terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

AH-1W "Super Cobra" - Uma análise sobre a possível aquisição brasileira

Atendendo a pedidos de nossos leitores, vamos fala um pouco mais sobre os AH-1W "Super Cobra", os quais possivelmente serão adquiridos pelo Exército Brasileiro via FMS, conforme publicamos anteriormente na matéria "Super Cobra para o Exército Brasileiro?". Onde muitos nos questionaram sobre as capacidades de emprego dessa aeronave e a quantidade que será adquirida.

Bem pessoal, primeiramente vamos elencar as capacidades que o AH-1W entrega aos seus operadores, sendo uma variante do famoso Bell AH-1 "Cobra", o qual surgiu nos meados dos anos 60, tendo grande comunalidade com os UH-1 Huey, na época a espinha dorsal das asas rotativas do US Army e um importante componente no conflito do Vietnã.  Os primeiros "Cobras" tinham o mesmo conjunto motor dos "Huey", mas em pouco tempo ganharam uma série de aperfeiçoamentos,dando origem a uma verdadeira "sopa" de letrinhas. Mas nosso foco aqui é a variante "Whisky", a qual esta sendo avaliada pelo Exercito Brasileiro e recentemente foi recusada pela Marinha do Brasil.

No início dos anos 80, o US Marine Corps (USMC) identificou a necessidade de obter um novo helicóptero de ataque, mais moderno e capaz do que os AH-1T operados até então. Em princípio o USMC tinha apresentado interesse em adquirir uma variante dos AH-64 "Apache" navalizados, mas devido ao alto custo envolvido no projeto, em 1981 o Congresso negou o financiamento para essa nova aquisição. Diante dessa negativa o USMC buscou uma nova solução para prover as capacidades que eram necessárias para o novo teatro de operações que surgia no horizonte. Então foram iniciados estudos para uma nova variante dos veteranos AH-1T, onde os mesmos contariam com uma serie de refinamentos e modernizações que resultaria em um "novo" helicóptero, dentre as modificações que sofreu, o AH-1 recebeu novos sistemas de controle de tiro modificados para portar e disparar mísseis AIM-9 Sidewinder e os AGM-114 Hellfire . A nova versão designada AH-1W "Super Cobra" teve o financiamento aprovado pelo Congresso Americano,  passando a ser produzida no ano de 1986. No total foram produzidos 179 AH-1W novos e outros 43 AH-1T foram atualizados para nova variante, somando 222 AH-1W "Super Cobra" disponibilizados para as forças norte americanas.

Essas aeronaves viram bastante ação desde sua introdução nas fileiras do USMC, tendo participado em importantes conflitos, como na "Guerra do Golfo", teatro de operações onde foram perdidas três aeronaves do tipo, porém, obtiveram um respeitável score, tendo sido creditadas a destruição de 97 blindados, 104 VBTP's e veículos utilitários, além de duas baterias de artilharia antiaérea durante a campanha terrestre. Ainda na década de 90 estiveram atuando na Somália, Haiti, ex-Iugoslávia. No inicio do século XXI, os "Whisky" atuaram no Afeganistão após os atentados de 11 de setembro, chegando ao Iraque em 2003, provando seu valor no campo de batalha, destruindo boa parte do que sobrou das forças iraquianas.

Apesar de ter sido iniciada a introdução da mais recente variante do AH-1, o AH-1Z "Viper", que deverá assumir completamente o lugar do "Whisky" até 2020, os "Super Cobra" continuaram mostrando seu valor em mais ações importantes, sendo empregados nos ataque á terroristas na Líbia em 2016, onde os "Whisky" conduziram ataques aéreos de precisão em Sirte, partindo do LPD USS San Antonio, atacaram com sucesso posições do EI, lançando mísseis AGM-114 Hellfire, demonstrando a flexibilidade que ele oferece, principalmente na projeção de poder quando empregado a partir de navio anfíbio, papel que desempenharia com maestria caso fosse adquirido pela Marinha do Brasil para operar embarcado no ex-HMS Ocean, recentemente adquirido pelo Brasil.

Além dos EUA, os "Super Cobra" operam também na Turquia que conta com total de 45 aeronaves, sendo 10 "Whisky" novos e outros 3 ex-USMC, além de 32 aeronaves ex-US Army. Taiwan também opera 63 "Super Cobra", comprados novos em dois lotes. 


M197 20mm do AH-1W "Super Cobra"
Dentre as armas que pode utilizar os AH-1W "Super Cobra", estão o canhão M197 de 20 mm  Gatling de 3 tubos instalado na torreta A/A49E-7 (capacidade de 750 projéteis), Foguetes de 70 mm Hydra 70 ou APKWS II montados em lançadores LAU-68C/A capazes de disparar 7 foguetes ou LAU-61D/A com capacidade de 19 disparos. com relação á foguetes, os "Whisky" podem ser armados com foguetes de 127mm Zuni, lançados através de PODs LAU-10D/A capazes de realizar 4 disparos.

