quinta-feira, 4 de junho de 2020

A TURBULENTA HISTÓRIA DO IAI NESHER-DAGGER-FINGER: O CAVALO DE BATALHA DA GUERRA DO YOM KIPPUR E DA GUERRA DAS MALVINAS




A aeronave Israel Aircraft Industries (IAI) Nesher (que significa em hebraico “abutre de grifo”, mas muitas vezes é mal traduzido para “águia”) foi a versão israelense do caça com asa em delta multifunção francês Dassault Mirage 5, que foi uma evolução do famoso Dassault Mirage III. O Nesher foi uma aeronave que participou de dois grandes conflitos do século XX: a Guerra do Yom Kippur, a serviço da Força Aérea Israelense (IAF) e a Guerra das Malvinas/Falklands, a serviço da Força Aérea Argentina (FAA).

Sua origem remonta à necessidade dos israelenses de reporem urgentemente as perdas de diversas aeronaves durante a Guerra dos Seis Dias de 1967 e também durante a Guerra de Atrito travada durante o final da década de 1960. Com tais perdas, a Força Aérea Israelense (IAF) procurou obter uma variante melhorada e mais adequada ao clima e as peculiaridades da região do bem-sucedido caça de combate Dassault Mirage III.

Enquanto uma parceria para produzir tal aeronave, a Mirage 5, foi formada entre a fabricante francesa Dassault Aviation e a empresa israelense aeroespacial Israel Aircraft Industries (IAI), em janeiro de 1969, em resposta à invasão israelense de 1968 ao Líbano, o governo francês anunciou que iria impor um embargo de armas a Israel. Em resposta ao embargo, Israel decidiu prosseguir com o empreendimento, mas fabricar internamente as fuselagens.

Em 1969, a IAI iniciou o trabalho de fabricação do tipo. Segundo fontes oficiais, Israel já havia obtido um conjunto completo de desenhos e informações detalhadas do Mirage 5 francês antes da promulgação dos embargos. A estrutura do Nesher era idêntica ao Mirage 5, mas foi reformada com aviônicos fabricados em Israel, um assento ejetável zero-zero da Martin-Baker e provisões para uma gama mais ampla de mísseis ar-ar, incluindo o primitivo míssil israelense. Shafrir 1, de orientação infravermelha.

Em setembro de 1969, o primeiro protótipo do Nesher realizou seu primeiro voo. Em maio de 1971, o primeiro modelo de produção foi entregue a IAF. Em novembro de 1971, a aeronave foi oficialmente batizada como Nesher. O ponto alto da carreira de Nesher na IAF foi durante a Guerra do Yom Kippur em 1973. A aeronave supostamente teve um bom desempenho durante o conflito, os pilotos da IAF que voaram no tipo reivindicaram mais de cem abates aéreos contra os árabes e seus aliados.

Em 1974, a produção do Nesher foi encerrada em favor de mais um derivado do Mirage mais avançado, com turbina mais potente e aviônicos mais modernos, que havia sido planejado juntamente com o Nesher, conhecido depois como IAI Kfir. A IAF retirou o Nesher de serviço durante a década de 1970, estocando as células. As aeronaves foram depois vendidas para a Força Aérea Argentina, onde foram operadas sob o nome de Dagger (“Punhal” ou “Adaga”, em tradução livre). As primeiras aeronaves chegaram ao país platino em 1978.

No mesmo ano, a Argentina enviou com urgência seus primeiros Daggers para a Patagônia (sul do país) devido ao conflito de Beagle, uma disputa territorial que quase provocou uma guerra entre a Argentina e o vizinho Chile. Os Daggers também foram intensamente usados durante a Guerra das Malvinas/Falklands em 1982 entre a Argentina e o Reino Unido, realizando um total de 153 surtidas contra alvos terrestres e navais durante os 45 dias de operações de combate. Durante seus ataques antinavio, eles foram supostamente responsáveis por danificar vários navios, incluindo o HMS Antrim, o Brilliant, o Broadsword, o Ardent, o Arrow e o Plymouth. No total, onze Daggers foram perdidos em combate com os britânicos. O restante da aeronave foi posteriormente atualizado para o padrão Finger (“Dedo”, em tradução livre), o padrão definitivo da aeronave.

