Líderes de Rússia e Turquia chegam a acordo após agravamento do conflito deixar tropas dos dois países próximas a um confronto direto. Crise na província de Idlib levou à fuga de quase um milhão de pessoas.
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, anunciaram nesta quinta-feira (05) um acordo para um cessar-fogo no noroeste da Síria, onde o agravamento do conflito ameaça deixar tropas dos dois países próximas a um confronto direto.
O pacto, atingido após seis horas de negociação em Moscou, visa a suspensão dos combates na província de Idlib, onde forças turcas combatem os avanços de tropas sírias apoiadas pela Rússia.
Um dos objetivos do acordo também seria evitar maiores danos às relações bilaterais e ao florescente comércio entre os dois países. O cessar-fogo entra em vigor à meia-noite, no horário sírio.
A província é a última região controlada pela oposição na Síria, após nove anos de guerra civil. Os conflitos levaram à fuga de quase um milhão de pessoas desde dezembro de 2019, quando teve início a mais recente ofensiva do governo de Bashar al-Assad.
Trata-se da maior onda de deslocamento desde o começo da guerra civil. Muitos dos refugiados acabaram sendo empurrados para a fronteira síria com a Turquia, que já abriga 3,6 milhões de refugiados sírios e se recusa a acolher ainda mais.
Putin expressou o desejo de que o pacto sirva como base para o "fim dos combates na zona desmilitarizada em Idlib" e possa ainda "encerrar o sofrimento da população civil e conter a crescente crise humanitária".
Erdogan ressaltou que ele e o líder russo concordaram em ajudar os refugiados a retornarem para suas casas. Ele, porém, destacou que seu país se reserva o direito de "retaliar com toda a força qualquer ataque" das forças sírias.
Os dois líderes disseram que o acordo envolve a criação de um corredor de segurança de 12 quilômetros de extensão em torno de uma rodovia considerada estratégica em Idlib, que será patrulhada em conjunto pelos dois países a partir de 15 de março.
Putin ofereceu condolências a Erdogan pela morte de militares turcos em um ataque aéreo russo, mas ressaltou que as tropas sírias também tiveram baixas significativas. O total de mortes de soldados turcos na Síria aumentou para 59 nesta quinta-feira.
A situação na província de Idlib se agravou após a Turquia realizar pela primeira vez um ataque direto contra tropas de Assad. Nos últimos dias, houve violentos confrontos aéreos e por terra entre forças turcas e sírias.
Após a Turquia derrubar aviões da Força Aérea da Síria, Moscou, em tom de ameaça, alertou Ancara que suas aeronaves não estariam seguras se adentrassem o espaço aéreo sírio. Aviões militares russos fornecem apoio a operações em solo das tropas sírias.
Fonte: Deutsche Welle
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