AH-1W armado com misseis TOW e Pod LAU-61D/A 
A principal capacidade dos "Whisky" é empregar uma variedade de mísseis além dos foguetes já descritos, como os Mísseis TOW, podendo utilizar até oito mísseis do tipo divididos em dois lançadores XM65 dispostos um em cada semi-asa,  ou ainda operar com oito mísseis AGM-114 Hellfire dispostos em dois lançadores M272, um em cada semi-asa.

O "Super Cobra" teve dentre suas armas, a integração de mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder, que assim como os demais sistemas de mísseis pode ser montado na estação de armas externa de cada semi-asa, podendo portar dois AIM-9. 

AH-1W dispara AIM-9L Sidewinder
O "Super Cobra" apresenta flexibilidade de emprego, capaz de transportar um variado leque de armamentos como descrevemos acima,o que dá ao operador desse helicóptero um formidável poder de fogo e capacidade de realizar missões de ataque, apoio aéreo aproximado, esclarecimento e escolta.

Os AH-1W "Super Cobra" estão dando lugar aos novos e mais capazes AH-1Z "Viper", tema de uma futura matéria aqui no GBN News, o qual teve seu desenvolvimento iniciado em 1996, após mais uma tentativa frustrada do USMC de obter uma versão navalizada do AH-64 "Apache", projeto mais uma vez negado pelo Congresso americano que aponta um custo proibitivo para concepção de uma variante naval deste helicóptero, levando o USMC a mais uma vez conceber uma nova variante do veterano AH-1.

Com a entrada em operação dos novos AH-1Z "Viper", o Pentágono resolveu colocar a venda seus "Whisky", os quais deverão ser completamente desativados do serviço ativo no USMC até 2020.

Com relação ao interesse apresentado pelo Exército Brasileiro, o que inicialmente foi divulgado seria a intenção do mesmo em estabelecer uma unidade dotada de oito aeronaves do tipo, algo que em minha opinião é muito pouco, onde acredito que deveríamos fazer um esforço para realizar a aquisição de pelo menos 25 aeronaves deste tipo, criando duas unidades operacionais e uma de conversão,na qual destinaria três aeronaves para treinamento e conversão de pilotos, com algumas células sendo estocadas para reposição de componentes. Essa é a opinião do editor apenas, mas cabe aos profissionais do planejamento do Exército Brasileiro definir o que é melhor para nossa força.

Outra questão importante, é que a motorização do "Whisky" é a mesma dos "Seahawk" operados pela Marinha do Brasil, o que de certa forma facilita a logística de manutenção e reduz sobremaneira os custos de operação dos mesmos.

AH-1W operando embarcado
Seria muito interessante, caso o negócio seja firmado com o governo dos EUA, realizar treinamentos conjuntos entre o Exército Brasileiro e a Marinha do Brasil, no emprego conjunto de tais aeronaves, simulando possíveis situações onde houvesse a necessidade de intervenção brasileira com projeção de força através de desembarque anfíbio de tropas, onde tais aeronaves poderiam ser empregadas a partir do ex-HMS Ocean, dando um maior poder de ataque e controle da "cabeça de praia", função que na Marinha do Brasil deverá ser executada pelos UH-12/UH-13 "Esquilo" armados com foguetes SBAT 70, casulos TMP com duas metralhadoras FN 7,62mm e uma metralhadora para tiro lateral MAG58M de 7,62mm.

Segundo informações, caso seja concluído o negócio, os oito "Super Cobra" deverão ser implantados na região norte do Brasil, atendendo as necessidades do Exército Brasileiro principalmente na fronteira.

Mas vale lembrar que a aquisição dos mesmos possui uma série de restrições atreladas aos mesmo pelo contrato de venda via FMS, onde qualquer modernização ou atualização deverá ser autorizada pelo congresso americano e realizada por empresas indicadas pelos EUA, um ponto muito importante a ser levado em consideração antes de se concluir tal aquisição.


Características gerais


  • Tripulação: 2  (piloto e co-piloto/artilheiro)
  • Comprimento: 17,7 m (com os dois rotores girando)
  • Diâmetro do rotor: 14,6 m
  • Altura: 4,19 m
  • Peso vazio : 4.630 kg
  • Peso máximo de decolagem : 6,690 kg
  • Sistemas de rotor: 2 Pás no rotor principal, 2 Pás no rotor de cauda
  • Comprimento da fuselagem: 13,9 m
  • Envergadura: 3.28 m
  • Motorização : 2 × turbinas General Electric T700-401 , 1.800 shp cada
Desempenho
  • Velocidade máxima : 352 km/h
  • Raio de Ação : 587 km.
  • Teto de serviço : 12200 pés (3.720 m)
  • Razão de subida : 1,620 ft/min (8,2 m / s)
Armamento 
  • Canhão M197  de 20mm de 3 tudos na torreta A/A49E-7 (750 projéteis)
  • Foguetes Hydra 70 ou APKWS II de 70mm - Pods LAU-68C /A ou LAU-61D/A
  • Foguetes de 127mm Zuni - Pod LAU-10D
  • Mísseis TOW
  • Mísseis AGM-114 Hellfire
  • Mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder




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