sexta-feira, 29 de maio de 2020

Esquadrão HS-1 "Guerreiro" completa 55 anos - Conheça a história do Esquadrão Antissubmarino

Criado há 55 anos, o 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (EsqdHS-1), possui uma capacidade ímpar dentre os meios aéreos com os quais dispõe nossa Esquadra. Hoje operam o moderno SH-16 SeaHawk, um dos mais versáteis meios de asas rotativas, capaz não só de executar sua missão primária de Guerra Antissubmarina (ASW), capaz de lançar ataque a meios de superfície (ASuW), dentre outras missões.


Como tudo começou

A criação do Esquadrão HS-1 veio à reboque do contraditório Decreto nº 55.627 de 26 de janeiro de 1965, o qual tirava da Marinha do Brasil o direito de operar aeronaves de asa-fixa, restrição que perdurou até 1998, resultando na criação de algumas lacunas nas capacidades de nossa Força Aeronaval e que aos poucos vem sendo gradativamente suprimidas. 

No dia 28 de maio de 1965, através do Aviso nº 0830, o Exmo. Sr. Ministro da Marinha, Almirante-de-Esquadra PAULO BOSISIO, determinou a ativação imediata do 1º. Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (EsqdHS-1)

Curiosamente, as primeiras aeronaves do esquadrão foram os Sikorsky SH-34J, transferidos pela Força Aérea Brasileira, oriundos do 2º/1º Grupo de Aviação Embarcada (2º/1º GAE), recebendo na Marinha do Brasil a designação de SH-1, carinhosamente apelidados de "Baleia", totalizando seis aeronaves (N-3001,N-3002,N-3003,N-3004,N-3005 e N-3006). A tripulação do EsqdHS-1 recebeu instrução e foi qualificada para operação da "nova" aeronave na Base Aérea de Santa Cruz, sendo instruídos pelo pessoal do 2º/1º GAE. Após concluir o período de instruções e certificações, a nova Organização Militar (OM) em julho daquele mesmo ano transladou suas aeronaves para seu novo "ninho" na recém criada BAeNSPA, também conhecida como "Macega", apelidado dado a base devido as extensas áreas de mata que circundavam então a nova Base.


Sikorsky SH-34J, denominados SH-1 pela Marinha do Brasil, apelidados carinhosamente de "Baleia"

Em 1967 o EsqdHS-1 realizou com SH-1 N-3001 o primeiro lançamento aéreo de torpedo pela Marinha do Brasil, um importante marco que elevou a Força Aeronaval a um novo patamar de capacidade operativa com emprego de armamentos aerotransportados

O EsqdHS-1 passou a contar com maior capacidade com a chegada dos robustos Sikorsky SH-3D Sea King, os quais tiveram os primeiros quatro exemplares desembarcando aqui em 29 de abril de 1970, dando maior flexibilidade ao esquadrão, que agora contava com os "vetutos" SH-1 (SH-34J) e o majestoso SH-3D Sea King. 



A chegada dos novos meios também trouxe a capacidade de operar noturno com maior segurança, representando um importante ganho no leque do NAeL Minas Gerais, os quais receberam identificação N-3007, N-3008, N-3009 e N-3010, as quais posteriormente foram adicionados mais duas aeronaves, sendo N-3011 e N-3012.

Após quase nove anos de serviço, e acumulando um histórico de operação marcado por uma série de limitações operacionais, inúmeros incidentes e alguns acidentes graves, foi decidido então em 1974 desativar as aeronaves SH-34J, com EsqdHS-1 passando contar apenas com suas seis aeronaves SH-3D Sea King, as quais veriam em 1984 a chegada de quatro novas aeronave de origem italiana SH-3A Sea King (N-3013 à N-3016), estas com moderna aviônica e capacidade de empregar o temível míssil ar-superfície francês AM39 "Exocet", ao passo que as seis aeronaves SH-3D de origem norte americana foram enviadas à Agusta na Itália para passar por um extenso programa de modernização, sendo elevadas ao padrão das quatro ultimas células recebidas, recebendo a nova designação SH-3A.



A frota de "Sea King" do "Esquadrão Guerreiro" viria a aumentar em 13 de maio de 1996, quando foram recebidas via FMS seis aeronaves Sea King dos estoques norte americanos, estas aeronaves possuíam uma arquitetura de aviônica e sensores diferente do SH-3A modernizado na Itália, contando com sensores e um sonar mais moderno, levando os mesmos a ser designados como SH-3B Sea King (N-3017 à N-3019 e N-3029 à N-3031, esse "salto" do N-3019 para N-3029, se deve ao fato das nove primeiras aeronaves AH-11 Lynx do EsqdHA-1 terem recebido a identificação N-3020 à N-3028).


