Na sequência da entrega do primeiro exemplar operacional do KC-390 à Força Aérea Brasileira, que ocorreu durante cerimonial na última quarta-feira (4), muitos boatos e mitos tem se propagado nas redes sociais tendo como alvo a nova aeronave desenvolvida e produzida no Brasil. Diante desses boatos e muitas fake news, nós do GBN Defense News decidimos mais uma vez entrar em campo e combater esse mau que inunda os grupos de discussão sobre defesa e suas tecnologias.
O mais gritante de todos os boatos que tem circulado, diz respeito á uma hipotética variante "gunship" da nova aeronave da Embraer, tendo sido reproduzido em muitos site especializados, um suposto estudo de viabilidade para a suposta variante AC-390, a qual teria as características do AC-130 "Gunship" da Lockheed Martin, um projeto norte americano que surgiu nos idos da Guerra do Vietnã e que opera ainda hoje. Tal alarde e inúmeras discussões sobre essa variante da aeronave brasileira, não passaram de especulações sem fundamentos reais, a qual não tem nenhum respaldo da Embraer, Força Aérea Brasileira ou qualquer futuro operador do KC-390. Tal pérola teve como "fonte" uma tese de estudantes de engenharia que fizeram um "estudo de viabilidade" para uma versão AC-390, o qual não desperta nenhum interesse do mercado. Para jogar jogar de vez por terra essa falácia, temos de ter em vista a seguinte informação, os AC-130 que fazem parte do inventário dos EUA, embora tenham sido mantida relevante capacidade por meio de atualizações constantes de seus armamentos, pacotes de sensores e contramedidas, não se espera que eles possam sobreviver em futuros ambientes de conflito devido às suas altas assinaturas e baixas velocidades no ar. Analistas militares, como o Centro de Avaliações Estratégicas e Orçamentárias , sugeriram que o AFSOC invista em tecnologias mais avançadas para desempenhar o papel de operar em futuras zonas de combate contestadas, incluindo um mix de aeronaves de ataque não tripuladas descartáveis de baixo custo e aeronaves furtivas. O AC-130 e o "Programa Gunship" serão tema de uma matéria posterior aqui no GBN Defense, onde detonaremos por completo esse suposto "interesse" futuro numa variante "Gunship" do KC-390.
Outra suposição que chega a ser cômica é uma variante do KC-390 Bombardeiro. Essa é a mais absurda de todas as suposições, que sinceramente me fazem refletir de onde se tira tanta imaginação para criar uma fake news destas. Pois o envelope de voo da aeronave e suas características são totalmente opostas ao que se enquadra no que poderíamos classificar como bombardeiro. Precisamos parar de sair engolindo qualquer lixo que se lança na internet, buscar o mínimo de conhecimento para de cara já identificar tal "estória" como apenas mais um dos muitos absurdos que vemos na internet.
Agora com relação as capacidades do KC-390, alguns participantes de grupos de discussão me questionaram sobre a capacidade de REVO do KC-390, se a aeronave seria capaz de executar tal missão com a mesma eficiência do vetusto KC-130 "Hércules". Pessoal, quero deixar bem claro à todos, que a equipe de técnicos e engenheiros da Embraer e da FAB, não investiram tantas horas em pesquisa e desenvolvimento para resultar em uma aeronave deficiente, tendo em vista que a mesma surgiu justamente como solução para substituir os vetustos C-130 hoje operados, e de quebra o KC-390 ainda proporciona novas capacidades aos seus operadores, tendo capacidade superior em diversos aspectos comparado ao seu antecessor na FAB.
Uma dúvida que me foi trazida, diz respeito a capacidade de realizar o REVO em aeronaves de asas rotativas, conforme tem sido testado com os H-36 "Caracal" da FAB, estando ainda em processo de implementação essa capacidade na FAB, que é de fato uma novidade para a mesma, sendo muito importante do ponto de vista tático e estratégico, mas que ainda esta sendo desenvolvida uma doutrina deste tipo de operação para asas rotativas. Tal fato implica em muitos pontos que precisam ser elencados, um deles que vejo como um dos mais importantes, é o adestramento e homologação das tripulações de nossas asas rotativas para realização deste tipo de operação. Tudo parece muito fácil, mas realmente não é, e uma nova doutrina ou capacidade exige muito estudo e preparo ate que seja concebida de fato. Hoje ainda temos poucas tripulações capazes deste tipo de "manobra". O que leva a afirmativa que é mais importante nos ater a necessidade de se preparar as equipes que se questionar os meios. Pois o KC-390 terá a plena capacidade de executar todas as missões hoje cumpridas pelo C-130, dentre elas o REVO com asas rotativas.
