Há exatos 17 anos o mundo assistiu cenas impensáveis até pelo maior produtor de Hollywood, duas aeronaves comerciais se chocaram deliberadamente contra as torres do World Trade Center em Nova York, era o inicio de uma nova era de nossa história.
Na manhã daquele 11 de setembro de 2001, o dia começava ensolarado, com um límpido céu azul sobre o centro de Manhattan. Tudo corria como mais um dia na vida dos norte americanos. O país vinha se recuperando a pequenos passos da crise econômica que atingiu o país após o crash das empresas ponto.com, era uma momento permeado por algumas incertezas quanto a liderança de George W. Bush e sua capacidade de liderar o país em um novo rumo. Não havia uma ameaça eminente, ao menos não reconhecida pelos serviços de inteligência do país.
Na manhã daquele 11 de setembro de 2001, quatro aeronaves foram tomadas por terroristas, que tinham como objetivo lançar o maior e mais letal ataque da história em território norte americano.
Duas aeronaves foram propositalmente lançadas contra as torres do WTC, matando todos passageiros e comprometendo gravemente a estrutura das torres, as quais após horas queimando, sucumbiram matando milhares de inocentes, no que foi considerado um ato de guerra contra os EUA e levaram a fatídica e pouco promissora "Guerra ao Terror". Ainda naquele fatídico dia uma aeronave atingiu uma ala do Pentágono, em Washington, e outro caiu na Pensilvânia, diante da heroica tentativa dos passageiros de tentar retomar o controle da aeronave.
Mais de três mil pessoas de diversas nacionalidades morreram naquele ataque. A organização terrorista Al-Qaeda, do saudita Osama Bin Laden, reivindicou o ataque e então teve inicio a "Guerra ao Terror" e uma intensa caçada ao terrorista mais conhecido de todos os tempos, Osama Bin Laden. O qual foi morto por forças especiais dos EUA em Abbottabad no Paquistão em 2 de maio de 2011
As cenas mostradas pelas redes de televisão eram surreais, após a primeira colisão que ocorreu às 8h46 daquela manhã, quando um Boeing 767 da America Airlines, atingiu cerca de quatro andares da primeira torre, pessoas se jogavam do prédio em chamas rumo a morte certa, até então não se tinha um real panorama do que acontecia, até que um segundo Boeing, desta vez um 757 da mesma companhia atingiu a outra torre, e começaram a chegar informações sobre outros voos em poder dos terroristas, cenas que nunca foram imaginadas nem por Hollywood, o espaço aéreo americano foi fechado e todas aeronaves forçadas a aterrissar. Poucas horas após serem atingidas, as torres do WTC sucumbiam, levantando muita poeira e levando com ela milhares de vidas inocentes.
As consequências dos ataques reverberam até os dias de hoje, tendo sido responsável pela invasão do Afeganistão, posteriormente levando a invasão do Iraque e o assassinato de seu governante, Saddam Hussein, sob uma fraudulenta acusação de possuir armas de destruição em massa e o suposto apoio à grupos terroristas.
Após aquele fatídico dia, vimos o preço do petróleo disparar, de US$25 dólares na cotação do dia, para chegar a picos em torno de US$115 o barril, hoje registramos uma sensível redução, com barril Brent cotado em US$77,37 dólares. A divida norte americana alçou voo após longas e desgastantes operações militares no exterior, o déficit orçamentário dos EUA chegou a casa de US$1,58 bilhões em 2011, o maior na história do país. Os norte americanos ainda enfrentaram outra onda em sua economia com o estourar da "bolha imobiliária" no mercado financeiro em 2008, além das problemáticas operações lançadas ao longo de quase duas décadas na famosa "Guerra ao Terror", que ainda continua sem efetivamente apresentar resultados plausíveis, com tropas ainda mergulhadas no "pântano" que é o Afeganistão, onde efetivamente não se conseguiu estabilizar e pacificar aquele país, vimos a ascensão do Estado Islâmico, o qual chegou a dominar grande parte do Iraque e da Síria, países mergulhados com diversos conflitos contra insurgentes e o terrorismo islâmico radical, desde o Afeganistão e o Paquistão até o Níger e o Iêmen.
