Na última semana, passou pelo litoral fluminense Grupo
Tarefa Anfíbio da Marine Nationale francesa composto por três embarcações, dentre elas o BPC “Tonnerre” da Classe Mistral, a fragata “La
Fayette” que dá nome a esta classe de navios de escolta franceses e o BSAM “Seine”.
A Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) da Marinha do Brasil, aproveitou
a ocasião da ADEST 2019 na região de Marambaia, para realização de manobras
anfíbias em conjunto com a força francesa. A Operação “Jeanne D’Arc” se constituiu uma grande oportunidade para troca de
conhecimentos entre as forças navais brasileiras e francesas, representando um importante
ganho à ambas marinhas, onde além das operações de desembarque anfíbio com as
forças do CFN, foi possível inserir a passagem francesa no âmbito de outra
grande manobra de nossa esquadra, falo da ADEREX 2019, operação que reúne o
maior número de meios operativos de nossa esquadra na égide de um mesmo
exercício, com isso garantindo o importante adestramento de nossa esquadra, com
seus meios e equipagens realizando exercícios que simulam o mais próximo da
realidade situações que poderão ocorrer em seu teatro de operações.
A incursão anfíbia realizada com apoio no NDCC “Almirante Saboia”, envolvendo o emprego de cinco viaturas CLAnf do
CFN e operadores dos Comandos Anfíbios (ComAnf), os quais desembarcaram na
Praia de Marambaia para realizar o reconhecimento do terreno e preparar o
assalto anfíbio na sequência, onde desembarcaram o contingente de fuzileiros
navais com a missão de neutralizar uma base de misseis anti-navios inimiga.
Nesta parte do exercício combinado, fora empregado um contingente de 230
fuzileiros, dentre esses os ComAnf, além de 50 homens da Marine Nationale.
Os franceses empregaram dentre os meios o “Tonnerre” que lançou com suas embarcações de desembarque, dentre
elas seu EDA-R (Engin de Débarquement
Amphibie Rapide, catamarã) os homens do 3ºBtlInfFuzNav que foram
conduzidos ao teatro de operações através do navio francês. Tal operação
garantiu a oportunidade por parte das forças brasileiras de conhecer um pouco
sobre a doutrina de emprego e projeção de forças anfíbias francesas, bem como
deu aos franceses a oportunidade de conhecer a doutrina de emprego e projeção
de forças anfíbias com viaturas anfíbias, lembrando que os mesmos não dispõem
de meios deste tipo, como nossos CLAnf.
Conhecendo a “Jeanne D’Arc”
A missão "Jeanne D’Arc"
tem como objetivo principal a preparação dos aspirantes a oficial da Marine
Nationale, tendo a duração de cinco meses, onde a missão ilustra a
versatilidade, resistência e perícia necessária aos marinheiros franceses para
cumprir suas missões no âmbito de uma força combinada em todos as partes do
globo.
Composto por um Grupo Tarefa Anfíbio, a missão permite que os aspirantes à oficiais
da Marinha francesa aprendam na prática tudo que foi estudado nas salas de aula,
sendo a melhor forma de apreender a complexidade das missões e os teatros de
operações.
Este ano o Grupo Tarefa Anfíbio é composto pelo BPC da Classe Mistral “Tonnerre”, que significa Trovão em
francês, a fragata “La Fayette”,
primeiro navio do tipo que dá nome a esta classe, e o BSAM “Seine”. Contando com 130 jovens oficiais navais franceses e estrangeiros,
oriundos da l’École navale (Escola Naval
Francesa), da l’École du Commissariat des
armées (Escola
do Comissariado de exércitos) e alunos de Marinhas amigas, os quais realizam o
treinamento prático dentro de uma comissão operacional de cinco meses.
A “Jeanne D’Arc” teve inicio
em 25 de fevereiro de 2019, quando o Grupo Tarefa Anfíbio
suspendeu de Toulon na França, tendo essa missão quatro objetivos:
1 - Treinamento no mar de Aspirantes à Oficial
Esta comissão de cinco meses é um primeiro cenário prático pelo qual
passam os futuros oficiais da Marine Nationale ao final de um ciclo de estudos
acadêmicos. A participação destes aspirantes a oficiais durante a comissão de
um grupo anfíbio é a oportunidade para adquirir conhecimento na prática dos
sistemas navais moderno que os mesmos terão de operar durante sua carreira como
oficiais. Permitindo assim que estejam prontos para desempenhar as suas funções
ao final da missão "Jeanne
d'Arc", que é o culminar da sua formação como oficiais marinheiros.