Há supostos relatos que a Força Aérea da África do Sul (SAAF) recebeu uma pequena quantidade de células do Nesher, que serviram de base para o desenvolvimento da aeronave localmente produzida Atlas Cheetah.

ORIGENS

No início de 1962, a Força Aérea de Israel (IAF) introduziu o primeiro dos seus aviões de combate Dassault Mirage IIICJ. Nas próximas duas décadas, seria usado como uma plataforma de supremacia aérea, protegendo os céus de aeronaves hostis e alcançando um impressionante recorde de abates durante sua vida operacional. O desempenho do Mirage IIICJ logo foi considerado altamente positivo (atraindo a atenção de vários países, incluindo o Brasil, que futuramente iria adquirir um lote de caças Mirage IIIEBR/DBR), levando o tipo a ser considerado como um forte candidato a um maior e melhor desenvolvimento.

Durante o final da década de 1960, a IAF foi obrigada a adquirir aeronaves adicionais com a finalidade de substituir mais de sessenta aviões de combate que haviam sido perdidos durante os vários conflitos entre Israel e seus hostis vizinhos, incluindo a Guerra dos Seis Dias de 1967 e a Guerra de Atrito que se seguiu imediatamente e continuou até 1970. Além disso, uma grande corrida armamentista estava surgindo entre Israel e vários de seus vizinhos, como a Síria e o Egito, que estavam recebendo armamentos cada vez mais avançados da União Soviética durante esse período.

Assim, durante o mês de julho de 1970, Israel havia começado a trabalhar em um esforço conjunto com a fabricante de aviões francesa Dassault Aviation para desenvolver e produzir uma versão mais avançada de seu avião de combate Mirage III. O produto deste programa tornou-se conhecido como o Mirage 5 (ou V) e seria construído inicialmente pela França, mas também com a fabricação em Israel sob licença, onde seria chamado de Ra’am (“Trovão” em hebraico).

A Dassault havia prosseguido o desenvolvimento do Mirage 5 a pedido dos israelenses, que eram os principais clientes estrangeiros do Mirage III e davam preferência a França como fornecedor militar nessa época. Os requisitos específicos estabelecidos pelo IAF para a próxima versão do tipo eram para diminuir a ênfase à capacidade para todos os climas da aeronave e excluir seu principal sistema de radar em troca de maior capacidade e alcance de transporte de artilharia; isso foi possível graças ao clima predominantemente claro e às condições climáticas típicas presentes no Oriente Médio.

Mesmo antes do voo inaugural do protótipo, Israel fez um pedido para um lote de 50 aeronaves, bem como um par de aeronaves de treinamento do tipo, que eram destinadas à IAF. No entanto, o programa foi descontinuado durante janeiro de 1969, quando, em resposta à invasão israelense de 1968 no Líbano, o governo francês anunciou que estaria impondo um embargo de armas a Israel e a outros países do Oriente Médio.

A promulgação do embargo impediu a entrega das primeiras 30 aeronaves Mirage 5, que já tinham sido pagas por Israel, além das opções para mais 20 do tipo. Além de impedir novas entregas, também cortou todo o apoio francês para operar a frota de Mirage IIICJ existente da IAF. Estrategicamente, o embargo deu um grande impulso a Israel para desenvolver as capacidades de sua própria indústria doméstica de armas, a fim de atender às suas demandas.

Dassault Mirage 5F, do mesmo lote dos que foram embargados para Israel. (Reprodução Flickr)

O embargo francês foi um grande revés para a IAF, que estava interessada em introduzir a nova variante Mirage 5 para compensar as perdas operacionais durante a Guerra dos Seis Dias e complementar a atuação do Mirage IIICJ, que com o embargo começou a sofrer com a falta de peças de reposição. Em resposta à decisão francesa, Israel decidiu fabricar localmente as fuselagens (conhecidas inicialmente como projeto Ra’am A e B); supostamente Israel já possuía as plantas e os ferramentais necessários para a fabricação da aeronave, embora Israel não tenha obtido oficialmente uma licença de produção da Dassault. De acordo com algumas fontes, especula-se que a agência de inteligência israelense Mossad tenha desempenhado um papel fundamental na obtenção de algumas informações de fabricação, enquanto outras fontes alegam que o próprio fundador da Dassault, Marcel Dassault, pode ter fornecido informações sobre o projeto.