O custo da "guerra global ao terror" que se seguiu aos ataques chega a mais de US$ 2 trilhões, o que equivale a duas vezes o custo da Guerra do Vietnã aos cofres norte americanos.
A resposta do presidente George W. Bush ao ataque às torres gêmeas e ao Pentágono foi lançar duas guerras, contra o Afeganistão e o Iraque, marcando um unilateralismo às expensas das alianças e das leis internacionais, o que se pode comparar à uma cruzada moderna tentando impor a democracia liberal no Oriente Médio.
Desde 11 de setembro de 2001 não registramos um novo ataque de proporções similares nos EUA, mas vimos aumentar as atividades terroristas em diversos países, onde em muitas das vezes utilizaram de meios nada convencionais para perpetrar tais ataques, usando veículos, facas e outros meios para lançar o terror e a insegurança no "velho continente", o qual se vê diante de uma enorme crise de refugiados, estes oriundos da Síria, Líbia e outros países atingidos por conflitos resultantes direta ou indiretamente pelas políticas externas dos EUA e seus aliados.
Dezenas de dados foram recuperados no esconderijo de Osama bin Laden em Abbottabad, no Paquistão, sugerindo que o líder da Al Qaeda, morto em maio de 2011 durante uma operação ousada dos Seals da marinha americana, estava planejando outro ataque de grandes proporções, possivelmente para coincidir com o aniversário de dez anos do 11 de setembro naquele ano.
Ainda me pergunto se a resposta militar ao 11 de setembro representou um desvio caro e desproporcional de atenção e recursos, que abriu uma lacuna importante, a qual propiciou o emergir de novas potencias no cenário mundial, sendo a mais marcante destas a ascensão da China, a qual viu sua economia disparar ano após ano após os ataques, representando uma oportunidade criada pela fragilidade econômica e as incertezas estratégica adotadas pelos EUA.
No período que se seguiu ao ataque às torres gêmeas, um alinhamento geopolítico comparável aos de 1815, 1945 ou 1989 pareceu ter tomando forma. Os EUA formou uma coalizão contra o terrorismo, coalizão que buscou aproximar rivais como Rússia e China, porém, tal aproximação não durou muito tempo, principalmente após a entrada da Rússia ao lado de Bashar Al Assad na luta contra a insurgência e o terrorismo que estiveram a poucos passos de tomar a Síria por completo.
A resposta militar aos ataques de 11 de setembro foi de eficácia duvidosa. Tendo identificado os responsáveis pelos ataques, os EUA montaram uma campanha improvisada para derrubar o Taleban no Afeganistão. Forças especiais americanas se uniram a senhores de guerra locais e usaram poderio aéreo avassalador para quebrar o regime de Cabul em questão de semanas, porém, ainda hoje o país enfrenta uma sangrenta batalha contra o grupo, onde os EUA buscam maneira de sair daquele "vespeiro", tendo iniciado uma política de apoio e fortalecimento das instituições do governo local, com treinamento militar e envio de meios necessários a condução de operações de contra-insurgência.
Em um ano os EUA tinham perdido a superioridade moral. O erro de Bush foi deixar claro que a mudança de regime no Iraque era apenas um passo no combate ao que ele descreveu como um "eixo do mal" que incluía o Irã, a Coreia do Norte e potencialmente outros adversários suspeitos de abrigarem ou darem apoio aos terroristas. Da noite para o dia, os EUA passaram a ser retratados como um país fora-da-lei, o qual "rasgou" tratados e desobedeceu decisões da ONU.
Assim a Guerra do Iraque foi travada sem o apoio de aliados tradicionais como Canadá, França e Alemanha, sem o apoio do Conselho de Segurança da ONU e sem provas conclusivas de que Saddam Hussein possuísse armas de destruição em massa que representassem uma ameaça imediata aos Estados Unidos. Quanto aos aliados, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, dava cobertura política leal, apesar do secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, ter declarado em tom de pouco caso que as forças do Reino Unido eram redundantes, em termos militares.
