domingo, 29 de julho de 2018

A US Navy e os desafios impostos pelos atrasos no F-35

A US Navy enfrenta uma grave crise em sua capacidade aeronaval, onde o desgaste proporcionado pelo grande aumento em suas horas/voo observado desde o "11 de Setembro", começa a cobrar seu alto preço, aliado aos sucessivos atrasos e problemas que enfrenta o programa de desenvolvimento do F-35. Logo observamos uma grande redução no nível de prontidão da aviação naval norte americana, tal como nunca se observou desde o pós-guerra.

Uma das saídas para atender a urgência que se tornou a busca por uma solução para a problemática, tem sido um programa desenvolvido com a Boeing, no qual se busca manter grande parte do inventário de aeronaves F/A-18 E/F "Super Hornet" em operação. 

A Boeing vem executando um intensivo trabalho de modernização e extensão da vida útil das células já bastante castigadas pelo uso intenso nas operações aéreas embarcadas, onde grande parte da frota esta próxima de exaurir seu ciclo de vida inicial programado, principalmente devido a intensidade que tomou a "Guerra ao terror", declarada logo após os ataques de 11 de setembro pelo à época presidente George W. Bush. 

Outra medida tomada pela US Navy para tentar garantir suas capacidade operacionais e atingir suas metas de prontidão, tem sido a aquisição de novas aeronaves "Super Hornet", o que vem a ser recebido pela Boeing como motivo de comemoração, sendo de grande importância para manter as linhas de produção do caça, o qual vem perdendo sucessivas concorrências ao redor do mundo.  Ajudando a impulsionar as vendas da Boeing, representando um crescimento estimado de 10% no ano.

Há quem aponte de maneira positiva para uma futura evolução no projeto do "Super Hornet", o qual segundo analista, possui potencial para conquistar ainda inúmeros contratos em uma versão mais atual e capaz, principalmente voltada a atender as demandas da US Navy.

Os norte americanos enfrentam um momento nebuloso em sua capacidade operacional, onde grande parte de seu poderio militar se aproxima do fim de seu ciclo operacional, levantando dúvidas sobre o futuro das suas forças, em especial quando se trata de meios aéreos, tanto da USAF, como da US Navy, pois ao que parece, a aposta no programa F-35 como a solução das necessidades aéreas das forças norte americanas, se mostra um erro estratégico, o qual poderá custar muito em termos operacionais á curto e médio prazo, abrindo lacunas em suas capacidades.

Aliados aos envelhecimento de sua frota de "Super Hornet", a US Navy ainda enfrenta o arrocho no orçamento de defesa imposto pelo congresso, muito longe ainda da realidade de grande parte das nações, porém, temos que ter em mente a envergadura do poderio norte americano e sua doutrina operacional que busca cobrir os quatro cantos da terra. Olhando por essa óptica, temos que ressaltar que, embora contem com um orçamento multi bilionário, há uma enorme demanda por novos meios, e essa demanda tende a ter um custo astronômico, uma vez que os avanços tecnológicos cobram um alto preço.

No meio dessas incertezas e da crise que se agrava a cada dia na US Navy, a Boeing é uma das grandes beneficiadas pelos reveses que enfrenta o programa F-35, tendo recebido novas encomendas para fornecer suas aeronaves "Super Hornet" afim de repor a frota da US Navy, a qual já esgotou praticamente todo estoque de aeronaves que aguardavam um destino estocadas, voltando as linhas de voo afim de operar até o findar de seu ciclo de vida útil, ou como costumamos dizer:  "operar até o osso".

A US Navy tem realizado um grande esforço para realizar a aquisição de peças e serviços para manter suas aeronaves voando. A decisão soou inicialmente controversa, ao passo que se esperava a entrada em operação do F-35 como novo vetor que iria gradativamente substituir os F/A-18 "Super Hornet", o que ocorreria inicialmente em tempo de substituir os "Super Hornet" antes que os mesmos chegassem ao fim de seu ciclo de vida, algo que não ocorreu devido aos sucessivos atrasos no cronograma do F-35.

Para ter uma ideia da dimensão da gravidade, alguns relatórios apresentados ao congresso, davam conta de que um em cada três "Super Hornet" estavam fora de prontidão. O que levou a liberação de recursos para aquisição de novas centenas de "Super Hornet" e a modernização e extensão da vida útil das aeronaves que ainda apresentam condições.

Um exemplo do problema relatado pelo site Defense News, aponta que para o USS Carl Vinson, USS Nimitz e USS Theodore Roosevelt estivessem prontos para partir respectivamente em janeiro, junho e outubro deste ano, e contassem com seus grupos aéreos embarcados com número de aeronaves necessárias, 94 caças tiveram que ser transferidos dos depósitos de manutenção ou entre esquadrões de "Super Hornet" em todo país.

A US Navy se conscientizou da necessidade de estender a operação dos "Super Hornet" como aeronave de sua linha de frente ainda por mais algumas décadas, levando a novas aquisições de "Super Hornet", apontando para uma maior longevidade na linha de produção desta aeronave, o que pode garantir uma nova variante do caça naval afim de contrapor as novas ameaças no horizonte, impactando diretamente na cadencia de produção do F-35 em um primeiro momento, o que pode significar mais um problema para o programa JSF, isso se a Boeing não apresentar uma solução que se mostre mais acertada e viável no curto e médio prazo as necessidades da US Navy.


Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança

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