O Mikoyan
MiG-29 (nome de relatório da OTAN: Fulcrum) é um avião a jato bimotor projetado
na então União Soviética e até hoje construído e operado pela atual Rússia (em
versões mais avançadas). Desenvolvido pelo escritório de design Mikoyan como caça
de superioridade aérea durante os anos 1970, o MiG-29, juntamente com o maior
Sukhoi Su-27 (ambos os primeiros caças de 4ª geração soviéticos), foi
desenvolvido para combater os novos caças americanos, também de 4ª geração, como
o McDonnell Douglas F-15 Eagle e o General Dynamics F-16 Fighting Falcon. O
MiG-29 entrou em serviço em 1982.
Ao longo
dos anos, o MiG-29 mostrou sua robustez e versatilidade operacional, sendo
desenvolvida uma versão multimissão (MiG-29M), uma versão de operação embarcada
(MiG-29K) e uma versão mais moderna e avançada (MiG-35), já considerada de 4,5ª
geração. Foi exportada para vários países aliados da União Soviética, muitos
desses países o utilizando até os dias de hoje. Mesmo com as mudanças ocorridas
com o fim da Guerra Fria, a aeronave foi sempre passando dos antigos países para
seus sucessores. O caso mais emblemático foi o da Alemanha, que mesmo após a
unificação, a aeronave continuou sendo operada pelo país-membro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
MiG-29A da Força Aérea da Alemanha Oriental |
Após a
queda do Muro de Berlim em novembro de 1989 e a reunificação da Alemanha em outubro
de 1990, os MiG-29 e outras aeronaves das Forças Aéreas da Alemanha Oriental do
Exército Popular Nacional foram integrados à Luftwaffe da República Federal Alemã,
também conhecida como Alemanha Ocidental. Inicialmente o 1./JG3 manteve sua
antiga designação. Em abril de 1991, os dois esquadrões de MiG-29 do 1./JG3
foram reorganizados na recém-criada “Ala de Teste do MiG-29” (“Erprobungsgeschwader
MIG-29”), que se tornou o JG73 “Steinhoff” e foi transferido para a Base Aérea
de Laage, perto de Rostock, em junho de 1993.
Após análises
de técnicos alemães e norte-americanos, que tiveram acesso às aeronaves recém-incorporadas
pela Luftwaffe, foi constatado que o MiG-29 é igual ou melhor que o F-15C em
algumas áreas, como “dogfights” (curtos combates aéreos, geralmente, ao alcance
visual) por causa do Sistema de Visão de Armas Montadas em Capacetes (HMS) e
melhor manobrabilidade em baixas velocidades. Isso foi demonstrado quando os
MiG-29 alemães participaram de exercícios conjuntos com caças dos EUA.
O HMS era
de grande ajuda, permitindo que os alemães conseguissem travar qualquer alvo
que o piloto pudesse ver dentro do campo de visão dos mísseis, incluindo
aqueles a quase 45 graus de profundidade. No entanto, os pilotos alemães que
pilotaram o MiG-29 admitiram que, embora o Fulcrum fosse mais manobrável em baixas
velocidades do que o McDonnell Douglas F-15 Eagle, o Lockheed Martin F-16
Fighting Falcon, o Grumman F-14 Tomcat e o McDonnell Douglas F/A-18 Hornet e
seu míssil de curto alcance Vympel R-73 foi considerado superior ao AIM-9
Sidewinder da época, todos os caças de fabricação americana possuíam aviônicos,
radares e mísseis além do alcance visual (BVR) superiores.
MiG-29A ex-Alemanha Oriental já com as marcas da Luftwaffe. |
Essa
avaliação levou a Alemanha a não enviar seus MiG-29 para a Guerra do Kosovo
durante a Operação Allied Force, embora os pilotos da Luftwaffe que voaram
contra o MiG-29 admitissem que, mesmo que tivessem permissão para voar em
missões de combate na ex-Iugoslávia, eles seriam prejudicados pela falta de
ferramentas de comunicações seguras específicas da OTAN e modernos sistemas de
identificação amigo ou inimigo (IFF), mesmo o MiG-29 tendo sido atualizado para
os padrões da OTAN, com o trabalho realizado pelo MiG Aircraft Product Support
GmbH (MAPS), uma joint venture formada entre a MiG Moscow Aviation
Production Association e a DaimlerChrysler Aerospace em 1993. Após a modernização
a aeronave ficou conhecida como “MiG-29G” (monoplace) e “MiG-29GT” (biplace).
Durante o
serviço na Luftwaffe, um MiG-29G (“29 + 09”) foi destruído durante um acidente
em 25 de junho de 1996 devido a erro do piloto. Em 2003, os pilotos da Luftwaffe
haviam voado mais de 30.000 horas no MiG-29. Em setembro de 2003, 22 das 23
máquinas sobreviventes foram vendidas para a Força Aérea Polonesa pelo preço
simbólico de € 1 por aeronave. A última aeronave foi transferida para os
poloneses em agosto de 2004. Um MiG-29G (“29 + 03”) ficou em Laage e foi preservado. Hoje essas aeronaves ainda continuam operacionais na Força Aérea
Polonesa, aguardando uma provável substituição pelo Lockheed Martin F-35A Lightning
II, nos quais os poloneses já encomendaram 32 unidades.
Mikoyan MiG-29G da Luftvaffe (1991-2004). |
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Por Luiz Reis,
Professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da
Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e
Militar, fotógrafo amador, brasiliense com alma paulista, reside em
Fortaleza/CE. Luiz colaborou com o Canal Arte da Guerra e atuou nos blogs da Trilogia
Forças de Defesa e do Blog Velho General, hoje faz parte da equipe do GBN Defense.
Presta consultoria sobre História da Aviação.
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