No dia 18 de julho de 1967, ocorreu um estranho acidente aéreo nas proximidades de
Fortaleza. Uma colisão aérea envolvendo um Piper Aztec PA-23 de prefixo PP-ETT e uma aeronave de
treinamento da FAB, um TF-33A (FAB-4325) que realizava voo de instrução nas
proximidades da Base Aérea de Fortaleza. Seria apenas um desastre aéreo se não
fosse o fato de um dos passageiros do Piper Aztec ser o ex-presidente do
Brasil, Marechal Humberto
de Alencar Castello Branco.
O GBN News hoje trás aos leitores uma história que após mais
de 50 anos, ainda levanta muitas dúvidas sobre o que realmente aconteceu
naquele dia fatídico, durante um dos momentos mais complexos e difíceis do Brasil
que estava então sob o regime militar, o qual enfrentava intensos protestos, onde
o presidente Castello Branco se preparava para fazer um pronunciamento á nação,
o qual nunca foi de fato conhecido com sua morte.
Especula-se que o Marechal Castello Branco apresentaria seu
posicionamento sobre os rumos do Brasil, onde vale lembrar que Castello Branco
era considerado um importante chefe militar, respeitado e que possuía uma
posição moderada, tendo sido indicado por uma comissão militar á ocupar a
Presidência da República após a instauração do regime militar no Brasil. Ele
porém, se mostrava favorável a restituição da ordem política aos civis, tendo
se afastado do Planalto em 15 de março daquele ano, onde sob pressão passou o
cargo ao então General Arthur da Costa e Silva. Fato digno de nota era
divergência entre ambos, onde há relatos que Castello Branco tinha determinado
opor-se ao seu sucessor, algo que teria levado á uma ruptura na unidade do
regime militar se Castello Branco realiza-se um discurso público, o que teria
mudado os rumos brasileiros e sua história.
Castello
Branco havia embarcado no Piper PA-23 Aztec pertencente ao governo do Ceará, após
realizar uma visita ao sítio de Rachel de Queiroz, na região de Quixadá, acompanhado
de uma comitiva. A aeronave era comandada pelo comandante Celso Tinoco Chagas
tendo como co-piloto seu filho, Emílio Celso Chagas. Além do marechal Castelo
Branco, estavam á bordo no Piper a escritora Alba Frota, o major Manuel
Nepomuceno e o irmão do marechal, Cândido Castello Branco.
A aeronave decolou rumo a Base Aérea
de Fortaleza por volta das 9hrs da manhã daquele 18 de julho. Enquanto da Base
Aérea de Fortaleza decolavam quatro aeronaves Lockheed TF-33A afim de realizar
treinamento de rotina. A esquadrilha estava sob o comando do Tenente Areal. O tempo estava bom, visibilidade praticamente ilimitada e
nebulosidade insignificante.
Por volta das 9:30, o Piper estava á
5 mil sobrevoando o entorno da Base de Fortaleza, quando foi atingido por uma
das asas do Lockheed TF-33A FAB-4325, pilotado pelo aspirante Alfredo Malan
d'Dagrogne. A colisão arrancou o estabilizador da aeronave que conduzia
Castello Branco, fazendo que a mesma precipita-se ao solo até atingir uma área
descampada próxima a base. O TF-33A apenas perdeu o tanque de combustível
alojado na ponta da asa e conseguiu pousar sem dificuldades na base aérea, com
seu piloto sendo conduzido ao hospital. Já os ocupantes do Piper Aztec PP-ETT não
tiveram a mesma sorte, dos seis ocupantes, apenas o co-piloto sobreviveu ao
acidente. Castello Branco ainda teria sido encontrado com vida, mas não
resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
A
morte de Castelo Branco teve um grande impacto no Brasil, sendo motivo de
comoção por grande parte da população e nas casernas. Fora decretado luto
oficial de oito dias pelo então presidente Costa e Silva.
As
investigações e o inquérito aberto após o desastre aéreo serviram para levantar
mais questões do que respostas, servindo de fomento as mais variadas teorias,
sendo até hoje motivo de muitas dúvidas.
