Pegando carona nos debates e discussões que tem surgido diante da série lançada pela HBO, a qual tem como pano de fundo a maior tragédia nuclear da história da humanidade, nós resolvemos abordar o tema deixando a ficção baseada em fatos reais, o GBN News lança uma série de materias e artigos tendo por fim trazer á tona não só a história e fatos importantes envolvendo Chernobyl, mas também ampliar a discussão, contando com a participação de alguns de nossos colaboradores, os quais irão apresentar uma visão mais profunda e técnica sobre o que acontece diante de um acidente nuclear, onde traremos conteúdo tecnico de especialistas nesta área do conhecimento, além de análises embasadas em fatos e fontes críveis, traçando ao final desta série uma visão sobre as importantes lições que Chernobyl deixou, mostrando ainda acidentes menores como Fukushima e uma análise dos prós e contras deste tipo de planta energética que esta presente em vários países, incluindo o Brasil com o complexo de Angra e as pretenções do programa nuclear brasileiro que nos conduzirá ao primeiro submarino nuclear do Brasil e a importância da tecnologia nuclear na medicina e em diversas outras áreas.
Nesta que pretende ser a primeira parte deste trabalho, o qual deverá ter um capítulo mensal, tendo em vista a complexidade do assunto e o tempo demandado para pesquisa e confirmação de fontes, vamos fazer uma breve apresentação sobre essa tragédia que ocorreu há pouco mais de três décadas, e que ainda hoje suscita duvidas e a sede por informação.
A catastrofe que teve lugar na cidade de Chernobyl, proximo á cidade de Pripyat, ambas na atual Ucrânia, á época parte da União Soviética. A tragédia teve inicio após uma sequência de falhas técnicas e de operação do reator 4 da Usina de Chernobyl, o qual havia sido programado no dia 25 de abril de 1986 para passar por testes em seus sistemas e procedimentos de segurança as vésperas de seu desligamento para o periodo de manutenção, o que ocorreria na madrugada daquele fatídico dia 26 de abril.
Após uma série de falhas, algo que será detalhado posteriormente no capítulo que pretende narrar a cronologia dos fatos, o reator número quatro explodiu, espalhando nuvens radioativas que atingiram uma vasta área do hemisfério norte, tendo sido possível detectar a radioarividade em vários pontos do velho continente e até mesmo na Ásia, com a nuvem radioativa chegando a localidades na Checoslováquia e mesmo no Japão.
Apesar de ter liberado na atmosfera o equivalente a 500 bombas de Hiroshima, a União Soviética tentou de todas as formas possíveis e imagináveis esconder o que ocorreu, mas não foi possivel manter um acidente desta magnitude fora do conhecimento mundial.
Inicialmente o governo soviético relutou em evacuar a região atingida pela catastrofe, um tempo precioso no qual selou o destino de muitas pessoas que passaram a ser conhecidas como "As vítimas de Chernobyl", um número ao qual ainda nos dias de hoje não temos uma certa dimensão ou consenso entre as mais variadas fontes. Muitas pessoas não imaginavam a gravidade do ocorrido e o grande risco ao qual estavam expostos, onde sob efeito da exposição a radiação em escala altíssima, milhares viriam á desenvolver algum tipo de câncer e outras complicações desencadeadas pela exposição á radiação liberada pelo acidente, com centenas de mortes, havendo estimativas que esse número possa superar as 4 mil vítimas indiretas do acidente, sem falar dos milhares de homens e mulheres que se expuseram combatendo o incêndio que sucedeu a explosão, e as tentativas de controlar o vazamento de material radioativo, onde foi demandado o lançamento de milhares de toneladas de material sobre o nucleo exposto e a construção do "sarcófago" que deveria bloquear as emissões oriundas do reator 4.
Muitos atos de bravura e heroísmo foram registrados durante aqueles dias difíceis, onde muitos sequer imaginavam que estavam enfrentando um inimigo silencioso e letal, o qual ceifou a vida de centenas de voluntários e militares.
Para termos ideia sobre a negligência e desinformação que resultou na contaminação e exposição de milharesde soviéticos, o líder soviético , Mikhail Sergeevitch Gorbatchov, recebeu o informe do acidente com o Reator 4 de Chernobyl, ao invés de decretar a evacuação daquela região, ele criou uma comissão liderada por Boris Shcherbina, vice-presidente do conselho de ministros, para investigar as causas da acidente, isso antes mesmo de ter a situação controlada.
Os soviéticos na verdade não acreditavam nas dimensões que o acidente havia tomado, e como de praxe á época, tudo que pudesse ser negativamente imputado a URSS era mantido em segredo. Diante disso, Moscou cortou todas as linhas de comunicação entre a zona do acidente e o resto da URSS, mas apesar dessa medida e a proibição aos envolvidos nas equipes de emergência, a noticia se espalhou rapidamente, além do fato de diversos países terem detectado altos níveis de radioatividade, onde a Suécia foi um dos primeiros a questionar a URSS se havia ocorrido um acidente nuclear em seu território. Apesar das repetitivas negativas de Moscou, as proporções atingidas pelo evento não permitiu que o mesmo fosse encoberto. Porém, a ordem de evacuação só foi emitida 36 horas após o acidente.
Assim como no 11 de setembro de 2001, os bombeiros foram protagonistas de grandes atos de heroísmo.
A região do acidente esta isolada até os dias de hoje devido ao alto índice de radiação, tendo transformado cidades como Pripyat em verdadeiras cidades fantasmas, onde restam apenas ruinas que guardam imagens marcantes desse trágico acidente e que nunca nos permitirá que o esqueçamos.
A região do acidente esta isolada até os dias de hoje devido ao alto índice de radiação, tendo transformado cidades como Pripyat em verdadeiras cidades fantasmas, onde restam apenas ruinas que guardam imagens marcantes desse trágico acidente e que nunca nos permitirá que o esqueçamos.
Na proxima parte a ser publicada, vamos traçar a cronologia dos fatos, esperamos que tenham se interessado nesta nova série que lançamos e contamos com sua participação ativa, através de comentários, perguntas e sugestões, além da divulgação de nosso trabalho.
Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio, leste europeu e América Latina, especialista em assuntos de defesa e segurança.
Excelente
ResponderExcluirExcelente. Muito bem explicado.
ResponderExcluirShow de bola!
ResponderExcluirexcelente matéria. Chernobyl sempre foi uma história fascinante por todo o aparato e heroísmo envolvidos. O livro Vozes de Chernobyl mostra o lado humano daqueles dias sombrios e há documentários que mostram histórias como a dos pilotos e liquidadores que se revezavam em turnos de modo a reduzir a exposição à radiação.
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