Bom pessoal, nós em
conjunto com Cmte Robinson Farinazzo, nosso parceiro do Canal “Arte da Guerra”,
resolvemos tratar neste artigo sobre os meios empregados no ataque lançado
pelos EUA e seus aliados contra instalações na Síria ocorrido na última sexta-feira
(13).
Há ainda muitos dados
que desconhecemos, então vamos nos ater aos dados oficialmente confirmados, com
números e meios divulgados pelas fontes oficiais afim de garantir ao nosso
leitor informação de qualidade.
Houve muita especulação
sobre o número de mísseis lançados e interceptados pela defesa aérea da Síria,
onde há divergências nas fontes, enquanto a maior parte dá conta do sucesso do
sistema de defesa aérea da Síria, algumas fontes norte americanas insistem que
não houve a interceptação dos mísseis pelas defesas sírias, porém, as imagens e
provas apresentadas em diversas fontes tem mostrado que houve interceptação dos
mísseis pela defesa aérea, mas não podemos ainda afirmar em 100% que o número
alcançado seja de 70%, mesmo que seja um número bastante plausível.
Um ponto que é preciso
esclarecer aos nossos leitores, é que nenhuma das aeronaves empregadas na
operação entrou no espaço aéreo sírio, principalmente devido ao armamento empregado
pelas mesmas, sendo basicamente armamento inteligente do tipo standoff. Como resultado, não foi
preciso empregar na operação um conjunto mais complexo de meios, como por
exemplo os caças F-22, que não precisaram ser usados para
dar escolta aos bombardeiros B-1B “Lancer”, tendo bastado o emprego de uma
aeronave de guerra eletrônica EA-6B “Prowler”, para dar cobertura aos aliados
dois grupos de quatro elementos cada, compostos por caças F-16 oriundos da base
de Aviano na Itália e caças F-15 baseados no Reino Unido foram deslocados para
operação, recebendo o importante apoio de aeronaves de reabastecimento KC-135R
e KC-10A, aeronaves não tripuladas RQ-4B atuaram em conjunto com uma aeronave
RC-135V na coleta de dados, bem como as comunicações e ligação entre os diversos
meios empregados pela coalização tiveram sua comunicação possível graças ao
emprego de uma aeronave E-11A que está baseada no Afeganistão.
Os B-1B “Lancer” foram
responsáveis pelo lançamento de 19 misseis de cruzeiro JASSM-ER (Joint Air-to-Surface
Standoff Missile – Extended Range), sendo esta a primeira
vez que é empregado em combate.
Os EUA ainda
empregaram no ataque misseis BGM-109 Tomahawk lançados a partir de seus navios, com o cruzador “USS Monterey” da classe “Ticonderoga” disparando 30 mísseis de cruzeiro Tomahawk e o destróier “USS Laboon” da classe “Arleigh Burke” disparando sete Tomahawks no Mar Vermelho. No norte do Golfo Pérsico, outro destróier da classe “Arleigh Burke”, o “USS Higgins”, disparou 23 Tomahawks. No Mediterrâneo, pela primeira vez um submarino da classe Virginia teria sido usado em um ataque, com “USS John Warner” tendo disparado seis mísseis de cruzeiro Tomahawk.
"Longuedoc" lança seus mísseis contra a Síria |
Os meios empregados pela
França e Reino Unido, seguiram o mesmo perfil, tendo lançado armas inteligentes
standoff que possibilitaram atacar sem a necessidade de penetrar no espaço
aéreo sírio. Dentre os meios empregados pelos franceses damos destaque a
participação da fragata “Longuedoc”, quarto navio da Classe “Aquitaine”
construído do programa franco-italiano FREMM, que a partir do
Mediterrâneo disparou três versões de sua variante do míssil de cruzeiro SCALP.
Os franceses lançaram 12 de seus mísseis
de cruzeiro SCALP através de seus Dassault Rafale, os quais operaram a partir
do Chipre, contando com a escolta de caças Dassault Mirage 2000-5,
reabastecimento aéreo provido pelos seus C-135 e alerta aéreo antecipado de uma
aeronave E-3 e ligação entre as forças da coalizão operando no ataque.
Já os britânicos participaram com seus
caças-bombardeiros Tornado GR.4 baseado em Chipre, lançando oito misseis
standoff Storm Shadow/SCALP-EG, tendo sido escoltados por caças Typhoon FGR.4
também baseados em Akrotiri, Chipre, o reabastecimento ficou a cargo do Airbus
A330 MRTT, o Voyager KC-2. Há informações que uma aeronave Sentinel R.1 teria
sido usada no reconhecimento e ligação entre as forças da coalizão que atuaram
no ataque.
Segundo informações divulgadas
posteriores ao ataque, três áreas foram
focadas nos ataques, embora também tenham sido atacadas bases aéreas:
Barzah após o ataque - foto: Rustam Bougadinov |
· O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Barzah,
que foi apontado como o “coração” do programa de armas químicas do regime de
Assad e está localizado em uma das áreas mais fortemente defendidas do mundo,
muito perto da capital de Damasco. Este local foi alvo apenas de forças
americanas, com 57 mísseis Tomahawk lançados por mar e 19 misseis JASSM-ER
lançados por dois bombardeiros B-1B. Embora o alvo tenha sido declarado como
uma instalação abandonada pelo governo sírio e russos, com muitas fotos
divulgadas que mostram o complexo totalmente destruído.
· A instalação Him Shinshar Chemical Weapons,
localizada a oeste de Homs, foi atingida pelas três nações. Os EUA
lançaram nove Tomahawks, os britânicos lançaram oito mísseis Storm Shadow a
partir de suas aeronaves Tornado e Typhoon, e os franceses lançaram três mísseis
de cruzeiro e dois SCALP-EG, que são seu equivalente do Storm Shadow. Os
EUA avaliam que esta instalação foi destruída.
·
O bunker Him
Shinshar Chemical Weapons, a cerca de 7 quilômetros do local anterior. Este
foi atacado apenas pelos franceses, com sete mísseis SCALP-EG. Em ambos os
locais, os SCALP foram disparados pelos caças Rafale, escoltados por caças
Mirage 2000-5 responsáveis pela proteção.
Bem
estas são as informações que temos até este instante, e vale a pena conferir o
vídeo que nosso parceiro Cmte Farinazzo lançou no Canal “Arte da Guerra”, algo
que vem a complementar o que abordamos, basta clicar no link e não esqueçam de
se inscrever no canal, há um grande acervo de vídeos de grande valor para quem
deseja se aprofundar no campo de defesa, CLICK AQUI.
Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança.
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