sábado, 13 de janeiro de 2018

Trump aprova acordo nuclear com Irã pela última vez

O presidente dos EUA, Donald Trump, diz que está estendendo o alívio sobre as sanções ao Irã uma última vez para que a Europa e os EUA possam corrigir as "falhas terríveis" do acordo nuclear.

A renúncia que ele assinará suspende as sanções dos EUA contra o Irã por mais 120 dias.

A Casa Branca quer que os signatários da UE acordem restrições permanentes ao enriquecimento de urânio do Irã. Sob o acordo atual, ele deve expirar em 2025.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que era uma "tentativa desesperada" de minar um acordo "sólido".

A Alemanha disse que continuaria a exigir a plena implementação do acordo e consultaria sobre um "caminho comum" com o Reino Unido e a França.

Trump também quer que o programa de mísseis balísticos do Irã seja abordado.

"Esta é uma última chance", disse o presidente dos EUA em um comunicado nesta sexta-feira (12). "Na ausência de tal acordo, os Estados Unidos não renunciarão novamente as sanções para permanecer no acordo nuclear do Irã.

"E se, em qualquer momento, eu julgar que tal acordo não está ao alcance, vou me retirar o acordo imediatamente".

Também na sexta-feira, os EUA impuseram sanções separadas contra 14 indivíduos e entidades iranianos que acusa abusos de direitos, censura e apoio a proliferadores de armas.

Os EUA ainda mantêm sanções contra o Irã - independentemente do acordo nuclear - em questões como terrorismo, direitos humanos e desenvolvimento de mísseis balísticos.

Qual é o acordo?

O acordo foi assinado entre seis potências globais e o Irã em 2015.

O Irã concordou em reduzir drásticamente a atividade de enriquecimento de urânio, descartar os estoques de urânio enriquecido e modificar uma instalação de água pesada para que não pudesse produzir material adequado para uma bomba nuclear.

Em contrapartida, décadas de sanções internacionais e estadunidenses foram suspensas, e o presidente dos EUA deve assinar uma suspensão das sanções a cada 120 dias.

Mas Trump criticou repetidamente o acordo - alcançado por seu antecessor, Barack Obama, se referindo ao acordo como "o pior de todos".

O que os EUA querem?


Funcionários seniores da administração de Trump informaram aos repórteres na sexta-feira (11), que o presidente trabalhará com parceiros europeus para negociar um acordo que limite as atividades de mísseis balísticos do Irã.

Trump está preparado para apoiar uma modificação no acordo existente se for tornado permanente, disse um funcionário.

O presidente também quer que o Congresso dos EUA altere uma lei sobre a participação dos EUA no acordo nuclear, de modo que Washington possa reimpor todas as sanções se o Irã violar certos "pontos desencadeantes".

Isso envolverá negociações entre os EUA e seus aliados europeus em vez de conversar com o Irã, disse o funcionário.

O que o Irã diz?


O Irã disse na sexta-feira que Trump estava "violando maliciosamente" o acordo.

O ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, disse: "A política de Trump e o anúncio de hoje são tentativas desesperadas de minar um sólido acordo multilateral".

Teerã prometeu manter o acordo desde que os outros signatários o respeitem, mas "deixará" se Washington sair.

O Irã diz que os mísseis testados não são projetados para transportar ogivas nucleares e insiste que seu programa nuclear é pacífico para fins energéticos.

O que o resto do mundo diz?


Após o anúncio de Trump, a Alemanha disse que "continuaria a campanha para a plena implementação do acordo nuclear".

O presidente francês, Emmanuel Macron, telefonou para Trump na quinta-feira (11) para pedir "a aplicação rigorosa do acordo e a importância de todos os signatários respeitá-lo".

Na Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o pacto foi "o resultado de um consenso entre muitas partes".

O acordo pode ser visto como "bom ou ruim, mas é o único que reflete esse consenso", disse Peskov na sexta-feira, antes do anúncio de Trump.

Fonte: BBC
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