Nesta quinta-feira, 20 de setembro, comemoramos 183 anos da "Revolução Farroupilha", ou "Revolução Rio-Grandense", que é sem dúvida uma das mais importantes páginas da história brasileira, a qual esta repleta de episódios e atos de heroísmo que infelizmente hoje pouco se reverbera entre nossos jovens e mesmo a população em geral, a qual pouco conhece nossa rica história e as tradições que guardam nossa diversa nação.
A revolução que teve inicio como forma de buscar mudanças no tratamento dado pelo império a província no sul do Brasil, evoluiu ao longo de seu desenrolar, tendo sido palco de grandes e sangrentas batalhas entre as tropas do império e as forças rio-grandenses, teve em seu ápice proclamada a ruptura da região com o restante do império, onde chegou a ser proclamada a República Rio-Grandense.
A Revolução Farroupilha ganhou notoriedade não apenas pelos fatores que levaram a eclosão do conflito e a resolução do mesmo, mas principalmente pelo viés separatista que tomou o conflito, tendo sido o momento que apresentou maior ameaça à integridade territorial brasileira.
Gen. Bento Gonçalves |
Para entendermos um pouco melhor a questão, o charque produzido na província do Rio Grande do Sul sofria com a cobrança de uma pesada carga tributária realizada pelo governo central, enquanto o que era produzido pelos uruguaios e argentinos tinha uma taxação muito inferior a praticada sobre os rio-grandenses. Essa postura do governo central tornava o produto gaúcho menos competitivo, uma vez que devido aos altos impostos era impossível praticar um preço competitivo no mercado.
Mas o descontentamento gaúcho não era só com a questão tributária sobre a província e seu principal produto, ou sobre a reivindicação de uma taxação justa sobre o charque estrangeiro para tornar a concorrência entre o produto nacional e o estrangeiro mais justa. Haviam outras razões que levaram a Revolução Farroupilha as vias de fato. Abaixo listamos alguns dos principais fatores que corroboraram para a eclosão do conflito e a grande adesão gaucha ao movimento:
- Insatisfação com a taxação sobre o gado na fronteira Brasil-Uruguai e os impostos sobre o Charque rio-grandense.
- Insatisfação com a criação da Guarda Nacional.
- Insatisfação com a negativa do governo em assumir os prejuízos causados pela praga de carrapatos que causou grande impacto sobre a pecuária na região em 1834.
- Insatisfação com a centralização do governo e a falta de autonomia da província, além do descontentamento com a importância dada a província nas decisões do império.
- O florescer dos ideais federalistas e republicanos na região, que cresciam diante do descontentamento com o império.
Todo esse caldeirão efervescente culminou com a explosão da revolta no dia 20 de setembro de 1835 com os gaúchos tomando o controle de Porto Alegre e obrigando o presidente da província, Fernandes Braga, a fugir para Rio Grande. Bento Gonçalves, que planejou o ataque, empossou no cargo o vice, Marciano Ribeiro.
Bento Manoel |
Bento Manoel, um dos líderes da tomada de Porto Alegre em 20 de setembro, decidiu romper com seu apoio a revolução e passou a apoiar Araújo Ribeiro.
O líder rio-grandense Bento Gonçalves, tentou uma conciliação ao convidar Araújo Ribeiro a tomar posse em Porto Alegre, mas este recusou o convite. Ao invés disso, Araújo Ribeiro com a ajuda de Bento Manoel, seguiu na busca pela adesão de outros líderes militares, como Osório. A crise na província se agravou com decisão do governo central de transferir em 3 de março de 1836 as repartições para Rio Grande, selando a ruptura. Como toda ação gera uma reação, os líderes farroupilhas prenderam o conceituado major Manuel Marques de Souza em Pelotas, o qual foi levando para Porto Alegre e detido no navio-prisão "Presiganga", ancorado no Guaíba.
General Neto |
Em 9 de setembro de 1836 sob comando do General Neto, os rio-grandenses impuseram uma violenta derrota ao coronel João da Silva Tavares no Arroio Seival, naquela ocasião e em virtude do impasse político que o conflito havia chegado, foi feita a proclamação da República Rio-Grandense. Naquele dia o movimento passava a ser separatista. A província do Rio Grande do Sul declarava sua separação do território brasileiro e a formação da República Rio-grandense, também conhecida como República de Piratini.
A Revolução Farroupilha liderada por grandes líderes gaúchos, tinha como um dos seus maiores nomes Bento Gonçalves, o qual chegou a ocupar a presidência da proclamada república por um período, porém outros nomes importantes não podem deixar de ser lembrados, como o italiano Giuseppe Garibaldi e do militar brasileiro David Canabarro. Estes dois responsáveis por espalhar os ideais separatistas da revolução a outras províncias, onde em julho de 1839 foram responsáveis por levar a guerra contra o império para a província de Santa Catarina, fundando lá a República Juliana.
Gen. David Canabarro |
Barão de Caxias |
- Taxação em 25% sobre o charque estrangeiro;
- Anistia para os envolvidos na revolução;
- Incorporação dos militares farroupilhas ao exército imperial, mantendo sua patente;
- Os provincianos teriam direito de escolher o próprio presidente de província, porém, isso não foi de fato consumado;
- Os escravos que lutaram do lado dos rio-grandenses seriam alforriados, algo que não saiu do papel.
Para entender um pouco sobre essa última cláusula do acordo firmado entre o império brasileiro e os rio-grandenses, é preciso lembrar que durante a revolução houve uma grande participação de escravos e negros libertos. Apesar de ser uma das reivindicações dos termos de rendição, é preciso deixar claro que o movimento não tinha de fato um caráter abolicionista, havia, sim quem defendia o abolicionismo, mas o movimento em si não tinha em sua pauta promover a abolição da escravidão. David Canabarro contava com um eficiente grupamento de lanceiros negros, o qual foi atacado de surpresa e dizimado pelas tropas imperiais lideradas por Moringue em 14 de novembro de 1844.
Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança
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Parabéns pela pesquisa e excelente edição !!!
ResponderExcluirObrigado,
ExcluirNós tentamos sempre trazer um conteúdo claro e objetivo.
Muito bom e como não sabemos nossa própria historia esta revolução guerra pensei que fosse algo trivial besta e depois de ler um texto percebe a importância e nomes dos heróis nacionais
ResponderExcluirO pacificador RSS
Grande abraço amanhã irei ver o vídeo do arte da guerra do cmdt faribazzo e parabéns Ângelo sempre com matérias que ler e reler
Fé no Brasil
Favor, corrigir o trecho: " A paz foi alcançada enfim no dia 1 de março de 1845, com a assinatura do Tratado de Poncho Verde, em que os rio-grandenses colocaram fim à revolta, na condição de derrotados", o exército farrapo não foi derrotado, selou um acordo de paz bem generoso, cheio de cedências a fim de acabar con a guerra que durou 10 anos.
ExcluirBoa noite,
ExcluirMuito obrigado pela participação, seguindo a dica, nós corrigimos o texto.