, de 54 anos, apresentava inchaço nas pernas e havia sido picado, na noite de quinta-feira (30), por uma cobra jararaca. O deslocamento foi feito com acompanhamento de um médico do Hospital Naval de Ladário (HNLa) e, na chegada ao heliponto do EsqdHU-61, uma ambulância do Corpo de Bombeiros seguiu com o paciente para a Santa Casa de Corumbá. 

Conduzida pelo Comando do 6º Distrito Naval (Com6ºDN), localizado em Ladário (MS), a Operação Pantanal reúne esforços da Marinha do Brasil (MB), Exército Brasileiro (EB), Força Aérea Brasileira (FAB), Corpo de Bombeiros de MS, Polícia Militar Ambiental e Ibama/Prevfogo. 

As aeronaves das Forças Armadas continuam atuando no combate direto aos focos de incêndio, com voos de reconhecimento, lançamento de água e transporte de bombeiros, brigadistas e militares.

Fonte:Ministério da Defesa
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Primeira fase da Operação Xavante atende mais de 1.500 indígenas e distribui 11 mil medicamentos

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A primeira fase da Missão Xavante chegou ao final neste domingo (02/08). A ação interministerial das Pastas da Defesa, da Saúde e da Justiça, na região Centro-Oeste do Brasil, levou assistência médica e insumos para auxiliar a população indígena em seis aldeias dos Polos Campinápolis e São Marcos.

A equipe de 24 profissionais de saúde das Forças Armadas atenderam indígenas da etnia Xavante entre os dias 28 de julho e 1º de agosto. As aldeias foram contempladas com médicos clínicos gerais, ginecologistas obstetras, infectologista, pediatras, enfermeiros e técnicos de enfermagem, que proporcionaram atendimento médico especializado e reforçaram a atuação da saúde local realizada pelas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante.

Ao todo, foram 1.578 atendimentos realizados aos indígenas da etnia Xavante com o apoio de equipes de saúde do DSEI Xavante e da Secretaria Municipal de Saúde do estado do Mato Grosso. Também foram distribuídos mais de 11 mil medicamentos, sendo a maioria para diabetes e hipertensão.

Durante a ação, também foram realizados exames de glicemia e verificação de sinais vitais, diagnósticos que contaram com ajuda de ultrassonografia portátil e testes de COVID-19.

Um dos beneficiados com o atendimento foi Hander Tserema Tsieiwaaiodi, indígena da aldeia Guadalupe, que pôde ouvir, pela primeira vez, os batimentos cardíacos de seu bebê. "O neném está bem e, em dois meses, deve nascer meu primeiro filho. Ainda não conseguimos saber o sexo porque tinha um cordão na frente. Vamos tentar outra vez na cidade, quando formos comprar as roupinhas. É muito bom ter médicos aqui. Também fiz consulta e o teste COVID ao lado da minha casa", comemorou Hander.

Junto às comunidades assistidas, foi proporcionada a possibilidade de realização de testes de COVID-19, sendo que 149 Xavantes optaram pela realização do exame rápido, que é feito com coleta de sangue no dedo e demora alguns minutos para ficar pronto. Do montante, 94 dos resultados foram negativos, 29 deles estão positivos e 26 resultaram em IGM negativo e IGG positivo para o novo coronavírus, o que significa que a pessoa já esteve infectada com o vírus, mas já está curada.

Segundo a médica da família da Força Aérea Brasileira, 1º Tenente Lione da Silva, o caso mais grave que ela atendeu foi o de um senhor de 88 anos que estava levemente sintomático, com tosse, mas devido à idade, o caso era preocupante. "Todos os integrantes da família eram assintomáticos, porém todos testaram positivo. Segundo a tradição Xavante, quem perde um ente querido deve raspar a cabeça e percebemos muitas pessoas com a cabeça raspada".

Para o médico clínico geral do Hospital Geral de Curitiba (HGeC), 1º Tenente Vitor Yuzo Kawase, o contato com a população Xavante foi extremamente gratificante. "Conseguimos ajudar essa população carente de atendimento especializado, atendemos casos interessantes e complexos e conhecemos um pouco da cultura local. Fizemos muitos atendimentos respiratórios, diagnosticamos número significativo de casos de coronavírus e orientamos os positivos à COVID-19 sobre a importância do isolamento social para o bem da aldeia".

O Xavante Jacinto Tsõrõ Rãwe foi até o local de atendimento médico disponível na aldeia São Marcos para realizar o teste do vírus e o resultado para a COVID-19 foi negativo. “Mesmo assim, recebi as orientações das profissionais de saúde para continuar utilizando máscara e lavar bem as mãos. Também recebi álcool em gel. A minha esposa faleceu com essa doença e precisamos nos cuidar. Quero agradecer o cuidado das Forças Armadas com a população Xavante”.

A segurança das populações indígenas é condicionante básica para a missão. Dessa forma, são adotados protocolos rígidos de saúde. Todos os integrantes da missão devem apresentar o exame molecular de RT-PCR negativo, sendo que, a partir do momento da coleta, os mesmos passam a ficar em quarentena. Além disso, antes do embarque para as Terras Indígenas, são realizados testes rápidos imunológicos (IgM e IgG) e uma inspeção sanitária para comprovar a ausência de sinais e de sintomas que possam sugerir a COVID-19. Durante a missão, os profissionais de saúde atendem os indígenas devidamente paramentados com todos os equipamentos de proteção individual necessários.

Missão Cumprida

O sentimento de missão cumprida é presente nos rostos de todos os militares participantes da operação. Em todas as aldeias, o sentimento de gratidão dos indígenas esteve presente com a equipe de saúde. Mas, além da equipe de saúde, para que a ação fosse realizada, foi necessária intensa atuação da equipe da aviação militar.

A base da operação foi em Aragarças (GO), no 58º Batalhão de Infantaria Motorizado. De lá, todas as manhãs, os profissionais de saúde deslocavam-se em dois helicópteros do Exército Brasileiro, um HM-4 Jaguar e um Super Cougar, para os locais preestabelecidos pela coordenação da missão.

Essas aeronaves voaram mais de 25 horas, percorrendo cerca de quatro mil quilômetros na região da operação, otimizando o deslocamento entre a base e as aldeias.

Os militares partiram de Brasília, na segunda-feira (27), acompanhados por profissionais da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), subordinada ao Ministério da Saúde, e da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Operação Xavante

Em função da extensa área de abrangência populacional e territorial, a missão Xavante de apoio às comunidades indígenas da região Centro-Oeste do País foi dividida em três fases. As próximas etapas estão previstas para acontecer de 3 a 9 de agosto, na área do Polo Base Marãiwatséde, e de 10 a 16 de agosto, no Polo Base Sangradouro do DSEI Xavante, ambas também no estado do Mato Grosso.

Por 1º Tenente Josiany - 5ª Região Militar
Fotos: Divulgação/Ministério da Defesa
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