2 - Implantação operacional em áreas de
interesse estratégico
A França é a única nação europeia permanentemente presente nos Oceanos
Índico, Atlântico e Pacífico. A Marinha emprega regularmente suas unidades em
áreas de interesse estratégico, de acordo com a Revisão Estratégica de Defesa e
Segurança Nacional. O Pré-posicionamento da Operação “Jeanne d'Arc” ajuda a manter um profundo conhecimento dessas
áreas, estudar suas evoluções, mas também antecipar o aparecimento de crises, mantendo
uma capacidade autônoma de acompanhamento da situação.
Como todas as equipagens das embarcações em operação no mar, os
marinheiros desdobrados na missão "Jeanne
D'Arc" podem ser direcionados para missões de combate sob as
ordens do Chefe do Estado Maior das Forças Armadas.
A missão “Jeanne D'Arc” é uma comissão
operacional que ilustra o amplo espectro de missões desenvolvidas pela Marinha
Francesa:
- Participação no apoio a operações internacionais:
O grupo passará várias semanas no mar nas áreas de operações e poderá contribuir
com sua capacidade operacional, em particular o poder de projeção de força
anfíbia com seu grupo tático embarcado, o qual está sob aviso, sendo apto a cumprir
um vasto leque de missões, como:
- Operação Sea Guardian (Operação de Segurança Marítima da OTAN no
Mediterrâneo, lançada em julho 2016),
- Operação Enduring Freedom (operação contra o terrorismo e o tráfico
ilícito no Oceano Índico e Mar da Arábia),
O grupo também participará da Operação
ATALANTE, uma operação europeia de
combate a pirataria no Oceano Índico, onde a França está criando uma estrutura
de partilha de informação marítima em Brest (Centro de Navegação Marítima do Chifre
de África - MSC-HOA) como parte do esforço europeu para securitizar as rotas marítimas
naquela conturbada região do globo.
- Missões de soberania: O grupo envolvido na operação “Jeanne
D'Arc” realizará missões de soberania durante as quais contribuirá com sua
presença para a proteção das suas áreas marítimas.
- Missões de assistência humanitária (ajuda às populações afetadas em
caso de crise)
Mapa da missão "Jeanne d'Arc" 2019
- Mediterrâneo e Canal de Suez (Egito),
- Mar Vermelho (Djibuti), Oceano Índico através do Estreito de Bab-el-Mandeb
e o Canal de Moçambique (Mayotte, Madagascar),
- Cabo da Boa Esperança (África do Sul), Oceano Atlântico (Brasil),
- Abordagens à Guiana, Mar do Caribe (Martinica, Colômbia), Golfo do
México (México),
- Mar dos Sargaços e o Oceano Atlântico (Estados Unidos, Açores),
- Estreito de Gibraltar e o Mediterrâneo, para um retorno a Toulon em
julho
3 - Interoperabilidade e cooperação regional
Durante a missão "Jeanne D’Arc",
muitas ações de cooperação serão realizadas entre a marinha francesa e as
marinhas dos principais parceiros da França (Egito, Brasil, Estados Unidos).
Eles atestam o desejo de manter um nível muito alto de interoperabilidade com seus
aliados, necessários para conduzir operações em uma coalizão internacional. De
fato, há muitos compromissos nos quais a França atua como parte de uma coalizão:
Como contra o Estado Islâmico, contra a pirataria marítima ou o tráfico de
pessoas no Oceano Índico, as Índias Ocidentais ou Mediterrâneo, para garantir a
segurança das rotas marítimas e contribuir para o respeito do direito marítimo.
A França contribui para a estabilidade destas regiões juntamente com os
seus principais parceiros. Graças ao seu poder de projeção, contando com instalações
militares permanentes no Oceano Atlântico e Índico, e graças às comissões
regulares de seus meios navais em todos os mares do globo, a França garante uma
presença única entre os países europeus.
4
- Apoio naval à diplomacia
A operação "Jeanne D'Arc" contribui para o fortalecimento da
influência da França no exterior. A sua mera presença é um forte sinal dissuasor
e um apoio indiscutível a diplomacia. Quanto a todos os navios da Marinha
Francesa no exterior, as escalas em portos estrangeiros permitem manter e
consolidar as relações que a França tem com outras nações, sendo uma oportunidade
para ações de alto valor agregado, em apoio à influência francesa.
Agradecemos as informações fornecidas pela
Marine Nationale e a Marinha do Brasil, as quais nos forneceram subsídios para
esta matéria.
GBN News – A informação começa aqui