sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Tomamos Monte Castello!!! 75 anos da tomada de Monte Castello - A Cobra continua Fumando!

Tomamos Monte Castello!!! Há exatos 75 anos, no dia 21 de fevereiro de 1945, nossos Pracinhas da FEB, Força Expedicionária Brasileira, tomavam Monte Castello, após uma dura e sangrenta batalha, nós impusemos uma dura derrota aos alemães, e escrevíamos um dos grandes feitos da FEB durante a 2ª Guerra Mundial. Conheça a história aqui no GBN Defense.

Monte Castello foi nosso batismo de fogo, a primeira vitória brasileira no front europeu, nossos heróis escreviam a história a cada passo, foram quatro tentativas frustradas, mas seguimos rumo ao cume de Monte Castello e o conquistamos.

Apesar da grande importância que representa, essa não foi a maior batalha que nossa FEB enfrentou nas longínquas terras italianas, mas teve um significado muito grande para nós brasileiros, sendo o batismo de fogo de nossas tropas e uma importante vitória, demonstrando o espirito aguerrido e as qualidades do combatente brasileiro frente as adversidades e limitações, superando tudo e alcançado a vitória sobre os até então "temíveis" alemães.

Apesar de poucos darem valor à nossa história, a qual deveria ser corretamente ensinada nas escolas brasileiras, demonstrando respeito aos heróis que lutaram pela liberdade há mais de 75 anos, o GBN Defense mantém o compromisso de valorizar a nossa história e os feitos de nossos heróis, para que todos brasileiros possam conhecer quem realmente são nossos heróis, diante de uma sociedade que tem perdido sua identidade e valores.

Nos idos da Segunda Guerra, nós brasileiros não tínhamos experiência de combate, nem ao menos estávamos devidamente preparados para o que seria enfrentado no teatro de operações europeu, nossos Pracinhas haviam sido preparados de última hora. Na Batalha de Monte Castello, os Pracinhas avançaram destemidamente montanha acima, enfrentando não apenas um inimigo muito bem armado e posicionado, mas enfrentando o rigoroso inverno europeu, o qual não estávamos acostumados e no princípio de nossa atuação, despreparados para enfrentar o combate sob temperaturas que muitas vezes estavam à 20ºC abaixo de zero. Mas Monte Castello tinha que cair para que as tropas aliadas pudessem avançar rumo ao norte da Itália, era um ponto estratégico vital para o sucesso das operações contra as forças nazi-facistas que dominavam a Itália. 

A sangrenta batalha durou três meses, sendo resultado de várias tentativas de tomada pelos aliados, onde na primeira as tropas norte-americanas lograram êxito em tomar o cume do monte em 25 de novembro de 1944, porém, uma contra ofensiva poderosa, lançada pelos homens da 232ª Divisão de Infantaria germânica, a qual estava sob comando do tenente-general Eccard Freiherr von Gablenz, um veterano de Stalingrado e que tinha entre seus homens muitos veteranos do front soviético, sendo uma tropa extremamente experiente e preparada, responsável pela defesa dos montes Castello e Della Torracia, retomaram as posições perdidas, obrigando os soldados americanos e nossos Pracinhas a abandonar as posições conquistadas.

Em 29 de novembro, foi planejado o segundo ataque contra Monte Castello. Desta vez a contraofensiva contaria com três batalhões, o avanço teria o suporte de três pelotões de blindados norte americanos. A véspera do ataque, na noite do dia 28, os alemães lançaram um feroz contra-ataque contra o monte Belvedere, tomando a posição dos americanos e deixando descoberto o flanco esquerdo dos aliados.

Apesar do revés, as forças aliadas mantiveram o plano, apesar das dúvidas quanto ao sucesso da operação, tendo sido cogitado seu cancelamento, mas as tropas já haviam ocupado suas posições, sendo mantido o ataque, o qual teve início às 7 horas da manhã daquele dia nublado e chuvoso, sob condições climáticas extremamente severas, que impediam o apoio aéreo as tropas no solo, bem como a lama criada pelas chuvas impedia o avanço das forças blindadas, o ataque foi feito unicamente pela FEB, composto por um batalhão de cada um dos seus três regimentos. 

