quarta-feira, 15 de maio de 2019

Conhecendo a Operação “Jeanne D’Arc” 2019 e sua passagem pelo Brasil


Na última semana, passou pelo litoral fluminense Grupo Tarefa Anfíbio da Marine Nationale francesa composto por três embarcações, dentre elas o BPC “Tonnerre” da Classe Mistral, a fragata “La Fayette” que dá nome a esta classe de navios de escolta franceses e o BSAM “Seine”.

A Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) da Marinha do Brasil, aproveitou a ocasião da ADEST 2019 na região de Marambaia, para realização de manobras anfíbias em conjunto com a força francesa. A Operação “Jeanne D’Arc” se constituiu uma grande oportunidade para troca de conhecimentos entre as forças navais brasileiras e francesas, representando um importante ganho à ambas marinhas, onde além das operações de desembarque anfíbio com as forças do CFN, foi possível inserir a passagem francesa no âmbito de outra grande manobra de nossa esquadra, falo da ADEREX 2019, operação que reúne o maior número de meios operativos de nossa esquadra na égide de um mesmo exercício, com isso garantindo o importante adestramento de nossa esquadra, com seus meios e equipagens realizando exercícios que simulam o mais próximo da realidade situações que poderão ocorrer em seu teatro de operações.

A incursão anfíbia realizada com apoio no NDCC “Almirante Saboia”, envolvendo o emprego de cinco viaturas CLAnf do CFN e operadores dos Comandos Anfíbios (ComAnf), os quais desembarcaram na Praia de Marambaia para realizar o reconhecimento do terreno e preparar o assalto anfíbio na sequência, onde desembarcaram o contingente de fuzileiros navais com a missão de neutralizar uma base de misseis anti-navios inimiga. Nesta parte do exercício combinado, fora empregado um contingente de 230 fuzileiros, dentre esses os ComAnf, além de 50 homens da Marine Nationale.

Os franceses empregaram dentre os meios o “Tonnerre” que lançou com suas embarcações de desembarque, dentre elas seu EDA-R (Engin de Débarquement Amphibie Rapide, catamarã) os homens do 3ºBtlInfFuzNav que foram conduzidos ao teatro de operações através do navio francês. Tal operação garantiu a oportunidade por parte das forças brasileiras de conhecer um pouco sobre a doutrina de emprego e projeção de forças anfíbias francesas, bem como deu aos franceses a oportunidade de conhecer a doutrina de emprego e projeção de forças anfíbias com viaturas anfíbias, lembrando que os mesmos não dispõem de meios deste tipo, como nossos CLAnf.


Conhecendo a “Jeanne D’Arc”

A missão "Jeanne D’Arc" tem como objetivo principal a preparação dos aspirantes a oficial da Marine Nationale, tendo a duração de cinco meses, onde a missão ilustra a versatilidade, resistência e perícia necessária aos marinheiros franceses para cumprir suas missões no âmbito de uma força combinada em todos as partes do globo.

Composto por um Grupo Tarefa Anfíbio, a missão permite que os aspirantes à oficiais da Marinha francesa aprendam na prática tudo que foi estudado nas salas de aula, sendo a melhor forma de apreender a complexidade das missões e os teatros de operações.

Este ano o Grupo Tarefa Anfíbio é composto pelo BPC da Classe Mistral “Tonnerre”, que significa Trovão em francês, a fragata “La Fayette”, primeiro navio do tipo que dá nome a esta classe, e o BSAM “Seine”. Contando com 130 jovens oficiais navais franceses e estrangeiros, oriundos da l’École navale (Escola Naval Francesa), da l’École du Commissariat des armées (Escola do Comissariado de exércitos) e alunos de Marinhas amigas, os quais realizam o treinamento prático dentro de uma comissão operacional de cinco meses.

A “Jeanne D’Arc” teve inicio em 25 de fevereiro de 2019, quando o Grupo Tarefa Anfíbio suspendeu de Toulon na França, tendo essa missão quatro objetivos:


1 - Treinamento no mar de Aspirantes à Oficial

Esta comissão de cinco meses é um primeiro cenário prático pelo qual passam os futuros oficiais da Marine Nationale ao final de um ciclo de estudos acadêmicos. A participação destes aspirantes a oficiais durante a comissão de um grupo anfíbio é a oportunidade para adquirir conhecimento na prática dos sistemas navais moderno que os mesmos terão de operar durante sua carreira como oficiais. Permitindo assim que estejam prontos para desempenhar as suas funções ao final da missão "Jeanne d'Arc", que é o culminar da sua formação como oficiais marinheiros.