Uma história de pioneirismo e feitos

O Esquadrão HS-1 possui uma rica história de conquistas e feitos memoráveis, tendo o pioneirismo em seu DNA e a garra que define um "Guerreiro", contando com uma invejável folha de serviço, tendo realizado inúmeras missões, várias vezes protagonizaram resgates no mar, salvando inúmeras vidas. 

O "Esquadrão Guerreiro" também possui um vasto número de prêmios e menções honrosas. Dentre as diversas citações meritórias já recebidas, o HS-1 realizou em alto mar, a 150 milhas de Vitória, um salvamento noturno sob condições adversas, resgatando com sucesso duas vidas no dia 8 de janeiro 1989, sendo laureado por este feito pela Sikorsky Helicopter, a qual agraciou o Esquadrão HS-1 com Diploma e Distintivo "Sikorsky Helicopter Rescue Award - For skill and courage while participating in a lifesaving mission with a Sikorsky Helicopter"

O Esquadrão foi também consagrado por duas vezes consecutivas nos anos de 1994, 1995 e novamente em 1998 com o "Prêmio Contato CNTM", outorgado pelo Comando do Controle Naval do Tráfego Marítimo (ComCoNTraM), que é destinado às unidades aéreas da Marinha do Brasil que mais contribuem para o controle do tráfego marítimo no país, lembrando que neste ano, o navio russo "Yantar" foi abordado no dia 17 de fevereiro por uma aeronave SH-16 do HS-1, a qual realizou esclarecimento visual e contato com navio que se encontrava em situação suspeita à 75 NM da Boca da Barra no Rio de Janeiro. 

Em abril de 1995, o HS-1 foi agraciado com a "Menção Honrosa para Unidades de Helicópteros" da Revista Aérea do Chile, pelo sucesso obtido durante uma operação de resgate no mar em maio de 1994. O Esquadrão recebeu em 1987 e 1995 o "Troféu de Segurança de Aviação" do Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Marinha (SIPAerM).

Em breve publicaremos matérias abordando mais detalhadamente os mais relevantes feitos do HS-1 ao longo desses 55 anos de história.


A "Majestade dos Mares" da lugar ao "Falcão dos Mares"



Em agosto de 2012 o Esquadrão se despediu do valente SH-3A/B Sea King, os quais foram substituídos por outra obra-prima da Sikorsky, passando a contar com o Sikorsky S-70B SeaHawk, designados SH-16 SeaHawk no Marinha do Brasil, sendo considerada uma das mais capazes aeronaves do tipo, inclusive superando em vários aspectos a variante mais moderna do tipo, o MH-16R. Inicialmente foram quatro aeronaves (N-3032 à N-3035) e posteriormente recebeu mais duas unidades (N-3036 e N-3037), estas seis aeronaves foram adquiridas novas de fábrica, e representam um enorme ganho em capacidade operacional, possuindo um vasto leque de possibilidade de emprego.

Esquadrão HS-1 destacado no PHM Atlântico na Aspirantex-2020  foto:GBN Defense


Bravo-Zulu

Em breve nós publicaremos uma matéria completa sobre o SH-16 e seu emprego com HS-1, trazendo ao nosso público um conhecimento ímpar sobre essa aeronave e principalmente sobre o Esquadrão Guerreiro, com os quais já tive oportunidade de voar em algumas ocasiões.

Destacados no PHM Atlântico durante Aspirantex 2020 - Foto: GBN Defense


Diante de tanta história e tradição, quero render uma justa homenagem aos "Guerreiros" de ontem e os "Guerreiros" de hoje, e parabenizo ao seu Comandante, Capitão-de-Fragata 
Célio Peres de Freitas, e toda sua tripulação pelos grandes feitos do nosso 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarinos ( Esquadrão HS-1 "Guerreiro"), pelo glorioso passado, escrevendo com pioneirismo, sacrifício e trabalho árdua, sua valorosa história, sempre fiéis ao seu lema "AD ASTRA PER ASPERA", do latim "É árduo o caminho para os astros"

Um Bravo-Zulu a toda essa família HS-1 "Guerreiros".


por: Angelo Nicolaci

Fotos: Cedidas pelo EsqdHS-1 "Guerreiro"



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