Recentemente, no dia 6 de maio o navio aeródromo "Cavour", capitânia da Marina Militare (Marinha Italiana), deixou o Arsenale Militare Marittimo de Taranto depois de completar 16 meses nos quais passou por um extenso programa de manutenção e atualização, onde foram inseridas modificações no navio para que o mesmo possa operar com segurança o F-35B STOVL, dentre os diversos trabalhos realizados no período, um dos mais significativos foi a adequação do convoo, que recebeu novo revestimento térmico para operação do novo caça, dentre outras intervenções necessárias.
Mas, o principal foco dessa matéria, não trata especificamente do "Cavour", mas sim da disputa que se desenrola nos bastidores da defesa italiana, onde Marinha e Força Aérea disputam o direito de operar as 15 aeronaves F-35B adquiridas pela Itália, um número muito longe do quantitativo necessário tanto para Marina Militare como para Aeronautica Militare, e que pode resultar na negativa dessas aeronaves para aviação naval italiana, o que seria um grande revés e fator limitante as capacidades efetivas de emprego do "Cavour", tendo em vista que daqui alguns anos os vetustos AV-8B chegarão ao final de seu ciclo de vida.
Para entender a disputa, precisamos retroceder um pouco no tempo, quando no inicio do programa JSF, a Itália tinha pretensão de adquirir 121 aeronaves F-35, dos quais inicialmente seriam destinadas 22 células da variante F-35B para Marina Militare, porém, o programa sofreu uma redução na encomenda inicial, fixando a compra em 90 aeronaves, com 60 variantes F-35A para Aeronautica Militare, e 30 aeronaves F-35B, destas sendo 15 destinadas a Marina Militare e outras 15 a Aeronautica Militare.
O governo italiano esta revisando sua participação no programa, e o contrato referente ao segundo lote de aeronaves (F-35B) esta sob análise, onde ainda não há definição se será executado ou não. Com essa incerteza, as duas forças italianas reivindicam a operação do lote inicial de 15 aeronaves "Bravo" que estão sendo adquiridas. A força aérea italiana reivindica o recebimento das aeronaves como complemento as suas capacidades com a retirada de operação do "Tornado", enquanto a Marinha defende sua necessidade diante de retirada em breve dos seus 15 AV-8B de operação, o que abriria uma preocupante lacuna em suas capacidades operativas.
O F-35B possui um custo superior aos F-35A, além de ser a única aeronave de asa fixa capaz de atender as necessidades da Marina Militare para dotar o destacamento aéreo embarcado de seu NAe, lembrando que apenas 15 aeronaves não atendem completamente a demanda daquela marinha, uma vez que a mesma possui em seu inventário além do NAe "Cavour" que desloca 28.000 ton, comissionado em 2009, o veterano NAe "Giuseppe Garibaldi" que opera desde 1985, deslocando tímidas 13.850 ton, cumprindo hoje papel de LHA/LHD desde a chegada do "Cavour", e deverá ser descomissionado em 2022, sendo substituído pelo LHD Trieste, que deslocará 33.000 ton, projetado para operar com meios aéreos como o F-35B.
Um dos argumentos de defesa para que os F-35B sejam entregues a marinha, aponta as características específicas do F-35B, as quais não seriam plenamente exploradas pela força aérea, uma vez que a mesma não apresenta prioridade no emprego de uma aeronave STOVL, observando que a mesma não pode ser empregada sem a devida infraestrutura, o que pode comprometer a segurança operacional.
O fato inconteste é que a Marina Militare possui mais navios capazes de operar asa fixa do que aeronaves para dotar o DAE destes meios, o que leva a um questionamento sobre os objetivos e capacidades necessários para otimizar ao máximo as capacidades de emprego de seus meios, sem que a lacuna leve ao sub-emprego das capacidades daquela marinha, ou pior, a prive de possuir capacidade aérea de combate compatível com a sua necessidade estratégica de defesa.
Em meio as incertezas, o Cavour segue a programação prevista, onde realizará a viagem aos Estados Unidos, onde receberá a bordo os dois primeiros F-35B da Itália, afim de realizar o processo de treinamento e integração das novas aeronaves.
GBN Defense - A informação começa aqui
0 comentários:
Postar um comentário