A ofensiva lançada pela Turquia contra o
reduto curdo de Afrin na Síria, pode ganhar uma nova dimensão se as forças Peshmerga iraquianas forem autorizadas a
apoiar os curdos sob ataque da Turquia, porém, os EUA já advertiram que os
elementos que deixarem as operações contra o EI e se mobilizarem para apoiar o
grupo curdo em Afrin, na Síria, perderão o apoio dos EUA, disse o Pentágono. Resta
agora saber se permitir as forças Peshmergas irão ignorar o alerta dos EUA e
entrar no conflito.
Segundo informações, as
Forças Peshmergas estão prontas para ajudar os curdos sírios contra a Turquia e
o FSA, disse um membro da União Patriótica do Curdistão. Lembrando que o Curdistão iraquiano e as forças Peshmerga estão sob controle do PYD, partido
curdo inimigo de Ancara e que controla o norte do Iraque e parte do território
entre a Síria e o Iraque.
Em 2014 o governo regional curdo (KRG) no Iraque enviou
cerca de 150 soldados Peshmerga para a Síria com permissão de Ancara. As forças
curdas iraquianas possuem vasta experiência em combate, tendo tido um papel de
grande importância na libertação de várias cidades iraquianas que estavam sob
controle do EI.
A ofensiva turca “Olive Branch" é uma resposta direta
ao anúncio da coalizão liderada pelos EUA na Síria, que tratava da criação de
uma "força de segurança nas
fronteiras" para impedir que o EI se reagrupasse na Síria. Um grave erro da política dos EUA na
região, que ignorou realizar uma prévia consulta sobre a questão com a Turquia,
desconsiderando que Ancara vê os curdos sírios como uma extensão de seu inimigo
doméstico, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e considera a
presença do grupo em suas fronteiras como uma ameaça à segurança nacional. Para eliminar essa ameaça, a Turquia
com apoio da FSA estabeleceu como objetivo criar uma "zona segura" de 30 quilômetros em Afrin na Síria.
A Turquia ignora os apelos de Washington para limitar o
alcance da operação militar, com Erdogan apontando a presença militar da OTAN
de longa duração em outros países para atender aos seus objetivos como exemplo. "A operação de Afrin terminará quando atingir seu objetivo
como fez o Eufrates Shield", afirmou Erdogan nesta segunda-feira (22).
Territórios curdos em marrom escuro |
O distrito de Afrin abriga cerca de 500 mil civis, incluindo
refugiados de outras partes da Síria. O governo sírio advertiu que qualquer incursão em Afrin
pelas forças turcas seria considerada um ato de agressão. Damasco disse que as forças sírias
responderiam em conformidade, inclusive, atacando aeronaves turcas sobrevoando
a Síria. Apesar da Rússia ainda não ter se posicionado quanto a questão.
Porque a Turquia lançou a ofensiva?
O PYD e o PKK são listados como terroristas por Ancara, e conforme
presentes em Afrin, Síria - ao longo a fronteira - também representam uma ameaça para as
cidades fronteiriças da Turquia, bem como as áreas liberadas pela recente
Operação Eufrates Shield e a região de Idlib.
Também tem o potencial de ser um canal de apoio para o grupo terrorista que
opera na Turquia, o que gera uma grande
problemática ao controle de fronteiras, por onde poderia adentrar no território
armamento e homens para perpetrar atentados e ataques na Turquia.
A Turquia defende sua posição, afirmando
que a operação militar pretende estabelecer segurança e estabilidade ao longo
das fronteiras da Turquia e da região, bem como proteger os sírios da opressão
e crueldade dos terroristas, de acordo com o Estado-Maior turco.
Os EUA entre curdos e turcos
Os EUA se
encontram em uma verdadeira “sinuca de bico”, onde dois de seus aliados estão
se confrontando, mas há de se ater ao fato da Turquia ser uma nação signatária
da OTAN, além de ser um importante parceiro na região. Quanto as milícias
curdas, estas tem tido um papel vital na retomada de importantes bastiões sob
controle do EI ao longo dos últimos anos de conflito na Síria e norte do
Iraque, o que tem levado Washington a tomar uma posição neutra, mesmo diante da
ofensiva turca.
Segundo comunicado emitido pelo comando militar
norte americano nas operações na Síria e norte do Iraque, as forças aliadas na
Síria não estão sob "comando direto", acrescentando que não podem
dizer nada sobre a mobilização e movimentação das forças curdas do YPG, SDF e
demais grupos envolvidos nos combates em territórios ao norte da Síria e Iraque.
Os norte
americanos se limitaram a dizer que só são responsáveis por fornecer
treinamento, consultoria e assistência às forças que estão realizando operações
militares contra o EI. Deixando claro que não emitem ordens ou comandam
operações de forças como o SDF e outros grupos.
Quanto ao equipamento que os EUA forneceram
aos curdos, os EUA garantem que todos equipamentos e suprimentos foram
fornecidos para emprego único e exclusivo das operações contra o EI, e que se
for observado outros cenários em que sejam empregados esses equipamento, serão
tomadas medidas apropriadas que poderiam incluir o corte da assistência militar.
Os EUA apoiam o PYD / YPG, que é considerado
por Ancara como o braço sírio da organização terrorista PKK, que travou uma
guerra de mais de 30 anos contra o estado turco.
À medida
que a campanha terrorista do PKK resultou em dezenas de milhares de mortes na
Turquia, o apoio americano ao braço sírio do grupo irritou Ancara.
Washington
vê o PYD / PKK e SDF, como "parceiros confiáveis" em sua luta contra
o EI e mantém uma linha de apoio, fornecendo armas e equipamentos apesar das
fortes objeções por parte da Turquia.
É muito difícil tentar prever o que pode
acontecer diante da ação turca, o que nos leva a manter uma posição mais
centrada nos fatos que se desenvolvem sem especulações, nos atendo ao
acompanhamento dos fatos e mantendo nosso leitor informado.
Nosso parceiro, Cmte Robinson Farinazzo,
preparou no Canal “Arte da Guerra” um vídeo que tem como título: “Entenda porque a Turquia atacou os curdos na Síria”, apresentando um panorama sobre a
questão, contando com mapas e uma análise interessante que vale a pena
conferir, basta clicar aqui, não se esqueçam de se inscrever no canal, onde
logo teremos mais vídeos sobre a ofensiva turca contra os curdos em Afrin.
O leitor também pode conhecer um pouco mais sobre o conflito clicando no link para nosso artigo que traçou um panorama, em "Ofensiva turca na Síria - Um panorama do cenário geopolítico pelo GBN News".
Por Angelo Nicolaci -
Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM,
especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos
de defesa e segurança.
GBN News – A informação começa aqui
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