Nesta segunda-feira (7), fomos convidados pela Marinha do Brasil para visitar as instalações do PROSUB, e nosso editor Angelo Nicolaci foi conferir o programa que objetiva construir quatro novos submarinos convencionais, onde esta envolvida a transferência de tecnologias, as quais serão aplicadas ao futuro Submarino Nuclear BRasileiro (SNBR), o qual esta previsto no âmbito do programa para ter inicio de sua construção nos meados da próxima década, onde serão construídas seções de controle e certificação da capacidade técnica. O principal objetivo da visita as instalações de Itaguaí, é nos apresentar os progressos do programa e o segundo submarino convencional (SBR) da classe "Riachuelo", o S-41 "Humaitá", que se encontra na fase de finalização da junção das seções de casco, passando a fase de integração de sistemas e finalização. Nossa visita antecede a cerimônia que ocorrerá no próximo dia 11 de outubro, quando será simbolicamente finalizada a junção das seções, onde contará com a presença da presidência da república, ministros, representantes das forças armadas brasileiras e convidados.
O convite veio em momento muito oportuno, principalmente para sanar algumas questões levantadas pelo nosso público sobre o S-40 "Riachuelo" e o andamento do programa em face aos contingenciamentos de recursos do Ministério da Defesa, o que vem a criar desafios às três forças para manter o andamento de seus programas estratégicos de defesa.
Após uma curta viagem entre o 1º Distrito Naval no Centro do Rio de Janeiro, chegamos as instalações da UFEM (Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas), onde fomos recebidos pelo C.Alte Koga, engenheiro naval e responsável pela gerência do programa de construção de submarinos convencionais no PROSUB. O C.Alte Koga nos deu um breve briefing sobre os progressos do programa e respondeu algumas perguntas da mídia especializada e imprensa presentes à visita.
O "Humaitá" (SBR-2) teve a transferência de suas seções realizadas em meados deste ano, onde após um intenso e preciso trabalho de integração das seções, terá a última seção simbolicamente unida em cerimonia na próxima sexta-feira (11). Fomos informados que a NUCLEP já finalizou a produção e entrega de todas as partes dos dois últimos submarinos convencionais a serem construídos (SBR-3 "Tonelero" e SBR-4 "Angostura"), esta previsto que a cerimonia de integração das seções do "Tonelero" (SBR-3) ocorra em meados de 2020 e no ano seguinte o "Angostura" (SBR-4), enquanto o lançamento do "Humaitá" deve ocorrer em data próxima a cerimonia de integração do "Tonelero" e a deste próxima a data de integração do "Angostura", porém, as datas de lançamento ficam muito a critério do governo federal, que pode definir uma data específica para que ocorra este importante cerimonial.
Como já citado, a NUCLEP finalizou a construção de todo casco resistente e os componentes previstos para os submarinos convencionais do PROSUB, já tendo entregue essas partes à UFEM, onde conferimos o avançado estágio em que se encontra a montagem das seções do "Tonelero" e do "Angostura", ambos construídos em simultâneo, onde recebem os cabeamentos, tubulações e todos acessórios e equipamentos previstos em cada seção do submarino.
Como esta finalizada a construção das partes resistentes do casco dos SBR, a Marinha deve iniciar a construção da seção de qualificação, para manter a capacitação do pessoal técnico envolvido na construção de submarinos, para não perder essa capacidade, onde tem por objetivo ser o corpo de prova e testes para certificar o material, pessoal e equipamentos destinados a construção do casco para o SNBR, homologando toda metodologia do processo, equipamentos e procedimentos envolvidos no programa.
Um ponto interessante que nos foi esclarecido durante a visita, é que a Marinha do Brasil tem conseguido superar a problemática do contingenciamento de recursos através de manobras no próprio programa, onde nos foi dito que o contrato com a Naval Group tem marcos e datas para que seja realizado o pagamento, enquanto as obras de infraestrutura realizadas pela Odebrecht são pagas no momento da entrega das edificações, com isso se cria a possibilidade de priorizar a alocação de recursos à construção dos submarinos, uma vez que a infraestrutura para o mesmo já se encontra pronta, estando em fase de construção as instalações destinadas ao SNBR, o que dá a Marinha do Brasil tempo hábil para se contornar a prorrogação da entrega das obras destinadas a infraestrutura do SNBR. Assim é possível se manter o ritmo previsto no cronograma sem que haja impacto direto sobre o PROSUB.
