Diante de anos da "escalada" dos EUA e a OTAN no entorno da Rússia, Vladimir Putin, então presidente russo, anunciou nesta quinta-feira (01) que a Rússia possui importantes incrementos as suas capacidades de dissuasão nuclear estratégica, onde inclusive citou que possui modernos meios que são capazes de superar as atuais defesas norte americanas.
Desde a queda da União Soviética, o mundo tinha sérias dúvidas quanto a capacidade da Rússia em manter o "status quo" de potência militar e mesmo nuclear. Porém, passadas pouco mais que duas décadas, a Rússia se apresenta como uma nação forte e soberana, a qual teve de lidar com grandes desafios após o fim da era soviética, com uma economia frágil, bilhões de dólares em dividas com outros países que faziam parte do bloco soviético, sem muitos recursos para acompanhar as modernas tecnologias militares como em outrora, os russos provaram mais uma vez que são um povo forte e determinado, construindo das cinzas um poderio militar respeitável, mantendo plena capacidade de defesa e uma relativa força de projeção.
Um dos grandes desafios surgiu quando o governo dos EUA ignorou os tratados e acordos relativos a capacidades de dissuasão nuclear e defesa antimísseis, violando o "quintal" russo e implantando sistemas de defesa de mísseis bem próximos as fronteiras da Rússia. Tal política visava neutralizar qualquer eventual ameaça representada pelo arsenal nuclear herdado da antiga União Soviética, onde tal medida neutralizaria quase que efetivamente qualquer capacidade de dissuasão russa.
Nas palavras de Putin: "No final, se não houvesse nada, isso tornaria o potencial nuclear russo inútil", e continuou "Eles poderiam simplesmente interceptar tudo".
Mas ao que demonstram os fatos, o tiro parece ter saído pela culatra, pois a Rússia nas últimas décadas, desenvolveu e aprimorou seus sistemas de defesa antiaérea e antimísseis, criando famosos sistemas de defesa no "estado da arte", como o S-300, S-400 e desenvolve o S-500, sendo em muitos pontos superiores aos seus homólogos ocidentais. E não para por ai, o poderoso "Urso" desenvolveu novas armas de dissuasão nuclear que são capazes de superar os atuais sistemas de defesa ocidentais.
A Rússia apresenta uma série de modernos sistemas, muitos ainda sem uma designação militar, mas que já foram testados e aprovados em rigorosos testes, sendo capazes de superar os atuais sistemas ABM (Anti-Balistic Missile).
O novo Míssil Balístico Intercontinental (ICBM) "RS-28 Sarmat", que teve as primeiras imagens reveladas em outubro de 2016, conforme noticiado pelo GBN News, o qual durante o discurso desta quinta-feira (01), Putin ressaltou que o alcance deste novo desenvolvimento, permite que o míssil atinja o território dos EUA através do Pólo Sul partindo da Rússia. Essa capacidade trás a vantagem estratégica, somando a velocidade e alcance deste ICBM, o trajeto que evita a região do Alasca,onde os EUA possuem uma ampla rede de sensoriamento e sistemas ABM, levando em consideração as capacidades russas até o desenvolvimento do RS-28 "Sarmat". Lembrando que antes da assinatura dos tratados START, a antiga União Soviética possuía em seu arsenal o R-36, que tratava-se de um ICBM que foi um dos primeiros MIRV soviéticos,capaz de colocar em órbita até 10 ogivas de reentrada independente que poderiam se posicionar após cruzar em órbita baixa, imune aos sistemas ABM até executar sua reentrada na atmosfera sobre o território dos EUA,missão a qual ainda poderia contar com até 40 módulos de auxílio de reentrada, que saturariam os sistemas de defesa,assim permitindo o sucesso do ataque nuclear. Mas no âmbito do Tratado START, esses magníficos ICBM's foram desmantelados.
Outro "coelho na cartola" de Putin, seria o mais novo míssil de cruzeiro desenvolvido pela Rússia,o qual teria capacidade de ataque global. A inovação desse novo míssil,trata-se do seu sistema de propulsão, que conta com um reator nuclear miniaturizado a bordo. Tal míssil pode voar baixo o suficiente para evitar a detecção pelos sistemas ABM, sendo capaz de alterar seu trajeto afim de evitar os sistemas ABM inimigos e manobrar com eficiência para driblar os sistemas ABM responsáveis pela proteção do seu objetivo final.