PRODUÇÃO

De acordo com tais fontes, a Dassault forneceu discretamente os gabaritos, fixadores e uma grande quantidade de componentes de aeronaves para Israel através de uma triangulação industrial da empresa israelense aeroespacial Israel Aircraft Industries e da norte-americana North American Rockwell, na qual foi concedida uma licença de fabricação em janeiro de 1968. Consequentemente, as primeiras fuselagens limpas, sem armas, eletrônica, assento ejetável ou motor foram entregues diretamente da Dassault na França e enviadas de navio para Israel. Ainda tais fontes alegaram que informações detalhadas sobre a turbina Atar da aeronave foram obtidas através do fabricante industrial suíço Sulzer, que havia produzido o motor para os Mirages da Força Aérea Suíça; com a obtenção desses projetos e possuindo vários motores Atar dos Mirages existentes da IAF para engenharia reversa, Israel foi capaz de fabricar seus próprios motores de forma independente.

Durante 1969, o IAI iniciou a fabricação do projeto. Oficialmente, Israel fabricou a aeronave depois de ter obtido um conjunto completo de desenhos e ferramentais. No entanto, algumas fontes afirmaram alternadamente que Israel recebeu 50 Mirage 5 desmontados e enviados em caixotes diretamente da Força Aérea Francesa (AdlA), enquanto a AdlA passou a assumir as 50 aeronaves que foram originalmente destinadas aos israelenses. Em setembro de 1969, o primeiro protótipo Nesher realizou seu primeiro voo. Em maio de 1971, o primeiro Ra’am A foi entregue ao IAF. Em novembro de 1971, a aeronave mudou de nome e passou a ser chamada de “Nesher”.

A estrutura básica do Nesher era idêntica à do Mirage 5, mas seus aviônicos foram desenvolvidos em Israel, juntamente com a adoção de um assento de ejeção zero-zero da Martin-Baker, e capacidade para operar uma ampla gama de mísseis ar-ar, incluindo o míssil israelense infravermelho Shafrir 1. No total, 51 caças Nesher (Nesher S) e dez Nesher (Nesher T) foram construídos pela IAI. O Nesher apresentava aviônicos mais simples do que o Mirage IIICJ da IAF, além de ser um pouco menos manobrável. No entanto, ele possuía um longo raio de alcance de combate e a capacidade de uma carga útil maior. A pouca manobrabilidade da aeronave não a impediu de ter um bom desempenho em combate aéreo durante a Guerra do Yom Kippur de 1973.

Em 1974, a produção do Nesher foi abandonada em favor de um derivado do Mirage mais avançado que havia sido planejado em paralelo ao Nesher (o projeto Ra’am B). A principal diferença dessa aeronave foi a substituição do motor Atar por um motor General Electric J79, construído sob licença em Israel. O J79 era um popular e confiável motor turbojato norte-americano para aviões de combate, já tendo sido usado em caças como o Lockheed F-104 Starfighter e o McDonnell Douglas F-4 Phantom II. A aeronave resultante recebeu o nome IAI Kfir.

USO OPERACIONAL

Israel

Linha de voo dos IAI Nesher da IAF durante os anos 70. (Reprodução Internet)

Em maio de 1971, o primeiro Ra’am A foi entregue ao IAF. A fabricação da aeronave continuou até fevereiro de 1974. Um total de 51 caças monopostos Nesher S e 10 treinadores Nesher T de dois lugares foram produzidos e entregues à IAF.

O ponto alto da carreira do Nesher na IAF ocorreu durante a Guerra do Yom Kippur de 1973, quando participou do conflito operado por quatro esquadrões da IAF, o 101 Squadron (“First Fighter”), o 117 Squadron (“First Jet”), o 113 Squadron (“Hornet”) e o 144 Squadron (“Guardians of the Arava”). A aeronave supostamente teve bom desempenho durante o conflito, os pilotos da IAF que voaram no modelo relataram que acumularam mais de cem vitórias aéreas, com cerca de quatro perdas.