Saindo do auditório, fomos acompanhar os trabalhos realizados na montagem das seções dos submarinos "Tonelero" (SBR-3) e "Angostura" (SBR-4), onde nos deparamos com um trabalho bastante acelerado, com as instalações sendo ocupadas por seções de ambos navios, onde presenciei um frenético e coordenado ritmo de trabalho, com inúmeros técnicos trabalhando na soldagem e montagem dos futuros submarinos.
S-40 "Riachuelo"
Deixando a UFEM, fomos até o cais onde se encontra o S-40 "Riachuelo", que teve divulgado o inicio de provas de mar, quando na verdade estava realizando a manobra de desdocagem, conforme esclarecemos ao nosso público tendo informações oficiais da Marinha do Brasil à respeito. O submarino encontrasse alimentado por fonte em terra, onde esta tendo carregada suas baterias, sendo marcante a presença de muitos técnicos que ainda trabalham na finalização da montagem de sistemas. A "vela" encontra-se ainda aberta, com pessoal trabalhando nela.
O submarino passará por um extenso programa de avaliações e testes, cumprindo uma série de protocolos de avaliação previamente definidos afim de atestar que o mesmo entrega as capacidades previstas na fase de projeto. Neste processo, o qual foi iniciado há uma semana com os testes de estanqueidade e flutuabilidade, onde passou a ser guarnecido por sua tripulação, onde estão sendo realizados testes de bombas e sistemas, concomitante se realizam os últimos ajustes nos sistemas e sensores, para de fato ser levado as provas de mar propriamente ditas, onde terá avaliada suas capacidades de navegação, imersão e sistemas táticos e de armas. Após ser avaliado tudo aquilo que estava previsto no contrato e estiver em acordo e certificado, devendo ser entregue em outubro de 2020, mas isso vai depender das performances obtidas durante as provas de mar.
Capacidades do SBR
Depois de conferir o progresso do "Riachuelo" e realizar uma breve passagem no Departamento de Treinamento e Simulações, mais uma vez conferindo alguns dos sistemas de simulação empregados no preparo dos tripulantes dessa nova classe de submarinos, e nos cabe aqui destacar alguns pontos importantes. Dentre estes estão algumas característica inovadoras que traz o SBR.
O que chamou bastante a atenção, é o grande índice de automatização do submarino, o qual possui um índice superior aos 90%, sendo possível controlar praticamente todo navio a partir do seu "Centro de Operações de Combate" e "Centro de Comando", o qual apesar de toda essa automação ainda garante a possibilidade de acionamento manual dos sistemas em caso de pane, uma importante redundância.
Na reprodução do "COC" é marcante a presença de apenas um periscópio, o qual é optrônico e oferece a opção de projetar a imagem capturada nas telas dos operadores, e ou, utilizar o retículo óptico convencional. Ressalto aqui, que este é o único senso penetrante no submarino, com todos demais sensores e antenas externos, o que garante maior espaço para tripulação.
A mesa de cartas também surpreende, é digital, sendo um grande ganho em termos de agilidade e precisão, apesar de ser mantida a carta de papel, como é feito em todas as principais marinhas que operam com cartas eletrônicas como os nossos submarinos da classe "Riachuelo". Há inúmeras inovações que serão abordadas em matéria específica sobre o SBR e suas capacidades.
S-41 "Humaitá"
Finalizando nossa visita, fomos ao ESC (Estaleiro de Construção), onde conferimos pela primeira vez o "Humaitá" após a integração de quase todas as seções, já apresentando sua forma imponente. Realmente é algo emocionante como brasileiro ver o futuro de nossa Marinha sendo construído diante de nossos olhos, um momento histórico que nos faz pensar na responsabilidade que carregamos enquanto jornalistas especializados, sendo importante nosso papel de fomentar o debate acerca do campo de defesa, mostrando ao público nossa realidade e a importância que tem o investimento em novas tecnologias e meios para manutenção de nossa soberania e riquezas.
Nós temos ainda muito material e em breve vocês irão conferir muito mais sobre o PROSUB, mas um ponto que é importante reforçar, a Marinha do Brasil tem feito um trabalho fantástico, mesmo diante de tantas adversidades, te mantido o rumo em seus programas, e dentro em breve teremos novos meios e capacidades, porém, nós como brasileiros, contribuintes e eleitores, temos de cobrar mais seriedade do governo para com as questões de defesa nacional, a qual necessita de recursos e investimentos, não apenas para compra de meios, mas para fomentar nossa industria de tecnologia, a qual beneficia não apenas o mercado de defesa, mas toda uma vasta gama de setores, e isso movimenta nossa economia, gerando emprego, renda e principalmente nos garantindo independência e capacidades estratégicas.
Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança.
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