terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

O Brasil e as FREMM, oportunidade perdida?

As duas fragatas FREMM (Fregata Europea Multi-Missione) que estão sendo construídas pela Fincantieri originalmente para a Marinha Italiana, tem sido oferecidas no mercado internacional, atualmente estão sendo negociadas com Egito, e ao que tudo indica, este deverá ser seu operador afinal.

No ano passado, as mesmas fragatas foram ofertadas pela Itália ao Brasil, como parte de um pacote que contava ainda com Veiculo Blindado de Combate de Infantaria (VBCI) Centauro B1 da Iveco.

As duas fragatas FREMM ainda em fase de construção seriam uma boa aquisição para nossa Marinha do Brasil, porém, a possibilidade de embarcarmos nessa moderna nau esbarrou na questão orçamentária de nossa defesa, a qual não possuí recursos para arcar com o custo de 1,5 bilhões de euros que envolve a aquisição dos modernos navios de projeto franco-italiano.

A recusa brasileira pode ser por muitos considerada uma oportunidade perdida, mas se analisarmos friamente o negócio e os ganhos reais que representaria a aquisição desses dois navios em comparação com investimento nos novos navios de escolta da Classe Tamandaré, podemos concluir que é muito mais viável investir recursos no desenvolvimento da nova classe e na hipótese de ampliar o número de navios envolvidos no programa, inicialmente projetado para quatro navios, se fosse investido o valor das duas FREMM, poderíamos cobrir a construção de mais quatro navios da Classe Tamandaré, que representaria maior flexibilidade a nossa esquadra, apesar de possuir capacidades ligeiramente inferiores ao projeto franco-italiano, o qual desloca quase o dobro da Classe Tamandaré, sendo 6.570ton contra 3.450ton do projeto MEKO vencedor.

Existe a possibilidade de aquisições por oportunidade de novas escoltas, onde são bem cotadas as fragatas Tipo 23 britânicas, apesar de não haver ainda qualquer posicionamento sobre a aquisição destes meios, há especulações quanto a oferta desses escoltas a nossa Marinha através de um vantajoso acordo entre o governo britânico e o brasileiro.

Voltando as fragatas italianas, seria uma ótima aquisição se o momento econômico fosse favorável e não houvesse tantas necessidades em nossa esquadra, as quais leva a uma importante avaliação de nossas necessidade e a busca por soluções bem equalizadas afim de atender nossas lacunas sem impactar no orçamento de forma a limitar a capacidade de obtenção de outros meios de suma importância para nosso poder naval.

Nós do GBN Defense buscamos apresentar ao nosso público análises bem embasadas e realistas, de maneira a situar o mesmo no cenário que atravessamos em nossa economia e defesa, nos abstendo do sensacionalismo e análises superficiais sem trazer os contextos reais de nosso país, evitando assim as especulações inflamadas de achismos e desconhecimento real dos fatos inerentes a análise de defesa séria e visando não apenas oferecer uma visão clara ao nosso público, mas também servindo de contributo aos debates e discussões acerca de nossas necessidades e políticas de defesa.


Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança, membro da Associação de Veteranos do Corpo de Fuzileiros Navais (AVCFN), Sociedade de Amigos da Marinha (SOAMAR), Clube de Veículos Militares Antigos do Rio de Janeiro (CVMARJ) e Associação de Amigos do Museu Aeroespacial (AMAERO).

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