IAI Nesher S em ação durante a Guerra do Yom Kippur.
(Reprodução Wikipedia)

Logo após o conflito, o governo israelense resolveu aposentar prematuramente o Nesher. A introdução do Kfir, mais capaz, havia diminuído a importância do Nesher, e seu agressivo envolvimento em operações ofensivas resultou no envelhecimento rápido das células. Após a retirada do serviço com a IAF, a maioria dos Neshers remanescentes foram vendidos para a Argentina, onde passou a ser conhecido como Dagger. Um pequeno lote foi repassado à África do Sul, que assim como Israel anteriormente, estava vivendo um embargo de armas devido ao regime do Apartheid.

Argentina

IAI Dagger A da Força Aérea Argentina (FAA) com a pintura azul aplicada durante a Guerra das Malvinas, para que os atiradores da Artilharia Anti-Aérea (AAA) não os confundisse com os ingleses. (Reprodução Pinterest)

Após a retirada do serviço na IAF, as aeronaves israelenses remanescentes foram reformadas e exportadas para a Força Aérea Argentina (FAA) em dois lotes, 26 caças foram entregues em 1978 e mais 13 em 1980. No serviço argentino, a aeronave inicialmente foi operada sob o nome de Dagger; no seu auge, a Argentina operava um total de 35 Dagger A de um único assento e quatro Dagger B de dois lugares. Em 1978 a aeronave foi usada para formar uma nova unidade aérea, a 6ª Brigada Aérea; esta unidade foi imediatamente formada e estruturada com o apoio da 8ª Brigada Aéreo (que operava o Dassault Mirage IIIEA) e da Força Aérea do Peru, que já era um usuário experimentado do Mirage 5. A urgência de sua implantação inicial foi consequência do conflito de Beagle, uma disputa territorial e uma crise diplomática entre a Argentina e o vizinho Chile durante aquele ano.

Durante a Guerra das Malvinas em 1982 entre a Argentina e o Reino Unido, os Daggers foram posicionados na base aérea naval do sul de Río Grande, na Terra do Fogo, e em um campo de pouso civil em Puerto San Julián. Apesar da falta de capacidade de reabastecimento aéreo e da grande distância de seus alvos, sendo as forças britânicas nas Malvinas/Falklands e as embarcações da Marinha Real, a aeronave conseguiu realizar um total de 153 surtidas contra alvos terrestres e navais através dos 45 dias de operações de combate. Durante seus ataques antinavio usando bombas e seus canhões de 30 mm, eles foram supostamente responsáveis por danificar vários navios, incluindo os HMS Antrim, Brilliant, Broadsword, Ardent, Arrow e Plymouth. No total, 11 Daggers foram perdidos em combate, com a morte de cinco pilotos; nove deles foram atribuídos a abates conseguidos via mísseis ar-ar AIM-9L Sidewinders disparados dos Sea Harriers e dois por mísseis superfície-ar (SAM), um Sea Wolf disparado pelo HMS Broadsword e um por SAM Rapier disparado por tropas terrestres.

Como parte do contrato de 1979 com a IAI, a Força Aérea Argentina estipulou que os Daggers seriam equipados com novos sistemas aviônicos e visor de alerta ao nível da cabeça – em inglês, Head Up Display (HUD), permitindo que eles se aproximassem ao padrão da nova aeronave IAI Kfir C.2. O programa, que se chamava Finger, já estava em andamento em 1982, quando eclodiu a Guerra das Malvinas. Embora o conflito tenha sido relativamente breve, uma das consequências da guerra foi que, como alguns desses sistemas foram feitos pela britânica Marconi Electronic Systems, tornou-se necessário substituir os sistemas construídos pelos britânicos após o embargo de armas imposto pelo governo do Reino Unido logo após o final da guerra. O trabalho correspondente para substituir tais sistemas levou os aviões a serem modificados para o padrão final “Finger IIIA” (Caça) e “Finger IIIB” (Treinamento). Esses modelos diferiam principalmente do padrão original do Finger na substituição de equipamentos de origem britânica por similares de fabricação francesa, em grande parte da Thomson-CSF.
 
IAI Dagger da FAA em rota para as Ilhas Malvinas no dia 21 de maio de 1982. (Foto: Sr. Victor Hugo Martinón)

Após o final da guerra e da elevação de todos os Daggers sobreviventes para o padrão Finger, as aeronaves participaram ativamente de diversos exercícios militares, tanto da Força Aérea Argentina, quanto combinados com outras forças aéreas amigas, como o exercício ÁGUILA junto com os caças Lockheed Martin A-4AR Fightinghawk da Força Aérea Argentina e o Lockheed Martin F-16A/B Fighting Falcon da Guarda Nacional Aérea dos Estados Unidos (ANG), a CRUZEX no Brasil, CEIBO, na Argentina, dentre outras operações.