2 - Implantação operacional em áreas de interesse estratégico

A França é a única nação europeia permanentemente presente nos Oceanos Índico, Atlântico e Pacífico. A Marinha emprega regularmente suas unidades em áreas de interesse estratégico, de acordo com a Revisão Estratégica de Defesa e Segurança Nacional. O Pré-posicionamento da Operação “Jeanne d'Arc” ajuda a manter um profundo conhecimento dessas áreas, estudar suas evoluções, mas também antecipar o aparecimento de crises, mantendo uma capacidade autônoma de acompanhamento da situação.

Como todas as equipagens das embarcações em operação no mar, os marinheiros desdobrados na missão "Jeanne D'Arc" podem ser ​​direcionados para missões de combate sob as ordens do Chefe do Estado Maior das Forças Armadas.

A missão “Jeanne D'Arc” é uma comissão operacional que ilustra o amplo espectro de missões desenvolvidas pela Marinha Francesa:

- Participação no apoio a operações internacionais:

O grupo passará várias semanas no mar nas áreas de operações e poderá contribuir com sua capacidade operacional, em particular o poder de projeção de força anfíbia com seu grupo tático embarcado, o qual está sob aviso, sendo apto a cumprir um vasto leque de missões, como:

- Operação Sea Guardian (Operação de Segurança Marítima da OTAN no Mediterrâneo, lançada em julho 2016),

- Operação Enduring Freedom (operação contra o terrorismo e o tráfico ilícito no Oceano Índico e Mar da Arábia),
O grupo também participará da Operação ATALANTE, uma operação europeia de combate a pirataria no Oceano Índico, onde a França está criando uma estrutura de partilha de informação marítima em Brest (Centro de Navegação Marítima do Chifre de África - MSC-HOA) como parte do esforço europeu para securitizar as rotas marítimas naquela conturbada região do globo.

- Missões de soberania: O grupo envolvido na operação “Jeanne D'Arc” realizará missões de soberania durante as quais contribuirá com sua presença para a proteção das suas áreas marítimas.

- Missões de assistência humanitária (ajuda às populações afetadas em caso de crise)


Mapa da missão "Jeanne d'Arc" 2019




- Mediterrâneo e Canal de Suez (Egito),

- Mar Vermelho (Djibuti), Oceano Índico através do Estreito de Bab-el-Mandeb e o Canal de Moçambique (Mayotte, Madagascar),

- Cabo da Boa Esperança (África do Sul), Oceano Atlântico (Brasil),

- Abordagens à Guiana, Mar do Caribe (Martinica, Colômbia), Golfo do México (México),

- Mar dos Sargaços e o Oceano Atlântico (Estados Unidos, Açores),

- Estreito de Gibraltar e o Mediterrâneo, para um retorno a Toulon em julho



3 - Interoperabilidade e cooperação regional

Durante a missão "Jeanne D’Arc", muitas ações de cooperação serão realizadas entre a marinha francesa e as marinhas dos principais parceiros da França (Egito, Brasil, Estados Unidos). Eles atestam o desejo de manter um nível muito alto de interoperabilidade com seus aliados, necessários para conduzir operações em uma coalizão internacional. De fato, há muitos compromissos nos quais a França atua como parte de uma coalizão: Como contra o Estado Islâmico, contra a pirataria marítima ou o tráfico de pessoas no Oceano Índico, as Índias Ocidentais ou Mediterrâneo, para garantir a segurança das rotas marítimas e contribuir para o respeito do direito marítimo.


A França contribui para a estabilidade destas regiões juntamente com os seus principais parceiros. Graças ao seu poder de projeção, contando com instalações militares permanentes no Oceano Atlântico e Índico, e graças às comissões regulares de seus meios navais em todos os mares do globo, a França garante uma presença única entre os países europeus.


4 - Apoio naval à diplomacia

A operação "Jeanne D'Arc" contribui para o fortalecimento da influência da França no exterior. A sua mera presença é um forte sinal dissuasor e um apoio indiscutível a diplomacia. Quanto a todos os navios da Marinha Francesa no exterior, as escalas em portos estrangeiros permitem manter e consolidar as relações que a França tem com outras nações, sendo uma oportunidade para ações de alto valor agregado, em apoio à influência francesa.

Agradecemos as informações fornecidas pela Marine Nationale e a Marinha do Brasil, as quais nos forneceram subsídios para esta matéria.


GBN News – A informação começa aqui

3 comentários:

  1. Parabéns Angelo pela grande cobertura jornalistica.

    ResponderExcluir
  2. Era esse tipo de conteúdo que eu precisava, repleto de detalhes, muito bom!!! Meus parabéns!!

    ResponderExcluir