Poucas
informações foram reveladas sobre as investigações, e as mesmas são em muitos
pontos divergentes e contraditórias, o que leva a diversas especulações, principalmente
por conta de o inquérito ter sido conduzido numa das fases mais duras do regime
militar.
Dentre
as causas apontadas como responsáveis pelo acidente, um dos relatórios divulgados
apontam falha deliberada do comandante do Piper Aztec, que teria invadido
inadvertidamente uma área restrita ao treinamento da Força Aérea Brasileira.
O
inquérito oficial seria marcado por contradições em relação aos dados colhidos
pela equipe de investigação. Os pontos mais controversos seriam:
- Tipo de colisão: segundo o
relatório oficial, a asa do T-33 arrancaria a cauda do Piper. Porém as fotos
tiradas pela equipe de investigação mostravam que apenas o leme da aeronave
fora arrancado;
- Danos: a aeronave teria sido
parcialmente incendiada. No entanto, as fotos e testemunhos demonstram que não
houve incêndio a bordo. Durante o resgate dos corpos, a aeronave seria
destruída a golpes de machado, prejudicando as investigações;
Outros
pontos relevantes levantam dúvidas sobre o que realmente ocorreu naquele dia,
levando ao acidente que vitimou Castello Branco.
É
curioso o fato de apenas constar nos altos das investigações o depoimento do aspirante
Alfredo Malan d'Dagrogne, sem nenhuma menção em qualquer parte do inquérito dos
nomes dos demais pilotos que compunham a esquadrilha na qual voava o TF-33A FAB
4325 envolvido na colisão, fato muito estranho, uma vez que a mesma participava
de um exercício com outras três aeronaves, que pela lógica teriam testemunhado
a colisão, porém, nunca foram ouvidos ou mesmo citados no inquérito.
A investigação,
ainda concluiu que o choque foi acidental, onde ambas as aeronaves estavam em
um mesmo "corredor" em direção à Fortaleza, e que teria havido,
possivelmente, falha do controle de tráfego aéreo. Mas é curioso
que o tráfego aéreo civil era respeitado e as aeronaves da FAB mantinham
separação visual dos mesmos, como acontece até hoje. Mas o bimotor que levava
Castello Branco foi atingido na deriva com uma precisão "cirúrgica",
com poucos danos ao TF-33A. As condições de visibilidade eram excelentes, dando
condições ao piloto, o Aspirante Alfredo Malan d'Dangrogne, de avistar
perfeitamente o tráfego à sua frente. Mesmo assim, ocorreu a colisão, o que
despertou a suspeita, anos depois, de que não se tratava de um acidente, e sim
de um atentado.
Durante algum tempo foi especulado
por alguns historiadores e setores da mídia que a morte do marechal fora um
atentado, por
conta do seu suposto envolvimento em um movimento, liderado pelo senador Daniel Krieger, que era contrário ao
endurecimento do regime militar.
Essa versão ganharia força pelo fato do tanque de combustível suplementar
do TF-33 que colidiu com o estabilizador do Piper estar vazio. Porém os
adeptos dessa teoria nunca conseguiram explicar o porquê do Piper ter invadido
uma área restrita de treinamento da FAB.
Em 1991, Rachel de Queiroz contaria
que Castelo Branco ordenara ao piloto sobrevoar uma linha de transmissão
construída em sua gestão para que apreciasse uma de suas obras. Apesar da oposição
do piloto, a mudança de rota foi realizada, de forma que o Piper acabou
invadindo a área de treinamento da FAB, assumindo o risco de colisão com as aeronaves
de treinamento
Talvez este seja um dos mistérios que não serão desvendados, onde os
principais envolvidos nesta página da história brasileira já estão mortos.
O GBN News e o Canal “Arte da Guerra” irão lançar em breve uma matéria e
um vídeo sobre o TF-33A, aguardem, vem por ai mais um trabalho primoroso de
nosso Cmte Robinson Farinazzo e do nosso editor Angelo Nicolaci, em breve.
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