O presidente russo, Vladimir Putin, e seu homologo turco, Recep Tayyip Erdogan, conversaram sobre a Síria por telefone, enquanto suas tropas se enfrentavam na província de Idlib. Os tópicos sobre a soberania síria e ameaça terrorista surgiram em grande escala.
Putin expressou sua "séria preocupação com as ações agressivas em andamento por grupos extremistas " e enfatizou a necessidade de "respeito incondicional pela soberania e integridade territorial" da Síria, afirmou o Kremlin na conversa telefônica de sexta-feira (21). Moscou e Ancara concordaram em "intensificar as consultas interinstitucionais bilaterais sobre Idlib", juntamente com intensos contatos militares.
Não ficou claro como isso se traduziria em Idlib, onde a Turquia continua enviando tropas e blindados.
Segundo informou a mídia turca, Erdogan disse a Putin que "as ações do regime de Assad e a conseqüente crise humanitária devem ser interrompidas em Idlib".
Falando aos repórteres em Istambul antes do telefonema com Putin, o líder turco disse que não haverá trégua a menos que as forças sírias parem com sua "crueldade".
"A menos que o regime pare a perseguição ao povo de Idlib neste momento, não será possível se retirar de lá" , disse Erdogan, segundo o Daily Sabah.
Idlib é a última fortaleza remanescente de grupos militantes que tentaram derrubar o governo sírio, com o apoio da Turquia, Arábia Saudita e Ocidente. A força dominante na província é Hayat Tahrir as-Sham (HTS), uma afiliada da Al-Qaeda anteriormente conhecida como Al-Nusra.
No mês passado, o exército sírio sofreu uma série de derrotas para os militantes, libertando os últimos subúrbios ocupados de Aleppo e desbloqueando uma estrada estratégica para a costa. A Turquia respondeu enviando tropas e armas para a província e administrando “postos de observação” estabelecidos sob um cessar-fogo acordado anos atrás. Moscou apontou que o mesmo acordo exigia que Ancara separasse os rebeldes "moderados" dos terroristas, o que nunca aconteceu.
Houve vários confrontos entre tropas sírias e turcas como resultado dessa intervenção. Na quinta-feira (20), militantes locais lançaram um ataque às posições do exército sírio, apoiados pela artilharia turca, até o intervenção dos bombardeiros russos. Os turcos só cessaram fogo depois que Moscou contatou Ancara através da linha direta.
Embora a Turquia insista em não desistir de Idlib, suas autoridades também buscam amenizar os temores de que isso possa se transformar em uma guerra aberta com a Rússia.
“Não pretendemos um confronto com a Rússia. Isso está fora de questão”, disse o ministro da Defesa Hulusi Akar em entrevista à CNN Turca na noite de quinta-feira (20). "Fizemos tudo ao nosso alcance para impedir que isso acontecesse, e continuaremos a fazê-lo."
Com Damasco insistindo em libertar Idlib das garras de grupos terroristas que até os EUA admitem ser uma ameaça, não está claro como esse círculo em particular pode ser quadrado.
Fonte: Agência RT News
Tradução e Adaptação: Angelo Nicolaci - GBN Defense
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