segunda-feira, 16 de abril de 2018

Arábia Saudita coloca Jerusalém e Irã entre as prioridades árabes

O rei Salman da Arábia Saudita colocou a questão de Jerusalém e a atitude "agressiva" de seu rival iraniano no topo das prioridades árabes, na abertura da cúpula dos líderes árabes no reino saudita.
O soberano saudita, de 82 anos, evitou evocar o conflito na Síria 24 horas após os ataques ocidentais contra alvos do regime de Bashar al-Assad, em seu discurso na 29ª reunião anual em Dhahran (leste).
O rei, cujo país é um aliado próximo dos Estados Unidos, rejeitou a decisão do governo de Donald Trump de transferir, em maio, a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém.
"Reiteramos nossa rejeição à decisão americana sobre Jerusalém", disse ele, acrescentando que "Jerusalém Oriental é parte integrante dos territórios palestinos".
"Eu chamo a cúpula de Dhahran de cúpula de Jerusalém para que todos saibam que a Palestina e seu povo permanecem no centro das preocupações dos árabes", proclamou o rei saudita.
Ele anunciou uma doação de US$ 150 milhões para "apoiar a administração dos bens islâmicos" na parte oriental (palestina) ocupada e anexada por Israel.
Rompendo com seus predecessores, Donald Trump anunciou em dezembro que Washington reconhecia oficialmente Jerusalém como a capital de Israel, provocando a ira dos palestinos que querem fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado ao qual aspiram.
- Irã "agressivo" -
No início de abril, o rei Salman reiterou "a posição firme do reino sobre a questão palestina e os direitos legítimos do povo palestino a um Estado independente, com Jerusalém como sua capital", enquanto o processo de paz israelense-palestino está parado.
Mas seu filho, o poderoso príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, de 32 anos, estimou na mesma época que os israelenses também tinham o "direito" de ter seu próprio Estado, enviando o que parece ser um novo sinal de reaproximação com Israel que, como Riad, vê Teerã como seu grande inimigo.
A Arábia Saudita sunita e o Irã xiita, as duas potências rivais na região, estão envolvidos há anos em lados opostos nos conflitos da região, seja na Síria, no Iêmen, no Iraque ou no Líbano.
"Renovamos nossa firme condenação aos atos terroristas do Irã na região árabe e rejeitamos sua interferência grosseira nos assuntos dos países árabes", declarou o rei Salman neste domingo.
Riad assumiu em 2015 a liderança de uma coalizão no vizinho Iêmen em apoio ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi contra o avanço dos rebeldes huthis, pró-iranianos.
Recentemente, os rebeldes começaram a disparar contra alvos no sul da Arábia Saudita, levando o governo iemenita a acusar o Irã de fornecer drones a seus aliados. O Irã nega armar os rebeldes, embora reconheça apoiá-los politicamente.
- Retomar a iniciativa sobre a Síria -
O governante saudita também falou do desafio do "terrorismo", mas evitou falar sobre a guerra que assola a Síria desde 2011 e a disputa com o Catar.
O secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Ahmed Aboul Gheit, pediu aos países árabes que "retomem a iniciativa na Síria e desenvolvam uma estratégia para relançar a busca por uma solução política".
Na sexta-feira à noite, Estados Unidos, Reino Unido e França lançaram ataques direcionados contra o regime de Bashar al-Assad, aliado ao Irã e à Rússia, em retaliação a um suposto ataque químico em um enclave rebelde.
Antes da cúpula, a Arábia Saudita e o Catar expressaram apoio à ação militar ocidental na Síria.
O conflito sírio une Riad e seus aliados, que apoiam principalmente os rebeldes sunitas. O Irã e seu aliado xiita, o Hezbollah, apoiam Assad.
O emir do Catar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, não participa da cúpula de Dhahran, da qual participaram 17 chefes de Estado ou de Governo dos 22 membros da Liga dos Estados Árabes. O Catar está representado por seu representante na Liga Árabe.
Esse tipo de reunião raramente leva a ações concretas. A última vez que a Liga Árabe, criada em 1945, tomou uma decisão forte data de 2011, quando suspendeu a Síria por causa das responsabilidades de seu presidente na guerra.

Fonte: AFP

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