Muitos tem nos perguntado
sobre o projeto sueco “Sea Gripen”, ou “Gripen M” (Maritime), como é denominado
pela SAAB. O projeto de viabilidade que
é previsto no acordo de off-set do programa
Gripen NG entre a Força Aérea Brasileira e a sueca SAAB, o qual foi apresentado
durante edição da LAAD, citado pelo Brig. Chã durante evento realizado em
outubro passado na Escola de Guerra Naval.
A versão naval do novo Gripen
é uma resposta da SAAB as necessidades da aviação naval moderna, atendendo não
apenas as necessidades vindouras da Marinha do Brasil, mas surge como um
potencial concorrente no limitado nicho de aeronaves navais capazes de operar
embarcadas em Navios Aeródromos (NAe), o qual possui poucas opções e que representa
um domínio tecnológico de grande valor estratégico, apesar da Suécia não operar
em sua marinha com este tipo de navios.
O Gripen M não é apenas um
conceito como muitos tem apontado em diversas mídias, mas sim um programa que
tem tido detida atenção pelos suecos e que promete logo resultar em mais uma
moderna aeronave com a gênese da SAAB e toda sua história de inovação e
superação.
Para sanar o vácuo existente
sobre o programa, nós do GBN News em conjunto com Cmte Robinson Farinazzo do
Canal “Arte da Guerra”,
realizamos uma intensa pesquisa e fomos até a SAAB buscar respostas e mais
informações sobre esse programa estratégico, o qual desperta muitas dúvidas e
curiosidades em nossos leitores e profissionais do campo de defesa no Brasil.
O Gripem M está sendo projetado usando as mais recentes ferramentas de
computador da Saab (Saab Model Based Systems Engineering Computer Tools), que
oferecem um nível incomparável de fidelidade e precisão ao projeto.
A aeronave terá todas as características operacionais do Gripen E em sua
variante padrão. As mudanças incorporadas ao projeto base do Gripen E, que
visam dar origem a nova aeronave com capacidade de operar embarcada, resultará
em um pequeno acréscimo de peso na variante Gripen M, sendo resultado dos
reforços necessários á estrutura da aeronave a fim de operar com
segurança em variados tipos de Navios Aeródromos, tornando a nova aeronave
capaz de operar embarcada tanto em NAe com sistema STOBAR (Decolagem Curta e
Recuperação por Arresto), como em NAe CATOBAR (Decolagem Assistida por
Catapulta e Recuperação por Arresto), sendo o segundo tipo o que se enquadra o
vetusto NAe A-12 São Paulo, o qual esta em processo de descomissionamento pela
Marinha do Brasil e que serviu de base para os estudos e desenvolvimento do
Gripen M.
A versão “Maritime” sofrerá uma pequena alteração nas capacidades
inerentes a variante padrão do caça sueco, garantindo desempenho e capacidade
de combate da aeronave similares ao Gripen E, ou seja, o Gripen M será
um Gripen E capaz de operar a partir de porta-aviões.
Atualmente a SAAB esta
desenvolvendo o conjunto de parada da aeronave, trata-se do sistema de gancho
que é responsável por “frear” a aeronave durante o pouso em NAe, tal sistema
exige robustez e relativa leveza, sendo este submetido a enormes cargas de
esforço ao enganchar no cabo de parada disposto ao longo do convoo do NAe afim
de garantir a desaceleração necessária para a parada com segurança a bordo.
Nesta fase a SAAB conta com a ajuda da Rolls Royce Marine, renomada fabricante
de sistemas de catapultagem e recuperação de aeronaves e a MacTaggart Scott. Está
em andamento uma série de estudos a fim de conceber o conjunto a ser
incorporado ao Gripen M, tal processo conta com um avançado programa de
modelagem computadorizada, o que reduz o tempo necessário para o
desenvolvimento, abreviando em muito a fase de concepção do sistema.
O programa prevê que o Gripen
“Maritime” seja capaz de operar em qualquer Navio Aeródromo em operação no
mundo hoje, sendo assim um forte concorrente para equipar as forças aeronavais
das marinhas que hoje operam este tipo de navio, embora não sejam muitos países
que contam com Navios Aeródromos em suas
esquadras, há um mercado que tende a crescer na próxima década, com poucos
concorrentes, o Gripen M deverá concorrer com o francês Dassault Rafale M, o
mais pesado norte americano Boeing F/A-18 Super Hornet, o F-35 em sua variante
embarcada, mas cabe aqui dizer que este é mais caro e esbarra em diversas
barreiras para venda no congresso dos EUA, ainda podemos citar aqui o MIG-29K
em sua recente versão atualizada.
A Índia tem apresentado grande
interesse em adquirir um novo vetor para operar em seus esquadrões embarcados,
uma vez que o programa indiano Tejas tem sido um fiasco, o Gripen M figura
entre os fortes candidatos a vencer a concorrência naquele país, o que pode
representar a produção de um número estimado de 57 aeronaves.
A Marinha do Brasil não
participa diretamente no programa, mas a SAAB nos informou que apesar de não
estar em contato direto com a Marinha do Brasil, a mesma tem acompanhado o
desenvolvimento do programa e possui acesso total ao projeto, deixando claro
que a mesma poderá no futuro ir além do papel de observadora e integrar os
esforços de desenvolvimento se tornando um potencial operador da nova aeronave
resultante do programa. Com relação ao relacionamento entre a sueca SAAB e a
Marinha do Brasil, a sueca disse que esta disponível e pronta para trabalhar com a Marinha do Brasil e
ajudá-la quando for necessário.
Quando perguntados sobre o impacto do descomissionamento do NAe São
Paulo na Marinha do Brasil em relação ao desenvolvimento do Gripen M, a SAAB
foi categórica e afirma que a saída do A-12 São Paulo de operação não alterar
ou impacta o programa de forma alguma.
Complementando sobre a importância que o “São Paulo” teve para o
programa, a SAAB disse ter utilizado o vetusto NAe como linha de base para o
desenvolvimento do Gripen M. Isso incluiu o desempenho da catapulta de 50
metros, o sistema de parada, a manobrabilidade do deck e o movimento irrestrito
nos elevadores para transportar a aeronave do convoo para o hangar.
As dimensões do Gripen M o tornam o único caça capaz de operar sem restrições
em qualquer classe de Navios Aeródromos atualmente em serviço, em todo o mundo.
Quanto a robustez da célula e a proteção anti-corrosão necessária para operar
embarcado, vale salientar que o Gripen E já apresenta tais características em
seu projeto, tendo em vista o ambiente em que operam e a doutrina adotada pela
Força Aérea da Suécia, que prevê o deslocamento das mesmas de suas bases em
caso de conflito e a operação a partir de estradas, o que exige muito da
estrutura da aeronave.
De certo a SAAB esta avançando em um novo nicho, o que
demandará esforços no sentido de assimilar novos conhecimentos necessários a
concepção de uma aeronave embarcada, este será um grande desafio, tendo em
vista que o desenvolvimento de aeronaves embarcadas requer muito mais que uma
aeronave convencional, sendo esta uma capacidade que poucos fabricantes dominam,
com a história nos ensinando isso através de inúmeros casos de sucesso e
fracassos nesse campo,mas nós torcemos para que possamos em breve conhecer a
aeronave resultante deste projeto, e que a mesma venha a atender não somente o
mercado internacional,mas que possa se tornar a futura espinha dorsal da
aviação aeronaval brasileira de asa fixa, sucedendo os vetustos AF-1 (A-4KU).
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