As semelhanças entre os acidentes da Lion Air e da Ethiopian Airlines chamaram a atenção para o sistema de estabilização utilizado pelo novo Boeing 737 Max 8.
O MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System) é um sistema de segurança automático que realiza correções em caso de violação de determinados parâmetros em manobras de mudança de altitude e direção.
O avião da Lion Air, que caiu em outubro matando 189 pessoas, e o aparelho da Ethiopian Airlines, que se espatifou no domingo deixando 157 mortos, operavam com o MCAS.
Os dois aparelhos fizeram subidas e descidas erráticas, a velocidades flutuantes, antes de cair minutos após a decolagem.
Apesar das semelhanças entre os dois acidentes, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) avalia que ainda é cedo para se tirar conclusões.
O MCAS foi introduzido pela Boeing no 737 Max 8 devido às turbinas do avião, mais pesadas e eficientes no uso do combustível, que mudaram as características aerodinâmicas da aeronave e podem levantar seu nariz em certas condições de voo manual.
"É um sistema que otimiza o perfil de voo e ajuda os pilotos a manter a aeronave na posição" apropriada, resumiu o especialista em aeronáutica da AirInsight Michel Merluzeau.
Isto é possível graças aos estabilizadores horizontais na cauda do avião, que são controlados pelo computador de controle de voo da aeronave.
Segundo a Boeing, o MCAS não controla o avião durante o voo normal, mas "melhora o comportamento do avião" durante situações anormais.
Tais situações ocorrem durante giros bruscos ou logo após a decolagem, quando o avião está ganhando altitude com os flaps abertos a baixa velocidade.
De acordo com o registro de dados, os pilotos do voo 610 da Lion Air lutaram para controlar o avião, enquanto o sistema MCAS pressionava repetidamente o nariz do aparelho para baixo durante a decolagem.
Os pilotos da Ethiopian Airlines informaram uma dificuldade similar antes de o aparelho cair, também minutos após a decolagem.
- Atualização do Software -
Um relatório preliminar sobre o acidente do voo 610 culpou em parte um sensor de ângulo de ataque defeituoso que ativou o MCAS e forçou automaticamente o nariz do avião para baixo.
Os pilotos que voaram no mesmo avião da Lion Air, um dia antes, haviam conseguido anular o sistema de controle automatizado.
A Boeing recebeu algumas críticas após o acidente da Lion Air por supostamente não informar adequadamente os pilotos dos modelos 737 sobre o funcionamento do MCAS ou proporcionar capacitação sobre o sistema.
Após o acidente da Lion Air, a Boeing emitiu um boletim para as empresas que operam o 737 Max 8 ensinando os pilotos como anular o sistema MCAS.
A Boeing divulgou um comunicado na última segunda-feira (11) avaliando que é muito cedo para determinar a causa do acidente com o aparelho da Ethiopian Airlines.
O grupo informou ainda estar trabalhando nas atualizações do software para o sistema MCAS na frota de 737 Max, mas destacou que já existem procedimentos para "administrar de maneira segura a improvável situação de dados equivocados procedentes do sensor de ângulo de ataque (AOA)".
"O piloto sempre pode anular o controle (do MCAS) utilizando o ajuste elétrico ou o ajuste manual", afirmou o fabricante.
Desde a década de 1970, quando o DC-10 da McDonnell Douglas sofreu sucessivos acidentes fatais, nenhum outro modelo novo esteve envolvido em dois acidentes fatais em um período tão curto.
Fonte: UOL via Notimp
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