Em mais um capítulo das
negociações entre a norte americana Boeing e a brasileira Embraer,
representantes da sueca SAAB se reuniram com governo brasileiro, ao que tudo
indica, a reunião tratou dos interesses suecos na parceria que envolve a
transferência de tecnologias sensíveis da SAAB para Embraer, algo que pode
levar á um revés no acordo bilionário dos caças Gripen BR, vencedor do programa
FX-2.
O temor sueco teria como foco
a possibilidade da sua concorrente no mercado de defesa, Boeing, ter acesso aos
segredos industriais de seus caças Gripen E/F, aeronaves que disputam vários
contratos ao redor do mundo com o F/A-18 E/F produzido pela Boeing.
Apesar da SAAB e a Boeing estar desenvolvendo em conjunto uma aeronave para
disputar o bilionário programa T-X da USAF, a sinergia entre as duas gigantes
da defesa é limitada a esse programa. Alguns leigos no campo de defesa ainda
dizem que o caça sueco possui muitos sistemas norte americanos, porém, ignoram
o fato mais importante no que tange o Gripen E/F, a aeronave possui todo
sistema de integração e gerenciamento de sistemas desenvolvido pela SAAB, o
ponto chave da aeronave.
Hakan Buskhe, presidente da
SAAB, deixou claro ao governo brasileiro que qualquer risco aos segredos
industriais da SAAB, teria como resultado uma revisão no acordo relativo a
participação da Embraer no programa Gripen BR. Segundo Buskhe,“ A discussão criou
uma preocupação muito grande na Suécia, pois a SAAB é tão estratégica para a
Suécia, quanto a Embraer é para o Brasil”, continuou: “ Queremos continuar essa
parceria de qualquer forma. Nunca fizemos uma transferência de tecnologias tão
abrangente quanto a oferecida ao Brasil”, concluiu.
Apesar da tensão criada, os
representantes da sueca se mostraram satisfeitos com a posição apresentada pelo
ministro de defesa brasileiro, Raul Jungmann, na qual garantiu que a Embraer não será
vendida, e que qualquer acordo que venha a ser estabelecido com a gigante norte
americana, este respeitará as cláusulas contratuais com a SAAB e os interesses
estratégicos do governo brasileiro com relação aos programas de defesa em
andamento.
Recentemente a Bombardier
logrou uma importante vitória comercial sobre a Boeing, com a suspensão da taxa
de 292% sobre a venda de aeronaves C-Series no mercado norte americano. Tal
notícia não repercute apenas na Boeing, mas também na Embraer, que pode ter
ameaçada sua liderança no mercado de aeronaves na faixa de 70 á 140 assentos nos EUA, um dos seus mais importantes mercados.
A Bombardier se torna um forte
concorrente da Embraer, principalmente pelo fato da canadense ter uma
importante parceria com a gigante européia, Airbus, a qual lhe garante uma enorme
estrutura de vendas e suporte técnico ao redor do mundo.
Para Boeing um acordo com a
Embraer seria uma ótima saída para que a mesma mantenha sua posição no mercado,
uma vez que diversos de seus clientes tem optado por operar com aeronaves na
faixa de 70 á 140 assento ao invés das aeronaves de entrada da Boeing, o 737. A norte americana possui uma lacuna
em seu portfólio, não possuindo nenhuma aeronave que atenda a esse nicho. No
caso brasileiro, é preciso muita cautela ao se pensar em uma parceria que
envolva os papéis da empresa e a participação de executivos de outra indústria
no controle de suas decisões. Lembrando que várias indústrias que passaram por
esse processo ao redor do mundo tiveram grandes prejuízos.
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