Finalmente, no dia 29 de novembro de 2015, em uma cerimônia formal, os Finger foram aposentados, juntamente com o restante das aeronaves da família Mirage ainda operacionais, após trinta e sete anos de serviço ativo.

PERDAS DO IAI DAGGER DURANTE A GUERRA DAS MALVINAS/FALKLANDS
NÚMERO
DATA
CAUSADOR
PILOTO/FATO
C-433
1º de maio
Sea Harrier XZ455 / “12”
Tenente Ardiles / morto
C-428
21 de maio
Sea Wolf do HMS Broadsword
Tenente Bean / morto
C-403
21 de maio
Sea Harrier ZA190 / “009”
Capitão Donadille / ejetou
C-404
21 de maio
Sea Harrier ZA190 / “009”
Major Piuma / ejetou
C-407
21 de maio
Sea Harrier ZA175 / “004”
Tenente Senn / ejetou
C-409
21 de maio
Sea Harrier XZ455 / “12”
Tenente Luna / ejetou
C-437
23 de maio
Sea Harrier ZA194 / “54”
Tenente Volponi / morto
C-410
24 de maio
Sea Harrier ZA193 / “93”
Tenente Castillo / morto
C-419
24 de maio
Sea Harrier XZ457 / “14”
Major Puga / ejetou
C-430
24 de maio
Sea Harrier XZ457 / “14”
Capitão Diaz / ejetou
C-436
29 de maio
SAM Rapier de tropas em terra
Tenente Bernhardt / morto

África do Sul

Atlas Cheetah E, da Força Aérea da África do Sul (SAAF). (Reprodução Wikipedia)

O embargo de armas imposto pela Resolução 418 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, iniciado em novembro de 1977 devido a política racista do governo sul-africano, chamado de Apartheid, impediu a África do Sul de comprar novas aeronaves (e outros equipamentos militares) de outros países, tornando assim a modernização das aeronaves existentes a única opção.

Na época, a frota de jatos de alta performance da Força Aérea da África do Sul (SAAF) era composta por uma boa quantidade de aeronaves Dassault Mirage III (EZ/CZ/BZ/DZ/D2Z/RZ/R2Z) e Mirage F1 (AZ/CZ). Embora os Mirage F1 fossem os mais modernos da frota, tendo sido entregues a partir de 1977 (pouco antes do início do embargo), eles eram o elemento primário da frota de defesa aérea e de ataque da África do Sul e retirá-los para uma atualização teria deixado uma lacuna inaceitável em sua defesa aérea e capacidade de ataque.

Além disso, os recursos poderiam ser integrados ao Mirage III de upgrades pré-existentes relacionados a aeronaves relacionadas, como a família Mirage V/Nesher/Kfir e o projeto Mirage 3NG (baseado no Mirage III). Consequentemente, a frota Mirage III da SAAF foi escolhida como base para a atualização, a ser conhecida inicialmente como “Projeto Cushion” (Almofada, em tradução livre)

Israel já estava vendendo tecnologia militar para a África do Sul por meio do polêmico Acordo Israel-África do Sul. Por exemplo, as peças de reposição dos Mirage III sul-africanos foram compradas em Israel e os assessores militares israelenses foram incorporados nas unidades da SAAF.

Devido a tais fatores, algumas publicações de aviação suspeitam que a Israel Aircraft Industries esteve diretamente envolvida em pelo menos nos estágios iniciais da atualização do Projeto Cushion, e que alguns componentes foram adquiridos diretamente de Israel. Cinco caças IAI Nesher podem ter sido adquiridos da Força Aérea de Israel para os testes da aeronave, que posteriormente se tornou o Atlas Cheetah, e depois as peças restantes foram absorvidas pela frota existente.

O trabalho foi realizado pela Atlas Aviation (antiga Atlas Aircraft Corporation e depois Denel Aviation). A Atlas também conseguiu adquirir técnicos qualificados com conhecimento relevante de Israel, após o cancelamento do projeto avançado de combate israelense, conhecido como IAI Lavi, nos anos 1980.