Vale aqui ressaltar que a FAB recebeu seu primeiro KC-390, o qual ainda esta operando com certificação IOC (Capacidade Operacional Inicial em português), o que significa em outras palavras, que todo o envelope de voo e leque de missões ainda esta sendo homologado e certificado, dentre estes o REVO com asas rotativas, o qual ainda será certificado através de ensaios em voo, os quais deverão ocorrer em breve segundo informação que obtive diretamente da Embraer.
Quanto ao nome que irá ostentar o KC-390, ainda não há um consenso em relação ao mesmo, que segundo a Embraer, deverá ser definido pela FAB a nomenclatura a ser empregada na mesma, a qual não significa que será a mesma adotada comercialmente pela empresa, a qual esta ainda realizando estudos para definição da imagem comercial da aeronave e seu nome.
É muito importante aqui deixar bem claro ao nosso público que estamos diante de um novo patamar de capacidade tecnológica e operacional, o qual eleva nossa industria e força aérea a um novo degrau. Para tanto, temos de acompanhar todo processo de desenvolvimento, nada surge da noite para o dia, uma aeronave como o KC-390 leva anos até atingir sua plena maturidade operacional, e sinceramente me surpreende o curto espaço de tempo compreendido entre os primeiros esboços em 2007 e a entrega operacional do primeiro exemplar agora em 2019. É um investimento muito alto, e qualquer alteração de características ou criação de uma nova variante dedicada, requer muitos milhões de investimento e um mercado que justifique tal aposta, portanto, vamos parar de cair no conto de qualquer site sensacionalista que busca de maneira suja obter visualização e com isso ganhar "valor" de mercado para anunciantes, vamos dar valor a quem realmente tem valor.
Por este motivo eu sempre reforço que temos de buscar fontes de qualidade, onde haja uma verdadeira ponte entre a mídia que emite a noticia e as fontes de informação. Como exemplo posso citar o próprio case de nosso site, o qual possui reconhecimento dentro da cadeia de comando das Forças Armadas não só do Brasil, mas de vários países, bem como de várias industrias do setor de defesa e inúmeros governos e representações diplomáticas. Mantendo como parceiros especialistas como o Comandante Robinson Farinazzo, que mantém um canal com conteúdo de altíssimo nível e detém conhecimento profundo dos meandros da defesa. Além de contarmos com parceiros como Válter Andrade, Luiz Reis que estão em nossa equipe, além do nosso grande amigo Albert Caballe que edita o blog Velho General, onde também atual como articulista nossos já citados parceiros Válter e Luiz. Cito também sites de qualidade como Defesa Aérea e Naval do Luiz Padilha e Guilherme Wiltgen, bem como nosso amigo Roberto Caiafa.
Não é para tanto que nosso editor foi agraciado inúmeras vezes pelas forças armadas e teve reconhecido seu trabalho por governos e empresas do Brasil e do mundo. Sendo uma personalidade conhecida e respeitada no cenário nacional e internacional, o qual conta hoje com uma equipe de igual quilate, que produz um conteúdo ímpar, o qual é lido nos quatro cantos do planeta, por militares, representantes de governos, empresários e formadores de opinião, sendo um verdadeiro farol em meio ao tenebroso e obscuro mar de fake news.
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Não tenho dúvidas, quando essa aeronave atingir plena maturidade, será uma grande ferramenta nas mãos da nossa força aérea, solicito aos editores mais comentários no que se refere ao uso do KC 390 nas operações de suprimento na base Alm. Ferraz, sei que fizeram testes em baixas temperaturas numa base americana, mas pouco se sabe sobre planos de testar o KC 390 no ambiente antartico.
ResponderExcluirPor que ninguém discute a complementaridade entre o KC-390 e o F-X2?
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