Além dos meios aéreos, a Rússia desenvolveu um veículo submarino autônomo, capaz de cruzar os oceanos sem ser detectado e aniquilar bases costeiras ou esquadras inteiras com um ataque nuclear, o Status-6, possui como o novo míssil de cruzeiro, um reator nuclear miniaturizado que lhe confere alcance ilimitado e capacidades extremas de operação, tendo sido tema de uma matéria da BBC reproduzida aqui no GBN News, "Qual a ameaça real do 'torpedo do juízo final', a arma nuclear da Rússia que preocupa os EUA".
Putin também apresentou duas variantes de um moderno sistema de armas hipersônicas desenvolvido pela Rússia. Um é lançado por uma plataforma aérea, e já está sendo implantado no sul da Rússia. O Kinzhal, que em russo significa "adaga", possui uma variante convencional e outra nuclear, sendo lançado através de uma aeronave, tendo sido usado nos testes o MIG-31, o projétil é capaz de voar a uma velocidade de Mach 10, contando com alcance na faixa de 2.000 km.
O mais marcante talvez seja o míssil hipersônico "Avangard", capaz de chegar a incrível velocidade de Mach20, o mesmo é imbatível pelas atuais defesas ABM, entrando em órbita, esta imune aos sistemas ABM, e quando em reentrada com toda sua velocidade, é simplesmente impossível de ser neutralizado com eficiência.
Putin em seu discurso deu uma resposta firme aos EUA e seus aliados: "Quero dizer a todos aqueles que alimentaram a corrida de armamentos nos últimos 15 anos, procuraram ganhar vantagens unilaterais sobre a Rússia, introduziram sanções ilegais destinadas a conter o desenvolvimento do nosso país: tudo o que você queria impedir com suas políticas já aconteceu, "Disse Putin. "Você não conseguiu conter a Rússia".
O líder russo enfatizou que o desenvolvimento de novas armas que não têm equivalente no Ocidente respondeu à retirada dos EUA de um tratado da Era da Guerra Fria que proíbe as defesas de mísseis e os esforços dos EUA para desenvolver um sistema de defesa antimíssil.
Ele enfatizou que a Rússia está preocupada com a revisão nuclear liderada pelo Pentágono divulgada no início deste ano que prevê o desenvolvimento de armas nucleares de baixo rendimento, dizendo que poderia diminuir o limiar para o uso de armas nucleares.
Em outros desenvolvimentos recentes, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou que seus caças de quinta geração, os Su-57, foram enviados para a Síria para testes de combate.
"Nós interpretaremos qualquer uso de armas nucleares contra a Rússia e seus aliados, não importa quão poderosos sejam, de baixo, médio ou qualquer outro rendimento, como um ataque nuclear", disse Putin na quinta-feira. "Isso provocará uma resposta imediata com todas as conseqüências decorrentes disso. Ninguém deveria ter dúvidas sobre isso ".
Ele disse que especialistas e diplomatas militares russos estarão prontos para discutir novos sistemas de armas com seus homólogos dos EUA.
"Nós não estamos ameaçando ninguém, não vamos atacar ninguém, não vamos levar nada de ninguém", disse ele. "O crescente poder militar russo garantirá a paz global".
O Canal "Arte da Guerra" trás uma análise geopolítica desse anúncio feito pelo presidente Vladimir Putin, onde o nosso parceiro, Cmte Robinson Farinazzo, apresenta uma análise muito interessante a respeito de tudo que apresentamos até aqui, complementando nosso trabalho, vale a pena conferir clicando sobre o título "PUTIN MOSTRA AS NOVAS ARMAS DA RUSSIA", não esqueça de dar seu "like" e se inscrever no canal.
De certo temos presenciado um acelerado crescimento das capacidades de defesa da Rússia, quer seja por novos meios de dissuasão nuclear, quer através de novas aeronaves, como o Sukhoi Su-57, ou ainda por novos meios de superfície e capacidades de intervenção como a apresentada na Síria, a qual se dá em três frentes, sendo a primeira manter o equilíbrio frente aos EUA, contrapor as ameaças representadas pela proximidade das forças da OTAN de suas fronteiras e a terceira aqui elencada, a expansão chinesa, essa sem sombra de dúvidas uma das maiores preocupações de Moscou, devido ao pesado investimento chinês no desenvolvimento de novos e modernos meios, situação na qual segundo analistas, se mantido o ritmo deverá ultrapassar a Rússia no ranking de potências em uma década.
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