O Atlas Cheetah operou na SAAF até 2008 e depois foram transferidos para o Equador (10 aeronaves em 2010), para a operadora privada com sede nos Estados Unidos Draken International (12 aeronaves adquiridas em 2017) e duas aeronaves que são usadas pela Denel Aviation para testes.

MODELOS

Nesher S: Versão de caça de um único assento para a Força Aérea Israelense.
Nesher T: Versão de treinamento de dois lugares para a Força Aérea Israelense.
Dagger A: Versão de caça de um único assento reformada para a Força Aérea Argentina.
Dagger B: Versão de treinamento de dois lugares reformada para a Força Aérea Argentina.
Finger: Versão proposta do Dagger modernizado com equipamentos ingleses, não construído.
Finger IIIA: Versão modernizada com equipamentos franceses do Dagger A.
Finger IIIB: Versão modernizada com equipamentos franceses do Dagger B.

OPERADORES

África do Sul
Força Aérea da África do Sul (SAAF): 05 Nesher S na década de 1980, apenas para testes (nunca operacionais).

Argentina
Força Aérea Argentina (FAA): 35 Nesher S e 04 Nesher T recebidos entre 1978 e 1981, convertidos para o padrão Dagger A e B, os sobreviventes da Guerra das Malvinas/Falklands depois foram convertidos para o padrão Finger IIIA/B todos retirados de serviço em 2015.

Israel
Força Aérea de Israel (IAF): 61 Nesher S e 10 Nesher T, operados entre 1971 e 1977.

ESPECIFICAÇÕES (IAI FINGER IIIA/B)


Características gerais

Tripulação: 1 × piloto em versões de um assento, 2 × pilotos em versões de dois assentos
Comprimento: 15,6 m (51 pés)
Envergadura: 8,2 m (27 pés)
Altura: 4,3 m (13,9 pés)
Superfície Alar: 34,8 m² (374,6 pés²)
Peso vazio: 6 570 kg (14 480,3 lb)
Peso carregado: 10 770 kg (23 737,1 lb)
Peso útil: 6 930 kg (15 273,7 lb)
Peso máximo de decolagem: 13.500 kg (29 754 lb)
Motor: 1 × turbojato Snecma Atar 9C-5.
Empuxo normal: 42 kN (4 283 kgf; 9 442 lbf) empuxo.
Empurre com pós-combustor: 60,8 kN (6 200 kgf; 13 668 lbf) de empuxo.

Desempenho

Velocidade máxima de operação: 2 350 km/h (1 460 MPH, 1 269 kt) a 12.000 m (39 370 pés) de altitude
Velocidade de cruzeiro: 956 km/h (594 MPH, 516 kt)
Alcance: 1.300 km (1186 km com 4.700 litros de combustível auxiliar em 2 tanques externos mais 2 mísseis ar-ar e 2600 lb de bombas)
Teto de serviço: 17.680 m (58.005 pés)
Regime de subida: 83 m/s (16 338 pés/min)

Armamento

Canhões: 2 × DEFA 552 30 mm (1,1811 polegadas) com 125 munições cada
Pontos de ancoragem: 7 (6 subalares e 1 sob a fuselagem) com uma capacidade de 4200 kg (9 259,4 lb), para carregar uma combinação de:
Bombas: 4 × Bombas Mark 81 de uso geral de 113 kg (250 lb); 2 × Mark 82 de uso geral de 227 kg (500 lb) ou Mark 83 de 460 kg (1.000 lb)
Foguete: 2 × recipientes LAU-61/A com 19 × FFAR 70 mm (2,7 polegadas) cada
Mísseis: 2 × mísseis ar-ar Rafael Shafrir 2 ou AIM-9D Sidewinder
Outros: até 3 × tanques de combustível externos

Aviônicos

Thompson CSF head-up display
Radar telemétrico Elta EL/M-2001B



FOTO DE CAPA: IAI Nesher T da Força Aérea de Israel durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973. (Reprodução Internet

Com informações retiradas da Wikipedia.


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Por Luiz Reis, Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e o Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas do GBN Defense. Presta consultoria sobre História da Aviação, Aviação Militar e Comercial. Contato: [email protected]


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