A Otan, que pela primeira vez havia evocado seu artigo 5 para convocar todos seus membros à defesa coletiva, foi igualmente deixada em segundo plano. O lema de Washington era "a missão determina a coalizão". Mas alianças seletivas funcionam nos dois sentidos. Até o final da década, aliados europeus estavam recorrendo a artifícios para optar por não participar de operações militares no Afeganistão, Iraque e Líbia. Foi a razão pela qual o secretário de Defesa dos EUA Bob Gates, antes de deixar o cargo, avisou que a Otan estava rapidamente se tornando irrelevante.
No segundo mandato de Bush, o discurso abrasivo deu lugar a uma abordagem mais moderada. Como força de ocupação no Afeganistão e Iraque, os EUA foram sugados para dentro do processo de construção nacional que Rumsfeld tinha criticado. Em uma confusão semelhante, o presidente Barack Obama e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, declararam que uma ou as duas missões eram militarmente vitais, mas então agiram como se fossem discricionárias, determinando um cronograma (político) para a retirada de suas tropas.
Se as sementes da transformação democrática vão ou não deitar raízes no Iraque é algo mais discutível. O muito elogiado "aumento forte e repentino" das tropas americanas no país salvou o Iraque do caos e da possível dissolução, mas as relações entre os grupos étnicos do país curdos, sunitas e a maioria xiita continuam precárias. É possível afirmar que a deposição de Saddam Hussein permitiu que o Irã se tornasse a potência regional dominante, exercendo influência através do governo xiita em Bagdá.
Contrastando com tudo isso, as relações sino-americanas equivalem a pouco mais que uma convivência intranquila. Pequim vê Washington, na melhor das hipóteses, como "nem amigo nem inimigo", e os EUA tomarem consciência com atraso do desafio lançado pela China a sua hegemonia no Pacífico, onde as tensões vem aumentando nos últimos anos, ao passo que assistimos a China ampliando a passos largos seu poderio militar, em especial no campo naval e aéreo, lançando ao mar centenas de novos meios e produzindo aeronaves cada vez mais complexas e capazes.
O fato geopolítico mais importante dos últimos dezessete anos não esta presente no campo de batalha, mas sim no campo financeiro, onde aumenta a disputa entre norte americanos e chineses, com uma verdadeira guerra comercial se desenvolvendo.
O apetite voraz da China por commodities está criando novas rotas comerciais, especialmente com potências emergentes como o Brasil. A China superou os EUA como maior parceira comercial do Brasil. A América Latina, região que no passado era conhecida como "quintal" dos EUA, hoje experimenta uma enorme presença chinesa, a qual vem ocupando o vácuo deixado pelos EUA, os quais destinaram seu foco ao oriente médio e a "guerra ao terror", o que drenou recursos e alterou de sobremaneira a posição inconteste dos EUA na América Latina.
O legado do 11 de setembro foi sem sombra de dúvidas a mudança radical na política norte americana e o mundo como um todo, onde vemos hoje a ascensão do gigante chinês e questionamos sobre a capacidade dos EUA se manterem no topo de sua hegemonia por mais alguns anos.
O GBN News aqui estende uma homenagem as inocentes vítimas dos ataques de 11 de setembro, as quais continuam a morrer até os dias de hoje em diversos lugares ao redor do mundo, vitimas de uma guerra sem direção, sem real resultado e que só tem alimentado o ódio e servido de propaganda para grupos extremistas atraírem novos combatentes, uma verdadeira bola de neve que só tende a resultar nas incertezas do amanhã em relação ao cenário geopolítico e econômico mundial. Sem uma solução real no horizonte, o qual agora leva o medo e insegurança aos aliados dos EUA na Europa, fragilizada e diante de uma capacidade nunca antes vista de terroristas perpetrarem ataques que minam a confiança e segurança no ocidente. Esperamos que possamos aprender com os erros do passado, e que a tolerância e respeito as diferenças venham a iluminar as mentes dos líderes ao redor do mundo, que Deus faça justiça e puna os responsáveis por tantas barbáries.
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Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança
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