quarta-feira, 13 de março de 2019

Porta-Aviões europeu, uma ideia viável?

A suposta construção de uma Navio-Aeródromo (NAe) em conjunto pela França e Alemanha, ganharam destaque nos fóruns e redes sociais focadas no campo de defesa. Tal notícia surgiu de uma declaração  realizada por Annegret Kramp-Karrenbauer,  possível sucessora da chanceler alemã, Angela Merkel.

A falacia de Kramp-Karrenbauer, que lidera a União Democrata Cristã desde que Merkel deixou o cargo em 2018, surgiu como uma forma de expressar apoio as palavras do presidente francês Emmanuel Macron, que fomentou dias antes um renascimento da unidade europeia antes das eleições do Parlamento Europeu que ocorrem em maio.

Segundo Kramp-Karrenbauer, "a Alemanha e a França já estão trabalhando em uma futura aeronave de combate européia, onde outras nações estão convidadas a participar", tendo se referido ao programa conjunto entre França e Alemanha que visa desenvolver um moderno caça para equipar suas forças, o famoso FCAS. No calor da emoção a política teria sugerido a construção e operação conjunta de um porta-aviões, o que na sua concepção daria maior capacidade a União Européia como força global de segurança e paz.

Mas tal proposição da política alemã é absurdamente inconcebível do ponto de vista operativo e prático, tendo em vista as particularidades entre cada um dos países e suas respectivas marinhas. Há toda uma série de fatores que inviabilizariam a operação de um NAe em conjunto entre as duas marinhas. 

Dentre os fatores podemos elencar alguns pontos chave, como os procedimentos operacionais e de segurança, doutrinas de emprego deste tipo de meio de superfície, gestão e treinamento de tripulantes, custos de obtenção e operacional, além de questões que passam pela cadeia de comando conjunta, e por ai vai, isso sem falar nos destacamentos aéreos embarcados e uma série de outros pontos... 

O porta-aviões, como é popularmente conhecido o NAe, é por si um instrumento de projeção de poder, portanto, como se daria a decisão de emprego ou não deste meio por parte das nações que hipoteticamente o operariam em caso de discordância entre as partes em enviar tal meio em determinada missão?

A simples operação de aeronaves de nações amigas em um mesmo NAe já é um imenso desafio, quer seja pelo treinamento que cada força confere a seus pilotos e pessoal de convoo, quer seja pelos procedimentos. imaginem operar não apenas aeronaves de duas nações distintas embarcadas em um mesmo "porta aviões", mas gerenciar e operar um complexo meio naval como um NAe em conjunto por duas marinhas com tradições e doutrinas distintas? Logo vemos a inviabilidade desta ideia apresentada pela política alemã.

Para leigos tudo é muito fácil e possível, porém, quando se trata de analisar pelos olhos de especialistas e pessoas do meio, temos uma visão muito mais realista das possibilidades e a realidade dos fatos, vemos que o buraco é muito mais embaixo do que imaginam, no campo de defesa tudo é regido por estudos e mais estudos, nada pode ser concebido da noite para o dia, muito menos conceitos operacionais, como o que envolve operar um NAe em conjunto....

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1 comentários:

  1. A França já domina com sucesso a tecnologia de Porta Aviões nuclear, porém acho muito difícil, compartilhar esta tecnologia com a Alemanha que apesar de hoje ser um aliado, é na verdade, o maior inimigo histórico francês na Europa continental.

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