sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

EUA querem novas armas nucleares para fazer frente à Rússia

Os Estados Unidos querem modernizar seu arsenal nuclear e desenvolver novas bombas atômicas de baixa potência em resposta às ações recentes da Rússia, afirma um documento publicado nesta sexta-feira (2) pelo Pentágono.
A chamada "Revisão da Postura Nuclear", apresenta as ambições nucleares do Pentágono no mandato do presidente Donald Trump. É a primeira vez desde 2010 que o Departamento de Defesa americano explica como prevê as ameças nucleares na próxima década.
A nova estratégia marca uma mudança em relação à visão do futuro atômico dos Estados Unidos durante o governo de Barack Obama, que em um famoso discurso em Praga em 2009 pediu a eliminação das amas nucleares.
Embora o documento do Pentágono, cujo rascunho vazou para a imprensa no mês passado, mencione as ameaças de China, Coreia do Norte e Irã, o enfoque principal é a Rússia.
"Essa é uma resposta à expansão da capacidade russa e à natureza de sua estratégia e doutrina", escreveu o secretário de Defesa Jim Mattis no prefácio do texto de 75 páginas.
"Isso, somado à tomada da Crimeia por parte da Rússia e às ameaças nucleares contra nossos aliados marcam o decidido retorno de Moscou à competência entre as principais potências", acrescentou.
Um dos temores do Pentágono é a Rússia assumir que suas armas de alta potência são, na maioria, grandes demais para serem usadas - já que seu uso provavelmente resultaria em represálias de larga escala e eliminaria do mapa grande parte da humanidade.
"Há fortes indícios de que os russos percebem nossa postura e capacidades estratégicas atuais como potencialmente inadequadas para dissuadí-los", disse à imprensa Greg Weaver, encarregado das capacidades estratégicas do Estado-maior americano.
Segundo ele, Estados Unidos e Otan precisam de uma gama mais ampla de opções nucleares de baixa potência para dissuadir a Rússia em caso de conflitos.
- 'Percepções errôneas' -
O documento diz que, se tiver armas menores, o Pentágono poderá contrariar as "percepções errôneas" de adversários de que os Estados Unidos não responderiam a outro país usam sua própria bomba de baixa potência.
A nova estratégia busca continuar o programa de modernização nuclear ordenado por Obama, que abrange todos os pilares da "tríade": armas balísticas intercontinentais terrestres, foguetes lançados de submarinos e bombas lançadas de aviões.
Mas, ao contrário da estratégia de Obama, que buscava reduzir o papel das armas nucleares, a nova política considera elas de forma positiva.
As armas nucleares de baixo rendimento, também conhecidas como armas nucleares "táticas", são extremamente poderosas e podem conter tanto impacto destrutivo quanto as bombas caíram sobre Hiroshima e Nagasaki no fim da Segunda Guerra Mundial.
Os Estados Unidos já dispõem de um enorme arsenal nuclear, que inclui 150 armas nucleares B-61 armazenadas em vários países europeus, que podem ser configuradas para operações cujos objetivos podem ser alcançados com bombas de baixa potência.
As novas armas previstas pelo Pentágono seriam lançadas de submarinos ou barcos, dispensando a necessidade de serem armazenadas na Europa.
As bombas não se somariam ao arsenal americano, mas cabeças nucleares existentes.
Mas críticos dizem que, com este armamento, o Pentágono iria na direção contrária à dos acordos de não proliferação.
"Estamos à beira de uma nova era de proliferação nuclear", disse Barry Blechman, cofundador do Stimson Center, um grupo de defesa não partidário de Washington que se opõe à proliferação nuclear.
"Este é o grande perigo representado por esta revisão", disse ele.

Fonte: AFP
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