Nesta sexta-feira (8), o Centro Industrial Nuclear de Aramar, localizado em São Paulo, será palco de um momento de grande importância para o programa nuclear brasileiro. O Ministério da Defesa em conjunto com outros ministérios como da Saúde, Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e a Marinha do Brasil, realizarão a cerimônia de Lançamento da Pedra Fundamental do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e de início dos testes de integração dos turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE).
O RMB é um reator nuclear que tornará o Brasil autossuficiente na produção de radioisótopos, que são insumos fundamentais para a fabricação de radiofármacos de grande importância para o tratamento de doenças em diversas áreas da Medicina, como a cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia.
O LABGENE é parte essencial ao Programa Nuclear da Marinha (PNM), sendo o protótipo em terra da planta nuclear do futuro submarino com propulsão nuclear brasileiro.
REATOR MULTIPROPÓSITO BRASILEIRO (RMB)
Sob responsabilidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, o Complexo do Reator Multipropósito Brasileiro será erigido no Município de Iperó, em uma área de 2,04 milhões de m², adjacente ao Centro Industrial Nuclear de Aramar, cedida pela Marinha do Brasil e pelo Governo do Estado de São Paulo.
O Complexo terá, além do reator nuclear de pesquisa, toda uma infraestrutura de laboratórios para realizar um grande e valioso conjunto de atividades. Os principais laboratórios associados são: laboratório de processamento e manuseio de radioisótopos; laboratório de feixe de nêutrons; laboratório de análise pós-irradiação; e laboratório de radioquímica e análise por ativação, além de instalações de apoio para pesquisadores. O Empreendimento RMB, da forma concebida, será o catalisador para um grande centro de pesquisa nacional de aplicação de radiação para benefício da sociedade.
O RMB será capaz de produzir os radioisótopos que o Brasil precisa, e que hoje são importados, reduzindo os riscos de desabastecimento e diminuindo os custos para a produção dos radiofármacos, o que permitirá maior volume de exames e tratamento de doenças, em especial de diferentes tipos de câncer. Isso significará melhores condições para o investimento na área médica, com a consequente ampliação do atendimento em medicina nuclear, para um maior contingente populacional.
Registra-se que em 21 de dezembro de 2017, durante a 51ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado do MERCOSUL e Estados Associados, na presença dos Presidentes Michel Temer e Mauricio Macri, foi celebrado o contrato entre a Fundação Parque de Alta Tecnologia da Região de Iperó e Adjacências (Fundação PATRIA) e a empresa argentina Investigación Aplicada (INVAP), com o propósito de iniciar o projeto detalhado dos sistemas nucleares para a futura construção do RMB.
Da mesma forma, em 27 de março do corrente ano, a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (AMAZUL) e o Ministério da Saúde assinaram um acordo de cooperação técnica que garante investimento de R$ 750 milhões, a serem aportados por aquele Ministério até 2022, para a implantação da parte do Empreendimento voltada para a fabricação dos componentes de interesse da medicina nuclear brasileira.
É importante ressaltar que, com sua instalação em área adjacente à Aramar, a Região de Iperó comportará dois reatores nucleares, o do Complexo RMB e o do LABGENE. Esses empreendimentos certamente farão com que o Município se torne o mais vigoroso pólo de desenvolvimento de tecnologia nuclear do país, promovendo a atração de novas empresas e indústrias, gerando empregos em todos os níveis de formação e qualificação, e o incremento da atividade econômica local.
PROGRAMA NUCLEAR DA MARINHA
O Programa Nuclear da Marinha (PNM) foi iniciado em 1979, em razão da necessidade estratégica do País possuir submarinos com propulsão nuclear. Concebido para utilizar tecnologia totalmente nacional e independente, o Programa foi dividido em duas vertentes: o domínio do ciclo do combustível nuclear; e o desenvolvimento de uma planta nuclear de propulsão naval.
Atualmente, graças ao PNM, o Brasil domina o ciclo completo do enriquecimento do Urânio e estamos construindo, na cidade de Iperó (SP), no Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), um Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE), que é o protótipo, em terra, da planta nuclear do nosso primeiro submarino com esse tipo de propulsão. Verifica-se, assim, a indissociável ligação entre o PNM e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos, o PROSUB.
O combustível nuclear é fabricado a partir do urânio natural, encontrado em abundância no Brasil, que detém uma das maiores reservas desse minério no planeta.
Fruto do PNM, a MB contribui de forma decisiva para possibilitar a produção pelas Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB) de parte do combustível nuclear utilizado nas usinas Angra I e II. Além disso, por meio de atividades e projetos desenvolvidos pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, em parceria com universidades, institutos de pesquisa e com a indústria nacional, o Programa vem trazendo elevados ganhos em tecnologia e desenvolvimento científico numa área reconhecidamente sensível.
Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE)
O LABGENE foi concebido como um protótipo, em terra, dos sistemas de propulsão que serão instalados no futuro Submarino Nuclear Brasileiro (SN-BR), a fim de possibilitar a simulação, em condições ótimas de segurança, da operação do reator e dos diversos sistemas eletromecânicos a ele integrados, antes de sua instalação a bordo do SN-BR. Outro ponto importante a ser destacado é que, pela sua característica dual de utilização, o LABGENE servirá de base e de laboratório para outros projetos de reator nuclear de potência no Brasil.
O LABGENE foi projetado para ser formado pelas seguintes Seções:
Bloco 10 - Freio Dinamométrico;
Bloco 20 - Motor Elétrico da Propulsão;
Bloco 30 - Turbogeradores; e
Bloco 40 - Reator Nuclear.
A fase atual do Projeto do LABGENE, celebra o início dos testes de acionamento dos Turbogeradores (Bloco 30), bem como a integração destes com os demais equipamentos auxiliares dessa Seção. Durante essa fase, o vapor que acionará os Turbogeradores será gerado por uma caldeira de vapor saturado seco, a qual será substituída, em 2021, por um equipamento produtor de vapor acionado pela energia térmica gerada pelo Reator de Água Pressurizada (PWR). Quando em plena operação, o LABGENE será composto de uma planta nuclear com 48 Megawatts de potência térmica, capaz de alimentar todos os subsistemas necessários para a propulsão de um submarino – tal energia é suficiente para iluminar uma cidade de aproximadamente 20 mil habitantes.
GBN News com Marinha do Brasil
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