As forças brasileiras sob o comando do general Zenóbio da Costa avançaram sobre o território inimigo, os alemães da 232ª Divisão de Infantaria que haviam expulsado os americanos do Monte Belvedere na véspera, se mantinham em posição vantajosa no flanco esquerdo das tropas brasileiras. Assim, os brasileiros que tentavam subir o monte eram alvo do fogo inimigo que vinha não só do Monte Castello á sua frente, mas também do Monte Belvedere no seu flanco esquerdo. Apesar desse cenário complexo, os brasileiros conseguiram um significativo avanço, mas os mesmos infelizmente não conseguiram sustentar as posições diante do pesado contra-ataque alemão, o qual forçou nossas tropas a retroceder as posições iniciais.

Um quarta tentativa de tomada do Monte Castello ocorreu no dia 12 de dezembro de 1944, esta a mais sangrentas batalhas que a FEB enfrentou no teatro de operações europeu, sob desvantagens impostas pelas condições climáticas e do terreno, as forças brasileiras avançaram bravamente em meio a chuva, lama e o frio, as "Lurdinhas" cantavam sem parar, com o som da morte que rondava nossos combatentes do 2º e 3º batalhões do 1º Regimento de Infantaria, os quais avançaram tomando algumas posições, os feitos foram descritos como milagres. Mas o avanço custou muito alto aos aliados e as forças brasileiras, resultando em mais de 140 baixas, das quais 20 brasileiros tombaram em combate vítimas do pesado fogo da artilharia alemã.
O novo revés aliado reforçou a convicção de Mascarenhas de Morais, de que o Monte Castello só seria tomado se toda a divisão fosse empregada no ataque, não apenas alguns batalhões, como vinha sendo ordenado pelos norte americanos do 5º Exército. 

Mas a coisa mudou, com novas ordens e uma estratégia como a idealizada pelo general Brasileiro, a 10ª Divisão de Montanha do Exército norte americano lançou um ataque ao Monte Belvedere no dia 18 de fevereiro, com intuito de tomar aquela posição e proteger assim o flanco direito das forças brasileiras que avançariam com seus três regimentos no dia 20 de fevereiro. Porém, mais uma vez os norte americanos não conseguiram tomar a posição, mas seu ataque atraiu a atenção dos alemães, o que reduziu o fogo sobre as posições brasileiras que avançaram ferozmente rumo ao cume de Monte Castello.

No dia 21 de fevereiro de 1944, às 5h30 da manhã a FEB lançava seu ataque feroz contra as defesas alemãs, um verdadeiro inferno se instalou no Monte Castello, uma fração de americanos da 10ª Divisão de Montanha, atacou lado a lado com os brasileiros. O plano do ataque foi arquitetado pelo oficial de operações da FEB, o tenente-coronel Humberto de Alencar Castelo Branco.


Após 12 horas de progressão em terreno difícil, usando as lições aprendidas nas tentativas anteriores, os Pracinhas avançaram, evitando um ataque frontal as posições alemãs, as forças brasileiras flanquearam o inimigo, sob apoio de fogo da Artilharia Divisionária sob comando do General Cordeiro de Farias, que lançou um preciso e imprescindível fogo de barragem que permitiu que às 17h30 daquele dia 21 de fevereiro, os primeiros soldados do Batalhão Franklin do 1º Regimento chegaram ao cume do Monte Castello, e às 18 horas o pelotão brasileiro conquistou a posição definitivamente.

Do outro lado, os americanos ainda não haviam vencido a resistência alemã no Belvedere, só o fazendo noite adentro, quando receberam a ajuda de alguns elementos brasileiros que já haviam completado sua missão.

Hoje nós do GBN Defense homenageamos nossos Heróis de Monte Castello, que com muito sacrifício e sangue mostraram a bravura e determinação do povo brasileiro, esta não foi a mais sangrenta batalha, deixando pouco mais de 100 baixas entre nossos combatentes, mas em breve vamos contar a história de Montese, esse sim o altar do sacrifício maior do povo brasileiro pela liberdade. Aqui a "Cobra continua fumando", pois nos cabe a missão de levar ao nosso público nossa história e ensinar as novas gerações quem de fato são nossos heróis.


Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança, membro da Associação de Veteranos do Corpo de Fuzileiros Navais (AVCFN), Sociedade de Amigos da Marinha (SOAMAR), Clube de Veículos Militares Antigos do Rio de Janeiro (CVMARJ) e Associação de Amigos do Museu Aeroespacial (AMAERO).


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