domingo, 3 de maio de 2020

O desafio da US Army com futuro de suas Asas Rotativas


Enquanto a USAF segue em ritmo acelerado para substituir boa parte das suas aeronaves táticas dos idos da Guerra Fria, com o F-22A e o F-35A já em plena operação, e a US Navy fazendo o mesmo com seus F-35B, F-35C, F-18E/F e EA-18G, o US Army segue ainda com seus AH-64 Apache e UH-60 Blackhawk como suas aeronaves de asas rotativas padrão de ataque e transporte, respectivamente.

O US Army está bem ciente que, apesar de serem excelentes plataformas, ambos já sentem o peso da idade. Para remediar a situação, estão em andamento os programas FARA (Aeronave Futura para Reconhecimento Armado), FLRAA (Aeronave Futura de Assalto de Longo Alcance), ambos parte do FVL (Transporte Vertical Futuro).

Bell 360 Invictus
Para o FARA, foram definidos em 25 de março deste como finalistas, o Bell 360 "Invictus" e o Sikorsky "Raider" (derivado do Sikorsky-Boeing SB-1 Defiant). Para o FLRAA foram definidos como finalistas no dia 16 de março, o Bell V-280 "Valor" e o Sikorsky-Boeing SB-1 "Defiant", notável destaque para equipe de projetos da Sikorsky, que esta presente como finalista com projetos nos dois programas.

Se tudo seguir conforme o planificado nos cronogramas apresentados, os testes comparativos do FARA e do FLRAA devem ter início em 2022, com as avaliações sendo finalizadas em 2024, quando deverá ser definido os vencedores de ambos programas.

S-97 Raider
Além do US Army, há grandes chances de USAF, USMC (Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA) e US Navy também optarem pela aquisição de exemplares das aeronaves vencedoras no contexto do FVL, o que significa contratos de bilhões de dólares para os vencedores.

A escolha não deve ser simples - enquanto um tem, teoricamente, um caminho mais fácil de desenvolvimento devido à tecnologia mais madura, o "Raider" oferece vantagens em desempenho e alcance. Enquanto o "Defiant" oferece características de agilidade similares à de um helicóptero tradicional, o "Valor" oferece velocidade, alcance e altitude operacional consideravelmente melhores (fichas técnicas dos protótipos seguem ao final do artigo).

SB-1 Defiant
Além das preocupações puramente técnicas, não é nada fácil substituir plataformas tão maduras e eficientes como o Apache e o Black Hawk, e juntam-se outras questões.

A primeira é que o FVL não é o único processo do US Army em andamento, há também o ERCA (Artilharia de Tubo de Alcance Estendido), o LRPF (Fogo de Precisão de Longo Alcance), LRHW (Arma Hipersônica de Longo Alcance), NGSW (Armas de Esquadrão de Próxima Geração)... todos de alta importância, dada a obsolescência em lote dos sistemas do US Army, e todos competindo por orçamentos e pessoal cada vez mais escassos. É improvável que todos sigam dentro do cronograma, e é improvável que nenhum deles seja cancelado ou tenha o escopo reduzido, trabalhando lado a lado com as plataformas que deveriam substituir, assim como foi o F-22 na USAF, que segue lado a lado com o F-15.

V-280 Valor
Outra questão que segue indefinida é qual será a estratégia futura do US Army, no momento em que os EUA mudam o foco de guerras assimétricas no escopo da GWOT (Guerra Mundial Contra o Terrorismo) para guerras simétricas com inimigos como a China e a Rússia. Essa mudança de foco, já refletida em programas como o LRHW, ERCA e LRPF, podem ainda influenciar em programas que seguem dando trabalho para os planejadores, os substitutos do MBT (carro de combate) M-1 Abrams e IFV (veículo de combate de infantaria) M-2 Bradley. O US Army já tentou várias vezes substituir esses blindados sobre lagartas, mas esses programas foram cancelados por questões técnicas e/ou orçamentárias.

CONCLUSÃO

O US Army tem, possivelmente, os meios mais antigos dentre os grandes ramos das Forças Armadas americanas; enquanto a USAF substituiu boa parte dos seus meios mais antigos, e segue na substituição dos bombardeiros e aviões-tanque, a US Navy está colocando em uso novos caças táticos, submarinos e NAe (Navios-Aeródromo), o US Army segue com basicamente as mesmas plataformas, com apenas alguns sistemas relativamente recentes, como o APC (Veículo Blindado de Transporte de Tropas) Stryker e o JLTV (Veículo Tático Leve Conjunto).

A consequência primeira desse atraso na substituição de tantas plataformas é a obsolescência em bloco, que gera a necessidade de tocar vários processos de seleção de novas plataformas simultaneamente. O fato de que o orçamento militar dos EUA corre um sério risco de ficar estagnado e até mesmo diminuir nos próximos anos complica ainda mais a situação.

Tabela 1. Velocidades e alcances dos concorrentes no FARA e FLRAA


Invictus
Raider
Valor
Defiant
Velocidade máxima, km/h
330
410
520
475
Alcance, km
250
570
1480
450

Por: Renato Marçal


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