domingo, 16 de fevereiro de 2020

AH-2 Sabre à venda? Fato ou mais uma Fake News? (atualizada)

Neste  sábado (15) uma postagem em um renomado site brasileiro viralizou nos grupos de discussão acerca de defesa, segundo tal postagem, a Força Aérea Brasileira estaria negociando a transferência de suas aeronaves AH-2 "Sabre" (MI-35M) para a Líbia através de um negócio intermediado pelos EAU. A fonte citada seria o site "Intelligence OnLine", o qual cita em seu artigo que a FAB estaria querendo se "livrar" das aeronaves de origem russa, sob a suposta alegação de baixa disponibilidade e alto custo de operação, além de citar problemas com relação a logística. Estranhamos o teor do citado artigo publicado em 2 de fevereiro, e resolvemos consultar nossas fontes dentro do Esquadrão e demais fontes no Ministério da Defesa e demais colaboradores que possuem vivência e ligações diretas com Esquadrão Poti (2º/8º GAV).

Segundo apuramos, o AH-2 "Sabre" (Mi-35M) tem apresentado um alto índice de disponibilidade, superando o apresentado por outros tipos europeus e norte americanos operados pela força brasileira, chegando a atingir picos próximo aos 90%. Ainda com relação as questões elencadas como supostos motivos para o "repasse" das aeronaves, verificamos que a mesma não tem apresentado problemas com relação a sua cadeia logística, sendo a mesma suscetível aos mesmos imbróglios que os demais tipos, tendo em vista a problemática envolvida com a compra de suprimentos no exterior, o que atinge diversos meios das três forças devido a grande burocracia que rege nossa Alfândega, tornando moroso o processo de obtenção de componentes, algo que é sentido em todos esquadrões, até mesmo os que operam aeronaves fabricadas sob licença aqui no Brasil.

Quanto ao alegado "alto custo" de operação, essa alegação esta longe de ser verídica, pois a aeronave é uma das que apresentam melhor relação custo-benefício, com valor da hora/voo baixo. Neste ponto, cabe ressaltar o contínuo emprego das mesmas na interceptação de aeronaves ilícitas que adentram nosso espaço aéreo, empregadas constantemente contra o contrabando e narcotráfico na região amazônica, sendo um meio de grande importância e flexibilidade de emprego.

Em outra mídia brasileira, em nota o editor citou que a aeronave esta "deslocada, fora da curva dentro da Força", algo que não se mostra fato diante do sucesso da operação da mesma no cenário amazônico, onde como já citamos, tem sido frequentemente empregada em bem sucedidas interceptações de aeronaves utilizadas pelo narcotráfico, deixando claro que o custo-benefício supera ao emprego de aeronaves de asa fixa nesse tipo de missão. Quanto a alegação que a mesma deveria ser operada pelo Exército Brasileiro, é preciso entender que a aeronave possui um mix de capacidades de emprego que permite a mesma realizar missões C-SAR, apoio aéreo aproximado, infiltração de forças especiais, dentre outras, algo que não é possível com uma aeronave de ataque "puro" na categoria do "Apache" ou "Super Cobra", o que a coloca dentro do contexto operativo da Força Aérea, a qual conta com o PARA-SAR, tropa de operações especiais que pode muito bem ser inserida no teatro de operações pelo "Sabre", o qual permite o transporte de pequenos contingentes e infiltrá-los sob apoio de fogo fornecido pela própria aeronave.


Ontem passamos o dia contatando nossas fontes e absolutamente ninguém se quer ouviu falar nessa tal possibilidade da FAB abrir mão de seus "Sabres", o que é muito curioso, uma vez que um site estrangeiro alardeou essa possibilidade, algo que nem mesmo oficiais de alto-escalão e oficiais que operam com esquadrão desconhecem, o que nos leva a crer se tratar de mais uma fake news. Outro ponto interessante, é a confiança e segurança que seus pilotos possuem na aeronave, as descrevendo como uma aeronave de capacidades inigualáveis e de grande poder de fogo, além da robustez e simplicidade de manutenção.

Após a publicação de nosso artigo tratando da Fake News sobre a "possibilidade de venda" dos "Sabre", o Brigadeiro Baptista Jr., publicou em sua conta no Twitter duas horas após nossa publicação: "Como Membro do Alto-Comando da FAB e seu Comandante Logístico, informo que não há qualquer negociação nesse sentido".

Nós do GBN Defense mantemos a boa prática do jornalismo consciente, buscando sempre a confirmação dos fatos e oferecer ao nosso público uma ponte entre eles e a realidade de nossas Forças Armadas e industria de defesa, lembrando que não nos cabe achismos ou especulações sem bases concretas para isso. A seriedade e credibilidade estão no centro de nossos valores como mídia especializada em defesa, e contamos sempre com apoio de nosso público para divulgação de nosso trabalho, tendo em vista o empenho despendido por nossa equipe e todos desafios que envolvem a operação de uma mídia séria no campo de geopolítica de defesa.


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2 comentários:

  1. Quem será que inventa essas mentiras?

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  2. Já ouve rumores de que a FAB tem planos de adquirir mais um lote de 12 desses helicópteros só não o fazendo ainda por falta de verba.

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